Mostrar mensagens com a etiqueta economia. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta economia. Mostrar todas as mensagens

domingo, 3 de dezembro de 2023

SE ESTAMOS A VIVER NUMA ÉPOCA EXCECIONAL...

 Se estamos a viver numa época excecional, então devemos cuidadosamente rever todos os conceitos aos quais estávamos mais ligados. Devemos analisá-los criticamente, à luz das realidades emergentes e ver quais os que podem ser resgatados, quais devem ser reformulados e quais os que devem ser «deitados para o caixote de lixo».

Quando reflito sobre isto, a minha mente é imediatamente atraída pela palavra «contenção». Com efeito, as circunstâncias gerais, em cada sociedade e cada vida privada, tornaram-se de tal maneira voláteis, que nós devemos nos interrogar sobre a nossa «grelha de leitura» da realidade. 

Com efeito, os parâmetros que considerámos para avaliar a realidade  social, aqueles sobre os quais nos baseámos no passado, até mesmo no passado mais recente, ou se tornaram obviamente caducos, ou têm de ser reformulados, no todo ou em parte. 

As pessoas que não façam esse exercício, irão sofrer, nas condições de instabilidade e perturbação profunda que agora se estão a revelar. Elas irão  ser arrastadas/induzidas a tomar posições sobre as quais não tinham refletido previamente. 

Assim, em todos os aspetos da vida,  deve-se ser particularmente cuidadoso, não tomar os desejos pela realidade, não pronunciar juízos definitivos, sobre aquilo que parece ser, no momento. 

Dito isto, é verdade que as escolhas que fizermos poderão ser decisivas para nós, pessoalmente e socialmente. O que vi acontecer com muitos, é que tentam «encaixar» as inéditas situações, no molde envelhecido das suas ideologias. Seria este um caso para evocar a parábola bíblica do «vinho novo, em odres velhos».

As novas situações não têm «resposta» em escritos de filósofos, políticos ou economistas, que pensaram e escreveram em contextos totalmente diversos da atualidade. A única coisa de que podemos ter a certeza, é que não existem, em sociologia, economia, ou história, teorias preditivas verdadeiras, genuínas. As que são formuladas, correspondem apenas à visão do Mundo e ao desejo dos seus autores. Ora, esta visão do Mundo, mesmo que fosse muito adequada quando a escreveram, não poderia ter em conta toda a panóplia de descobertas e de ideias que se desenvolveram, entretanto. 

Num período de crise, como dizia corretamente Lenine, há semanas que são tão densas em acontecimentos, que parece que passaram anos. Esses acontecimentos são imprevisíveis no seu desenrolar. Mesmo que sejam previsíveis no seu desencadear. Por exemplo: uma guerra, pode ser previsível, ao se analisar as posições e movimentos das diversas potências. Mas, ninguém pode prever que uma tal guerra futura se desenrole desta ou daquela maneira. Que dure apenas uma semana, ou dez anos. Que dê a vitória inequívoca a um dos lados, ou que se arraste e esgote o lado mais forte. Que o lado mais forte inicialmente, mesmo que vença militarmente, acabe por experimentar o princípio da sua derrocada.

As situações de imprevisibilidade nos mercados são ainda mais patentes. Os que «pilotam» os bancos centrais, munidos de poderosos instrumentos para agir sobre mercados financeiros e a economia geral, não têm o poder que se lhes empresta. São o aprendiz do conto do «Aprendiz -feiticeiro». As economias vivem sujeitas ao caos completo, onde sábias e prudentes decisões são impossíveis de tomar. Os dirigentes efetuam meros «passes de mágica», de tal modo que o vulgo acredita que eles detêm enorme poder. 

A atitude mais inteligente - neste contexto- é de garantir aquilo que nós, pessoalmente, a nossa família, a nossa comunidade, possuímos enquanto meios de preservar a vida. Manter e aumentar a nossa capacidade de aguentar nos tempos mais difíceis das nossas vidas, deveria ser a preocupação primeira.  As «sereias» que apelam para investimentos sumptuários, especulativos, que causam um desequilíbrio, ou que diminuem os ganhos e as hipóteses de ganho, são de rejeitar. Por contraste, as iniciativas para preservação do adquirido e para o aumento da nossa autonomia (exemplos: produção própria de alimentos, geração de energia, etc.) tornam-se vitais, neste contexto. Também importa uma atitude mais racional com a saúde: a boa condição física é ainda mais importante, nas circunstâncias em que colapsam as estruturas e os meios de saúde.

A nossa energia deve estar centrada nos pontos acima, sendo também muito importante não olharmos de forma acrítica para as informações que nos chegam aos ouvidos ou aos olhos. Neste contexto, a informação da mídia é mais enviesada do que nas situações anteriores. Estamos perante ondas sucessivas de condicionamento de massas, primeiro com a histeria do «COVID», depois com a violação sistemática da nossa integridade, a imposição de «vacina», a perseguição da dissidência e a instalação duma censura férrea, além de uma vigilância total. Esta fase antecedeu e preparou as pessoas para aceitarem - perante as guerras da Ucrânia e de Gaza - no meio de campanhas de histeria sucessivas, a transformação do enquadramento legal.  A «legalidade democrática» foi varrida de uma penada, para se reprimir "legalmente"  dissidências e glorificar o bárbaro esmagamento de populações civis, incluindo a ressurreição do conceito, medievo e nazi, de  «culpa coletiva».

Com o medo instilado, pretende-se que as pessoas deixem de pensar, apenas reagindo, apenas seguindo os instintos de gregarismo e de xenofobia. Muitas, adotaram um comportamento de simulação, ou ocultaram a sua posição verdadeira, por medo de serem excluídas, de serem apontadas a dedo. 

O cenário está completamente montado e, aliás, a peça de teatro já começou a desenrolar-se diante dos nossos olhos. Mas, como não compreendemos o enredo desta peça, nem queremos fazer um esforço para o compreender, somos incapazes de protagonismo, de sermos proactivos. 

Se algo de verdadeiro existe nas palavras acima, creio que devemos refletir como agir para modificar este estado de coisas. Para agir maduramente, não devemos ocultar a realidade a nós próprios, nem cair na armadilha da propaganda, de uns ou de outros. Precisamos ser capazes de nos distanciar sem trair as nossas convicções. Não devemos tomar a nossa ilusão, o nosso desejo, pela realidade. Sobretudo, devemos guardar abertura a cada momento; não desenvolver sentimentos de ódio, em relação aos que estejam no polo diametralmente oposto. Sermos adultos, propriamente, quer dizer que somos capazes de analisar e não descartar outros pontos de vista, que nos pareçam - à primeira vista - errados, ou equivocados; por vezes, nós é que estávamos equivocados e os outros  tinham - afinal - razão. 

De nenhum modo, uma atitude sectária se justifica, neste contexto: A atitude inteligente é realizar alianças, o mais amplas possíveis, aos vários níveis. 



sábado, 28 de outubro de 2023

«LEIS DO MERCADO»? EU DIGO-VOS O QUE SÃO.

 A hipocrisia dos intitulados políticos e economistas ocidentais, faz com que as pessoas vivam na doce ilusão de que as coisas estão a melhorar, globalmente. Há alguns «recuos», mas a exploração dos trabalhadores não é aquilo que era noutros tempos. A sério?!?


Em boa lógica, as pessoas - quase todas - vivem em estado de denegação. Pois a intensificação da exploração do trabalho e a depredação dos recursos ambientais, abrangem cada vez mais zonas do globo, são cada vez mais impiedosas para os povos indígenas e para o próprio sustento do ecossistema Terra. Esta é a verdadeira face da globalização.

Por exemplo, a quantidade enorme de gadgets que as pessoas adquirem, nas partes do mundo mais afluentes, têm  um tempo «de vida útil» muito curto. Cada vez mais curto (pensem nos computadores, nos smartphones, etc.) . Nestes gadgets de «high-tech» estão inseridos componentes minerais que são extraídos de inúmeros locais, mas quase todos eles situados no Terceiro Mundo. As chamadas «terras raras» são um bom exemplo. Na realidade, não são assim tão raras, pois o elemento mais raro deste grupo é mais abundante na crosta terrestre, que o ouro. Só que o ouro é explorado quando se encontra em veios, mas tal não acontece com as «terras raras». Para se concentrar o suficiente de um dado elemento pertencente a este grupo, é preciso extrair toneladas e toneladas de terra e de rocha, formando imensas escombreiras. O solo fica estéril durante muitos anos. O processo de concentração e refinação destes «metais raros» também é muito poluidor, criando-se enormes lagos envenenados contendo os subprodutos tóxicos destes processos. 


A China é o principal produtor de «Terras Raras»; porém não é por possuir concentrações favoráveis desses elementos, visto que eles estão mais ou menos dispersos - em concentrações semelhantes - por toda a crosta terrestre. Aquilo que é diferente, é que na China as «regulamentações ambientais» estão quase ausentes. Igualmente, as condições salariais e de higiene são deploráveis, mas as autoridades chinesas têm tudo sob controlo. As pessoas sensíveis aos direitos humanos e à ecologia (a maior parte, vivendo no conforto híper tecnológico) não se inquietam muito também com as zonas do interior da China e seus habitantes. 

O mesmo, ou pior, se passa com a exploração na República Democrática do Congo dos minérios estratégicos para a indústria eletrónica e componentes obrigatórias em qualquer bugiganga digital que utilizamos. A depredação da floresta tropical-equatorial e a transformação de crianças em escravos das minas, não é dos séculos passados, é de agora!

Sem esquecer  a louca corrida para explorar todo e qualquer depósito de Lítio (incluindo na Serra da Estrela, um Parque Natural de primeira importância no centro-norte de Portugal), para alimentar a indústria automóvel EV, para consumo (e paz de espírito) dos cidadãos dos países ocidentais: Estes são ricos, ecologistas, preocupados com questões sociais, mas só dentro do perímetro das suas sociedades e das paisagens abrangidas pela sua visão estreita!  

Então, a questão do mercado resume-se aos termos seguintes:

- Os mercados hoje são internacionais, globalizados, numa escala sem precedentes.

- O que é consumido pelos países afluentes (Norte América, Europa Ocidental, Austrália) em termos agrícolas mas, sobretudo, industriais vem - na sua grande maioria- de países do Terceiro Mundo

- As razões principais disto são: a enorme discrepância salarial, da ordem de dez vezes menos nos países pobres em relação aos ricos. A total ausência ou o não cumprimento de normas de proteção do ambiente e depredação constante dos recursos.

- Além disso, as multinacionais que exploram os recursos minerais nesses países, têm capacidade para corromper e/ou vergar a vontade dos governos locais. Estes, preferem fechar os olhos, a terem uma perda de rendimentos sob forma de «royalties» e também perderem muitos postos de trabalho, caso as multinacionais saiam. 

- Portanto, os mercados de matérias-primas e do trabalho não são de todo «livres», pelo menos no sentido comum do termo. Seria um mercado livre, se um comprador e um vendedor (quer em termos individuais, quer coletivos) têm ambos uma certa capacidade de negociação e o preço (quer de mercadorias, quer da mão-de-obra) é o resultante dessa negociação. 

- Os recursos da minoria da população mundial que beneficia desta situação, são fruto da superexploração do trabalho no Terceiro Mundo;  da completa rapina e destruição de recursos naturais dessas partes do Globo.

Uma análise económica honesta dos custos globais, deveria ter em conta os factos evidentes que eu mencionei acima. Mas, a narrativa dos economistas contemporâneos é quase toda uma enorme falácia, para adormecer as consciências. Digo isto, porque sei que eles sabem: os economistas ocidentais sabem perfeitamente os factos acima apontados.

Não há leis do mercado, no sentido de «Leis da Física», ou de outra ciência exata, ou natural. A «lei» do mercado é somente a imposição violenta da exploração.



sábado, 21 de outubro de 2023

O DÓLAR PODERÁ SOBREVIVER; MAS O SISTEMA QUE O SUSTENTA ESTÁ CONDENADO


As pessoas estão condicionadas a pensar em termos de divisas-fiat*. Pensam que o dólar «sobe», em relação a outras divisas. Não compreendem que há uma descida geral do valor das divisas.

Porém, esta é que seria a maneira correta de avaliar e compreender a inflação. Se o preço de mercadorias sobe, isso significa que aumentam as unidades monetárias para comprar as mesmas quantidades desses bens. Portanto, cada unidade monetária - sejam dólares, euros, libras, etc. - perdeu parte do seu valor, perdeu capacidade aquisitiva.

A quantidade de dólares em circulação, no mundo inteiro, é enorme: Muitos deles, são criados fora do sistema americano: São resultantes de empréstimos em dólares, efetuados nos mercados internacionais, entre terceiros, não-americanos. Em todo o mundo, os bancos, quer os comerciais, quer os centrais, têm reservas de dólares-cash. Uma parte desses dólares, está sob forma de obrigações do tesouro dos EUA, as «Treasuries». Estas, recebem um pequeno juro; o que é melhor do que ficarem grandes somas de dólares à ordem, sem qualquer juro.

Nos últimos tempos, a de-dolarização manifesta-se por um excedente de venda de «Treasuries» sobre a sua compra, nos mercados internacionais. Este desfazer das obrigações do tesouro dos EUA pode ter causas diversas: Pode um país precisar de cobrir os seus défices comerciais, usando dólares em reserva. Pode precisar de pagar juros de dívidas contraídas em dólares, ou fazer pagamentos a diversas entidades. A não aquisição - pelos particulares ou por Estados terceiros - das Treasuries postas à venda no mercado internacional, obriga a que o Tesouro americano ou o Banco Central (a Fed) as adquiram. É um facto que - devido ao estatuto de divisa de reserva mundial - os EUA podem fabricar novos dólares (sob forma digital, muito maioritariamente) para cobrir as despesas enormes do orçamento americano e também comprar Treasuries e pagar o juro das mesmas.

Porém, este jogo não poderá continuar indefinidamente. Ele é limitado, pelo menos, por dois fatores: A confiança dos compradores/detentores de dólares e de Treasuries, por um lado; por outro, chega um ponto em que são necessárias somas incomportáveis do Orçamento Federal para pagar os juros das Treasuries e a própria dívida. Não há real opção da Fed deixar de comprar Treasuries. Ela faz isso para sustentar o seu valor que, no caso contrário, desceria a pique, enquanto os juros correspondentes subiriam às nuvens.

O dólar perdeu cerca de 97% do seu valor, desde que a Reserva Federal foi criada, em 1913. Outras divisas perderam ainda mais, algumas deixaram de existir; muitas vezes, seu valor foi completamente tragado por inflação galopante. O dólar é apenas uma divisa que conserva ainda algum valor, mas somente em termos relativos às outras divisas. Estas, têm um comportamento ainda pior que o dólar.

Os défices monstros dos EUA, em termos comerciais e do orçamento de Estado, desencadeiam produções astronómicas de dólares. Ultimamente, foi atribuída a soma de cem biliões de dólares (40 biliões de $ para Israel e 60 biliões de $ para a Ucrânia ), em excesso dos 33 triliões da dívida pública dos EUA. Até agora, os dirigentes dos EUA têm acumulado dívida de forma totalmente impune. Porém, estas políticas de hiper endividamento irão brevemente tornar-se hiper inflacionárias: É que as pessoas, os Estados e as empresas deixam de ter confiança na divisa dólar e, por extensão, nos veículos financeiros denominados em dólares.

O ouro e a prata atingiram, esta semana, novos máximos e, provavelmente, irão subir muito mais. Mas, quando pensamos assim, estamos a pensar no preço dos metais preciosos em termos de divisas. Na verdade, os metais não "sobem" nem "descem", não pesam mais, nem menos, não mudam de estado da matéria, nem de propriedades físicas. Deveríamos - pelo contrário! - cotar as divisas em termos de ouro, ou de prata. Um grama de ouro custa 63,7 € hoje; o mesmo grama, há 5 anos, custava 39,8 € . Na verdade, não foi o ouro que subiu, foi o euro (ou qualquer outra divisa) que desceu, que perdeu capacidade aquisitiva. Os metais preciosos são apenas um indicador, entre outros, da perda de valor das divisas fiat.

Um sistema assim, não pode continuar por muito mais tempo. A taxa verdadeira de inflação é muito mais alta que as percentagens divulgadas nos media e nas estatísticas oficiais.

É nestas ocasiões, que costumam surgir as guerras. As guerras têm sempre causas económicas (embora também tenham outras, claro). Uma das situações económicas mais comuns, é os dirigentes estarem a braços com uma grande crise e não saberem o que fazer, para ocultar sua responsabilidade nela. Então, lançam os seus países para a guerra, o que «soluciona» as dificuldades, desviando a atenção do povo para a(s) ameaça(s) externa(s). Muita gente não vê que a miséria do seu país resulta das políticas do governo.

----------

*Divisas-fiat são divisas que só estão sustentadas pela crença do público na palavra das autoridades, do governo.


PS1 (28/10/23): Jim Rickards faz uma avaliação interessante da situação da economia dos EUA e mundial. 

https://www.youtube.com/watch?v=WF0arRcGNrg

quinta-feira, 10 de agosto de 2023

TODOS OS IMPÉRIOS TÊM UM FIM. PODERIO DOS EUA PERTO DO COLAPSO

Aconselho-vos a leitura dos artigos de Martin Armstrong e de Matthew Piepenburg:

- https://www.armstrongeconomics.com/world-news/civil-unrest/just-us-the-rising-tide-of-civil-unrest/

https://goldswitzerland.com/keeping-your-head-amidst-debt-blind-madness/

- Armstrong mostra como o sistema de justiça americano, ao contrário do estipulado na constituição, está permanentemente a produzir julgamentos monstruosos, nomeadamente porque o indiciado é fortemente pressionado a aceitar dar-se como culpado, em troca de uma sentença mais leve, mesmo quando ele está inocente, porque para poder provar sua inocência é preciso ter-se um grande poder económico, para se contratar um escritório de advogados com peso. Mesmo neste caso, não está garantido que a inocência do indiciado seja reconhecida, dado que a máquina da justiça está praticamente nas mãos do partido democrata e de seus homens de mão.

Matthew Piepenburg mostra como a política financeira e fiscal dos EUA têm sido um completo disparate, indo contrariar não apenas todas as escolas de economia, como o próprio bom senso. O facto da dívida ser cada vez mais pesada e ingerível, não parece incomodar quem controla as finanças do país: Tanto Powell, como Janet Yellen são demasiado cultos para «se enganarem» desta maneira. Eles apenas estão a fazer um exercício de ilusionismo junto do público. Porém, o presente agravamento da situação financeira e monetária, não pode conduzir a outro desfeche, senão à catástrofe. 

Ambos os artigo são dignos de uma leitura atenta. Mas, eu resumi o seu conteúdo para o que vem a seguir.

A denegação é um sintoma de psicose, de persistência no erro: Como dizia Einstein, um sinal de loucura é fazer-se sempre a mesma coisa, obtendo um mesmo resultado, mas repetindo na esperança de que seja diferente.

A população americana não é responsável inteiramente pelo que seus políticos andam a fazer, pois ela é doutrinada desde a infância sem ter - salvo exceções - possibilidade (ou curiosidade) de se confrontar com outras leituras das realidades política e económica. 

A media reforça constantemente as inanidades que passam por «reflexão» política e económica, tornando tudo o que se passa opaco à maioria. O seu domínio da narrativa equivale a um totalitarismo «brando», mas que cumpre a sua função de aceitação do status quo pelas massas. Estas nunca questionam o seu fundamento.

Quanto ao exercício do controlo internacional manu militari,  também conseguiram «naturalizar» isso.  Muitos americanos estão realmente convencidos da sua «excepcionalidade» e da «missão» do seu país em manter uma «ordem internacional baseada em regras».

As coisas funcionaram muito bem, com vantagem para os EUA, durante longo tempo. O dólar - desde 1944 - tem sido a moeda de reserva hegemónica (exorbitante privilégio, Giscard D'Estaign dixit). A instrumentalização do dólar foi possível graças ao poder militar: A capacidade de invadir, bombardear, subverter regimes que tivessem a veleidade de resistir à «versão americana da democracia». Este facto esteve e está diante dos olhos dos povos e de seus dirigentes. Sem esta superioridade militar esmagadora, não seria possível manter o modo de chantagem permanente a numerosos regimes, incluindo neutrais e mesmo aliados de Washington. Porém, o Mundo está a assistir a uma perda acelerada da eficiência militar, comprovada pelos fiascos das guerras do Afeganistão, Síria e até da Ucrânia. Os EUA já não são a potência com superioridade militar inquestionável que foram, até há bem pouco tempo. Com orçamentos muito mais baixos de despesas militares, tanto a Rússia como a China, têm mostrado a superioridade dos seus armamentos sofisticados. Vários países do Terceiro Mundo (Turquia, Arábia Saudita, e muitos outros) até há bem pouco tempo clientes exclusivos dos EUA, estão a fazer fortes jogadas para se aproximarem dos BRICS, têm adquirido sistemas de mísseis avançados aos russos e têm «de-dolarizado» a grande velocidade. Estas mudanças são muito significativas, estão realmente a acontecer diante dos nossos olhos e os dirigentes ocidentais sabem-no bem. Eles também sabem o que isso significa, mas vão continuar a fazer de conta, para iludir os cidadãos de seus próprios países.

Dizer que o colapso é inevitável, que o colapso fará com que o dólar não mantenha o poderio monetário e financeiro dos EUA, como também afetará todos os planos, não é mais do que uma constatação banal, hoje em dia. Mas, note-se que a mesma afirmação, há muito pouco tempo, suscitava um coro de críticas e sátiras, apodando quem se atrevesse a afirmá-lo de epítetos nada bonitos. Agora, os que, orgulhosos, «enchiam o peito» para proclamar a solidez do Império, estão calados ou estão a esgrimir com a realidade, num estilo realmente patético.

Foto aérea do Pentágono, símbolo do poderio militar dos EUA, retirado do artigo de Caitlin Johnstone

Espero que as pessoas que me lerem percebam que eu não estou a escrever isto com triunfalismo. Qualquer império acaba: Tem uma ascensão, até um zénite e depois um ocaso.  A minha preocupação é o grau de violência que acarreta a queda de um império. Não vale a pena retraçar o destino dos impérios, desde a antiguidade, neste curto artigo. Mas, podeis consultar obras que descrevem os acontecimentos históricos da decadência e queda de vários impérios. 

Na era nuclear, tanto nos países detentores de armas nucleares, como nos outros, é importante que  se erga uma consciência verdadeiramente cidadã e global: Isto será o maior dissuasor face aos responsáveis políticos e militares desses países, para que eles não subam a tensão com seus adversários e não se sintam «justificados» em utilizar armas nucleares.


domingo, 23 de julho de 2023

EUGÉNIO ROSA: Realidades da inflação e fantasias de Mário Centeno (governador do Banco de Portugal)

Copiado de artigo de Eugénio Rosa, no blog «A Viagem dos Argonautas» 

MARIO CENTENO, QUE GANHA 33,6% MAIS DO QUE O PRESIDENTE DO “Fed” DOS E:U:A.(Reserva Federal, o banco central dos Estados Unidos da América : Centeno 17476€/mês, Powell 13082€/mês, considerando 14 meses) NA ENTREVISTA DADA À RTP 3 REVELOU UMA GRANDE PROBREZA INTELECTUAL, IGNORÂNCIA ECONÓMICA E ENORME INSENSIBILIDADE SOCIAL

Eugénio Rosa, edr2@netcabo.pt, 13/7/2023

                















terça-feira, 30 de maio de 2023

CRÓNICA ( Nº13 ) DA IIIª GUERRA MUNDIAL

      Trabalhadores completam uma ponte, simbolizando as novas rotas da seda em Pequim

Pepe Escobar:

 https://sputnikglobe.com/20230526/pepe-escobar-eurasian-heartland-rises-to-challenge-the-west-1110600622.html


Quem assimilou a «Arte da Guerra» de Sun Tzu, sabe que a melhor maneira de vencer é não ter que dar combate. Traduzindo e explicitando em pormenor: tornar evidente aos olhos dos adversários, que encetar combate equivale a ser destruído, derrotado, esmagado sem apelo. 

Também é necessário retirar aos chefes da potência adversária todo o desejo e possibilidade prática de, num gesto de desespero, se lançarem numa luta suicida. É fútil esgrimir com força superior, formada por uma coligação de forças bem equipadas, bem treinadas, bem resolutas, que não se deixam dividir por intrigas. 



Em complemento VEJA O VÍDEO SEGUINTE, QUE RESUME MUITOS ASPETOS DA COMPETIÇÃO ENTRE OS EUA E A CHINA:


... E o testemunho de um jornalista que esteve perto da frente de combate de Bakhmut...


 PS1: Há aqui um fator de autoderrota. No futebol, chama-se «golo na própria baliza», mas não é apenas «um golo»; são muitos. 
Todas as pessoas que observam a geoestratégia mundial concordam que tudo aponta para o descalabro do Império. 
É como uma doença escondida que se desenvolve durante anos,  sem sintomas significativos. Mas, quando começa a ser sintomática, é uma devastação na Administração do Estado, nas Forças Armadas, na economia, na liderança política. Leia:

quinta-feira, 11 de maio de 2023

UMA CERTA FORMA DE ROUBO: OS BANQUEIROS AMERICANOS ATACAM NOVAMENTE

 Por Dr. Binoy Kampmark



Parece 2008 de novo, em tudoA má gestão económica e financeira caracterizam-se por um brilho escaldante, devorador. Os banqueiros culpados e desastrados voltaram com sua costumeira incompetência venal. No roteiro costumeiro, buscam habitualmente que o erário público se encarregue de socializar suas perdas. Ao longo do caminho, eles evitarão as merecidas sentenças de prisão, ficarão quietos e voltarão para repetir os seus pecados.

Uma série de grandes navios do setor bancário já caiu no esquecimento, vendeu e fez notas de rodapé no folclore financeiro. O Silicon Valley Bank, o Signature Bank e, mais recentemente, o First Republic Bank, criaram suas próprias lápides. Esses três grandes detinham, no total, US$ 532 milhares de milhões. Quando ajustado pela inflação, supera o total de US$ 526 milhares de milhões dos 25 bancos que faliram em 2008.

O First Republic Bank era particularmente execrável em suas práticas, oferecendo hipotecas não garantidas a taxas fixas por vastas somas de dinheiro. Quando os calafrios começaram a correr pela espinha dos depositantes no primeiro trimestre deste ano, foram feitos saques sangrentos totalizando US$ 102 milhares de milhões.

A revisão do US Federal Reserve sobre o colapso do SVB abordou uma série de questões específicas das ações do banco, ao mesmo tempo em que ofereceu um «mea culpa» não apenas por suas próprias falhas, mas também pelas do Federal Deposit Insurance Corporate e do Consumer Financial Protection Bureau. Afinal, o que estes supervisores, supostamente de olhos de águia, os mordomos encarregados de supervisionar o sistema, estavam fazendo durante todo esse tempo?

Como o Reserve descobriu, houve uma falha evidente por parte do conselho de administração e da administração em administrar os riscos do SVB. Há também uma admissão do Federal Reserve de que eles “não avaliaram totalmente a extensão das vulnerabilidades à medida que o Silicon Valley Bank crescia em tamanho e complexidade”. Mesmo quando estas foram identificadas, medidas insuficientes foram tomadas para garantir que os defeitos fossem corrigidos “com rapidez suficiente”.

Acontece que o SVB era uma espécie de modelo típico do mau comportamento. Foi citado por não cumprir uma série de requisitos: a Lei de Sigilo Bancário, medições de Perdas de Crédito Atuais Esperadas, proteção rigorosa de dados, ter uma estrutura de auditoria interna suficiente e a Regra Volcker. O objetivo desta última é impedir que os bancos se envolvam nos empreendimentos mais arriscados: títulos e derivativos. Para o banqueiro, as lições existem para serem desaprendidas.

O mais revelador de tudo foi o grande «gremlin» do setor bancário: a desregulamentação. Durante o governo Trump, uma série de verificações e controles foram revertidos, principalmente em relação aos bancos menores de classificação média. Lei Dodd-Frank de Reforma de Wall Street e Proteção ao Consumidor de 2010, que estabeleceu US$ 50 milhares de milhões ou mais, como a linha que exigia maior regulamentação sobre capital e fusões, recebeu uma punição especial. Lei de Crescimento Económico, Alívio Regulatório e Proteção ao Consumidor  de 2018 elevou o limite de ativos para US$ 250 milhares de milhões. Aqueles que estavam abaixo, puderam envolver-se em condutas ainda mais perdulárias.

Como o Conselho constatou, a “abordagem de adaptação em resposta à Lei Económica, de Crescimento, Auxílio Regulatório e Proteção ao Consumidor e a mudança na postura da política de supervisão, impediram a supervisão eficaz, reduzindo os padrões, aumentando a complexidade e promovendo uma abordagem de supervisão menos assertiva .”

O vice-presidente de supervisão do Federal Reserve, Michael Barr, chegou a uma série de conclusões que se assemelham muito àquelas alcançadas após a crise financeira de 2008. “[Nós] devemos fortalecer a supervisão e regulamentação do Federal Reserve com base no que aprendemos.” A revisão do SVB representou “o primeiro passo nesse processo – uma autoavaliação que analisa com firmeza as condições que levaram à falência do banco, incluindo o papel da supervisão e regulamentação do Federal Reserve”.

Essas são boas admissões, mas todas parecem ter chegado um pouco tarde. O sistema bancário dos EUA está oscilando, especialmente aqueles no degrau intermediário. E eles tendem a ter banqueiros tão atrevidos como o ex-CEO do Silicon Valley Bank, Greg Becker, que testemunhará perante o Comité Bancário do Senado em 16 de maio.

Becker, não deve ser esquecido, ficou entusiasmado com os ajustes de política do governo Trump, realizando seus próprios esforços em 2015 para convencer o Comitê de Bancos, Habitação e Assuntos Urbanos do Senado a reduzir os padrões de segurança. Em sua declaração ao comité, Becker afirmou que o SVB “não apresentava riscos sistémicos” e era adequadamente policiado por um número adequado de “profissionais de risco altamente qualificados” e “um Comité de Risco autónomo e independente de nosso Conselho de Administração”. Havia também uma “variedade de diferentes testes de estresse projetados para medir e prever os riscos associados” ao “negócio em diferentes cenários económicos”. Os proverbiais porcos tentaram, nesta ocasião, voar.

Os membros do Congresso também não estão de acordo quanto ao que causou a podridão. Os republicanos, de maneira característica, recusam-se a aceitar a desregulamentação como culpada, preferindo se concentrar em flagrantes erros humanos e má administração. O deputado Andy Barr, de Kentucky, apresenta outra tese: que uma onda de fundos e gastos excessivos do governo, alimentando a inflação, juntamente com baixas taxas de juros, foram os fatores causais. Democratas como a senadora Elizabeth Warren, de Massachusetts, e a deputada  Katie Porter, da Califórnia, destacaram o retrocesso das regulamentações como o problema, exigindo uma forte correção legislativa.

O «Oráculo de Omaha», Warren Buffet, sugere que os diretores bancários dos EUA devem colocar suas cabeças no metafórico blocoNo mínimo, eles “deveriam sofrer” alguma forma de punição, embora não esteja totalmente claro que forma isso assumiria. Não obrigá-los a fazer isso “ensina a lição de que se você administrar um banco e estragar tudo, você ainda é uma pessoa rica, o mundo continua … Essa não é uma boa lição para ensinar às pessoas que detêm o comportamento da economia em suas mãos”.

Charlie Munger, que também atua como vice-presidente da Berkshire Hathaway, empresa de investimentos de Buffet, não discorda“Não acho que ter um bando de banqueiros, todos tentando ficar ricos, leve a coisas boas. Acho que os banqueiros deveriam ser mais como engenheiros, evitando problemas em vez de tentar enriquecer… É uma contradição de valores.”

Tal contradição continua a existir, alimentada por uma conspiração tácita entre o setor bancário e funcionários do governo que consideram a regulamentação imprópria para o espírito bucaneiro. Uma certa forma de roubo deve sempre ser encorajada e pode até ser subsidiada também.

*Nota: Original em https://www.globalresearch.ca/certain-form-thieving-us-banksters-strike-again/5818904

O Dr. Binoy Kampmark foi bolsista da Commonwealth no Selwyn College, Cambridge. Atualmente leciona na RMIT University. Ele é um colaborador regular da Global Research e Asia-Pacific Research.             bkampmark@gmail.com


terça-feira, 25 de abril de 2023

A economia global entre Caríbidis e Cila

 



Os bancos centrais andaram durante muito tempo a jogar com a quantidade de dinheiro (aqui, entenda-se divisas fiat). Inicialmente, puderam iludir as pessoas, incluindo economistas sofisticados, de que se tratava de suprimir as oscilações periódicas da economia, dando aos mercados a quantidade de dinheiro que eles precisavam para não entrarem em deflação.
 Segundo a ortodoxia dos banqueiros centrais e dos governos ocidentais, a existência de um «pouco» de inflação era benéfica e saudável. Mas, esta inflação acontecia num contexto de atividade industrial muito deprimida, após a grande crise financeira de 2008.
 Depois, baixa ou alta, a inflação é trituradora dos rendimentos das pessoas, principalmente dos assalariados e pensionistas. O aumento do custo das coisas básicas e elementares era muito maior do que de coisas que se podem considerar «não essenciais». 
É o rochedo chamado «Cila», que representa a inflação. Os turbilhões na proximidade do rochedo, iam tornando a economia cada vez mais deprimida, sobretudo no que toca aos investimentos produtivos, por oposição aos especulativos. 
O resultado de se lançar «dinheiro fiat» (sob forma eletrónica, principalmente) para os mercados, acentuava os redemoinhos, perto de Cila. Não resolvia a questão de fundo: estimular a produção de bens e serviços e não as atividades especulativas (o casino das Bolsas).
Na tentativa de manter o «status quo» e de não prejudicar os ricos detentores de grandes empórios financeiros (Banca comercial, fundos de investimento...), vieram com a falaciosa teoria de que aqueles «criavam riqueza». Na verdade, ao apostarem na financeirização, desencaminham a riqueza. Os capitais investidos em especulação financeira não participam realmente em atividades produtivas da economia. 
Mas, depois de 2008, os banqueiros centrais e os governos, fingiam que acreditavam nesta teoria, para verter somas abismais aos banqueiros que tinham sofrido perdas. Estas perdas eram expectáveis, pois eles tinham jogado no «alavancar» dos fundos que geriam. 
O que aconteceu foi aquilo que qualquer pessoa com bom-senso poderia prever: Em vez de investirem, eles próprios, ou de emprestarem o dinheiro recebido para crédito à produção, foram aparcá-lo em contas na FED ou noutros bancos centrais, que forneciam à banca comercial juros muito pequenos, mas sem risco. Outra parte do dinheiro recebido pelos bancos, foi para jogar na bolsa (incluindo a auto-compra das ações).
Como era inevitável, a inflação monetária e o estímulo de atividades especulativas, fizeram aumentar a massa monetária, atingindo extremos tais, que os capitais disponíveis globalmente eram, pelo menos, 20 vezes o PIB mundial. Ao certo, não sabemos, porque uma parte importante desses capitais está investida em derivados,  instrumentos que não são registados nos balanços de instituições de crédito, mas que pesam na solvabilidade destas.
A subida dos juros de referência pela FED (seguido pelos outros bancos centrais ocidentais), implicava o aumento do custo do crédito e a diminuição correlativa do valor das reservas. Os bancos comerciais têm em reserva, principalmente, obrigações do tesouro do seu próprio país ou de outros (uma obrigação vale tanto mais quanto o seu juro for mais baixo). 
Os 4 bancos que faliram recentemente nos EUA, assim como o Crédit Suisse (um banco «sistémico»), não conseguiram corrigir a tempo o desequilíbrio causado pela perda do valor dos seus ativos em reserva. Caríbidis será o nome simbólico da enorme parede de pedra; o «rochedo» das taxas de juro crescentes e as consequências nefastas para as instituições bancárias, obrigadas - por lei - a ter parte das reservas em obrigações (bonds) do Tesouro. 

A expressão proverbial, recorrendo à mitologia grega, diz que alguém (ou instituição) «vai de Caríbidis para Cila», para exprimir que ambas as alternativas vão desembocar no naufrágio, ou no desastre total. É, portanto, fútil e perigoso nos mantermos dentro dos parâmetros dos que querem ir de Caríbidis para Cila, ou vice-versa.

A «solução» dos banqueiros e dos oligarcas é a de causarem o máximo de perturbação na economia, na economia produtiva, para as pessoas - desesperadas -se renderem à «hidra de sete cabeças» ou outros monstros, que são as «moedas digitais emitidas por bancos centrais» (CBDC)
A solução para a gente comum, os não beneficiários do casino da finança globalista, é completamente diferente: Passa por uma reforma do sistema monetário mundial, onde não exista uma moeda de reserva enquanto tal, mas onde as moedas nacionais sejam usadas nas trocas. Os diferenciais, serão saldados em ouro ou noutro metal precioso (Prata, Paládio, Platina). 
Assim sendo, não haverá nação, por mais poderosa que seja, que possa impor-se às outras, como têm feito os EUA. O seu domínio em todas as transações em dólares, deu-lhes a possibilidade de confiscarem importantes somas e imporem sanções TOTALMENTE ILEGAIS. São atos de pirataria financeira, que têm afetado negativamente as relações comerciais entre países. Aliás, esta é uma das principais causas de haver muitos países, aliados dos EUA, a quererem entrar para os «BRICS».

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

GUERRA NUCLEAR, COLAPSO DA DÍVIDA & ESGOTAMENTO DA ENERGIA

QUAL DOS TRÊS IRÁ ACABAR COM O MUNDO, TAL COMO O CONHECEMOS?

 https://goldswitzerland.com/will-nuclear-war-debt-collapse-or-energy-depletion-finish-the-world/

Veja o artigo abaixo, escrito por Egon von Greyerz, alguém com um profundo conhecimento dos mercados e que tem um grande realismo. Ele não esconde o seu pessimismo, pois, de facto, a paisagem político-económica global é muito escura!

................................................................

WILL NUCLEAR WAR, DEBT COLLAPSE OR ENERGY DEPLETION FINISH THE WORLD?

Fragility has probably never been greater in history. Just three words encapsulate the destiny of the world.

The THREE words are: WAR, DEBT, ENERGY

A FOURTH word will financially save the ones who understand its significance. It will also play a major role in the world’s future monetary system. The word is obviously GOLD. As the world moves from a fragile debt based Western system to a commodity and energy based system in the East and South, gold will assume a strategic role in the monetary system.

WAR – WWIII

War is obviously a potentially catastrophic threat since the sheer existence of the world and mankind is now at maximum risk. Wars are horrible whoever starts them. Since the beginning of mankind there have probably been over 100,000 important wars and conflicts.

Wars are horrible whoever starts them. Most wars end in major fatalities and injuries and a massive human and financial cost. And at the end of the war, the situation is often worse than when it started, like in for example Afghanistan, Vietnam, Iraq and Libya which countries the US invaded unprovoked. The same will most probably be the case in Ukraine.

There are always two sides to a war. I learnt many years ago that before we judge someone, we must walk three moon laps in his moccasins.

So let us first walk in Putin’s moccasins.

The whole West hates Russia and have personalised it to Putin. Few realise that many of the people behind Putin are extreme hardliners and much more dangerous. Historically, Ukraine (like many European countries) has had a motley existence. Since the late 1700s to 1991 Ukraine was part of Russia / Soviet Union with a brief interruption after the Bolshevik revolution in 1917.

After the Maidan Revolution in Ukraine in 2014, the Minsk agreement brokered by Germany and France stipulated that parts of the Donbas region should be granted self-government. There should also be a ceasefire and withdrawal of heavy weapons by the Ukrainians. The Minsk agreement was never honoured and Ukraine continued to kill over 20,000 Russians in the region and to bomb the Donbas. As the bombing intensified in early February 2022, (allegedly at the insistence of the US), Russia invaded Ukraine on February 24, 2022.

So the above is how Russia and Putin sees the Ukrainian situation.

Wearing America’s moccasins, the US Neocons are extremely worried about losing the US hegemony. Since WWII, the US has basically failed with every war they have been involved in. But in their view, if they fail in the present conflict, that will be the end of US  dominance both politically and financially.

Ukraine is clearly just a pawn in a much bigger game between the two titans – USA and Russia. 

I watched Zelensky’s latest speech live to UK parliamentarians where he was begging for planes, weapons and money. This is obviously the role of a defending leader although he is clearly sacrificing hi people.

But wars are really really bizarre. Clapping every sentence that Zelensky uttered about the evil Russian invaders were around 1,000 politicians whose British ancestors, over a 400 year period, had invaded, conquered and ruled over 400 million people and 25% of the world’s landmass including major parts of Asia, Australia, Africa, Middle East and America. But today the shoe is on the other foot.

Politicians are masters at throwing stones whilst sitting in glass houses.

But wars are always about CONSEQUENCES. It is clearat this pointthat the West is sadly ignoring the potential consequences of this war as they keep sending money and weapons but no peace makers. The US has no desire for peace at this stage and Europe just follows blindly whatever the US initiates without thinking of the consequences which both economically and militarily are much graver for Europe.

Zelensky has asked for tanks and is getting them. He is now asking for planes which the NATO countries are also considering. There are not yet any NATO troops in Ukraine officially but it is clear that there are many NATO soldiers there without the official uniforms. An Austrian colonel confirms that if a NATO solider takes off his uniform, he is a mercenary and this seems how NATO sends troops to Ukraine unofficially. Also the Mozart group led by a retired US Marine Corps Colonel  acts in Ukraine as mercenaries.

So what is clear that there are not only NATO weapons in Ukraine but also soldiers. This by definition is as close to WWIII as the world can get.

It seems very unlikely that Russia will lose this war with their military superiority. Even with major additional help from NATO, Ukraine is unlikely to stand a chance.

If NATO decides to escalate the war with major troops and equipment, not only Russia will respond strongly but possibly also China and maybe India and Korea.

But there are clearly only losers in a nuclear war.

If that happens, major parts of the world and population will be gone and we won’t have to worry about deficits and debts or stocks and gold.

Let’s hope that world leaders and the ones pulling their strings come to their senses.

DEBT BUBBLE

According to Genesis in the Bible, Nimrod (grandson of Noah) built the Tower of Babel. The Babylonians desire was to make it “with its top in the heavens”. But god punished them for this deed, stopped the construction and scattered the people all around the world. Before that point spoke the same language but thereafter they all spoke different languages so they couldn’t understand each other.

Since then Central Bankers have built themselves towers or structures which haven’t quite reached heaven but both their aspirations and the money they have printed probably have.

What will pull these buildings down will probably not be the wrath of god but the wrath of the people as they realise that these monuments are a sign of bankers’ hubris based on fake money. And this fake money has not just built grandiose buildings like the Bank of International Settlement – BIS – tower in Babel Basel or the Eccles building that houses the FED in Washington.

No, fake money has also built astounding wealth for the top few percent of wealthy people and impoverished the rest.

war
war

The French Revolution in the late 18th century or the Russian Revolution in 1917 were caused by significantly smaller differences between the rich and the poor than today.

The poverty & famine which many people in the world are already experiencing will in coming years/decades likely cause social unrest and revolutions on a major scale. In the last quarter, civil unrest rose in over 100 countries and more than 30 countries are currently at war. A collapse of the financial system which is less stable than a House of Cards will obviously exacerbate the situation and could easily cause major upheaval in many parts of the world.

GLOBAL DEBT BUBBLE OF $2.3 QUADRILLION

As I have outlined in many articles, these towers mentioned above have been instrumental in creating a global debt bubble of $300 trillion plus derivatives and unfunded liabilities of around $2 quadrillion, most of which will turn into debt in the next decade or less.

war

So even if the world can avoid a major nuclear war,  it is likely to suffer massive repercussions from the financial calamity coming next.

As Gandhi said:

“THERE IS SUFFICIENCY IN THE WORLD FOR

MAN’S NEED BUT NOT FOR HIS GREED.”

To create $2.3 quadrillion of global liabilities has nothing to do with man’s need but only with the greed of a few at the expense of mankind.

When the nuclear financial bubble bursts in the next few years, we will see an implosion of asset prices in real terms by 75-90% as I have outlined in many articles like here. LINK

In my article “IN THE END THE $ GOES TO ZERO AND THE US DEFAULTS” , LINK, I also explain that “there is no means of avoiding the final collapse of a boom brought about by credit expansion” as von Mises stated.

So even if the world survives the threat of a nuclear war, a collapse of the financial system is absolutely inevitable. The greed and the adoration of the golden calf that some parts of the world have practised in the last 50 years, will not go unpunished.

This major transformation coming will be like a financial nuclear event. After a difficult transition, the world will not only come out of it with a much sounder foundation but also based on much better human values than currently.

OIL – ENERGY

As the world moves from a debt based and fake money system to a much sounder one, resting on real values, especially energy and other commodities, the balance of power will continuously shift from West to East and South.

I outlined in this article, the decline of the West and the rise of the BRICS (Brazil, Russia, India, China and South Africa),  the Shanghai Cooperation Organisation and the Eurasia Economic Union.

The final move down of the dollar is likely to involve a US default even though the US hubris will prevent them from using that word. It will instead be called a reset but the whole world will know that this disorderly reset will involve the US currency having lost all of its value.

The Fed will obviously invent a new digital currency that the rest of the world should not touch with a barge pole. Remember that the dollar, like most currencies, has already lost 98% since 1971. But the final 2% fall represents a 100% fall from today.

Throughout history the same total destruction has happened to every currency. Hubristic governments and central bankers clearly deserve this punishment. But sadly it is always the undeserved people who will suffer the most.

ENERGY

Another major economic crisis for the world is the contracting energy system.

The world economy is driven by energy. Without sufficient energy the living standards would decline dramatically. Currently fossil fuels account for 83% of the world’s energy. The heavy dependence on fossil fuels is unlikely to change in the next few decades.

The scale shows billion tonnes of oil equivalent energy.

As the graph shows, the energy derived from fossil fuels has declined for the last few years. This trend will accelerate over the next 20+ years as the availability of fossil fuels decline and the cost increases. The economic cost of producing energy has gone up 5X since 1980.

What very few people realise is that the world’s prosperity does not improve with more debt but with more and cheaper energy.

But sadly as the graph above shows, energy production is going to decline for at least 20 years.

Less energy means lower prosperity for the world. And remember that this is in addition to a major decline in prosperity due to the implosion of the financial system and asset values.

The graph above shows that energy from fossil fuels will decline by 18% between 2021 and 2040. But although Wind & Solar will proportionally increase, it will in no way compensate for the fall in fossil fuels. For renewable energy to make up the difference, it would need to increase by 900% with an investment exceeding $100 trillion.  This is highly unlikely since the production of Wind & Solar are heavily dependent on fossil fuels.

Another major problem is that there is no efficient method for storing Renewable energy.

Let’s just take the example of getting enough energy from batteries. The world’s largest battery factory is the Tesla Giga factory. The annual total output from this factory would produce 3 minutes of the annual US electricity demand. Even with 1,000 years of battery production, the batteries from this factory would produce only 2 days of US electricity demand.

So batteries will most probably not be a viable source of energy for decades especially since they need fossil fuels to be produced and charged.

Nuclear energy is the best available option today. But the time and cost of producing nuclear means that it will not be a viable alternative for decades. Also, many countries have stopped nuclear energy for political reasons. The graph above shows that nuclear and hydro will only increase very marginally in the next 20 years.

Of course the world wants to achieve cleaner and more efficient energy. But today we don’t have the means to produce this energy in quantity from anything but fossil fuels.

So stopping or reducing the production of fossil fuels, which is the desire of many politicians and climate activists, is guaranteed to substantially exacerbate the decline of the world economy.

We might get cleaner air but many would have to enjoy it in caves with little food or other  necessities and conveniences that we have today.

So what is clear is that the world is not prepared for even the best scenario energy case which entails a major decline in the standard to living in the next 20-30 years at least.

GOLD

Digital currencies are the perfect means for controlling the people in a totalitarian world. It gives Big Brother total power in relation to the people’s money. They can be taxed, fined or directed by any whim of the government. This would include arbitrary taxation or confiscation.

Thus CBDCs (Central Bank Digital Currencies) are a total disaster in relation to personal freedom. But in many countries the serfs have already been trained for this. Take Sweden where cash hardly exists and credit cards are used for all spending, even buying a newspaper or a loaf of bread. Most shops don’t even accept cash.

Thus the placid Swedes would happily hand over control over their money to the government, totally oblivious of the consequences.

As a lover of freedom, I would hate to live under such circumstances even though I was born in Sweden and really like many aspects of this country.

The people will not have a vote on digital money in any country just like they have no say when their leaders start a war. Personally I would do everything to avoid such oppressive circumstances but I do realise that it would be difficult for most people. 

With the coming fall of the dollar and many other currencies, as well as the end of the petrodollar, gold is likely to play a major role in the monetary system dominated by the East and South.

With government spending out of control in most countries, gold is the only currency you can trust just as it has been for 1,000s of years.

The BRICS, with China, Russia and India as major gold countries, are likely to make gold an important part of the future monetary system.

Gold is not for investment or speculation.

Gold is insurance and wealth preservation.

Gold is saving and financial survival.

2023 is likely to be the year of gold. Both fundamentally and technically gold looks like it will make major up moves this year. Any correction must be used to accumulate. Much better to buy low than on breakouts.

But please buy only physical gold and store it in a safe jurisdiction away from kleptocratic governments.