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sexta-feira, 1 de março de 2024

Vem aí o CIRCO ELEITORAL


A realidade do Mundo não se conforma com narrativas. Mas, as narrativas envolvem, na sua teia, as mentes embotadas que já não conseguem ler o real, que não distinguem os discursos, das realidades. Estão nesta condição muitas das gentes partidárias de esquerda ou de direita, sejam crentes em religiões ou ateias, pelo que a comunicação social de massas tem a sua tarefa facilitada: grande parte das suas almas cativas já não percebe nada. Elas são piores que criancinhas, pois estas últimas (teoricamente), podem ser ensinadas a ver a realidade.


O público adulto das ditas «democracias», tornou-se de tal maneira cobarde, que prefere não ver a realidade. Assim, não terá que agir, de uma ou outra forma, perante essa realidade. Creio que este é o maior bloqueio das sociedades contemporâneas. Seus cidadãos foram enredados em teias de falsidades, numa série de novelos cujos fios têm de ser pacientemente separados, um a um. Isto equivale a dizer que a quase totalidade dos súbditos modernos não será capaz de se desembaraçar sozinho das cadeias que os prendem.
Mas, esses súbditos não sabem. Pois as cadeias não são físicas, mas são mentais; é mais fácil para eles pretender que não existem. Assim, não terão o trabalho e a angústia de enfrentar a «gigantesca tarefa». Ou antes, a tarefa, que é afinal muito simples, em si mesma. Mas, isto tem de ser ocultado, senão os súbditos poderiam começar a libertar-se em massa da «matrix» em que estão enredados.
Entra aqui o medo: o medo paralisa o juízo crítico. Impede as pessoas de se interrogarem sobre as suas experiências. Torna as pessoas abúlicas, distraídas e passivas. Verifica-se como têm sido vãos os esforços para despertar estes pacientes do estado de hipnose cognitiva em que se encontram. Estes esforços são derrotados pelas estratégias de evitação e denegação, desenvolvidas pelos próprios. A chamada «cultura de cancelamento», afinal, reduz-se a isso. Uma autoritária negação de se exprimirem pontos de vista diferentes da norma, sob pretexto de que são «agressões», de que aumentam «o estresse» ou que vão contra o «politicamente correto». Note-se que este tipo de comportamento não tem nada que ver com direitos humanos básicos, nem liberdades fundamentais: porém, as pessoas estão tão alienadas, que esperam que os poderes as livrem do confronto penoso com outra narrativa, diferente e contraditória com aquela em que banham. Cúmulo da contradição, essas tais pessoas, que apelam ao controlo autoritário sobre os diversos canais de comunicação, clamam que estão a defender a democracia e a liberdade, os direitos civis, quando estão a realizar exatamente o contrário. Não creio que se possa esperar grande coisa de pessoas assim. Vão continuar no registo estritamente egoísta, míope, cheias de medo de serem vistas como saindo fora do rebanho. Nestes casos, apenas um choque emocional muito forte poderá fazer despertar tais indivíduos, fazê-los ver que estavam na ilusão. Mas, mesmo isso não é garantido pois, consoante a sua personalidade, o choque emocional poderá desencadear ainda maior inibição. Poderão, por exemplo, se auto- culpabilizar dos males que lhes acontecem, em vez de se libertarem das vendas que lhes tapam os olhos.
O plantar duma convicção, que pode ser absurda ou sem qualquer substância racional, é possível e corriqueiro na sociedade: Fizeram-se experiências de psicologia social, em que pessoas são persuadidas da veracidade duma teoria errada. Depois delas estarem convencidas, é-lhes demonstrado racionalmente que essa teoria estava errada. O descolar da convicção anterior de que a dita teoria era verdadeira, é muito mais lento neste grupo de pessoas, do que no grupo de controlo, ao qual não se lhes foi apresentada previamente como verdadeira, tal teoria. A estes, é-lhes exposta a teoria, mas conjuntamente com a explicação porque a mesma é falsa. Este grupo de controlo aceita muito naturalmente a falsidade da referida teoria. Porém, no grupo que ficou previamente persuadido da verdade da teoria, há indivíduos com dificuldade em estruturar o seu pensamento de outro modo, para aceitar que afinal a teoria era falsa. Isto não acontece porque as pessoas sejam «estúpidas» ou «teimosas». Esta situação ocorre com todos os tipos de pessoas, incluindo mentes brilhantes, cultas, com contacto com as ciências.
Portanto, é um mecanismo psicológico profundo, aproveitado pelos que querem moldar as nossas opiniões através dos «mass media» ao serviço dos poderosos. Eles sabem utilizar esta e outras propriedades curiosas da mente humana.
É possível que tal controlo exercido sobre o nosso espírito seja combatido e de forma eficaz. Mas isso implica haver consciência, além da noção clara e não ingénua, dos mecanismos que são aplicados. Há pessoas que conseguem evadir-se deste condicionamento mental abusivo, mas são poucas. A imensa maioria pulsa de acordo com as paixões primárias: A salvaguarda do ser físico, a satisfação das necessidades primárias em alimento, abrigo e segurança, essencialmente; ou ainda, necessidades afetivas e sociais como o amor, a estima, a proteção, o reconhecimento social. O ódio contra o inimigo, seja ele real ou não, entra revestido como salvaguarda do indivíduo. O inimigo é visto como aquele que põe em risco (de forma real ou fictícia) a satisfação das necessidades enunciadas acima.
A um certo nível, o medo é importante para a sobrevivência. Trata-se dum sentimento profundamente ancorado na nossa biologia. O indivíduo que não tem medo está muito mais exposto, do que aquele que - ocasionalmente - pode ter medo, mas que o consegue superar, para enfrentar o risco.
Todos os mecanismos psicológicos, na publicidade comercial, envolvem componentes profundos dos nossos desejos "animais": necessidade de afeto, de status, de prazer sexual, etc. Em geral, os mecanismos de comunicação na esfera política fazem intervir aqueles mesmos componentes atrás referidos, juntamente com o medo, que entra em combinação com os outros.
Na política, convencem-se os adeptos de que é preciso odiar intensamente o inimigo; sobretudo, é preciso convencê-los de que os sentimentos dos dirigentes espelham os dos militantes de base. Os mecanismos de identificação e reforço fazem-se através de objetos de ódio/medo comuns. Isto acontece perante uma imagem da realidade distorcida, falseada: Face a tal configuração psicológica, o que os dirigentes fazem, constantemente, é ativar e reforçar, nos seus seguidores, os sentimentos doentios de ódio, de vingança, de desprezo, de superioridade... A política, assim vista e praticada, não é mais do que uma forma larvar ou efetiva de guerra civil. É uma representação, também. É um teatro que os eleitores são supostos seguir, com os seus golpes, escândalos e revelações-surpresa. Nada de positivo pode sair da política-espetáculo: No melhor dos casos, trata-se de narrativas, juntamente com um rol de boas intenções, para apresentar aos cidadãos.
O discurso político é feito para adormecer o espírito crítico e estimular os desejos mais obscuros do eleitor: A projeção de suas frustrações e seu desejo de vingança simbólica, ou real, sobre o grupo de indivíduos percebidos como opositores, como obstáculos, como sabotadores, etc.
A única maneira de sairmos da «gruta», é percebermos que vivemos no seu interior; que as imagens com que nos entretêm, são projeções fantasmagóricas dos nossos medos; que este espetáculo nos é oferecido, para não despertarmos da letargia ou hipnose, mantendo-se assim o grupo restrito ao comando "da barca". É isso, no essencial, a política.
Não pode haver uma política de adultos feita para adultos, enquanto o povo se deixar tratar e levar, como se fosse uma criança. O povo tem o potencial para despertar e começar a auto- governar-se sem a casta de parasitas que nos quer domar através das suas demagogias, da política-espetáculo, das manipulações do aparelho de Estado, para obter o poder. É o poder, acima de tudo, que interessa aos sociopatas que nos governam. É este o fim último dos seus esforços: conquista e conservação no poder.
As eleições, que passam por ser o aspeto central da democracia, não são mais do que a ocasião dos bandos políticos desenrolarem seu estendal de demagogia para cativar os eleitores: Tudo é utilizado como pretexto para o show, menos as questões de real importância para os destinos do país! Ou, ainda, a valorização de pseudo- soluções para os problemas, como se tudo se resumisse a tais «soluções», sendo eles - os do bando X - os únicos capazes de as viabilizar.
Em qualquer dos casos, o circo eleitoral infantiliza o eleitor, promove a sua regressão ao estado de criança, a quem as várias propostas são apresentadas e ele só tem de «escolher». Mas, neste processo, o eleitor «é quem menos ordena»: é o pobre diabo enganado, desta triste comédia. Seus desejos e as promessas de os satisfazer são logo esquecidos, assim que se fecham as urnas. A partir deste momento, os políticos profissionais irão dar «uma lição de realismo» ao povo. É aqui que se vai revelando, aos poucos, o verdadeiro programa, aquele que os vencedores irão desenvolver no governo. Durante a campanha eleitoral foi mantido cuidadosamente fora do olhar do vulgo, pois possuía demasiados amargos de boca para o povo e muitas benesses para os privilegiados.


Manuel Banet

 Parede, Portugal, a 01de Março de 2024

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Sobre eleições  e temáticas relacionadas:





sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

PSICOLOGIA DO DINHEIRO

Tenho refletido sobre as relações entre as coisas reais e as simbólicas, nomeadamente, o dinheiro. Nas sociedades humanas, a partir de certa altura, o dinheiro começou a ter uma importância maior do que eu chamo as relações reais. Não consigo situar rigorosamente na História, talvez seja muito diferente a cronologia de civilização para civilização, mas o facto é que hoje em dia existe uma «crença religiosa», uma extensa adoração fetichista do dinheiro, é transversal a culturas, a civilizações e a outras crenças.

Se nós estamos tão dependentes de pensar tudo em termos de um mero meio de troca, isso deve-se ao facto de sermos quase todos reféns (salvo os caçadores-recolectores que sobrevivem em locais remotos). Reféns de uma civilização mundializada, que coloca em primeiro lugar e como suprema «virtude», possuir e adquirir dinheiro.

Não sou especialista de ficção-científica, ao ponto de saber se algum autor terá construído uma história de uma civilização baseada numa organização sem dinheiro, sem que a unidade de troca seja o objeto supremo de adoração e a razão de ser de praticamente tudo. Admito que sim. Pessoalmente, a minha observação atenta da vida animal (e da biologia, em geral), levou-me a privilegiar o balanço energético, ou seja, o rendimento entre a energia despendida sobre a energia adquirida, como um critério de primeiro plano, para a tomada de decisão.

As células, os organismos, as sociedades e os ecossistemas estão todos sujeitos às Leis da Termodinâmica. Os seus constrangimentos são tais, que ninguém escapa: Alguém, ao ignorar ou ao deixar de agir em função desse simples cálculo implícito, realizado pelos seres vivos, esse alguém está a condenar-se a uma perda de eficiência, no mínimo e isso pode ir até à perda da própria vida.

Somente a espécie humana parece mostrar, em certos  casos, completa ignorância desta realidade física fundamental. A maior parte das desgraças, a um nível coletivo ou individual, estão relacionadas diretamente com essa ignorância.

O enorme esquema fraudulento que dá pelo nome impreciso de «Alterações Climáticas», não é mais do que a utilização do domínio da energia em benefício de uma elite. Ela nem o disfarça de forma muito eficaz, quando se desloca em jets privados às conferências «climáticas».

Não pensem que a «elite» do dinheiro seja muito astuta, muito esperta, muito inteligente. Ela apenas tem ao seu serviço alguns especialistas em manipulação, tais como psicólogos, sociólogos, antropólogos, especialistas em publicidade, que lhes fabricam narrativas adequadas para manter os povos debaixo de um domínio mental, condicionados pelo medo, pelas narrativas catastrofistas, pela ocultação de certos factos e pela distorção de outros, resultando daí uma imagem completamente falsa do real.

A bolha imaginária envolve os indivíduos; tudo tem de passar-se dentro desta bolha, em termos sociais, como se isso fosse a realidade. Uma Matrix, na sociedade do século XXI, manipulável por aqueles que detêm o controle das narrativas e dos meios de persuasão. Não pensem que estes são limitados, eles vão desde a guerra e seus horríveis efeitos, às mais diversas manifestações de futilidade, que enchem as televisões e as redes sociais.

O investir esse símbolo - o dinheiro - de virtudes mágicas, permite ocultar a manipulação pelas elites. Elas controlam praticamente tudo o que é importante, na vida das sociedades: processos produtivos, meios de coerção dos Estados, mecanismos de remuneração e de distribuição. Ao fazê-lo, tornam opacos os muitos mecanismos pelos quais são desviados esses tais meios: Essencialmente, os produtos da sociedade no seu conjunto, transformados em meios pessoais de poder.

Essa elite constitui a casta depredadora, por excelência: não tem como critério senão a conservação do poder, ou a sua aumentação. Pode haver depredação ecológica, pode haver esgotamento de recursos naturais, extinção de espécies e de ecossistemas etc. Mas, a responsabilidade é sempre atirada para a «civilização», para a «sociedade», a «natureza humana». No entanto, é simplesmente resultado do processo de apropriação dos bens coletivos, da privatização de tudo o que é de todos, da Natureza à cultura, em proveito de uma pequeníssima minoria.


O dinheiro tornou-se «totem e tabu» desta civilização, erigido em justificação máxima, em explicação e em razão última para tudo. Mas, isto - obviamente - é deliberado; não é espontâneo; é conseguido pelo condicionamento constante de todos nós.
Se quisermos continuar a ser escravizados, podemos manter a nossa dependência patológica a essa visão mecanicista, ridícula, como muito bem caracterizou B. Brecht num poema,* inserido numa das suas peças de teatro:
«não sei o que é um homem, só sei o seu preço»

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(*)CANÇÃO DO MERCADOR

(letra de B. Brecht; trad. 1974)


Há arroz lá no fundo ao pé do rio

Nas províncias altas as gentes precisam de arroz

Se guardamos o arroz em armazém

O arroz irá tornar-se mais caro para eles

E os revendedores terão ainda menos arroz

Então poderei comprar o arroz ainda mais barato

O que é afinal o arroz?

Sei lá, sei lá o que é!

Sei lá quem o sabe!

Não sei o que é um grão de arroz

Só sei o seu preço


O Inverno chega, as pessoas precisam de agasalhos

É preciso comprar algodão

E não o distribuir

Quando chega o frio os agasalhos aumentam de preço

As fiações de algodão

Pagam salários mais altos

Aliás há algodão em excesso

Em boa verdade o que é o algodão?

Algodão, sei lá o que é!

Sei lá quem o sabe!

Não sei o que é o algodão

Só sei o seu preço


Ora o homem precisa de comer

E o homem torna-se mais caro

Para obter alimento são precisos homens

Os cozinheiros tornam a comida mais barata

Mas aqueles que a comem tornam-na mais cara

Aliás há muito poucos homens

O que é então um homem?

O homem, sei lá o que possa ser!

Sei lá quem o sabe!

Não sei o que é um homem

Só sei o seu preço




domingo, 1 de outubro de 2023

PROPAGANDA 21 (Nº19) : O GORILA INVISÍVEL


 Vídeo de uma experiência em psicologia social: Para melhor compreensão do que é falado, pode ligar as legendas (em inglês) [CC]. O prof. Dan Simons explora o fenómeno da inatenção não-intencional.



Comentário:

Na sequência da visualização do pequeno vídeo acima, julgo que o leitor concederá que esta experiência - que tem sido repetida muitas vezes, em várias circunstâncias - significa que grande número de pessoas, embora atentas, não conseguem aperceber-se do gorila que aparece no meio do jogo. Se viram com atenção o vídeo acima, uma das coisas que se pede aos sujeitos da experiência, que visualizam a curta sequência filmada, é que eles foquem a atenção no número de vezes que os jogadores passam a bola uns aos outros. A elevada percentagem, cerca de metade, das pessoas que «não veem» o gorila, não é constituída por pessoas desatentas, pelo contrário. São as que têm sua atenção intensamente focalizada no que lhes foi pedido, na contagem do número de passes da bola que efetuam os jogadores.

Esta experiência, ou conhecimento de psicologia daí decorrente, está na base de muita da manipulação de massas no universo mediatizado. Não estou a dizer que ela seja aplicada diretamente pelos psicólogos sociais ao serviço dos diversos poderes. Quero antes chamar a atenção para situações reais, análogas da experiência com o gorila. São ocorrências banais na realidade político-mediática. Trata-se duma fórmula, ou truque de «magia», quotidianamente usada. Refiro-me à fabricação de «notícias», ao empolamento ou multiplicação de notícias verdadeiras, mas irrelevantes. Elas saturam os espaços mediáticos (Internet, TVs, jornais, rádio), especialmente quando se passa algo desagradável para os poderes, como um fracasso, ou o desvendar dum escândalo. Para as massas ficarem iludidas, é preciso que a «realidade» fabricada seja constantemente reforçada; não pode aparecer algo (como o gorila), contradizendo a narrativa única.

Outra técnica análoga, é hipertrofiar um dado aspeto - secundário - duma notícia importante, cujo significado negativo para os poderes, não sendo possível ocultar, tem de se minorar. Nem sempre é possível passar sob silêncio factos importantes e que põem em causa, ou desmascaram, a «aristocracia» globalista. Podem os factos ser de tal modo, que seja positivamente impossível negar, ignorar, como se eles nunca tivessem ocorrido. O «plano B» será, então, a focalização do público nos aspetos irrelevantes ou secundários («quantas vezes os jogadores passam a bola?»). A insistência nesses pormenores, tem a função de desviar a atenção do público. Assim, muitas pessoas acabam por passar ao lado do que é objetivamente importante numa dada notícia. NÃO haverá reflexão crítica, numa parte do público recetor dessa notícia.

sábado, 23 de setembro de 2023

ARTE DA EXTINÇÃO

              O Dodo, ave que foi rapidamente extinta, pouco tempo depois de descoberta

             Retirado de:  https://off-guardian.org/2023/09/22/in-the-lands-of-the-dodo-bird/



Sim, leu bem! A arte da Extinção e não o contrário.

Aqui não se vai falar de extinção da Arte, porque a maioria das pessoas já a extinguiu das suas vidas

Mas as vidas, as «vidas biológicas», se assim quiserem dizer, essa vida que nós tomamos como algo tão importante, pela qual estamos prontos a tudo entregar, para o salvamento das nossas pessoas... a doutores, psicólogos, gurus, curandeiros, feiticeiros, carniceiros, enfim, a uma gente tão solícita e que promete a cura, mediante certa quantia em espécie sonante, sob forma digital, para ser-se moderno.

Sim, é certo: tratam-te da saúde, lá isso tratam! Consoante as tuas posses, haverá milhares de maneiras para tu, leitor/a, seres "extinto/a".

Mas não irei esmiuçar as modalidades individuais de extinção neste escrito. Irei abordar algumas das tecnologias mais potentes para extinção coletiva, em massa, das que se podem aplicar a um povo, uma nação, um continente ou à totalidade da raça humana!

Na era tecnológica em que vivemos, a Extinção realizou progressos consideráveis. Irei sumariamente citar alguns aspetos de tais progressos.




1º Método,

Extinção por má gestão dos recursos, contaminação dos recursos básicos. Na nossa época, os meios de contaminar as águas doces e os mares, multiplicaram-se. As agências governamentais costumam virar para o lado a cara, pois as indústrias poluidoras são fonte de receitas em impostos, correspondem a um certo número de postos de trabalho e de qualquer maneira, seria mais oneroso limparem os derrames e contaminações, do que fingir que não se passa nada de grave, que a «natureza» se encarrega -por si só - de limpar, destoxificar, revitalizar. Como ninguém é multado, ninguém tem sua empresa encerrada, por causa dessas ocorrências, é como um cheque em branco para os industriais, mas um cheque muito oneroso para o ambiente, para nós e para as gerações futuras.




2º Método,

Usam-se técnicas de engenharia genética em plantas e animais domésticos, para os tornarem insensíveis a certas pragas. Os ditos genes não são confináveis a dada espécie, nem são delimitáveis geograficamente. Portanto uma «experiência» feita numa determinada planta cultivada, numa determinada parte do mundo, pode (e tem havido exemplos numerosos) contaminar culturas semelhantes, ou espécies com algum parentesco, totalmente fora do controlo de entidades ou governos. Os gigantes do agronegócio até perseguem (!) agricultores, cujas culturas acidentalmente foram contaminadas por tais genes, resultantes de engenharia genética. Podem ter processos e serem obrigados a desembolsar somas enormes, por «infringir os direitos de patente» dos tais gigantes do Agronegócio.

Mas isto, é pouca coisa, se comparado com a utilização massiva de nicotinoides e outros inseticidas, causadores de grande mortandade em abelhas e noutros insetos polinizadores. Os grupos da agroquímica, com seus lóbis, têm conseguido proteger-se. Continua a venda e utilização desses inseticidas, demonstrados como totalmente destrutivos para o ambiente. É nestas pequenas coisas que se percebe como é que deputados e outros políticos subitamente ficam ricos. A morte catastrófica de insetos polinizadores equivale a ter de abandonar-se a agricultura em zonas de excelente rendimento agrícola. Não é exagero dizer que os insetos polinizadores são responsáveis por mais de 4/5 das espécies vegetais cultivadas, ou mesmo, uma proporção mais elevada. É preciso ter em conta, também, as espécies não-cultivadas que utilizam a polinização por insetos e que desempenham papeis insubstituíveis nos ecossistemas naturais.




Método nº3

Um encarecimento brutal do preço da energia, sob pretexto de «revolução verde» ou de política «zero carbono», atingindo assim a subsistência dos mais pobres, incluindo nos países mais afluentes. Os grupos socialmente mais frágeis são os que sofrem mais. É uma dupla sentença, pois a sua opção resume-se a comer o suficiente no inverno, mas não aquecer os lares (e sofrer com o frio, o que causa mais óbitos do que o excesso de calor), ou pagar a fatura da energia, mas sofrer de insuficiência alimentar. Esse aumento dos combustíveis, em particular, é atribuído a muitas «razões» mas - sobretudo - à guerra na Ucrânia. É um facto, que foram as potências da UE que decretaram o embargo ao gás e petróleo russos, logo no início da guerra. Mas, como sabemos bem, é Putin o responsável por tudo o que acontece. Outro método, é fechar centrais nucleares, supostamente muito perigosas. Sobretudo porque, assim, torna-se viável a exploração de eólicas e de painéis solares, já para não falar dos automóveis movidos com baterias a lítio. Mas, se essas centrais nucleares foram fechadas, onde é que vão buscar a eletricidade? - Ah, reabriram e repõem em funcionamento, a todo o vapor (sic!), centrais a carvão , que - como sabemos - não têm qualquer efeito nefasto no ambiente, são mesmo «amigas do ambiente»! A prova? - Esta foi a solução adotada pelos ecologistas governamentais, na Alemanha.




Método nº4

Esta é das soluções mais radicais para o despovoamento. Inventada há menos de um século, chama-se bomba termonuclear. Sabemos que alguns governos têm uma longa «história de amor» com estas armas definitivas. Os dirigentes destas potências não querem saber sobre se existem efeitos «secundários», se estes forem consequência dum ataque nuclear ao inimigo, claro. Pois um bombardeamento nuclear, seja ele qual for, vai fatalmente causar danos ditos «colaterais», nas populações civis que são certamente as mais atingidas. Ainda por cima, é um método de longa duração. Por exemplo, os atóis do Oceano Pacífico usados para ensaios de explosão de bombas nucleares, seja por americanos ou por franceses, nos anos 40 e 50 do século passado, continuam não-habitáveis e assim ficarão, durante séculos.




Método nº5

Fabricar (falsas ou verdadeiras) epidemias* com vírus manipulados geneticamente. Tal foi o caso - comprovado, para além de qualquer dúvida - com o COVID. Estas armas biológicas são disseminadas em território inimigo, causando um prejuízo sobretudo económico, devido aos enormes gastos para tratar e recuperar a saúde das populações e às perdas na estrutura produtiva. Não é interessante - para os atacantes - causar uma epidemia demasiado mortífera: São sempre necessários escravos como mão de obra para tarefas penosas, insalubres, etc., indispensáveis ao funcionamento dos territórios conquistados.


Numa segunda fase, as tropas e as populações amigas recebem um antídoto, ou vacina: Assim, ficariam protegidos do vírus, ou de seus efeitos mais graves. Tentaram isso, mas foi um completo fiasco, com as «vacinas» usando vetores de ARNm contra o COVID. Os potentados farmacêuticos e os Estados mais poderosos e corruptos, não hesitam -porém - em, novamente, avançar com outras «vacinas» ARNm para outros vírus patogénicos. Devem estar a reservar a utilização em massa (e obrigatória) de tais «vacinas», para momento oportuno, para dizimar alguns milhões suplementares, com o pretexto de os «salvar» dum vírus perigoso. Dispõem da panóplia toda de engenharia genética. Têm aperfeiçoado muito - nos últimos tempos - as tecnologias de vigilância, controlo e condicionamento de massas. Vai haver muitas mais oportunidades, além do COVID: Na realidade, o COVID foi somente a primeira experiência planetária. Serviu para testar estratégias de controlo e condicionamento de massas, assim como os próprios vírus modificados. Os vetores virais e as «vacinas» (na realidade agentes de supressão da imunidade) tinham fraca letalidade**, mas elevada morbilidade. Foi ocasião para aplicarem, em grande escala, técnicas de «engenharia do medo», orquestradas pela média de massas, em simbiose com governos e organizações internacionais de «saúde» ( OMS). Num espaço muito curto e sem resistências significativas, instalou-se um novo tipo de Estado totalitário. Muitas pessoas não o reconheceram, porém, porque apareceu com a face sorridente e amistosa do «Grande Irmão». A campanha de terror psicológico serviu para isolar e ostracizar contestatários da Nova Ordem Mundial.

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(06/10/23) Acrescento uma referência recente que revela outro aspeto da campanha de «vacinação» contra o vírus covidiano:

A causa de sangramentos vaginais pode estar associada com casos de cancro do útero, dos ovários, ou outras afeções graves. Mas, mesmo nos casos mais benignos, significa uma diminuição da capacidade de procriação, diminuição de fertilidade e isso pode traduzir-se por uma quebra (ainda mais acentuada) na taxa de fertilidade, conduzindo a uma diminuição ainda mais grave da população ativa, dentro de poucos anos.


(02/11/23) Outra referência importante, em que se vê a criminalidade da casta dirigente dos EUA e Ocidente, associada a atividades criminosas de manipulação de corona vírus em Wuhan. Os objetivos das mesmas não eram aceitáveis, à partida: chocavam com a ética e com a lei internacional sobre armas biológicas: https://www.zerohedge.com/covid-19/unraveling-wuhan-cover-how-fauci-conspired-virologists-deceive-public-and-smear-critics Muitos milhões morreram em resultado de manipulações genéticas subsidiadas pelo governo dos EUA.

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Até agora, estão de parabéns, os globalistas: Têm conseguido o que queriam e com muito pouco custo. Os de baixo, estes, estão ainda mais destituídos, sem meios eficazes de protesto. As eleições, nos países auto- designados de «democracias liberais», são tão genuínas como as organizadas nas ditaduras comunistas, ou fascistas.

Talvez surpreenda alguns leitores a minha opinião seguinte. A arma mais poderosa é a metodologia que possibilita todos os métodos anteriormente enumerados: O controlo mental, através de uma campanha permanente de perversão e ocultação dos factos e da realidade. Os cidadãos vivem num mundo de fantasia, mas chamam a isso «realidade». Creio que o termo que se aplica em psicologia, é o de alucinação coletiva. Os mais afetados enfurecem-se quando alguém lhes tenta mostrar que... «de facto, o que eles tomam por realidade, é somente uma construção conveniente, para que permaneçam dóceis, como ovelhas no rebanho».

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* Ver artigo de Parry: 

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2020/03/max-parry-sera-que-pandemia-global-e-um.html

 **A letalidade é a capacidade de causar morte. No pânico orquestrado com a pandemia de COVID, os casos reais  de morte por COVID foram poucos. Mas, foram empolados com toda a espécie de casos de óbito por outras causas, ao mesmo tempo que se interditava a autópsia de todos os pacientes falecidos.          morbilidade é a capacidade de provocar doença. Foi grande a morbilidade causada pelos coronavírus manipulados. Sendo estes transmitidos pelo ar, tal como a gripe, a sua rápida disseminação estava assegurada.

domingo, 18 de junho de 2023

O ESPECTÁCULO DO PODER

 Lamento dizer-vos, não me interessam por aí além as peripécias do poder, seja em Washington, seja noutra qualquer capital.

Mas não resisto de vos mostrar a expressão abúlica, alheada, ridícula, do homem que serve como «capa» ao verdadeiro poder, nos EUA. Um homem com antecedentes gritantes, apologista da invasão do Iraque, profundamente envolvido (com o filho) em negócios de tráfico de influências para proporcionar portas abertas a empresas chinesas, dirigidas por membros do PcCh. 

Tudo isto era sabido (pelo estado-maior Democrata) antes de Biden ser sido escolhido como candidato, para enfrentar Trump. Porém, tudo isto está definitivamente dentro do que o establishment democrata considera aceitável, até mesmo a sua dúbia atitude face a tenras crianças ou adolescentes, em público. Este comportamento deve ser relacionado com a acusação da filha de Biden, que foi obrigada a tomar duche com seu pai, quando criança. O facto dele estar senil, apenas tendo capacidade para fazer aquilo que lhe ditarem os «conselheiros», também deve ter pesado na escolha. 

Uma vez escolhido o candidato preferido pela elite no poder, os dólares contam mais que os votos dos cidadãos. Já se sabe: Quem contar com somatório de donativos mais importante, está com a eleição garantida. Isso é uma fraude, na essência, mas não é contada como tal. Porém, no caso do último despique eleitoral (ou farsa?) para a presidência, houve fraude comprovada, embora tivesse sido «anulada» por tribunais corruptos. De facto, houve muitos votos por correspondência, os quais - misteriosamente - eram todos para o mesmo candidato, Joe Biden (entre vários outros fenómenos curiosos). Talvez eles (os promotores de Biden) tenham achado que era melhor «jogar pelo seguro». O escândalo do «lap-top» de seu filho Hunter Biden, que contém as provas de transações criminosas (luvas) destinadas ao seu pai, teve a investigação «congelada» durante dois anos, pelo FBI.

A substituição de Biden não deve interessar - ainda - ao estado profundo, nem aos atores medíocres que formam a «elite», ou a corte, em torno do «Rei Momo». 


Kamala Harris é vice-presidente: Uma que se mostra completamente imbecil, quando lhe é dada a oportunidade de abrir a boca. Portanto, será uma hipótese de substituição viável, para servir a clique no poder. 

É preciso apreender a aberração e a constante deriva para a ilegalidade de um Estado que, por ser o mais poderoso, justamente, fez tábua rasa de todos os princípios. A sua oligarquia quis governar de modo hegemónico e disse-o claramente: veja-se o documento programático PNAC, de 1997, no virar do século. Este Estado, «pertence» aos que o dirigem desde a sombra dos seus gabinetes de empresas e bancos. Quiseram realizar o sonho de Hitler, de um governo único mundial, os «mil anos do Reich». 

Com suas tropelias e atos criminosos, criaram mais e mais inimigos. Ao fim e  ao cabo, o comportamento no poder do Tio Sam, veio a criar o ambiente mais favorável para nova aliança, coligando Rússia, China, Irão, Índia, Brasil, África do Sul  (os BRICS) e a partir daí, para um movimento de aproximação e candidatura dos mais diversos Estados, mesmo de alguns tidos como «aliados fiéis» dos EUA.

Como é típico, a classe dirigente portuguesa vai de novo falhar o comboio. Porém, é claro que a OTAN/NATO mais serve os interesses hegemónicos do imperialismo USA, do que a defesa nacional de Portugal. Os portugueses têm sido manipuláveis a preceito, mas quando virem o descalabro em que foram metidos, irão rejeitar a humilhação de serem meros súbditos neo-coloniais.  De resto, vejo com alívio que o desmoronar do império ocidental já está em curso. É como uma avalanche em câmara lenta. 

Os que querem suster esta avalanche com murinhos de areia, são idiotas criminosos; eles querem aproveitar os privilégios até ao último momento, julgando safar-se quando vier o grande abanão. 

Eu irei continuar a denunciar seu papel antipatriótico e antidemocrático. Necessariamente, a partir de certo momento, irão erguer-se milhões de vozes indignadas. Eu não gostaria de estar na pele desses senhores nessa altura!

Mas, para quem olha fascinado para o poder, digo: vejam que até um malvado, corrupto e senil, tem o lugar de topo da «democracia» mais poderosa! 

Foto retirada do artigo seguinte:

Biden Baffles US Audience, Closing Speech With 'God Save The Queen'


sexta-feira, 31 de março de 2023

VÓS QUE AQUI ENTRAIS, ABANDONAI TODA A ESPERANÇA!*

           

 Pintura de Boticelli: Inferno segundo Dante

É difícil de se fazer uma síntese do que se está a passar no mundo, hoje. Temos de interligar as crises bancárias, com as de governabilidade e estas, com o surgimento e desagregação de alianças geoestratégicas e militares. Estas crises entrecruzam-se e têm efeitos claros nas sociedades. Há uma crise de valores, um relativismo ético e uma fuga para falsas esperanças.  

Porém, a crise que eu considero mais grave de todas é a de (des-)responsabilização, quer dos indivíduos enquanto cidadãos, quer dos eleitos, enquanto mandatários dos que os elegeram. Na raiz desta crise, está a deslegitimação do «Estado de Direito», que tem sido protagonizada pelos que mais envolvidos estão nos assuntos de Estado e de governo e, portanto, agravam esta deslegitimação, com a sua conduta frívola, ou irresponsável, quando não francamente corrupta.

Portanto, sem fazer moralismo, direi que se trata de uma crise ética. Ética, no sentido de se saber quais os valores que enformam as ações dos indivíduos. Quando uma casta se considera «naturalmente» acima das regras e leis do «vulgo», estamos a assistir a uma deslegitimação  vinda daqueles mesmos que tinham todo o interesse em manter o sistema, em dar-lhe credibilidade. 

Este complexo de causas e consequências, as crises que se somam, se sucedem e potenciam, não podem ser atribuídas aos povos. Porque, a verdade é que as pessoas vivem permanentemente sujeitas a uma propaganda e esta assume todas as características de propaganda de guerra (mesmo antes de haver guerra, propriamente): a propaganda de guerra incide sobre aspetos que causam grande medo e angústia, nos indivíduos às quais se dirige. Causa uma reação de rejeição do «outro», visto como o inimigo, ou como alguém antissocial (assim eram considerados os indivíduos que não se conformaram com a injeção de ARNm dita vacina anti-coronavírus) e chega ao ponto de negar ao «inimigo» a sua humanidade. 

A propaganda não é algo que surge espontaneamente: ela é pensada por equipas interdisciplinares, que preparam e lançam a campanha. 

Com efeito, a empresa de domínio das multidões por uma ínfima minoria, pode passar por ser apenas um aspeto da democracia, poderia ser vista como fazendo parte dos mecanismos de convencimento, de persuasão, que as diversas forças políticas utilizam na  sua luta política. Sem dúvida, este aspeto existe, mas aquilo que prevalece é o que se pode classificar como «convencimento negativo», ou seja, o denegrir a imagem do outro, seja ele candidato presidencial, ao parlamento, ou a outro cargo político. 

As coisas não param aqui, pois as campanhas de enegrecimento da imagem, de diabolização, têm frequentemente atacado os «dadores de alerta» (whistleblowers), aos quais se reconhece, em teoria, o direito de proteção mas, na prática, são   maltratados, quer por autoridades judiciais, quer pelo aparelho político, quer ainda, pela media corporativa.

Como é evidente, a  dita democracia liberal, não funciona nem como democracia (= poder do povo), nem como liberal (= sistema defensor das liberdades). A própria política está cheia de expressões que são usadas para descrever o contrário daquilo que inicialmente queriam dizer, em linguagem comum (a inversão orwelliana do significado). Esta apropriação do vocabulário e sua distorção, tem o efeito de afastar as pessoas íntegras, de entrarem ou de se manterem na pugna política. Pelo contrário, vai permitir que as pessoas menos indicadas para altos cargos de governo, ou lugares-chave dentro da administração, sejam as que vencem. Eu designo este abastardamento, como a «seleção darwiniana ao contrário», isto é, vencem os menos aptos, os menos éticos, os mais oportunistas e os mais arrogantes. 

Não é possível caucionar este sistema com as virtudes que muitos desejariam ver nele. Se os regimes autoritários não satisfazem também as exigências mínimas em relação aos direitos humanos (o que é uma verdade), a evolução dos sistemas ditos de democracia liberal, nestes 30 ou mais anos, mostra que os políticos que tiveram e têm mais influência e poder, têm transformado as realidades políticas e institucionais, sempre no sentido de esvaziar o poder coletivo da cidadania, pondo o indivíduo mais à mercê do arbítrio do Estado todo-poderoso, incluindo o poder judicial, além de terem sido responsáveis por crimes gravíssimos, pelos quais - na imensa maioria - têm impunidade, mesmo relativamente aos que são conhecidos.  

O mais preocupante é que muitas medidas que eles pretendem implementar, são a cópia direta, ou com adaptações, de medidas adotadas por regimes que - eles próprios, políticos no Ocidente - consideram «totalitários». Estão a copiar os mecanismos de vigilância e controlo, instalados pelas autoridades dos países que eles dizem ser autocracias. Veja-se o que foi desenvolvido a pretexto do COVID; as repressões às pessoas resistentes a serem injetadas com «vacina» da ARN, essas  que eles consideravam «merecer» um castigo tão terrível como a demissão compulsiva do emprego.

Se, há quarenta ou mais anos, eu tivesse conhecimento do que são, hoje, a falta de respeito pelos direitos humanos, pelas liberdades e garantias, assim como o comportamento dos poderosos, a acumulação de dinheiro e de poder, não teria a mínima hesitação em dizer estarmos perante estados totalitários, ou que para lá caminham. 

Como eu, a imensa maioria das pessoas da minha geração, teve esperança num socialismo libertador, emancipador, numa melhoria do exercício da cidadania e no desenvolvimento do bem-estar material para as classes menos favorecidas. Nenhuma destas expetativas se realizou. Mas, ao contrário dos «amnésicos», eu tenho exatamente a noção do que se perdeu. Isso, tem para mim um valor-chave, para o presente e o futuro: Estou a falar da esperança. Sem esperança, não existe ímpeto, quer nos indivíduos, quer nas sociedades, para trabalhar pela melhoria da sua condição. 

(*) Assim, a acusação que eu faço aos que se banqueteiam com o poder, é que: «Sois os guardiães das portas do Inferno. Segundo Dante, as portas eram encimadas pela seguinte inscrição: Vós que aqui entrais, abandonai toda a esperança!»



segunda-feira, 24 de outubro de 2022

A CHAVE PARA DESENCRIPTAR O PODER

 

Por mais absurdo ou chocante que nos pareça o comportamento de um «grande ator coletivo», este tem sempre uma lógica intrínseca, tem uma estratégia, persegue objetivos, justos ou injustos, realistas ou utópicos. O que, à primeira vista, pode parecer irracional, não o é, mas antes obedece a uma lógica que nunca nos é revelada.

Por exemplo, a lógica dos grandes bancos centrais, em particular da FED, parece estar intencionalmente a conduzir o mundo para uma severa recessão. Os bancos centrais não são - de modo nenhum - independentes dos grandes interesses  financeiros privados, visto que estes estão representados no capital e na administração das referidas instituições. Com a expansão da massa monetária, seguida de sua contração, com a descida e subida da taxa de juros de referência, eles desestabilizam o sistema monetário e financeiro mundial: As suas intervenções estão na base dos grandes ciclos de expansão e contração do crédito, que desencadeiam as bolhas especulativas, seguidas pelas recessões. Isto parece contrário ao bom funcionamento do sistema capitalista, mas a realidade é que sem estas instabilidades, não haveria tantas oportunidades para operações lucrativas (aquisições e fusões) que são - de facto - as que permitem a expansão da banca, das grandes empresas e das grandes fortunas...

Outro exemplo, os setores de serviço ao público, a educação, a saúde, o fornecimento de água, de eletricidade, as infraestruturas básicas: No pós 2ª Guerra mundial, estas funções eram assumidas com naturalidade pelos diversos Estados capitalistas, não apenas pela necessidade premente de reconstruir as sociedades e de somente o Estado estar em condições de o fazer, como também, deste modo ficarem garantidos os serviços básicos (não lucrativos) indispensáveis ao funcionamento da sociedade. O Estado investia-se em setores indispensáveis, mas não rentáveis, permitindo que os capitais privados se investissem na indústria e noutros setores rentáveis. Mas, a lógica do capitalismo fez com que os setores antes rentáveis, ficassem cada vez menos. Então, decidiram os grandes grupos capitalistas atacar os setores que antes eram considerados reservados ao domínio público. Por volta dos anos 1980/90, o panorama mudou radicalmente. Descobriram «o milagre das privatizações»: bastava o Estado ceder a exploração desses setores, para  eles se tornarem rentáveis. O Estado tinha efetuado - ao longo de décadas - investimentos em infraestruturas, em formação dos funcionários etc.: Isso era posto de lado, na avaliação do valor das empresas estatais destinadas a serem alienadas ao setor privado. As avaliações eram feitas por «agências»  vinculadas aos interesses dos grandes capitalistas, pelo que foram eles que ditaram os preços e mesmo as condições das operações de privatização. Os representantes do Estado não defenderam os interesses do Estado, foram corrompidos e fizeram o jogo dos beneficiários  da privatização. Muitos desses políticos e altos funcionários corruptos continuam no poder, quer em cargos do executivo, quer em agências e institutos públicos, quer em administrações de empresas privadas. Outros já estão aposentados, com reformas que são um insulto aos pobres que eles supostamente deveriam ter servido. O público ignora - devido a ocultação intencional pela media - a quantidade de corrupção, de privilégio, de reformas douradas, que aqueles políticos e burocratas obtiveram pela venda ao desbarato de bens e empresas do domínio público. 

O «sucesso» das grandes empresas consiste -afinal de contas - em capturar um setor dos serviços (saúde, educação, fornecimento de água, de telefones, etc...), obtendo garantias de «rentabilidade», ou seja, em condição de monopólio, ficando afastada a hipótese de concorrência. Chegam a cozinhar clausulas nos contratos de privatização, em que o Estado é condenado caso tome decisões que façam diminuir os lucros.  Por exemplo, se houver - da parte do Estado - uma decisão de aumento de impostos, novas regulamentações, para atender a preocupações sociais, ou ambientais, etc. 

Esta fase de privatização generalizada do que tinha sido do domínio público, está a encerrar-se atualmente no Ocidente. Aquilo que se verifica atualmente é  ascensão do poder duma casta de multimilionários que - não apenas controla conglomerados de empresas, que dominam completamente o mercado internacional - como têm captado instâncias nacionais e internacionais, que passam a ser veículos dos seus interesses. 

Por exemplo, veja-se o caso do Fórum de Davos, que não é o único, longe disso: As teses de Schwab, com o apoio de multimilionários com Bill Gates e de outros, vão no sentido de uma sociedade sob controlo total. Ele inspira-se na sociedade chinesa atual. Nesta, já estão em funcionamento muitos dos mecanismos que eles gostariam de ver aplicados, em grande escala, nas «democracias ocidentais»: A vigilância generalizada, o sistema de crédito social, a (quase) universalidade do dinheiro digital, a censura e a vigilância permanentes dos conteúdos on-line. Finalmente, as medidas drásticas supostamente para «parar» o vírus, como os lockdowns e os sistemáticos testes PCR, que na China se traduzem num inferno chamado «Zero-COVID». 

Note-se que tudo isto é feito com a aceitação passiva, mas não lúcida da cidadania. Os que são lúcidos, a cidadania que reage, protesta, denuncia, é um incómodo para os globalistas. Sua imagem tem de ser denegrida têm de ser declarados «neo-nazis», «fascistas», «terroristas internos» e outros «mimos de linguagem», tanto por «fontes governamentais» como por «ex-esquerdistas» que foram cooptados, a maior parte com plena consciência disso. Por outro lado, os manifestantes não possuem meios de se defender, de contrariar a lama e os insultos raivosos que lhes dirigem. A «liberdade de expressão» tornou-se uma piada de mau gosto, pois o que resta de «liberdade» é a de ficar calado perante todas a infâmias cometidas em nosso nome, ou em alternativa, denunciá-las e ser violentamente reprimido, excluído, difamado, perseguido, despedido, preso. Este é o grau a que se chegou, no orgulhoso Ocidente. 

Para mim, os totalitarismos equivalem-se, não existe um que seja melhor que o outro. Todos eles fazem a sua auto- apologia, todos eles mostram realizações muito impressionantes... publicitárias. Mas todos eles perpetuam o poder duma casta, 

- sejam os burocratas «vermelhos», cuja fortuna está nas mãos de parentes (filhos, sobrinhos, noras, etc.), na China «comunista»,

- ou os multimilionários, que fazem e desfazem os governos das «democracias ocidentais», cujos líderes são os seus fantoches, nos encontros de Davos, de Bilderberg ou outros.

Para se saber realmente deslindar a verdade, seja em política nacional, internacional, ou noutro domínio, o ponto fundamental a analisar, não são os discursos, declarações, slogans, ou gestos teatrais, cerimónias, etc. 

São os atos, que realmente são portadores de significado na pugna pelo poder, que é todo o jogo político (e empresarial), ao nível local ou global. 

O que eles/elas fazem - e não aquilo que declaram - é que pode dar-te a chave para compreenderes, por detrás das máscaras, seus motivos, intenções e estratégias.

quinta-feira, 15 de setembro de 2022

TOTALITARISMOS

 Manifestação no primeiro de Janeiro de 2022, em Kiev, de partidos «nacionalistas» ucranianos. São herdeiros diretos e enaltecem os traidores, que na segunda guerra mundial, alinharam com as SS alemãs e cometeram massacres contra civis judeus, polacos ou ucranianos da resistência. O ódio contra tudo o que seja russo é que os motiva (foto de  https://www.timesofisrael.com/hundreds-of-ukrainian-nationalists-march-in-in-honor-of-nazi-collaborator/ )
 

Muito se tem falado e escrito ultimamente sobre a nova deriva totalitária, a propósito da censura (sobretudo nas redes sociais) e de coação sobre as pessoas impondo uma controversa «vacina», que dá mais resultados em termos de lucros para as grandes empresas farmacêuticas, em vez dum real benefício na saúde das populações. 

Mas, apesar de todos os esforços bem intencionados,  o totalitarismo tem sido principalmente equacionado como fenómeno da psicologia de massas, não como fenómeno político. No entanto, ao nível da teoria e filosofia política, a existência do totalitarismo foi desde cedo equacionada enquanto fenómeno político, com componentes psicológicas, como todos os fenómenos do domínio social. Foi, porém, essencialmente pensado como assunto político. O estudo da teoria política tenta compreender as formas como as sociedades se organizam, ou como delegam sua governação em políticos eleitos ou não, resultantes de processos ditos democráticos, ou em resultado de golpe, da tomada pela força das alavancas do governo (*).  

A sociedade e a sua dinâmica podem ser pensadas segundo o paradigma da luta de classes, o que não se limita às várias tendências do marxismo, pois inclui correntes não- autoritárias e libertárias. Ora, nestas correntes, o totalitarismo surge sempre como a forma extrema de domínio de classe. Não há espaço, num regime totalitário, para a pluralidade de ideias e posições políticas. Tudo tem de se conformar à linha do partido, quer o partido/regime se denomine «nacional-socialista», «união-nacional», «falange», «fascista», «comunista», «revolucionário», etc. 

O que caracteriza o totalitarismo é a imposição brutal de uma visão única, abrangente e totalizante (daí a designação de «totalitarismo»). Que essa visão tenha como discurso a «emancipação do proletariado» ou a «defesa da família, do catolicismo e do Estado» é secundário. O principal, é que um grupo se assenhoreou do poder e o monopolizou, reprimindo duramente tudo o que possa questionar seus dogmas. 

Ora, após mais de 200 anos de democracia liberal, estamos num ponto em que a fronteira entre o Estado de direito e o totalitário, se esbate cada vez mais. Ela esbate-se, ao ponto de nos remeter para vivências - mais ou menos esquecidas - de há um século atrás. No contexto de há cerca de um século, depois da enorme hecatombe e destruição física, social e cultural, da sociedade europeia, que foi a Iª Guerra Mundial, vários Estados no mundo e - em particular - na Europa, entraram numa espiral de gastos excessivos, incapazes de estabilizar a economia básica e onde os especuladores, os tubarões financeiros e toda a parasitagem, ficaram  «à vontade». As pessoas que trabalhavam duramente e viviam pobremente, não tinham hipóteses de melhorar a sua condição. 

Não querendo aqui retraçar a história que pode (deve) ser aprofundada por todos nós,  faço notar que as condições económicas ou materiais são determinantes no posicionamento dos indivíduos. A grande maioria não irá deixar-se fanatizar ("hipnotizar") por discursos e promessas demagógicas, se usufruir dum conforto mínimo ou, pelo menos, se tiver esperança razoável de melhorar suas condições de vida. 

Como é sabido, a História não se repete nunca, mas frequentemente «rima». É preciso perceber que as elites que nos dominam estão a reproduzir - no essencial - o comportamento das oligarquias que empurraram os Estados para situações de rutura: Estão a fazê-lo, para os Estados concederem mais privilégios àqueles que já são ultra- privilegiados, algumas vezes acompanhados por «esmolas» ou «remendos», somente para adiar o colapso.  As razões que essas elites invocam e que os corruptos governantes adotam, como se fossem verdades inquestionáveis, são meras falácias, destinadas a esconder a realidade de que a classe trabalhadora tem sido sacrificada, de que ela tem sido a principal vítima e ela não pode esperar que justiça seja feita, a não ser que tome as coisas em suas mãos.  

Como esta verdade se torna mais aguda, à medida que a crise se desenrola, um maior número de pessoas alcança o patamar de consciência suficiente para perceber como têm sido enganadas e as tornar imunes à narrativa do poder. Nesta fase, intensifica-se a repressão da dissidência, a eliminação de canais de expressão independentes do poder corporativo, etc. A eliminação da liberdade de expressão é a grande tentação da elite. Além disso, se ela se sentir com capacidade para «dar o golpe», quer seja golpe de Estado palaciano ou sangrento, não hesitará. Que fique claro, para quaisquer pessoas com sincero apego à liberdade e direitos humanos: Se os opressores (grande burguesia industrial, financeira, agrária, etc.), virem seu domínio posto em causa, pela crescente agitação social e difusão de ideias revolucionárias, não hesitarão, nem por um instante: Deixando de lado suas divergências ideológicas, irão unir as suas fações, para eliminar a democracia representativa, pois esta já não os serve. 

O modo como o fazem varia, mas o resultado é sempre um regime que oprime e persegue os opositores. Quanto mais amedrontada estiver a oligarquia, mais se vai apoiar na brutalidade da repressão policial (e militar, se necessário), para eliminar fisicamente um certo número de opositores e aterrorizar os restantes, de tal modo que seu poder seja incontestado. 

Um Estado totalitário não é imposto a partir do nada e logo de uma vez. É preciso compreender que as elites são sobretudo movidas pelo desejo de subirem e de se manterem no poder. Querem o poder, sem partilha e sem possibilidade de contestação. Para tal, contribui o tipo de dialética que se instaurou com a chamada democracia representativa, ou seja, com o regime em que os partidos se digladiam para chegar ao poder e para guardarem a maior fatia possível desse poder. Isto não é qualitativamente diferente do que se passa nas organizações totalitárias. 

A vocação de um qualquer partido político é exercer o poder e congregar todos os meios possíveis para isso. Note-se que, embora possam ter declarações de princípio e programas muito democráticos, todos os partidos se constituem para exercer o poder. Por isso, o totalitarismo não pode ser visto como «monstro caído do céu»; é efetivamente monstruoso, mas ele sai das próprias contradições dos regimes burgueses, que legitimam uma luta desenfreada pelo poder. Eles, antes de se atingir o estádio totalitário, têm sido vistos, por todos nós, a esmagar os direitos humanos mais básicos, hipocritamente, em «defesa» do direito, da paz social, dos pobres, etc.

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(*) Pode consultar um vídeo pedagógico sobre o pensamento de Hannah Arendt, em particular, sobre o fenómeno do totalitarismo: "Hannah Arendt on Political Life"

quinta-feira, 28 de julho de 2022

QUEM TEME A PAZ?

Portugal é um país cristão ou, pelo menos, com fortes raízes e cultura cristãs. É muito fácil criticar o cristianismo. Há quem tenha dito (Nietzsche) que é a religião dos fracos, dos escravos, mas não no sentido emancipatório, antes no sentido de justificação da desigualdade, da opressão, etc. Outros pensam que muito daquilo que se fez em nome da Cruz, ao longo da História, é tão horrível que, na sua essência, o cristianismo deve ser portador de ódio e não de amor, não se pode aceitar que «a religião do amor» nada tenha que ver com desmandos e crueldades exercidas pelos que se designam como seus fiéis seguidores. 

Enfim, a paz de espírito, a renúncia a meios violentos de afirmar uma determinada verdade, não é exclusivo do cristianismo, mas antes é vulgar nas outras grandes religiões. Por exemplo, no budismo, é muito explícita a condenação da violência, porém houve samurais budistas, houve perseguições cruéis dos convertidos ao cristianismo por budistas, houve «monges-soldados». O islamismo proíbe que as pessoas sejam convertidas à força, à religião do Alcorão.  Porém, nas épocas de expansão do Islão, a conquista militar desembocava numa conversão forçada das populações. As populações conquistadas e não-convertidas, estavam sujeitas a um imposto específico, por continuarem a exercer sua religião tradicional e sujeitas também, com frequência, a serem transformadas em escravas. 

A verdadeira paz é interior. Não é privilégio de alguma religião, ou corrente ateísta. A paz de espírito significa que nós somos guiados pela nossa própria ética. Ela pode decorrer da adesão a uma religião, ou ideologia não-religiosa. Porém, na sua essência, esta ética dedica-se a viabilizar um mundo menos mau: Um mundo onde as forças do mal não se podem servir de e manipular os sentimentos das pessoas, por forma a chegarem aos seus fins desprezíveis, que se resumem, essencialmente, ao poder. 

Assim, a distinção essencial, não é étnica, religiosa, ou outra, senão que se está a favor - ou não - da distribuição o mais ampla e o mais igualitária possível do poder. Por outras palavras, pretende-se evitar a concentração do poder - quaisquer que sejam as razões invocadas para o fazer - ou se acha que há legitimidade para impor essa (falsa) solução de concentração do poder, para se «fazer reinar» a paz. No segundo caso, está-se a mascarar (perante os outros e si próprio) o desejo de poder, de domínio sobre os outros. 

O domínio sobre si próprio, a transformação pacífica, por dentro, de pessoas realmente imbuídas de pacifismo, é difícil de realizar, na prática. Mas, em teoria é muito simples de enunciar, de uma simplicidade que uma criança de tenra idade pode perceber: «Não trates os outros do modo como não queres que te tratem a ti» ou, formulado pela positiva, «Trata os outros do modo como gostas de ser tratado».

Não acredito que existam «genes da agressividade», nem que a agressividade contra um grupo, uma nação, uma fação seja ela qual for, esteja baseada em algo profundo, instintivo. Acredito que é devido à educação e ao entorno social, que são criadas as condições da intolerância, de se considerar que existem «raças» ou etnias com méritos diferentes, ou que a «competição e a superioridade dos vencedores» sejam as legítimas causas da desigualdade.

Os que não participam diretamente numa guerra estão sujeitos,  porém, à guerra psicológica, a serem forçados, coagidos física e psicologicamente, a «se arrumarem» num ou noutro lado. Alguém pacifista - no genuíno sentido da palavra - não deseja a continuação da guerra, deseja que haja cessar-fogo, para se encetarem conversações de paz, para que os povos sejam poupados a mais mortes, destruições e desgraças. 

Porque acontece isto? Ou seja, por que razão uma boa parte das pessoas, não envolvidas nas operações militares, se sentem «justificadas» em opinar que a guerra deva continuar até um dos lados («o nosso») ter esmagado o outro? Elas sentem-se justificadas (?) a decretar a continuação da morte, ferimentos, traumas, em pessoas desconhecidas, de um e do outro lado, completamente inocentes das causas e peripécias que levaram ao estado de guerra. 

Na realidade, os poderosos são os causadores e beneficiários deste estado de supressão do que há de realmente humano no ser humano. Esta supressão tem de ser prévia ao estado de guerra, para ser possível «ativá-la» e «potenciá-la» quando este estado de guerra se inicia. Os tambores da guerra começam a troar muito antes das primeiras batalhas. 

Quem realmente tem uma profunda convicção religiosa, seja em que religião for, ou tem um sentido ético profundo, sendo ateu ou agnóstico, não pode deixar de fazer tudo para que a política militarista, belicista,  deixe de se apoderar de nós, da nossa sociedade. Temos de começar por nós mesmos, mas também com os familiares, amigos, colegas... É sempre a propósito falar-se de paz, é sempre adequado propor soluções com vista à resolução dos conflitos. É da responsabilidade de cada um fazer com que a opinião pública se transforme, que exija aos dirigentes políticos soluções pacíficas imediatas aos conflitos bélicos.