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sábado, 23 de dezembro de 2023

PORQUE PRECISA O CAPITALISMO DE EXTRAIR RIQUEZA DO SUL GLOBAL?

Diálogo com a economista Utsa Patnaik


 

                                              https://www.youtube.com/watch?v=6RF5vx1W_kk


Quando as pessoas falam sobre capitalismo, esquecem frequentemente que existe num mundo onde mais de três quartas partes são duramente exploradas em todos os aspetos. Esse mundo, o «Sul Global» tem sido explorado durante séculos, de forma sistemática, sendo duplo o efeito persistente: 
- Por um lado, o Sul Global não teve oportunidade de se desenvolver e de atingir, pelas suas forças próprias, a transformação das forças produtivas e das condições de vida, que se verificaram no Norte; 
- Por outro, o Sul Global foi (e continua sendo) o principal fornecedor de matérias-primas e de produções alimentares, à Europa e América do Norte. Sem as quais, não poderiam estas regiões levar a cabo o desenvolvimento que se verificou, pelo menos, desde a segunda metade do Século XVIII, até aos dias de hoje. 
A questão principal abordada na entrevista, é de como os países possuidores de colónias e posteriormente, neocoloniais, beneficiaram da sobre-exploração dessa parte de humanidade durante vários séculos. 
Seria impossível o desenvolvimento histórico do capitalismo existir como teve lugar, na ausência do excedente proporcionado pela rapina, pelo trabalho escravo, pela exploração sistemática, pela anulação contínua de forças produtivas dos países colonizados. 
Oiça/veja a entrevista do vídeo acima, muito esclarecedora por se basear em factos  não em teorias ou visões distorcidas de realidades históricas.

sexta-feira, 5 de agosto de 2022

UM SONHO



Sonhei que falava com uma águia.

Essa águia tinha vindo para estas terras, não se  sabe muito bem como. O facto é que se libertou dentro do instituto de zoologia, onde um técnico resignado me explicou que ela não queria, de modo nenhum, regressar ao poiso, esvoaçando rente ao teto, nos corredores do instituto. De repente, vi a sua cauda e uma parte do seu corpo, por cima da porta do gabinete onde nos encontrávamos. Não sei o que se passou exatamente, nem por quê, mas o facto é que a águia, decidiu entrar no gabinete e pousar calmamente no rebordo da mesa de observação, ao meu lado. 

Encetou-se então um diálogo entre ela e eu próprio, do qual não me recordo das palavras exatas, supondo que estas fossem pronunciadas. Tenho porém uma ideia clara sobre o que me explicou. 

Ela era proveniente do Sul do Chile, da região Mapuche. Mas, ela não foi capturada; transportou-se por vários meios, creio que numa dimensão de universos paralelos, para o local presente. 

Disse-me, em tom muito simples, que era uma mulher-xamã. Para ela, as propriedades de transformação em águia, o animal totémico, eram muito naturais, não precisava de ingerir nenhuma substância, apenas bastava invocar a Divindade Universal num ritual secreto, invisível, que a propagava a velocidade maior que a luz para qualquer ponto e na forma em que o Espírito Cósmico decidisse. 

Fora Ele que a transportou para junto de mim. Claramente, Ele desejava que eu tomasse conhecimento de algo. Ela, então, transformou-se instantaneamente em mulher indígena, aparentando cinquenta anos, vestida com roupa muito simples, tez de bronze e olho de azeviche, brilhando de simpatia e inteligência.

Não recordo muito bem as palavras exatas do nosso diálogo. Mas posso garantir que foi de grande ternura e compreensão recíproca, como entre irmão e irmã. 

Ela explicou-me que todo o povo Mapuche estava em risco de extinção, mas que não atribuía especial papel à sobrevivência da sua etnia e cultura ancestrais, senão na medida em que nós todos, povos ancestrais, das tribos e religiões do Mundo, estávamos a sofrer o mesmo perigo: O perigo de sermos escravizados e destruídos por entidades diabólicas, que tinham concentrado enorme poder tecnológico, financeiro, político e militar. 

Este grupo de oligarcas  concentrava mais poder, do que os Estados mais poderosos do planeta.  Presidentes e chefes de governo vinham prestar vassalagem e receber instruções dos emissários destes oligarcas. 

Para eles, a Terra e todos os seres  nela vivendo, tinham de ser submetidos ao seu poder. Estavam cientes de que podiam decidir sobre todos os assuntos relevantes, usando uma coorte de submissos cientistas, de ambiciosos economistas e de políticos, que se dedicavam a transformar o Mundo em território onde a «elite» conservasse o poder para sempre, onde não houvesse sequer uma hipótese de rebelião, tendo os povos sido disciplinados e homogeneizados, para desempenhar as tarefas que lhes eram atribuídas por eles. 

Tinham esse projeto e assumiam-no, tão confiantes estavam nele, que o enunciavam de modo muito claro em documentos e pela lógica dos seus atos.  Graças a psicólogos e sociólogos seus lacaios e utilizando o seu controlo dos meios de comunicação de massa, tinham convencido vários povos a lutarem, não pelos seus reais interesses, pela melhoria das suas condições, pelo seu bem-estar e da sua descendência, mas pelos objetivos de destruição, conquista e domínio sobre todos os que estivessem em contradição com os projetos megalomaníacos dos senhores do mundo.  

Porém, os poderosos deste mundo, não tinham o Espírito Universal do seu lado. Este, estava nos corações de membros de cada nação, de cada etnia. A semente de divindade estendia-se também a todo o mundo natural: Animais, Plantas, Elementos minerais. 

Pois o Universo estava bem acima da vaidade e desejo de domínio de alguns homens, por muito ricos e poderosos que fossem. Era o Universo, através dos seus filhos e filhas, em cada povo e cada tribo, que estava a atuar. Por isso mesmo, os planos da elite, com seu culto satânico, acabavam sempre por ser desfeitos, por mais recursos, dinheiro, homens, meios técnicos que investissem para os realizar. 

Era então nosso dever, de mulheres e homens que conservavam a verdadeira Religião Universal, fosse qual fosse sua manifestação concreta, a se juntarem, difundindo a verdade aos que estavam confusos, enganados. 

Mesmo que esta tarefa parecesse sobre-humana, o facto de que mais e mais pessoas saíam do estado de hipnose e congelamento da inteligência e sensibilidade, devia-se afinal, à constante difusão da força espiritual, que não se manifesta com canhões, mísseis ou contas bancárias, mas com Energia Divina, banhando os corações humanos. 

Não havia nenhuma fatalidade da Terra e seus povos caírem na escravidão, derrotados por este grupo reduzido de poderosos oligarcas. Mas, a lição do passado histórico ensinava-nos que, embora de maneira transitória, grande violência e opressão podiam abater-se sobre a humanidade, se esta transigisse consigo própria e não cumprisse o seu papel. 

Foi esta a essência do que contou a águia mapuche ao velho professor que escreve estas crónicas. Ele apenas tentou descrever, com seus meios limitados, o colóquio impressionante e os ensinamentos que recebeu durante o sonho. 

Oxalá que todos os leitores recebam esta mensagem e pensem como se devem comportar para contribuir para a libertação do género humano.

 

domingo, 30 de maio de 2021

TEORIA CRÍTICA DA RAÇA («CRITICAL RACE THEORY»)

A «teoria crítica da raça», é uma forma extrema de racismo, pois ela está constantemente a querer avivar as contradições e conflitos entre pessoas pertencentes a etnias diferentes. Quando uso o termo «etnias», estou a falar em termos cientificamente aceites, quando estou a falar em raças, se o que está em causa é a espécie humana atual, então estou simplesmente a introduzir um conceito racista.

Explicitando melhor: durante séculos, houve uma noção de que as diferenças físicas entre etnias traduziam (segundo a visão então dominante) níveis de aptidão, moral e intelectual, diferentes. No século XVI, houve mesmo um debate entre teólogos para se saber em relação aos recém descobertos ameríndios, que não vinham mencionados na Bíblia, se eram ou não «humanos», se tinham ou não «alma».

Este debate teve repercussões muito concretas na legalização da escravatura, em primeiro lugar dos ameríndios, os quais eram capturados e depois forçados a trabalhar nas minas e plantações como animais, pelos seus proprietários brancos. Depois de epidemias dizimarem a população ameríndia a -talvez- um décimo da população anterior à descoberta da América pelos europeus, os colonos brancos tiveram de recorrer à importação de escravos negros, vindos do continente Africano. Note-se que o circuito da escravatura incluía reis e potentados negros, no interior de África, que vendiam escravos (negros) a mercadores árabes e também portugueses.

Tudo isto é bem conhecido. É a história trágica e violenta da acumulação primitiva nas Américas e noutras partes do mundo não europeu, que esteve na base do capitalismo. Mas isso não justifica que um espírito, com moral não distorcida, possa fazer pesar sobre os atuais «brancos», a «culpa» coletiva do passado.

Se todos concordam que seria grotesco e infame que um filho / filha fosse condenado/a em tribunal por crime cometido por seu/sua pai/mãe, porque não consideram ainda mais absurdo e contra toda a justiça que - coletivamente - os «brancos» atuais sejam acusados de «racismo estrutural», de «beneficiários de privilégios», etc. ???

Na ordem jurídica internacional, qualquer discriminação contra uma etnia é considerada inaceitável. Não existe nenhuma legitimidade para querer o «reconhecimento privilegiado» de uns, como vítimas eternas e eternamente merecedoras de «reparações», enquanto os supostos descendentes dos opressores seriam automaticamente considerados opressores e merecedores das mais severas discriminações, de vergonha e de pagamento de compensações.

Querer ou tolerar isso, é reviver um racismo -seja ele anti branco, ou anti outra etnia - porque o racismo é isso mesmo. É intolerância para com as diferenças, que têm certos grupos em relação a outros, em virtude do seu nascimento, dos seus genes.

Os verdadeiros anti racistas não podem senão repudiar esta amálgama de teorias e práticas racistas.

Um verdadeiro anti racista, reconhece que o termo raça não se aplica à espécie humana atual, pois ele tem um significado outro em biologia.

Com efeito, há raças quando se formam subespécies e estas derivam para formas cuja miscinegação, ou entrecruzamento, é cada fez mais difícil, ou seja, não se formam híbridos (isolamento reprodutivo completo) ou, quando se formam, estes possuem características pouco favoráveis, face aos não híbridos.

Os cientistas consideram que Homo neanderthalensis e Homo sapiens contemporâneos formavam duas subespécies, que esporadicamente se entrecruzaram, mas a subespécie Homo neanderthalensis acabou por desaparecer, há cerca de 24 mil anos. Desde então até hoje, a espécie Homo sapiens é a única do género Homo que existe à face da Terra. Todas as etnias atuais da espécie humana são entrecruzáveis e formam híbridos sem nenhum «handicap» e estes, por sua vez, são  capazes de se cruzar, sem perda de qualquer propriedade, física ou intelectual, pelo facto de serem híbridos.

Do ponto de vista da teoria da luta de classes, da qual o marxismo é defensor (embora existam outras teorias e correntes não-marxistas que assumem a existência de classes e de luta entre elas), a forma como operam estes racistas do século XXI, difusores da «teoria crítica da raça», não é somente uma visão equivocada da ciência biológica contemporânea. É - sobretudo - um meio de dividir as pessoas oprimidas, tornando mais fácil o domínio dos ricos e poderosos, o velho truque de «dividir para reinar».

Ainda por cima, uma grande parte da media tem favorecido estes racistas, dando-lhes designações que são autênticas fraudes, como «marxistas» ou «neo-marxistas»: a confusão mental é procurada pelos plumitivos que dão essas designações, quando não existe nada de mais anti-marxista do que a «teoria crítica da raça», não existe nada mais anti luta de classes do que a «luta» desses grupos que somente atacam «símbolos», quer sejam estátuas, nomes de instituições ou de ruas. Quanto aos verdadeiros marxistas (e revolucionários, em geral), estes têm como prioridade unir os oprimidos em torno de reivindicações e lutas concretas contra os opressores e contra os instrumentos reais da opressão. Certamente que a media mainstream, propriedade de grandes magnates, de bilionários, nunca iria fazer uma VERDADEIRA apologia da luta de classes.

As pessoas que vão atrás da «teoria crítica da raça» estão a ser enganadas (1). A sua energia, o seu idealismo estão a ser desviados.

Os promotores desta «teoria crítica da raça» são também financiadores de BLM (Black Lives Matter): bilionários como Soros, ou agências do próprio Estado, que esta BLM, ou outras organizações, dizem combater.

De facto, a «teoria crítica da raça», não passa dum chorrilho de afirmações racistas e obscurantistas. Não deve ser considerada como «teoria», mas como ideologia. Não tem um grama de espírito crítico, é mesmo o contrário disso, pois apela ao irracional. Finalmente, faz cavalo-batalha do conceito de «raça», conceito sem sustentação na ciência, quando aplicado à espécie humana atual.

Digo a todos/todas os/as leitores/as, seja qual for a sua etnia, nação, religião ou filosofia: se querem ver-se livres da opressão terão de procurar aliança junto de outros oprimidos, quaisquer que sejam. Tudo o que divide provém, consciente ou inconscientemente, do campo contrário, do campo dos opressores.

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(1) Há cem anos atrás (a 31 de Maio de 1921), ocorreu o massacre de Tulsa (Oklahoma):
Durante muito tempo, os poderes estatais nos EUA ocultaram os horrores dessa época, em que os negros eram linchados, aterrorizados, confinados em ghettos, etc. 
O facto de se fazer a devida homenagem às vítimas do brutal racismo branco, não contradiz em nada que se repudie a falsa teoria, chamada de «critical race theory». Aliás, uma visão aprofundada do fenómeno racista nos EUA, permite que as jovens gerações não caiam noutras derivas semelhantes. Ora, a chamada teoria crítica da raça, ao fazer uma amálgama de conceitos e ideologias, apenas vai perpetuar os ódios raciais. Compreender a fundo o fenómeno racista, é compreender os instrumentos de propaganda e de coação que os capitalistas e o Estado usam contra os povos.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

CONSEQUÊNCIAS DAS «NOSSAS» POLÍTICAS

                              An aerial shot of a long line of people standing on ground that looks like desert.

                                      Refugiados na Líbia, à porta de centro de detenção

As pessoas das chamadas «democracias ocidentais» gostam de ser vistas - e de se verem a si próprias - como defensoras dos Direitos Humanos. 
Porém, as políticas bárbaras e criminosas da guerra dita humanitária são a principal causa das violações destes mesmos direitos. É isto que nos é omitido sistematicamente nos media.

- Mas estes media mostram-nos, sem dúvida, os horrores, noticiam o tráfico de escravos, na Líbia, por exemplo, etc. poderia alguém objectar. 
- Escandalizam-se os opinadores nos jornais e TVs de todo o continente. Eles «denunciam» toda a espécie de violações dos direitos humanos mais básicos. Por sinal, os piores casos aparecem sobretudo e sistematicamente (mas isso não dizem eles) nos teatros de operações onde estejam imiscuídos ocidentais e civilizados militares e mercenários. 

Porque procedem assim? 
- Primeiro, porque não é possível, no mundo de hoje impedir que as coisas se tornem conhecidas, por muito controlo que haja nos media ocidentais. 
- Segundo, porque é mais fácil para o poder globalista manter-se ao comando, se conseguir controlar a «narrativa». 
Assim, pode nos manipular, usando os nossos sentimentos mais nobres, a nossa compaixão; mas também o medo atávico do outro, que está na origem da xenofobia e do racismo. 

Que fique bem claro para todas as pessoas que se consideram humanistas, respeitadoras e defensoras dos direitos humanos:

-Passivamente ou ativamente, a cidadania dos diversos países tem estado a consentir com as guerras neo-coloniais e imperialistas, levadas a cabo pelo «Ocidente» sob a batuta dos EUA e NATO. 
- Os governos não seriam - por si sós - capazes de tal feito. Têm de ter a conivência, anuência, até mesmo a adesão «consciente» de muitos cidadãos, civis ou militares. 
-Para tal consentimento da cidadania, há uma máquina poderosa dos media, ao serviço dos poderes globalistas. O nosso subconsciente é usado, manipulado, sob pretexto de nos «informar».

terça-feira, 29 de agosto de 2017

EXPLORAÇÃO ACRESCIDA E AUSÊNCIA DE SINDICATOS COMBATIVOS


Notícias deste tipo são quotidianas e basta olhar à roda, perguntar a familiares ou amigos, para constatar que estas notícias, longe de serem alarmistas reflectem aquilo em que se transformou o mercado de trabalho.

Os sindicatos estão ausentes dos locais de trabalho; as direcções estão fechadas nos seus gabinetes ou a fazer tudo menos aquilo para que foram eleitas. Sim, não falham uma «manif» da CGTP, se forem convocadas... mas fazerem o trabalho quotidiano e ingrato... 

A ausência de sindicalismo sério e de classe torna as situações narradas impossíveis de defesa do ponto de vista dos explorados. Os patrões têm em Portugal um paraíso porque o «sindicalismo» se confunde com a militância política, que NÃO É. 

A anexação e subordinação dos sindicatos por partidos (sobretudo de «esquerda») tem as consequências que se podem observar. Ninguém da «sacro-santa» esquerda quer dar o braço a torcer e reconhecer isto: os sindicatos são órgãos da classe trabalhadora toda. Cativá-los para lutas políticas e desmobilizá-los das lutas laborais é uma traição muito grave. 


Só quando a nova geração tiver varrido práticas enquistadas nos sindicatos; só quando houver um grau de consciência de classe que lhes proíba fazer como seus antecessores, poderão as coisas mudar no campo sindical e laboral.


sexta-feira, 14 de julho de 2017

A ESCRAVIDÃO* DE QUE NÃO SE FALA

 *[ A condição de escravo não implica que a exploração seja violenta, brutal, penosa, mas apenas que o trabalho não é remunerado, é uma obrigação do trabalhador, mas não do seu patrão. Este pode decidir dispensar o escravo quando quiser, pois não existe qualquer tipo de contrato.]

TRABALHO GRATUITO DE MESTRANDOS E DOUTORANDOS, PARA VANTAGEM DOS «MANDARINS» NA UNIVERSIDADE


Muitos estudantes de mestrado e de doutoramento são «obrigados na prática» a darem aulas gratuitas e mesmo a classificar trabalhos de alunos de licenciatura (ambas atividades que envolvem evidentes responsabilidades profissionais). 

                       Image result for slave trade

Existe legislação suficiente para caracterizar como criminosas estas práticas, aliás perfeitamente documentáveis. No entanto, nem os agentes do poder, nem mesmo o «contrapoder» dos sindicatos intervém. Porquê?
A cumplicidade ou conivência generalizada com um crime, a complacência com ele, torna-o ainda mais grave e hediondo. 
É um comportamento criminoso perfeitamente consciente o uso abusivo do trabalho gratuito de estudantes. O mais notório caso é o de atividades docentes, para as quais se exige legalmente qualificação e reconhecimento específico. 
Sem darem um combate eficaz a estas práticas, sem as exporem, de tal forma que os atuais beneficiários delas tenham vergonha e se inibam de continuar, não é credível que políticos declarem «que querem combater injustiças, trabalho precário», etc. 
Combata-se já a exploração e o trabalho escravo e precário de milhares de estudantes na universidade.



Algumas pessoas dizem - e outras repetem - que «é o sistema» ou ainda que «instalou-se uma cultura»: isso são apenas desculpas lançadas pelos beneficiários do trabalho gratuito, eles próprios. 

O facto de serem docentes universitários, não significa que tenham escrúpulos. Há pessoas que, quando atingem um certo estatuto, julgam que podem fazer praticamente o que quiserem e não ser incomodadas. 
Julgam-se acima da lei; é exatamente um sistema feudal. 

Mas num Estado de Direito isto é crime. Isto chama-se sobre-exploração / trabalho escravo / chantagem / assédio.

Em Portugal, não consegui obter reportagens sobre o assunto, o que não significa de modo nenhum que seja menos grave ou generalizado do que noutros sítios. Aqui, abaixo, deixo uma selecção de artigos que mostram várias facetas do problema.


Condição de escravo moderno:



Em Espanha, já a própria universidade reconhece em parte o problema:

Exploração miserável na Austrália:

Em França, estão organizados para combater este flagelo:

Em Portugal...nada! Se alguém, entretanto, souber de alguma notícia relativa ao assunto, peço me informe!