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terça-feira, 10 de novembro de 2020

UMA ALMA CANINA

                                          

Ela foi adoptada por nós, há dois anos e meio, mas parece que já passaram séculos. Tanto se modificou a nossa rotina, como se fosse uma criança que nós tivéssemos de cuidar. É o mais novo membro da família. Ela assim se considera e tem razão. 

                                           

Tem uma pelagem parecida com os lobos, foi isso que me levou a decidir-me a adoptá-la. A minha companheira gostou dos seus olhos inteligentes e expressivos: grandes olhos penetrantes de tom âmbar.

Há cerca de um ano e meio, foi atropelada. Ficou com um osso da coxa deslocado. Foi operada e recuperou. Ela recuperou para além das nossas esperanças. Fiquei espantado com a rapidez com que se readaptou apesar do fémur ter ficado mais curto e de já não estar encaixado na bacia. A veterinária (muito competente) explicou-me que, na realidade, os músculos se adaptavam para compensar e fornecer o suporte para todos os movimentos. Agora, como dantes, ela corre como uma campeã, aparentemente sem se cansar. 

                               

Ela é bastante brincalhona. Se encontra outro da sua espécie, desafia-o para a brincadeira. A «apanhada» é sua brincadeira preferida: ela corre e espera que o cão vá atrás dela; depois, faz mudanças bruscas de direcção e consegue - quase sempre - escapar-lhe. 
Nos bosques onde vamos caminhar, de vez em quando, ela dá saltos de gazela por cima dos tufos de ervas e de fetos, correndo e pulando em todas as direcções em torno do caminho. Se o trajecto é de 5 quilómetros, ela percorre pelo menos quinze.

                             

Adora brinquedos naturais: pinhas, ramos, pedrinhas, etc. 
Os únicos brinquedos não-naturais que ela adora são as bolas, especialmente as de ténis, com o tamanho adequado para a sua boca. Quase todos os dias a treinamos no «jogo da bola canina»: 
- Usamos duas bolas de ténis ou outras, com tamanho parecido. Atiramos à distância uma das bolas e só lançamos a outra quando ela nos traz a primeira. Ela corre e apanha a bola no ar, muitas vezes, com quase total precisão. Nunca desiste de ir procurar a bola, mesmo em recantos de difícil acesso. Ela considera-se vencedora, se consegue apanhar a bola que íamos lançar, enquanto ainda segura a outra bola. Assim que se vê com as duas bolas, foge para debaixo de árvores (tuias), que estão ao longo do gradeamento. Depois, temos de negociar a entrega das bolas, contra pedaços de guloseimas às quais ela não resiste. 
Quando o sol se põe, recolhe ao seu «aposento» (a garagem que temos usado essencialmente como local de secagem da roupa e armazém). A minha companheira dá-lhe um «stick dental», que ela come antes de se deitar na «toca», uma casota pequena e comprida. 
De manhã, faz o primeiro passeio do dia. O segundo é de tarde, após a refeição. Muitas vezes, levo-a para sítios longe de casa, no campo, em bosques ou florestas, sítios suficientemente ermos, onde possa retirar-lhe a trela, sem risco que ela incomode outras pessoas. Ela não faz mal, mas assusta, porque é muito curiosa e quer cheirar as pessoas. Estas não percebem, às vezes, e pensam que ela as vai atacar. Tenho de ter muito cuidado com ela para evitar situações desagradáveis. 
A sua dedicação aos donos (minha companheira e eu próprio), é total. Nós não a apaparicamos, mas também não usamos de violência com ela. Quando estamos fora, mesmo que seja umas poucas horas, ela fica de guarda ao portão da casa, ladrando e mostrando o dente a qualquer estranho que se aproxime. Quando nós voltamos, ela ladra e pula de alegria; dá à roda a cauda, parece «um moinho»! 

sábado, 4 de novembro de 2017

O QUE AS PALAVRAS ESCONDEM (DOS CÃES E DOS HOMENS)

Os cães não sabem fingir, ou pelo menos não fingem de forma habilidosa, sistemática e continuada. Os cães são superiores aos homens. Porque um cão é indiferente com indiferença, ou é afetuoso com afeto. Não teatraliza, não faz discurso das suas «boas acções». 
Os homens (espécie humana, entenda-se, os dois géneros e quaisquer outras identidades que quiserem), são permanentemente falsos, são incapazes de sentimentos verdadeiros, a não ser quando possuídos de intensas paixões e apenas nesses momentos. 
Fora disso, são dissimulados, hipócritas, ou cínicos. Eles podem declarar tudo  e o seu contrário, para depois fazerem exatamente como se nada tivessem dito ou prometido. 
Os homens que assim agem são muitas vezes considerados e admirados como sendo os «vencedores» e enquanto que os que têm preocupações éticas, que têm pudor e não exibem a sua insignificância... estes, têm em geral a etiqueta de «perdedores».

Esta sociedade está cheia de pessoas que espezinham os outros e de cobardes que tratam os tiranos com deferência e temor, porque reverenciam o poder. 
Esta sociedade está cheia de filhos e filhas que deixam os pais ao abandono, que querem ignorar que seus progenitores estão a passar misérias. 
Eles repudiam-nos, como se não fosse nada com eles; amanhã, se tiverem filhos, acontecerá o mesmo com eles. 

Uma sociedade assim não pode viver, pode apenas fingir que vive, porque a vida não é a satisfação da matéria, mas é antes uma expressão  do espírito cósmico. 
O fato da vida se ter amesquinhado tanto nas nossas sociedades, é sintoma de decadência. Se esta decadência é irreversível ou não; apenas o tempo (longo) o dirá. 
Mas, de facto, estamos em pleno itinerário de decadência civilizacional. 
As culturas, as civilizações, são como os frutos, começam a apodrecer por dentro. No exterior só se notam as marcas quando já a zona central (os sentimentos, as emoções, o saber emocional, o coração, o cerne) está completamente alterada.

Haverá um renovo espiritual, se a humanidade não se auto-destruir de uma das múltiplas maneiras estúpidas que ela inventou para o fazer... bombas nucleares, catástrofes climáticas, perda acelerada de fertilidade dos solos, contaminação das águas, etc. etc.
Porém, este renovo espiritual não é possível nestas situações actuais de decadência generalizada, neste ocaso civilizacional, nestes tempos realmente obscuros. 

Voltaire inventou a figura do senhor Pangloss. Um filósofo que encontrava sempre razões para otimismo, mesmo no meio das maiores desgraças. Se ele vivesse hoje teria muito maior dificuldade em criar um personagem Pangloss contemporâneo. 
As distopias de Orwell ou de Huxley não parecem tão negativas, se comparadas à  horrenda realidade que está perante nós todos. Mas só alguns conservam ainda alguma sensibilidade para compreender que estão a ser testemunhos de uma tragédia.

A humanidade está em perdição permanente e grave: um sintoma disso é a perda do sentido de empatia com quem sofre; aquilo que se chama de compaixão. 
Não existe esse sentimento tão belo e natural, que se pode ver no mundo dos animais e que até se expressa entre espécies diferentes quando uma fêmea de uma espécie adota e aleita uma cria de outra espécie. 

Muitos outros exemplos existem, no comportamento animal, que mostram claramente que eles possuem um elevado sentido moral, muito superior ao de muitos humanos, que dele têm pouco ou nada. 
Mas, os animais não falam...felizmente!
Se os animais falassem.... seriam exactamente (fora as aparências físicas, claro) como humanos. 
Sabemos isso desde os mitos, lendas e fábulas, em que animais simbólicos são postos a falar, a ter comportamentos e emoções de humanos.

sábado, 22 de julho de 2017

O CUIDAR DOS IDOSOS... NOS LOBOS

                                

Uma alcateia de lobos: 

- Os primeiros 3 são os velhos e doentes, eles marcam o ritmo de toda a alcateia. Se fosse de outra maneira, eles ficariam para trás, perdendo contacto com a alcateia. Em caso de embuscada, seriam sacrificados. 
- Depois, vêm os 5 mais fortes, em linha da frente.
- No centro, está o resto da alcateia, seguidos pelos os segundos 5 mais fortes.
- O último é o alfa. Controla tudo a partir de trás. Nesta posição consegue ver tudo, decidir sobre a direcção a tomar. Ele vê a alcateia toda.
- A alcateia move-se de acordo com o ritmo dos mais velhos e entreajuda-se, vigia-se mutuamente.
Texto de Donald Wilson  [traduzido por Manuel Banet] retirado do blog de Martin Armstrong

Comentário: tal como em relação a outros animais, o lobo é representado no imaginário popular como cruel, sem sentimentos, uma encarnação do mal. 
Na realidade, o lobo é o animal mais nobre que existe. Mais nobre que muitos humanos, de certeza. 
O lobo deu origem ao cão, o qual descende de populações de lobos domesticadas durante o paleolítico. O cão é um animal nobre e fiel, derivando esses traços do lobo juvenil, naturalmente submisso aos mais velhos (substituição destes pelos donos humanos). 
Para mais esclarecimentos sobre as origens e genealogia do cão vejam aqui.

sábado, 17 de dezembro de 2016

COMPORTAMENTO ANIMAL E ANTROPOCENTRISMO

Este vídeo chama-se «hipnotizando uma galinha». Porém...



... O interessante deste fenómeno, para mim, é que não se trata de hipnotismo. Isso é uma interpretação antropocêntrica. O fenómeno é devido ao facto da galinha sentir que está a ser agarrada, que o seu pescoço está a ser envolvido e isso é desencadeador do reflexo de imobilidade mortal. Os animais quando sujeitos a predação, fingem-se de mortos como último recurso, para o caso do predador se desinteressar da presa. Muitos predadores não estão interessados em animais mortos, daí a eficácia relativa deste mecanismo último de defesa. A evolução em ação! 
Por outro lado, veja-se como o nosso preconceito nos faz interpretar erroneamente um comportamento animal!!!!!!