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quarta-feira, 11 de maio de 2022

LIBERDADE DE OPINIÃO ESTÁ EM GRAVE RISCO NO OCIDENTE

 



É como aquela história das rãs que são colocadas num caldeirão: Este é aquecido a lume brando, a temperatura sobe muito devagar, um impercetível, mas contínuo aumento. As rãs vão-se adaptando às temperaturas crescentes, até que ficam cozidas com uma temperatura atingindo próximo dos 100º C. Enquanto que, se fossem colocadas no caldeirão, com temperatura já próxima de 100ºC, ou se o aquecimento fosse muito rápido, elas iriam, com certeza, saltar.

Com a liberdade de palavra, ou seja, com a parte mais substancial das liberdades individuais, no Ocidente passa-se o mesmo. 

Na sequência do 11 de Setembro de 2001, o governo dos EUA passa o «Patriot Act», cuja redação não pode ter sido efetuada (nas suas muitas centenas de páginas) nos poucos dias entre a fatídica data e o  momento da sua apresentação na Câmara dos Representantes. Com certeza, estava já redigido em rascunho, pelo menos, muito tempo antes. Neste «Patriot Act», a liberdade de informação e de opinião, assim como as defesas e garantias dos cidadãos, estavam já fortemente postas em causa, com o pretexto de combater o «terrorismo». Todo o Ocidente, de um modo ou de outro, passou legislação semelhante, ou pelo menos, começou a agir de forma arbitrária com critérios semelhantes, reprimindo sobretudo os movimentos sociais e as pessoas destituídas,  como se estas fossem «terroristas». 

Depois, veio a pseudo- pandemia do COVID, com o rastreio dos que supostamente estivessem infetados com o SARS-Cov2. Deste modo, todas as pessoas que tivessem interagido, de qualquer forma, com as tais pessoas, eram também rastreadas.  Tratava-se duma técnica de controlo de massas, que já era aplicada desde há algum tempo, na República Popular da China. Na China, era usada para fixar ao pormenor o que os cidadãos faziam ou não faziam no quotidiano, o famoso sistema de crédito social / social credit system: os cidadãos que façam coisas socialmente benéficas (segundo o critério dos dirigentes), serão recompensados, os que, pelo contrário, se afastem da «virtude», são punidos. Essa punição implica a exclusão e discriminação institucionalizadas, mesmo relativamente a «desvios» triviais. Foi precisamente este, o modelo escolhido pelo «Ocidente» para rastrear potenciais disseminadores de COVID. Deve ter havido mãozinha de Klaus Schwab (Führer de líderes do Ocidente*) a inspirar os governos, nesta matéria. 

Finalmente, chega-se ao holocausto da guerra e todas as jogadas são válidas para combater o «inimigo interno». O que está a construir-se é uma polícia política do pensamento, como os totalitarismos do passado (Fascismos, Hitlerismo, Estalinismo, etc.). Mas, agora, a vigilância,  censura e propaganda têm o fator de potenciação das tecnologias digitais. 

O «Homeland Security Department» (um produto do «Patriot Act») vem agora dotar-se dum departamento de combate à desinformação. Note-se que a desinformação que eles pretendem combater, são todas as informações, notícias e opiniões «incorretas», segundo o critério deles. Os/as que dirigem o departamento, serão «senhores/as da verdade», serão eles/elas que decidirão sobre se o que pensas, dizes ou fazes, se conforma ou não com «a verdade». 

Note-se que, de uma forma ou de outra, ESTE NOVO MINISTÉRIO DA VERDADE, vai inspirar o que se faz noutros países, na órbita dos EUA. Os outros países têm uma casta governante tão corrupta (pelo menos) como na terra do Tio Sam. Todos querem manter-se no poder. Tendo oportunidade, vão esmagar a dissidência. Claro, insistindo que fazem isso a favor da liberdade, da expressão livre e dos direitos humanos, que eles tanto invocam! 

A rápida transformação das «democracias liberais» em ditaduras que tomam os romances distópicos de Aldous Huxley, George Orwell, ou a obra de Edward Bernays, etc. como manuais do «como fazer», deveria despertar angústia, raiva e vontade de lutar nas pessoas que se situam «à esquerda», no espectro político. Porém, os que o fazem, estão isolados no meio duma massa de gente tomada pela política «identitária», fazendo de certas questões (em si mesmas pertinentes, sem dúvida) sua exclusiva razão de militância.

Para dar combate eficaz contra a nova era de totalitarismo tecnocrático, estou disponível para me aliar, seja com quem for, que veja como prioritário esse combate. Quem se mantém no snobismo de só se mobilizar perante «causas identitárias», que ele/ela considera «justas», apenas merece o meu desprezo. 

PS1: Nina Jankowicz, diretora do Departamento de «Combate» à Desinformação, tem uma posição curiosa sobre o que é «liberdade de opinião»: Para ela, é como «poeira mágica, dos contos de fadas»... Veja aqui.

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* Klaus Schwab e o Fórum Económico Mundial de Davos têm uma importância desproporcional à sua representatividade, graças a uma política continuada de treino de jovens líderes políticos promissores que depois irão ser dirigentes, como Macron, Merkel, Jacinda Arden, etc, etc
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PS: a marcha para o totalitarismo, é sempre acompanhada por uma formação de massas, diz-nos Mattias Desmet, que nos explica também como é que se geram estes fenómenos.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

WARREN BUFFET, BERNIE SANDERS E O «MARXISMO CULTURAL»

warren buffett


Nos EUA, os adeptos de um sector do Partido Democrata, que se pode classificar como neoliberal, odeiam Bernie Sanders, acima de tudo, porque este tem a 'ousadia' de introduzir a componente de classe nas suas análises.

Ora, embora a análise de classes não seja absoluta, serve como ferramenta sociológica, não apenas a marxistas estritos, como a social-democratas (caso de Bernie Sanders), socialistas anti-autoritários e mesmo a bilionários, como Warren Buffet. 
Este muito bem sucedido homem de negócios, afirmou, realista e cinicamente: «Claro que há uma guerra de classes em curso, e nós (os ricos) estamos a ganhá-la»
O fundo que ele gere, Berkshire Hathaway, possui a maior fatia das acções da Apple, com uma percentagem de 5,4%,correspondente a $72 biliões.

A chamada esquerda neo-liberal (existe também no lado de cá do Atlântico) tem como característica principal andar sempre em «combates», que são absolutamente divisionistas (ditos fracturantes). Seu resultado é colocar explorados contra explorados. 

- Como é isso possível? 
A política identitária afirma que as pessoas são como um puzzle de identidades, socialmente construídas, sujeitas a opressões. Daí derivam as correspondentes lutas de emancipação. 

São exemplos notórios os feminismos «mais radicais», mas de facto, os mais burgueses, pois fazem dos homens, em geral, os inimigos do género feminino. Da mesma maneira, os identitários estimulam os racismos anti-brancos, acirrando a guerra racial. São defensores dum ponto de vista agressivo em relação ao que a sociedade deve tolerar, com o pretexto de não «discriminar» homossexuais, transsexuais e outros. 

Tudo isso se conjuga numa série de «frentes» mono-temáticas, absolutamente inócuas, com o efeito de aliviar (numa altura de crise aguda do capital) a classe detentora do poder. Do mesmo modo, estão dificultando as contestações eficazes e certeiras, que ponham em xeque o capitalismo, ou que - pelo menos - o coloquem na defensiva. 

É esta militância, essencialmente da «esquerda» neoliberal, que tem o ódio como impulsionador e é financiada por certas fundações, como a de George Soros. Estes neoliberais fazem tudo para difamar e ridicularizar o discurso e análises de Bernie Sanders e seus adeptos. 

Jordan Peterson (o psicólogo) decidiu cunhar o termo «marxismo cultural», para caracterizar comportamentos dessa esquerda neoliberal. 
Algumas pessoas começaram a usar essa expressão. Mas é evidente que o termo é um contra-senso, pois essa esquerda é anti-classista, portanto também anti-marxista. 
Dizer isto, não significa que se esteja de acordo com a atitude dogmática de reduzir tudo à luta de classes, de analisar tudo sob o prisma das classes. 

De qualquer maneira, muitos dos que se dizem de esquerda, passam o seu tempo a difamar-se uns aos outros, enquanto a direita - que também tem clivagens ideológicas profundas - sabe cerrar fileiras, quando necessário. Por isso, ela ganha eleitoralmente. Atrai eleitores de todas as classes, incluindo os que mais têm a perder com as políticas da direita, pró-elite e anti-trabalhadores!

Talvez Warren Buffet estivesse a pensar justamente nesta atitude de auto-derrota da esquerda, quando proferiu a célebre frase acima citada.