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quinta-feira, 28 de julho de 2022

QUEM TEME A PAZ?

Portugal é um país cristão ou, pelo menos, com fortes raízes e cultura cristãs. É muito fácil criticar o cristianismo. Há quem tenha dito (Nietzsche) que é a religião dos fracos, dos escravos, mas não no sentido emancipatório, antes no sentido de justificação da desigualdade, da opressão, etc. Outros pensam que muito daquilo que se fez em nome da Cruz, ao longo da História, é tão horrível que, na sua essência, o cristianismo deve ser portador de ódio e não de amor, não se pode aceitar que «a religião do amor» nada tenha que ver com desmandos e crueldades exercidas pelos que se designam como seus fiéis seguidores. 

Enfim, a paz de espírito, a renúncia a meios violentos de afirmar uma determinada verdade, não é exclusivo do cristianismo, mas antes é vulgar nas outras grandes religiões. Por exemplo, no budismo, é muito explícita a condenação da violência, porém houve samurais budistas, houve perseguições cruéis dos convertidos ao cristianismo por budistas, houve «monges-soldados». O islamismo proíbe que as pessoas sejam convertidas à força, à religião do Alcorão.  Porém, nas épocas de expansão do Islão, a conquista militar desembocava numa conversão forçada das populações. As populações conquistadas e não-convertidas, estavam sujeitas a um imposto específico, por continuarem a exercer sua religião tradicional e sujeitas também, com frequência, a serem transformadas em escravas. 

A verdadeira paz é interior. Não é privilégio de alguma religião, ou corrente ateísta. A paz de espírito significa que nós somos guiados pela nossa própria ética. Ela pode decorrer da adesão a uma religião, ou ideologia não-religiosa. Porém, na sua essência, esta ética dedica-se a viabilizar um mundo menos mau: Um mundo onde as forças do mal não se podem servir de e manipular os sentimentos das pessoas, por forma a chegarem aos seus fins desprezíveis, que se resumem, essencialmente, ao poder. 

Assim, a distinção essencial, não é étnica, religiosa, ou outra, senão que se está a favor - ou não - da distribuição o mais ampla e o mais igualitária possível do poder. Por outras palavras, pretende-se evitar a concentração do poder - quaisquer que sejam as razões invocadas para o fazer - ou se acha que há legitimidade para impor essa (falsa) solução de concentração do poder, para se «fazer reinar» a paz. No segundo caso, está-se a mascarar (perante os outros e si próprio) o desejo de poder, de domínio sobre os outros. 

O domínio sobre si próprio, a transformação pacífica, por dentro, de pessoas realmente imbuídas de pacifismo, é difícil de realizar, na prática. Mas, em teoria é muito simples de enunciar, de uma simplicidade que uma criança de tenra idade pode perceber: «Não trates os outros do modo como não queres que te tratem a ti» ou, formulado pela positiva, «Trata os outros do modo como gostas de ser tratado».

Não acredito que existam «genes da agressividade», nem que a agressividade contra um grupo, uma nação, uma fação seja ela qual for, esteja baseada em algo profundo, instintivo. Acredito que é devido à educação e ao entorno social, que são criadas as condições da intolerância, de se considerar que existem «raças» ou etnias com méritos diferentes, ou que a «competição e a superioridade dos vencedores» sejam as legítimas causas da desigualdade.

Os que não participam diretamente numa guerra estão sujeitos,  porém, à guerra psicológica, a serem forçados, coagidos física e psicologicamente, a «se arrumarem» num ou noutro lado. Alguém pacifista - no genuíno sentido da palavra - não deseja a continuação da guerra, deseja que haja cessar-fogo, para se encetarem conversações de paz, para que os povos sejam poupados a mais mortes, destruições e desgraças. 

Porque acontece isto? Ou seja, por que razão uma boa parte das pessoas, não envolvidas nas operações militares, se sentem «justificadas» em opinar que a guerra deva continuar até um dos lados («o nosso») ter esmagado o outro? Elas sentem-se justificadas (?) a decretar a continuação da morte, ferimentos, traumas, em pessoas desconhecidas, de um e do outro lado, completamente inocentes das causas e peripécias que levaram ao estado de guerra. 

Na realidade, os poderosos são os causadores e beneficiários deste estado de supressão do que há de realmente humano no ser humano. Esta supressão tem de ser prévia ao estado de guerra, para ser possível «ativá-la» e «potenciá-la» quando este estado de guerra se inicia. Os tambores da guerra começam a troar muito antes das primeiras batalhas. 

Quem realmente tem uma profunda convicção religiosa, seja em que religião for, ou tem um sentido ético profundo, sendo ateu ou agnóstico, não pode deixar de fazer tudo para que a política militarista, belicista,  deixe de se apoderar de nós, da nossa sociedade. Temos de começar por nós mesmos, mas também com os familiares, amigos, colegas... É sempre a propósito falar-se de paz, é sempre adequado propor soluções com vista à resolução dos conflitos. É da responsabilidade de cada um fazer com que a opinião pública se transforme, que exija aos dirigentes políticos soluções pacíficas imediatas aos conflitos bélicos.

    


quinta-feira, 8 de agosto de 2019

A EXTREMA-DIREITA DOS EUA E A «NATIONAL SECURITY»


                           Resultado de imagem para El Paso Mass shooting

O recente massacre em massa de El Paso, veio lembrar aos americanos que estes têm muito maiores probabilidades de serem alvejados - no seu país - por um elemento da extrema-direita branca e racista, do que por qualquer fanático islâmico radical.
Porém, a simples noção de que a segurança nacional estaria posta em causa por elementos brancos, nacionais dos EUA e radicalizados em grupos de «patriotas», treinando com armas de guerra... ainda não penetrou no subconsciente das pessoas. 

Com efeito, o conceito de «Segurança Nacional» foi construído nos alvores da guerra-fria, sendo expandido como significando lutar contra qualquer ameaça à hegemonia americana no mundo, algo a ser «tratado» pela CIA, a NSA e pelas outras agências de «segurança», que levaram a guerra contra o «comunismo», ou qualquer tipo de ameaça ao «american way of life», aos quatro cantos do mundo. Basta recordar a «Operação Condor» na América do Sul ou as «redes Gládio», na Europa, com suas ligações à extrema direita... 

O facto de que a segurança nacional dos EUA esteja a ser posta em causa por grupos de brancos americanos e fanáticos da bandeira e simbologia nacionais, nunca foi realmente equacionado. 
Timothy Mc Veigh, o bombista responsável pela morte de 168 pessoas em 1995, em Oklahoma City, foi visto como um «terrorista isolado», como uma «aberração».
No subjectivismo do público e, pior ainda, nas mentes dos políticos e das forças policiais que deveriam estar genuinamente preocupados com a segurança do seu povo, Mc Veigh «tinha» que ser um caso isolado, psicopático... 

Outros casos de assassinos em massa de extrema-direita têm sido tratados da mesma maneira, ao logo destes quase 25 anos, desde os atentados de Oklahoma: em parte, porque a «guerra ao terror» se tem desenvolvido contra países e ideologias islâmicas, o que é visto como sinónimo de pessoas «de cor». Isto, embora o Islão - em si mesmo - não tenha nenhuma conotação rácica ou nacional, mas é assim que o grande público o percepciona.
Só para se ter uma ideia do grau de ignorância e estupidez de alguns fanáticos, logo após os atentados do 11 de Setembro de 2001 muitos homens da comunidade Sikh foram perseguidos e agredidos por causa do turbante que usam, confundidos com «árabes», pelas pessoas ignorantes.

Está aqui em jogo o problema seguinte: a verdadeira ameaça interna, as verdadeiras forças de desagregação, de subversão e de crime organizado nos EUA, têm ficado impunes, não têm sido criminalizadas, porque a mentalidade instituída com a Guerra Fria e depois, com a «guerra ao terror», veio designar, respectivamente, como inimigos o «comunismo» e  o «islamismo radical».
 As gerações sucessivas, sujeitas a lavagem ao cérebro, incluem - evidentemente - os próprios políticos e as forças do aparato de segurança. Estes têm sido responsáveis pela difusão dessa crença de que uma determinada ideologia e os seus adeptos são inimigos dos EUA e que é dever «patriótico» persegui-los, em qualquer parte do mundo.
Para grande parte do público americano de hoje, foi disso que se tratou, quando as forças americanas intervieram na Coreia, no Vietname, na Jugoslávia, no Afeganistão, no Iraque, etc...
A incapacidade de tomar a sério a ameaça das milícias de extrema-direita «patrióticas», que desenvolvem as suas actividades sem dificuldade alguma, tem a ver com a forma como o conceito de «segurança nacional» foi construído ao longo de mais de 70 anos. 

A Europa, até  mesmo a parte mais alinhada com os EUA, não tem tal insensibilidade ao fenómeno da criminalidade política de extrema-direita. 
Muitos países europeus foram sujeitos a regimes deste tipo, as ditaduras de Salazar (Portugal), de Franco (Espanha), de Hitler (Alemanha) e Mussolini (Itália) ou outros países, que tiveram regimes inspirados e aliados destes. Existe uma memória colectiva dos fascismos, embora esteja em vias de se perder e cheia de equívocos. 
Nos EUA porém, nada disso ocorre, pois os fascismos foram sempre fenómenos exteriores, até mesmo aqueles instalados pelos próprios EUA, na sequência de golpes na América Latina.

Podemos, no entanto, compreender o extensivo fracasso dos poderes dos EUA, que controlam as forças militar, policial e de espionagem / contra-espionagem. Na verdadeira defesa do povo americano, têm falhado repetidamente, por mais que o disfarcem! 
A razão principal de tal falhanço está à vista: trata-se da ideologia de «segurança nacional», que impregnou de anti-comunismo as instituições a seguir à 2ª Guerra Mundial, assim como da «cruzada» anti-islâmica e anti-árabe após o 11 de Setembro 2001.

sábado, 16 de março de 2019

A ISLAMOFOBIA E FANATISMO NÃO EXPLICAM TUDO...

                              

O atentado de Christchurch (Nova Zelândia) contra muçulmanos que estavam pacificamente a efectuar as suas devoções de sexta-feira, por um extremista de direita é analisado no contexto das movidas de extrema direita e da ideologia que os move. 
Muitas vezes a sociedade ocidental, exclusivamente focalizada no radicalismo djihadista, esquece a existência de grupos armados, que se têm disseminado por todo o lado, com ideologia racista, claramente de extrema-direita. A sua pseudo-justificação para tais massacres passa frequentemente pela defesa da teoria da grande substituição. 
A grande substituição seria o projecto de uma oligarquia financeira completamente mundializada, indiferente aos interesses dos seus países ocidentais (aos quais, porém, esses elementos pertencem, quase todos), no sentido de substituir as populações brancas autóctones, por populações de países em vias de desenvolvimento, tornando assim possível um controlo da população e de manterem a funcionar o sistema de governo global, favorável a essa mesma oligarquia. 
Como todos os arrazoados ideológicos, mistura elementos de verdade com fabricações, com meias-verdades e com mentiras, para fundamentar uma tese, um projecto, uma linha política, que se traduzem no ódio contra tudo o que não seja «branco» e «ocidental». 

A verdade é que as populações de países em desenvolvimento são forçadas a buscar a subsistência noutras paragens, ou por causa da guerra ou por causa da pobreza extrema, esta muitas vezes associada a guerras presentes ou passadas.
Aquilo que os pseudo analistas que pontificam nos media ocidentais nunca esclarecem, nem sequer mencionam ao de leve, é que as guerras e os desastres ecológicos estão muitas vezes influenciados pela irreflectida e gananciosa ambição dos poderosos do «Primeiro Mundo», quando não mesmo, são resultantes da intervenção directa desses mesmos poderes.



domingo, 30 de outubro de 2016

ESTRATÉGIA DO MEDO E DA TENSÃO - ATAQUES DE FALSA BANDEIRA

Uma entrevista muito esclarecedora com Kevin Barret pelo site alternativo «Guns and Butter»  sobre ataques de falsa bandeira

Penso que vale a pena ouvir atentamente e tomar conhecimento de todos os dados que mostram como os ataques da maior parte do que se designa como «islamismo radical», são na realidade, fabricações, pela própria polícia que penetra as organizações, pelos governos que beneficiam com a atmosfera de medo que é criada... O entrevistado é um professor universitário que foi expulso por ter as corajosas posições que mostra na entrevista e no seu livro.