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domingo, 21 de janeiro de 2024

O SÉCULO DA DERROTA DO OCIDENTE

 Como qualquer poder imperial que tenha tido no passado uma expansão, o poder dos EUA, que é designado eufemisticamente por «Ocidente», está agora em declínio acelerado. Não será como a implosão da URSS, um colapso súbito, será antes um progressivo desmembrar das estruturas internas e internacionais que mantinham o sistema coeso. Esta progressiva perda de prestígio e de influência, são característicos de um Império em decadência. Esta, pode durar varias dezenas, ou mesmo, centenas de anos, nalguns casos. Mas, qualquer que seja o ritmo a que se produzem os fenómenos, eles são caracterizados por um abastardar dos valores. Contrariamente ao que uma mente imbuída de materialismo mecanicista poderia imaginar, aquilo que começa a enfraquecer, não são as estruturas materiais: as bolsas ocidentais podem continuar durante algum tempo a alimentar a ilusão de riqueza, as forças armadas do Império não deixam de ter um potencial de ataque e de destruição considerável, as sociedades  - elas próprias - não deixam de funcionar, por vezes com disfunções graves mas, no conjunto, mantendo uma aparência de normalidade. 

Não; aquilo que enfraquece de forma irreversível, é o aspeto moral ou ético; é o recuo do respeito pela legalidade; é a ausência de freio moral, sobretudo das classes dirigentes, o que se repercute em todos os níveis da sociedade;  é o abastardar das formas de representação da vontade popular; é a transformação de sociedades «liberais», em sociedades policiais, não se distinguindo o comportamento das suas polícias e dos seus tribunais, dos órgãos dos Estados que, no presente ou no passado, são classificados como «totalitários»; sobretudo, trata-se -da parte dos poderes- de impor a violenta opressão sobre os não-privilegiados, através da guerra, que serve às mil maravilhas para projetar os lucros dos consórcios militar-industriais-financeiros-tecnológicos, assim como de pretexto para a vigilância generalizada dos cidadãos; é a ocasião, sonhada pela oligarquia, para fazer passar leis que visam claramente criminalizar as dissidências.  

Quem não está plenamente a  compreender o que se passa agora, ainda está  tempo de o fazer.




Numa entrevista muito esclarecedora, Jacques Baud, antigo membro dos serviços de segurança da Suíça, foi entrevistado em TV Libertés. Nesta, ele descreve o conjunto de erros que o «Ocidente», ou seja, os poderes nos referidos países ocidentais, cometeram na avaliação da situação da Ucrânia, da Rússia e deles próprios. Seguiu-se uma dinâmica nada saudável de persistência no erro: como se o facto de se ser teimoso, pudesse magicamente reverter o erro, pudesse originar uma estratégia bem sucedida. 

O segundo elemento, é o livro de Emmanuel Todd, um conhecido geógrafo, demógrafo, analista das sociedades francesa e europeia, que escreve um livro que já é um marco inevitável no debate político e geopolítico, não apenas na sociedade francesa, como internacionalmente. Não tive ainda ocasião de o ler, mas compreendo, através daquilo que nos diz Pepe Escobar (e outros), que estamos perante o diagnóstico inapelável da decadência do Ocidente. Esta decadência é espelhada através da derrota militar, estratégica, moral e ideológica, do chamado «Ocidente» que, no espaço curto do século XXI, perdeu todo o potencial de simpatia e de possibilidade de encetar uma era de paz e de cooperação com outros poderes económicos e militares. Os governos americanos sucessivos, efetivamente controlados pelos neoconservadores - figuras pouco conhecidas, mas com muita influência na condução das políticas da Casa Branca - deixaram-se enredar na dialética duma nova guerra fria, que eles não poderão «vencer». 

Aliás, a Guerra Fria nº1, não foi o triunfo do poderio americano, antes pelo contrário, pois se tratou de uma implosão - portanto, a partir de dentro - da URSS e do sistema do Pacto de Varsóvia, porque os próprios dirigentes destes Estados compreenderam que o sistema de governança ao qual presidiam, não era sustentável, que estava condenado a ficar cada vez mais para trás na competição tecnológica com os EUA e o Ocidente, portanto, também na inovação nos sistemas bélicos, estreitamente associados às inovações tecnológicas nos campos da informática, da robótica, das tecnologias informação, ou seja, na ciência e tecnologia em geral.

Agora, o comportamento do Ocidente, prevejo, será de tentar cativar os Estados e respetivos povos, que estavam na sua orla e que tentavam não cair na dependência, de uns ou de outros. Nestes casos, prevejo que tentem a técnica da «cenoura ou do pau»: a cenoura de acordos bilaterais, o pau das sanções económicas, seguidas da força militar bruta, caso necessário.   Nos países vassalos dos EUA, pelo contrário, vai haver uma  desaparição da democracia, mesmo da democracia truncada, que existiu desde a segunda metade do século passado. Os povos não serão fáceis de vergar, porque têm um nível geral de educação que torna a propaganda terrorista dos media corporativos menos eficaz. Não se pode enganar um povo permanentemente, com mentiras sucessivas que logo se revelam como tais; uma tal circunstância não pode durar pois que, uma vez que o povo compreende como foi manipulado, é praticamente «imune» às novas campanhas de manipulação de massas. Quando o engano não já funciona, então entra o medo, ou seja, a repressão a quente, já não a supressão seletiva das vozes dissidentes, mas campanhas violentas, ao estilo dos piores regimes totalitários que a humanidade conheceu.

 Finalmente, aquilo que sobressai do panorama atual é que a civilização judaico-cristã, tal como existiu desde a queda do Império Romano até hoje, está ferida de morte. Ela não pode sobreviver aos «mil ferimentos» que são constantemente produzidos, não apenas pelos seus inimigos, como - sobretudo - pela ausência de  discernimento de altos dirigentes dos Estados, quer sejam governos ou Estados-Maiores das forças armadas. A somar a isto, dá-se uma recente e violenta negação dos valores de defesa dos direitos humanos, da liberdade, da democracia, apregoados pelos governos, embora não fossem cumpridos. As situações tornaram-se tão conspícuas que, nem mesmo uma espessa camada de propaganda, pode ocultar a verdade de que à pequena elite, só lhes interessa o poder. Esta elite, para o manter, não hesita em sacrificar centenas de milhares de vidas inocentes e em destruir a hipótese das vítimas sobreviventes poderem ter uma pátria, onde levassem uma vida decente: isto tanto se aplica à Palestina como à Ucrânia.

Não creio que esta fase, de «Guerra Fria 2.0», possa durar: Ela será instável, pois não haverá «equilíbrio do terror», como no tempo da URSS. Haverá sim, um conjunto de ações de destabilização de parte a parte que, ou se resolverão pelo desmantelamento do presente sistema geopolítico, ou talvez ocorra uma fragmentação que inviabilize a tomada de poder por qualquer entidade estatal ou supra-estatal, ao nível mundial. Dada a existência de atores sociopatas na cena mundial, dado o facto deles estarem nas mãos de poderosos lóbis, não se pode excluir, em alternativa, o cenário seguinte: Uma fuga para a frente duma psicopática e aventureira «elite» ao comando de algum Estado, que desencadeie uma guerra nuclear. Isto não está fora dos possíveis. 

domingo, 17 de dezembro de 2023

THE GREAT TAKING; A GRANDE TOMADA - Documentário de David Webb

Uma importante revelação sobre como funcionam realmente os sistemas bancário e financeiro, envolvendo as nossas poupanças, as pensões, as contas bancárias, etc. Em caso de falência sistémica, nada disto restará. Provavelmente, grande parte dos bens imobiliários e outros, também serão submetidos a transferência, sem proteção efetiva aos atuais proprietários. Muitas pessoas, mesmo que não estivessem em dívida, de repente ficam sem nada.

 Estudem este vídeo e o livro, pois dão informação que nos podem ajudar a desenhar estratégias* pessoais e familiares, para preservar o essencial, aquando do próximo grande colapso, que já está em marcha.



 David Webb desmascara o sistema que os banqueiros centrais instalaram para se apropriarem de todos os bens, da gente toda.
O documentário é acompanhado por um livro com o mesmo título: The Great Taking

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(*) A tempestade que se aproxima será completamente inédita, em termos de experiência humana. Os que se mantêm na ignorância serão varridos, quer sejam «ricos» ou «pobres». O que vai ser decisivo é ter acesso a fontes primárias de abastecimento (morar no campo, em zona agrícola) e ter uma rede de verdadeira solidariedade (sobretudo a família). As lutas políticas serão cada vez mais agudas e podem conduzir vários países à guerra civil. A fome e o medo levarão pessoas a cometer atos hediondos. A brutalidade da repressão ao serviço dos poderosos não conhecerá qualquer limitação da lei ou do respeito humano. Quem está na ilusão, não pensará abrigar-se: depois, já será demasiado tarde.

(**) Pode ativar as legendas automáticas em inglês para melhor compreensão.

segunda-feira, 26 de junho de 2023

PIERRE-HENRI GOUYON «O COLAPSO DA BIODIVERISADE»


 P-H Gouyon desanca as incongruências de «verdes» e «tecnocratas», muito preocupados em relação à crise ecológica global, mas que apenas acentuam os problemas porque somente conseguem «raciocinar» nas categorias que lhes ensinaram! 

Um enorme "pontapé" de um grande cientista, nos preconceitos que passam por «ciência».

terça-feira, 14 de março de 2023

GERALD CELENTE: O PIOR COLAPSO EM TODA A HISTÓRIA DA HUMANIDADE

Tome a sério o que ele diz e aja para se proteger!


Comentário de MB:

 Gerald Celente tem razão; o que refere são apenas alguns exemplos, apropriados para o seu público principal, o norte-americano.
Mas - em todo o mundo - a crise global do capitalismo tem-se vindo a agudizar, desde os anos 2000, com claras e sucessivas involuções em termos de partilha do poder (cada vez mais assimétrico) e das riquezas (distribuição das riquezas assimétrica como nunca o foi anteriormente).
Por isso, a grande questão é saber se os povos encontrarão coragem e sabedoria (somente um dos dois não chega!) para levar cabo as gigantescas lutas sociais e políticas que possam pôr em cheque e depois derrotar os oligopólios capitalistas.
No contexto imediato, encaminho os meus leitores, para um artigo meu AQUI, e o que adicionei como atualizações.

quarta-feira, 1 de junho de 2022

OLHANDO O MUNDO DA MINHA JANELA, PARTE XIV

A TEMPESTADE PERFEITA


Tela a óleo de Turner* Tempestade de Neve no Mar


[PARTES ANTERIORES DA SÉRIE:  VI ; VII VIII ; IX ; X ; XI ; XII ; XIII ]


Ano velho, ano novo... traz-nos algo: Surpresas, espantos, deceções e esperanças. Tudo isso nos trouxe o ano de 2022, agora que se inicia o sexto mês deste fatídico ano.
Ou talvez não, afinal? - Pois tudo está contido em potência dentro de acontecimentos dos anos passados. Será necessário recuar a 2014, a 2003 ou antes, até a 1998 ou 1991?
São tantos, os eventos que se encadeiam nestas datas e se relacionam com o que se está a passar agora. É como se fossem cadeias causais perfeitamente nítidas. 
Ou será um efeito de óptica? - Será que nossa visão exclui tudo o que se afasta de uma determinada narrativa, que contamos nós próprios, para explicar o inexplicável, para dar sentido ao caos permanente? 

Em traços largos, aquilo que escrevi há 6 meses, no número anterior « OLHANDO O MUNDO DA MINHA JANELA, PARTE XIII » mantenho-o: A ascenção de um totalitarismo que se desenvolve com «pezinhos de lã», para não assustar as pessoas. 
Mas, entretanto, já a Europa experimenta, há mais de 3 meses, a descida ao abismo, ao inferno da guerra. A própria cidadania, hipnotizada ou fanatizada, vai lançando mais «achas para a fogueira», quer mais guerra, mais destruição. Quer saciar a sua raiva; quer escoar o seu medo. 

As pessoas, sob efeito de múltiplas injeções de propaganda do medo, deixaram-se manipular, reagindo como as «elites» querem. No orgulhoso Ocidente os valores de que se orgulham desapareceram, do dia para a noite, o que significa que já não existiam realmente, como também, a inteligência, o senso crítico, o equilíbrio da avaliação: Tudo isso voou em estilhaços. 

Afinal, o que isto mostra é que a podridão desta civilização chegou ao seu último estádio. A decomposição final traduz-se em manifestações de belicosidade, mas apenas sob o manto nuclear «tranquilizador» do poderio US. É como bullies que gostam de se fazer de valentes, mas que o fazem apenas quando estão protegidos por um bully mais forte. 

A vida, por aqui, corre como se nada fosse. Creio que a inflação ao consumidor, em países como Portugal, é da ordem dos anos oitenta, ou seja, de dois dígitos. Esta inflação é a maior que a Alemanha experimenta, desde há 60 anos. Note-se que a Alemanha tem horror à inflação, devido à crise hiperinflacionária que sofreu em 1923 e que ficou marcada na sua memória coletiva. 

Mas, em geral, a ignorância da História, da Economia, da Biologia e de todo o conhecimento verdadeiro, leva a uma enorme permeabilidade dos povos perante as «fake news». Estas  são -principalmente - veiculadas pelo poder, pela média dita «mainstream», pelos grandes conglomerados, que incluem agora empresas tecnológicas, aliadas do poder e fornecedoras de informações para e sobre os cidadãos, como operadoras da manipulação da informação. Por exemplo, milhares de páginas e de vídeos foram nestes meses suprimidos no Youtube, só porque não têm a perspetiva dos poderes sobre a guerra na Ucrânia. 

Mas, isto, muitas pessoas não querem saber, não «acreditam», até «acham bem» visto que se destina a calar aqueles que elas odeiam: Então, neste contexto, os célebres romances de ficção político-sociais de Orwell «1984» e «Animal Farm», são tomados - já não como chamadas de atenção para perigos futuros, que o Autor descreveu - mas como manuais de instruções, pela casta sociopática que nos governa. 
Francamente, não estou otimista, no curto-médio prazo. Porém, a realidade é sempre muito mais forte do que os devaneios de uns e de outros. A realidade do colapso das economias antecedeu a guerra na Ucrânia e a crise do COVID, mas foi exacerbada por estas. Esse colapso está já a fustigar o Terceiro Mundo. 
Os despreocupados do mundo afluente estão convictos que será somente mais uma crise; que algumas pessoas irão ter privações, na América do Norte e na Europa, mas que estão «protegidas» de uma grande catástrofe. 
Não serve de nada tentar demonstrar-lhes que não; que o momento é de colapso geral e transformação profunda, porque elas não ouvirão. Estão de tal maneira condicionadas, que apenas tomam atenção ao que saia da boca de poderosos, sejam políticos, multimilionários, ou outras personalidades promovidas pela média corporativa. 

Olho o mundo da minha janela e a realidade - por vezes- parece-me um enorme pesadelo. Tento não me deixar influenciar por meu estado de espírito, faço os possíveis por manter o olhar objetivo, desapaixonado, porque sei que isso é crucial para a boa navegação. 
Evitar «icebergs», «tornados», «ondas que tudo arrastam», é um cabo dos trabalhos. Ninguém, com bom senso se deveria considerar ao abrigo do naufrágio, nestas circunstâncias. 
Mas, as pessoas mais ricas pensam sempre que as desgraças são para os outros. Enganam-se, pois a riqueza não lhes serve de grande coisa dentro dum navio sacudido pela tormenta. Quanto mais «carga» levam consigo, pior, pois -em geral- não são capazes de se separar do excesso de bens, de fortuna, para salvar as suas vidas.  
 

Parede, 01-06 2022

PS: como suplementos que não precisam de comentário, deixo-vos duas notícias interessantes: Uma, revela como os ricos parqueiam as suas coleções de arte. Na outra, o eminente cientista, que é Robert Malone, descreve a «monkey pox».


quinta-feira, 30 de setembro de 2021

A ÚNICA RESERVA GLOBAL DE VALOR QUE REALMENTE CONTA

Quando Janet Yellen vem afirmar que os EUA nunca*, no passado, tinham faltado às suas obrigações financeiras para com os detentores de obrigações do tesouro dos EUA, estava a querer fazer passar uma imagem, que ela própria sabia não ser rigorosa.

                                     Desde a criação da FED (1913): valor do dólar US

Com efeito, aquando do decretar da interdição da posse de ouro pelos particulares por Roosevelt em 1934, o dólar foi efetivamente desvalorizado em cerca de 40%, em relação ao ouro. No entanto, o ouro continuou sendo o padrão das diversas divisas, incluindo do dólar. Os investidores que tinham comprado obrigações do tesouro dos EUA chamadas «liberty bonds» - que, num sistema «padrão-ouro» correspondiam a pouco mais de 20 dólares por onça de ouro - tiveram de contentar-se em receber o principal em «novos» dólares (35 US$ por onça de ouro), não naqueles que tinham investido, inicialmente.

Uma segunda e bem conhecida falta de pagamento (default) foi o despegar definitivamente do dólar do padrão ouro, em 1971 por Nixon, ao decretar que fechava «provisoriamente» a convertibilidade do dólar em ouro. No sistema de Bretton Woods, os bancos centrais, dos países aderentes ao acordo, podiam trocar (até 1971) os dólares - detidos em reserva - por ouro, ao câmbio oficial de 35 dólares US por onça de ouro. Assim, os EUA falharam o seu compromisso de Bretton Woods. O ouro sofreu uma subida espetacular no mercado mundial, de 35 dólares a onça, para mais de 800 dólares. Os países aderentes ao acordo de Bretton Woods foram prejudicados com a falta dos EUA: a partir desse momento, um banco central que quisesse comprar ouro, teria de ir ao mercado abastecer-se pagando um valor múltiplo do que anteriormente lhe era garantido.

A terceira falta e a mais grave, é a que ocorre atualmente e tem ocorrido regularmente. Falo da inflação, do efeito de desvalorização das divisas, depreciando o seu poder de compra, logo o valor efetivo. Se és pago com 100 dólares e essa soma ficar a «dormir debaixo do colchão» (ou numa conta bancária a juro zero, ou quase zero) irás verificar, após alguns anos, que a referida soma de 100 só compra aquilo que antes podias adquirir com 50, ou seja, sofreste uma perda do poder de compra de 50%. Atualmente, calcula-se que a perda do valor do dólar US em termos de poder de compra, desde a famosa falcatrua de Nixon em 1971, é de cerca de 98%, por outras palavras, compras hoje por 1 dólar, a mesma coisa que em 1971 compravas por 2 cêntimos.

As outras divisas não fizeram um percurso muito melhor, foram perdendo poder de compra. Na zona euro, a transição oficial dos pagamentos em moedas nacionais para a nova divisa, originou uma inflação «escondida» e instantânea: Em Portugal, foi cerca de 50-60 %. Os novos preços, em euros, correspondiam a uma vez e meia, em média, os preços em escudos. O mesmo aconteceu com as outras divisas mais fracas, que aderiram ao sistema monetário instaurado em Maastricht.

A razão da persistência de um sistema (as divisas «fiat») tão imperfeito e injusto, é simples: os Estados têm vantagens com este sistema, ao contrário de todos os outros agentes económicos: pessoas, empresas, instituições. Os Estados pagam nominalmente as dívidas, mas em dinheiro desvalorizado; se pediram um empréstimo há vinte anos, agora pagam o principal numa moeda cujo valor é metade, ou menos, do seu poder de compra de há 20 anos atrás. 
Quase ninguém pode ter vantagem num tal sistema. Mesmo pessoas que têm muitas dívidas, e cujo valor nominal dessas dívidas desceu em relação ao seu valor real, só terão vantagem numa tal situação, se conseguirem uma atualização de seus rendimentos (do trabalho, ou doutras proveniências) bem acima da taxa de desvalorização do dinheiro. Por exemplo, se a desvalorização do dinheiro fosse de 2%, teriam de ter um acréscimo líquido bem acima dos 2%, pois os juros das dívidas também crescem com a inflação. Caso contrário, terão de trabalhar mais (ou ter mais rendimentos) para pagar os juros e o capital em dívida.

O problema, com este sistema «fiat», é que tudo é dívida: são dívida, as obrigações do tesouro dos diversos Estados, as obrigações das empresas. A criação monetária pelos bancos centrais é dívida; o dinheiro escriturário criado pelos bancos, quando fazem empréstimos, é dívida. O que recebemos em pagamento de bens que vendemos, ou do nosso trabalho, não é «dinheiro», mas dívida.

                                     Tabela com a dívida total, números oficiais e atuais, do governo dos EUA

A dívida existe mas, a probabilidade dela ser cobrada, releva de outra coisa que não dos meros cálculos financeiros. Releva da real ou estimada possibilidade de honrar essa dívida, ou seja, da confiança.
Quando um país possui o exorbitante privilégio de emitir dívida, sem nunca ter qualquer preocupação em pagá-la realmente, pois vai emitindo mais dívida para cobrir as dívidas anteriores e o mundo inteiro aceita isso, é preciso haver uma grande, enorme confiança na capacidade industrial deste país, na sua solidez no plano institucional e político. 
Mas os EUA, hoje em dia, já não oferecem nenhuma dessas garantias, ao contrário das primeiras décadas após a IIª Guerra Mundial. Nessa época, o dólar era considerado «tão bom como o ouro».
Agora, nem a força bruta (veja-se o Afeganistão) pode impressionar os outros. O que uma parte do mundo vê, é que tem trocado seus bens, as matérias-primas, os produtos, agrícolas ou industriais, resultantes do trabalho dos seus povos, por «bilhetes verdes», que possuem cada vez menor poder de compra. Ou seja, os povos e seus governos, começam a tomar consciência de que estão a ser duplamente esbulhados das suas riquezas.

A confiança já não existe. Isto não é de agora. Pelo menos, desde as brutais guerras no início deste século, já ninguém - aliados inclusive - confia nos EUA. Ninguém acredita na bondade e sinceridade dos EUA, como sistema económico, ou como parceiro geoestratégico. É notório como - repetidas vezes - eles deixam cair aliados que já não lhes interessam. Sem confiança, não há possibilidade de comércio, de intercâmbio e de cooperação. Sem confiança, não existe motivação para um país prescindir de medidas de soberania, como taxas alfandegárias, etc. que protegem da concorrência internacional os bens produzidos pelas indústrias nacionais respetivas.

Ficam apenas a força bruta imperial, a intimidação, a chantagem, a criação do medo nos povos e nos seus dirigentes. Cedo ou tarde, a mudança surgirá. Mesmo no interior dos EUA, já existe um número elevado de pessoas conscientes de que o sistema está viciado contra elas, contra as pessoas não-privilegiadas.

Historicamente, o ouro foi e continua a ser visto como metal monetário. Por isso, os bancos centrais de diversos países têm conservado o seu ouro e, mesmo, nos últimos anos têm aumentado significativamente suas reservas. O ouro é tangível, é muito estável, tem propriedades físicas que o tornam realmente o mais apropriado para servir como reserva de valor. Em todo o mundo, é reconhecido e, em todas as áreas da indústria (não apenas na joalharia), existem aplicações para o ouro. 
Uma grande crise poderá destruir divisas, mesmo as tidas como fortes e também as criptomoedas, num instante. Num instante igualmente, todos os ativos financeiros denominados em dólares, euros, yen, libras, yuan, etc, ficarão a valer zero, ou próximo disso. 
O imobiliário, estando hipervalorizado, sofrerá uma quebra brutal, mas os edifícios permanecerão, somente o seu valor de mercado ficará muito diminuído, especialmente numa crise profunda, arrastando-se por muitos anos. 
Os objetos valiosos, como peças de coleção ou peças de arte, ficarão, não serão destruídos, mas -também aqui- será difícil conseguir, no curto prazo, obter algo equivalente (em valor real) ao que pagou na compra.
Restam os metais monetários, a prata e o ouro, que podem ser guardados e transportados em quantidades pequenas, de forma discreta. Num primeiro tempo, poderão sofrer um abalo, no momento em que a estrutura financeira ruir, mas - em breve - serão ainda mais preciosos e úteis, face à perda total de confiança no papel-moeda e com a provável imposição de cripto-moedas estatais, como única forma de pagamento.
O ouro, considero-o a única reserva de valor nas mãos dos cidadãos, que está segura e que talvez volte a ser um meio de pagamento corrente. Foi assim no passado. Não faz sentido comparar o risco de se possuir ouro**, com o de possuir criptomoedas, que podem ser criminalizadas pelos Estados (veja-se o caso recente da China) ou hackeadas; estão constantemente a surgir notícias de golpes nos «porta moedas» (wallets), ou os centros de câmbio (exchanges).
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(*) Janet Yellen: “The US has never defaulted. Not once.”

“Doing so would likely precipitate a historic financial crisis,” Yellen wrote. “Default could trigger a spike in interest rates, a steep drop in stock prices and other financial turmoil.”

(**) O ouro foi sempre o melhor meio de conservar valor ao longo do tempo. Isto tem sido verdade ao longo de 5000 anos. Por isso, devíamos todos avaliar o preço das coisas em peso de ouro, e não em euros, dólares, ou outra divisa «fiat». Por exemplo, um «Big Mac» em dólares, custava cerca de 60 cêntimos, quando Nixon despegou o dólar do ouro, em 1971. Agora, o mesmo «Big Mac» custa 4 $: Isto corresponde à perda de 85% do valor do dólar. Faz ainda mais sentido avaliar bens tais como propriedade imobiliária, carros, etc. em onças ou gramas de ouro, comparando o preço atual, com o preço ao longo dos anos. Assim, podemos ver qual a evolução real dos preços, porque eliminamos a contínua desvalorização das divisas «fiat».  A inflação, maior ou menor, das divisas «fiat» ao longo do tempo, não nos permite usá-las para uma avaliação acertada, porque um dado valor em «dólares constantes» ou noutra divisa, pressupõe que a inflação cumulada foi rigorosamente medida. Sabemos que isso não é assim. Sem dúvida, que os índices de inflação têm sido estimados (muito) abaixo da realidade.

sexta-feira, 30 de julho de 2021

O QUE SIGNIFICAM OS TRILIÕES DE DÓLARES DESPEJADOS PELA «FED»?


A «ciência económica» que nos é apresentada pela media corporativa, ou mesmo a que é ensinada nas universidades, tem muito pouco de ciência, mas disfarça bem. 

Sabe envolver-se em roupagens muito complicadas para que as pessoas como tu ou como eu, não compreendam nada e acreditem no discurso enviesado de «analistas», «doutores», «especialistas», que fazem apenas o papel de guarda-ventos dos muito poderosos. 

Ninguém (ou quase) nos meios de informação corrente, diz a verdade sobre a inflação. Esta verdade simples é que o fenómeno tem sempre que ser monetário, ou seja, ser devido ao aumento significativo da massa monetária em circulação, relativamente aos bens e serviços presentes nos mercados e que são adquiríveis com essa massa monetária. 

Visto assim, o fenómeno do aumento dos preços, é realmente um epifenómeno, uma consequência do que se passa a montante, ao nível das políticas monetárias.

Esta introdução serve para explicar o interesse do vídeo de Lynette Zang, que consegue desfazer os «mistérios» da política monetária, literalmente diante dos nossos olhos, pondo a nu as falácias dos atores desta charada enorme que tem o nome de QE, «quantitative easing». 

Desde 2008, tem sido a política da FED e de todos os bancos centrais ocidentais. Uma política hiperinflacionária de impressão monetária, em aplicação de doutrinas do «neokeynesianismo» e da «MMT» ( Modern Monetary Theory = teoria monetária moderna). 

Lynette Zang mostra como Jerome Powell, o presidente da FED, mente quando responde aos jornalistas, numa conferência de imprensa recente. Ele desvaloriza o aumento da inflação e «justifica» por que razão a FED considera que ela seja «temporária». 

O vídeo é  muito esclarecedor, mas - infelizmente- não existe tradução simultânea do inglês para outras línguas. Mesmo assim, o que diz Lynette é compreensível, mesmo para pessoas com dificuldade em perceber o inglês, pois ela apoia as suas explicações em gráficos que vai mostrando em simultâneo.

                      

Como complemento à visualização do vídeo acima, encontrei o infográfico seguinte, que dá a noção quantitativa dos biliões de dólares despejados, em contínuo, pela FED. 

Penso que este infográfico ajuda a compreender a loucura e desregulação total do sistema financeiro e monetário (clicar no link abaixo)

                       


Sendo o dólar, ainda, a mais importante moeda de reserva mundial e de trocas comerciais, é evidente que o colapso no valor do dólar vai implicar o colapso económico mundial. Por isso, a minha insistência em acompanhar estes fenómenos. Ela não se deve a qualquer fixação (positiva ou negativa) relativamente ao que seja americano, como se possa superficialmente julgar. É porque a agudização da crise económica mundial está correlacionada com as políticas monetárias da Reserva Federal Americana (FED).

Infelizmente, não existe informação fidedigna ao alcance da maioria, não por ela ser difícil de obter, mas porque a media corporativa, que domina o noticiário económico, faz tudo para ocultar a verdade aos cidadãos.
Eu tenho estudado, desde há cerca de 12 anos, estes fenómenos para salvaguarda própria e da minha família, não por mero interesse «académico».

As coisas encaminham-se a passos largos no sentido do colapso, o que irá viabilizar a completa digitalização do dinheiro (o desaparecimento do dinheiro-papel).
Por sua vez, isto será o ponto decisivo de viragem, do «The Great Reset» e que, afinal é outro nome da «Nova Ordem Mundial» desejada pelos globalistas, desde o tempo da fundação da «Trilateral», nos anos 70, ou antes, tendo por detrás o poderio económico, político e militar.
Obviamente, tudo é feito ao nível dos órgãos de informação, controlados pelos multimilionários globalistas, para que nós não saibamos realmente o que significam as suas manigâncias financeiras.
Estarmos adormecidos, ou iludidos, é condição para instaurarem a ordem mundial DELES, sem que haja levantamentos, insurreições ou revoluções, um pouco por todo o lado!




segunda-feira, 22 de junho de 2020

O COLAPSO JÁ OCORREU...E O QUE VEM, DEPOIS?

«Come mothers and fathers throughout the land

And don't criticize what you can't understand

Your sons and your daughters are beyond your command

Your old road is rapidly aging

Please get out of the new one if you can't lend your hand

For the times, they are a-changin'»*

(*de «Times they are a changin'» de Bob Dylan)

O colapso já ocorreu. As modalidades concretas das suas consequências, daqui para a frente, podem ser vistas como as trajectórias das pedras e das outras componentes da estrutura dum edifício que acabou de ser implodido. 
Sim, o edifício da economia mundial foi implodido, de forma perfeitamente deliberada, pela oligarquia. O coronavírus foi o pretexto, muito conveniente, como salientei repetidas vezes.  
Mas, esta experiência (em que quase todos nós fomos cobaias), tem um aspecto ainda mais sinistro: a oligarquia - agora - sabe como é fácil obter um controlo a 100% de todas as alavancas da sociedade. 
Ela deve ter ficado agradavelmente surpreendida com a facilidade com que conseguiu levar a cabo a operação gigantesca de tomada de poder sob pretexto de pandemia, o que eu chamo «o golpe de estado planetário». 
Foi posta em evidência a reacção de medo do povo, a sua passividade, a sua incapacidade para ver que lhe estavam retirando todas as hipóteses de se defender, de reagir. 
Perante isto, a imensa maioria nem compreendeu que tinha sido vítima dum desfalque brutal, da riqueza e património comuns, pela oligarquia. Enquanto eram privatizados os benefícios, eram socializados os prejuízos.

A saída para esta situação não é individual, como é fácil de compreender. Ela implica que uma grande massa da população, em todos os países, acorde da sideração, da hipnose, em que foi mergulhada. 
A resistência vai ser difícil, mas ela irá contar com as pessoas mais inteligentes dentro de cada sociedade, independentemente do seu ideário político. Aquelas que não se deixarão jamais arregimentar pelas falácias do poder totalitário disfarçado. Pode, uma grande parte das pessoas, deixar-se enganar por «ONG humanitárias» (como a Fundação Soros, ou a Fundação Bill e Melinda Gates, etc...)...  Mas, não é possível estas e outras entidades enganarem todos, durante todo o tempo. 
Surgirão muitas modalidades de resistência, que irão fazer abortar a tomada de poder totalitário disfarçada. 

Depois, trata-se das jovens gerações construírem uma sociedade nova, não enfeudada a preconceitos e obsessões do passado. 
Não sei que forma concreta esta tomará, mas atrevo-me a pensar que não será monolítica, que terá grande maleabilidade, sobretudo, que estará realmente preocupada com a salvaguarda dos recursos naturais no planeta e com a sua gestão sustentável. Portanto, não irá perpetuar o sistema capitalista, com a sua necessidade vital (para ele) de se expandir permanentemente, de alargar os domínios do mercado até ao infinito!
Para essa transformação, creio que seria sensato começar a debater-se, com vista a posteriormente edificar, em que tipo de sociedade(s) - a traços largos - se deseja viver, quais os valores e os princípios que devem estar na sua base, que caminhos se poderão tomar para se alcançar este novo estádio.
  

quinta-feira, 19 de março de 2020

A VERDADE POR DETRÁS DA EPIDEMIA DE CORONAVÍRUS

David Icke tem muito para dizer; tem muitos dados reais mas ocultados pelo mainstream, que se tem especializado em censurar e ridicularizar tudo o que não serve a narrativa do 1%, da oligarquia.
Não vemos que a oligarquia está cada vez mais poderosa? Que domina os sistemas mediáticos, económicos, de saúde, de cultura? 
- Ela vai tentar deitar abaixo - com o pretexto do coronavírus -  as nossas economias diversificadas, com pequenas, médias e grandes empresas, para construir uma economia ultracentralizada, regida por Inteligência Artificial (robots, algorítmos, etc... ditos «inteligentes»). Pense-se no que fizeram a Amazon ou outros gigantes, mas numa escala maior, mais abrangente.

David Icke é um homem íntegro e nada louco... o mundo que ele descreve é real, mas demasiadas pessoas estão ainda em estado de denegação. Por isso, não conseguem conciliar a sua narrativa interior (que assimilaram nos media dominantes sem o saberem) com a narrativa de Icke. Mas, Icke tem razão no essencial, porque os factos, os duros factos, provam tudo o que ele vem dizendo (não apenas nesta entrevista, como nos seus livros, vídeos, etc). 
Tenho esperança de que vejam atentamente  este vídeo; que descubram que aquilo que se passa à nossa volta é diferente do discurso oficial, que percebam qual o motivo real e verdadeiro para esta «greve geral» forçada de toda a economia mundial! 


Não deixem de ver esta entrevista em que são esclarecidos pontos fundamentais. 
David Icke dá uma interpretação da pandemia e da demolição da economia substancialmente diferente da que os media nos vendem.
(Este vídeo poderá ser retirado do Youtube, creio, porque desmascara aquilo que eles - a oligarquia - nos estão a fazer!)

PS1 (20/03): Neste artigo, vemos que a «elite» política e empresarial dos EUA sabia da gravidade da crise e intencionalmente mentiu aos americanos:
https://www.theamericanconservative.com/dreher/they-knew-and-didnt-tell-us-sen-richard-burr-coronavirus-republicans/

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

OLHANDO O MUNDO DA MINHA JANELA (PARTE V)

Olhando o mundo da minha janela:   partes IIIIIIIV                                     
                  

As «eternas» previsões para o próximo ano, são quase sempre um exercício de futilidade, que apenas pretende reforçar preconceitos, isto é, a «visão» daquele que as emite. 
Vou fugir ao ritual associado à proximidade da passagem do ano, tanto quanto possível. A minha preocupação essencial é de manter a lucidez e o espírito positivo.

Oiço, vejo e leio imensos avisos sobre a crise vindoura, monstruosa, capaz de arrasar a economia mundial, portanto também as sociedades e a civilização. 
Estamos a presenciar uma moda de cataclismos, depois de mergulhados numa moda de contentamento seráfico, beatífico, perante o crescimento «imparável» das cotações bolsistas, em todo o mundo. 
O mundo, pelo menos o dos negócios e da finança, é constantemente agitado por notícias, falsas ou exageradas, e pseudo-análises devidas a pseudo-peritos. 
A repetição constante destas previsões e alertas evocam-me, irresistivelmente, a história do menino da aldeia que, de vez em quando, se punha a gritar: vêm aí os lobos!

Neste site, ao longo do corrente ano de 2019, temos tentado fazer uma selecção criteriosa, ponderando as notícias, não tanto pela sua origem, mas sobretudo, pela sua credibilidade. 
É muito importante, neste aspecto, o critério da coerência. 
Consideremos um quadro duma paisagem: Se essa tela pretende representar a realidade de uma paisagem natural, obviamente não será coerente a presença dum animal tropical - um macaco, um tucano, ou um crocodilo - numa paisagem boreal (próxima do Ártico), nem de um abeto ou dum urso polar, por exemplo, numa paisagem tropical. Analogamente, a descrição dos factos económicos e das relações de poder internacionais, deve possuir coerência  com os factos históricos e outros, para ter alguma verosimilhança.

Assim, quando se nos depara um fim de era, tem ele de possuir alguns traços que também se observaram no passado, noutros períodos históricos  equivalentes. 
Sem dúvida, existem alguns sinais alarmantes:

- As guerras incessantes, a impossibilidade da super-potência dominante as ganhar (sacrificando dinheiro, material bélico e, sobretudo, pessoas), para manter sua presença em locais remotos, cuja relevância para a «segurança nacional» dessa superpotência, é tudo menos inquestionável.

- Um fluxo ininterrupto de dinheiro sem contrapartida («fiat»), derramado nos grandes bancos sistémicos, pelos bancos centrais ocidentais, supostamente para «estimular» a economia, mas que apenas estimulam a especulação e as bolhas, em todas as categorias de activos (acções, obrigações, imobiliário, derivados...). 
Por outro lado, os bancos sistémicos apresentam-se insolventes, na prática. A FED e outros bancos centrais ocidentais, estão desesperadamente a tentar conter a derrocada.  

- A crescente perseguição do que não é «politicamente correcto», dos «dadores de alerta»; a marginalização - por uma media ao serviço de grandes grupos financeiros - de todas as correntes de opinião, sejam quais forem os seus posicionamentos, que estejam fora do que eles, jornalistas do «mainstream» e seus patrões, consideram aceitável. 

- Ainda por cima, a agudização da campanha histérica sobre as alterações climáticas, com os interesses corporativos mais notórios a lançarem-se na «nova economia», «sustentável» (que afinal não o é), dos «amigos do ambiente» (à custa da desgraça dos povos do Sul, dos pobres); a aliança entre os principais bancos mundiais, os governos, a ONU e as organizações do mundialismo (OMC; FMI; etc...), para impor uma taxa carbono global. 

- Por fim, a perda da privacidade: Uma realidade - não já uma mera possibilidade - as pessoas serem escrutinadas, durante 24 horas todos os dias do ano sem sequer suspeitarem, ao ponto de se tornarem ultrapassadas as distopias imaginadas por Aldous Huxley, George Orwell, e outros.    

Desenha-se assim um quadro geral, que pode significar, a termo, uma involução, ou seja, uma ruptura com regressão nos padrões de vida e de civilização. Tem uma probabilidade não tão baixa como isso, pois existem elementos para se considerar que essa involução já está em curso
Todos estes problemas e disfunções existem; vê-los como sinais de fim de uma época, talvez seja - ao fim e ao cabo - bastante acertado.

Pois mais vale prevenir com um ano de antecedência, um colapso anunciado, do que o tentarmos remediar, um segundo depois dele ter acontecido. Tomo a sério, embora não com alarmismo, os sinais de tempestade. Para aumentar a nossa resiliência, para estarmos aptos a enfrentar os tempos difíceis que se anunciam, temos de saber como escapar da Matrix.


domingo, 11 de agosto de 2019

UM IMPÉRIO EM COLAPSO

 Imaginemos um império em colapso: quais os principais sintomas desse colapso? 




Abaixo, uma lista sucinta, mas que ainda assim, possa ser reveladora (fornecer um diagnóstico): 

- O desmoronar dos valores morais que estavam na base da legitimação do poder. 
Pode continuar a produzir uma retórica oca, porém já é patente que a retórica não cola com a realidade dos actos. A corrupção torna-se o motor principal dos actores no teatro do poder.

- Um acentuar da componente militar, quer ao nível doméstico, quer multiplicando as bases e postos avançados aos quatro cantos do mundo. 
A utilização de forças militares, está associada à despesa colossal com equipamento e tropas.


- A incapacidade de subjugar militarmente inimigos e súbditos rebeldes.
Os fracassos sucedem-se; a ocupação de vastos territórios traduz-se em gastos humanos e materiais, sem que o império alcance os objectivos políticos dessas acções militares.

                               

           
- Incapacidade de impor universalmente a sua própria moeda como divisa padrão nas trocas internacionais.
Surgem novos tipos de moedas, como formas de troca e conservação de valor. São montados sistemas de intercâmbio nas transacções financeiras e  comerciais internacionais, que não passam pelo uso da moeda dominante.



- A dependência a outros países, para seu abastecimento.
Desde matérias-primas, a produtos manufacturados; da alimentação, aos componentes tecnológicos (micro-processadores, por exemplo).

- A utilização da força e da ameaça da força, sem recurso a uma verdadeira diplomacia.
O estabelecer relações de respeito e interesse mútuo é visto pelo poder como «cedência» do seu lugar hegemónico.



- As contradições constantes, no discurso e na prática.
A vontade da potência dominante tem de ser «lei», pode portanto mudar de acordo com suas conveniências. Não podem existir lei internacional, direito internacional e os tratados e acordos só comprometem os outros, não o poder imperial.

- Propaganda constante e massiva, dirigida tanto a amigos como inimigos, tanto interna como externa.
As  narrativas dum poder democrático, de respeito pela lei, de igualdade de direitos, etc. estão em contradição patente com os factos. Daí, o designar de inimigos externos como responsáveis por todos os males domésticos. 

Pode-se citar muitos outros aspectos semelhantes ou que são englobáveis nos exemplos acima, sendo estes vistos, não de uma forma pontual, mas em todas as suas ramificações.

A inspiração para esta listagem veio-me da leitura e audição das seguintes 3 excelentes fontes:

  - Um editorial da Strategic Culture Foundation -


 - Um editorial do blog The Saker -


- Um vídeo de entrevista a Diego Fusaro (em italiano) -