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sábado, 12 de junho de 2021

SONANGOL, ISABEL DOS SANTOS E PORTUGAL


 Em Portugal não se fala disto. 
Há uma espécie de conivência com a fraude e o roubo puro e simples.
Há uma percentagem da «classe política», dos banqueiros, dos escritórios de advogados, etc. que está envolvida nos negócios escuros de Isabel dos Santos.

terça-feira, 13 de abril de 2021

[E. von Greyerz] A PONTA DO ICEBERG - ARCHEGOS & CRÉDIT SUISSE




(Tradução de Manuel Banet)

                          

Bill Hwang, o fundador do fundo privado Archegos, que acabou de perder 30 mil milhões de dólares, provavelmente não se deu conta, quando deu um nome à sua companhia, que estava predestinada a grandes coisas. Archegos é uma palavra grega que significa chefe ou aquele que lidera de forma que os outros podem segui-lo.

ARCHEGOS, O PRIMEIRO DE MUITOS QUE HÃO DE VIR

Este, até há poucos dias, fundo privado desconhecido é um anunciador do que está para vir ao mercado dos derivados de cerca de 1.5 quadriliões de dólares. Eu avisei, sobre as bolhas dos derivados, há vários anos. Archegos apenas acendeu o rastilho e em breve todo o mercado irá explodir.
Eu sei que, tecnicamente, Archegos era um «Escritório de Família», por razões de regulações mais favoráveis. Mas, para todos os efeitos e propósitos, é um fundo privado, e é assim que o considero.
Warren Buffett disse dos derivados, que eram «armas financeiras de destruição massiva» e ele estava absolutamente certo.
Os gananciosos banqueiros construíram derivados que são armas nucleares auto-destrutivas. O caso Archegos mostra ao mundo que um pequeno fundo privado desconhecido pode obter linhas de crédito de 30 mil milhões de dólares ou mais, e que isso pode levar rapidamente a um contágio e perdas incontroláveis.
E quando as apostas dum fundo privado saem furadas, não são apenas os seus investidores que perdem todo o seu dinheiro, também os bancos que se aventuraram a financiar a especulação de Archegos, massivamente alavancada, daí resultando uma perda de cerca de 10 mil milhões de dólares dos fundos dos seus accionistas.
Isto, obviamente, não irá afectar os bónus dos banqueiros, que apenas serão reduzidos quando os bancos forem à falência. Lembrem-se da crise do Lehman em 2008. Sem o massivo pacote de resgate dos bancos centrais, os bancos Morgan Stanley, Goldman Sachs, JP Morgan etc. ter-se-iam afundado. Porém, os bónus aos CEOs nestes bancos eram os mesmos nesse ano, que no ano anterior.
Isto é o lado absolutamente escandaloso, pior do capitalismo. Mas, como dizia Gordon Gekko no filme «Wall Street» - "A ganância é boa"! Bem, quando tudo acabar, talvez não seja tão boa como eles pensam.

DERIVADOS –  «MOINHOS» DE DINHEIRO QUE IRÃO GIRAR FORA DE CONTROLO

Os derivados têm sido moinhos de dinheiro para os maiores bancos de investimento durante décadas. Hoje, virtualmente tudo nas transacções financeiras, assume a forma de derivados. Muito poucos portefólios consistem nos instrumentos subjacentes. Pelo contrário, qualquer coisa - portefólios de acções, ETFs, fundos de ouro, etc. - usa derivados ou instrumentos sintéticos. Além disso, os mercados de juros e de divisas (forex) são todos em derivados. Por exemplo, o portefólio de Archegos consistia em «Total Return Swaps» (Nota do tradutor: neste tipo de derivados, o activo financeiro subjacente, referido como activo de referência, costuma ser um índice de acções, um cabaz de empréstimos ou de obrigações. Ver [1]).
Como acabámos de ver, quando os derivados implodem e os activos que os sustentam são vendidos pelo broker primário a qualquer preço, os prejuízos são instantâneos e irreparáveis.
Mesmo assim, o contágio foi evitado desta vez, com os bancos a assumir todos os prejuízos. Mas tal não será o caso da próxima vez quando, não apenas 30 mil milhões dólares de derivados implodirem, mas múltiplos desta soma.

[leia o artigo na íntegra, em inglês, AQUI, no site de Egon von Greyerz]

PS1: o novo artigo de Egon von Greyerz é uma continuação e actualização do da semana passada:

domingo, 22 de março de 2020

PRÓXIMA ETAPA NA TOMADA DE PODER GLOBALISTA


                        Image result for patrols curfew european cities
                    Itália, hoje. Uma situação sanitária gerida por forças repressivas

Como previ, a pandemia de Covid-19 está convenientemente mascarando a inédita (na escala) e escandalosa (no cinismo) transferência maciça de riqueza para os muito ricos.

Alguns elementos:

- Antes da existência de um «crash» nas bolsas do mundo e de Wall Street, em particular, inúmeras fortunas efectuaram uma venda maciça de tudo o que tinham em «papéis», comprando bens tangíveis (desde imobiliário, a metais preciosos), ou «treasuries» (obrigações do Tesouro dos EUA) ou, mesmo, ficando com uma montanha de «cash» (dinheiro líquido). Claro que o fizeram discretamente, para não espantar «a caça».

- A transferência de bens públicos para salvar negócios privados, sobretudo a banca insolvente, tem sido efectuada sob pretexto de salvar a «economia», de salvar os «pequenos», quando - na realidade - o que os bancos centrais fizeram foi abrir uma janela de crédito ultra-barato aos bancos e hedge funds, enquanto os Estados (com o dinheiro dos NOSSOS impostos) vão nos «ajudar», com pensos rápidos, para manter a turba tranquila.

- Note-se que, aquilo que os governos decretaram para supostamente «aliviar» os cidadãos e pequeno-comércio, não toca - nem ao de leve - na propriedade dos empórios financeiros: permitir um adiamento, não um perdão, no pagamento de rendas; fornecer capital fresco sob forma de empréstimo a empresas para que elas continuem a pagar os salários apesar da paralisação forçada; «helicopter-money», consistindo em entregar às famílias somas - da ordem de mil euros - para irem aguentando. Tudo isto, ou é reter dívida (com prejuízo para os detentores da mesma), ou distribuir dinheiro - que vai buscar aos bancos centrais (os quais emprestam dinheiro aos governos, não esqueçamos)- o que, em última análise, significa se está a aumentar a dívida pública.

Torna-se claro que a epidemia de coronavírus está a servir às mil maravilhas para encobrimento da maior transferência de riqueza e concentração de poder que jamais existiu. 

É necessário que as pessoas se deixem de ilusões. O script é exactamente o mesmo que o do «11 de Setembro». 
O acontecimento catastrófico, tenha ele sido planificado ou não, serve como história de cobertura para transferências maciças de capital, para decretar o estado de sítio (ou estado de  «excepção», estado de «calamidade pública», ou outros eufemismos), para impor uma série de leis que legalizam a mais completa intrusão na vida privada, a vigilância maciça e permanente, etc. 
As medidas tomadas agora pelos governos dos EUA e da UE, vão directamente buscar à panóplia de legislação efectiva, ou planeada, do 11 de Setembro. 
Agora, o pretexto da epidemia com coronavírus é exagerado até a náusea pela media, disposta a tudo para servir os seus senhores, os seus donos. As vozes dissidentes não se podem ouvir, são silenciadas ou são arrastadas na lama, como se fossem lunáticos ou inimigos da humanidade. O consenso forçado e fabricado é ainda mais avassalador que no caso da outra grande charada dos globalistas, a falsificação científica do «aquecimento global».

A estratégia de confinamento maciço perante a epidemia de Covid-19, não precisava de ser adoptada e também não é a MAIS EFICIENTE nas nossas sociedades. Quem o diz é o prof. Didier Raoult, director do centro de doenças contagiosas de Marselha, uma instituição pública com mais de 800 funcionários, que se dedica à identificação, despiste, tratamento e cura de doenças infecto-contagiosas. Neste caso concreto, a media tem diminuído OU MENORIZADO o que este investigador tem declarado, ou então faz BLACKOUT.
A media não apenas joga no medo, para «vender» mais, como também se especializa em denegrir ou diminuir a credibilidade de tudo o que contrarie a sua própria narrativa. 
Esta narrativa é caracterizada por uma ênfase sistemática em tudo o que o governo e entidades próximas deste, dizem ou declaram. 

A partir deste momento, não existe democracia; a democracia foi «encerrada (por tempo indefinido) para obras». 
A democracia, não é «eleições»: por exemplo, o regime salazarista organizava «eleições» de 5 em 5 anos. 
- A democracia é a possibilidade dos cidadãos terem acesso a informação não censurada. 
-É a garantia de alguém não ser arbitrariamente interceptado e revistado na rua ou noutro local público. 
- A garantia de não ter o domicílio invadido, sob pretexto de buscas, sem mandato judicial regularmente emitido por um juiz. 
- É a garantia da presunção de inocência.
- É o direito de resposta, de alguém responder a ataques difamatórios na imprensa, sendo-lhe dadas automaticamente as mesmas condições de relevo que a emissão ou artigo difamador. Etc, etc etc... 
Tudo isto já tinha começado a ser desrespeitado, mas agora irá desaparecer, paulatinamente. Para começar, todas as garantias foram «suspensas», sine die! Em breve, será permanente...

                        RT

Estamos já sob um estado policial disfarçado; com uma constituição democrática, que não é respeitada, que é ignorada, pelos partidos e personalidades mais eminentes do próprio sistema! 
Como dizia Benjamin Franklin «Os que clamam por maior segurança à custa da liberdade, não terão segurança, nem liberdade... e - aliás - não serão merecedores nem de uma, nem de outra!»
As pessoas ficam aterrorizadas por algo que não compreendem, aceitam auto-instituídos peritos, para lhes ordenar as coisas mais absurdas. 
Depois, vão retirar-lhes a margem de autonomia, bem estreita aliás, que ainda possuíam; mas elas têm a cabeça a zumbir de notícias obsessivas, como forma de condicionamento, incapazes de perceber ou até de prestar atenção ao que pessoas competentes e prudentes lhes querem transmitir. As pessoas deviam perder o medo, o estado de denegação, a recusa em compreender o que se passa! 


O PRÓXIMO PASSO PARA A DITADURA GLOBALISTA

O próximo passo será o de nacionalização maciça - em primeiro lugar - da finança, não como expropriação dos activos, mas sim como forma de passar os passivos, acumulados e impagáveis, de mãos privadas, para os Estados. Como sempre, estes estarão firmemente nas mãos dos senhores do poder, os globalistas.
Neste contexto, existem pessoas que têm o mantra de que «nacionalizar os bancos, etc. é bom». 
Bancos nacionalizados à custa do erário público quer dizer exactamente um «bail out»(resgate) com o dinheiro dos nossos impostos. Já tivemos isso em Portugal, repetidas vezes, com uma série de instituições de crédito: BNP, BPP, BANIF, BCP, BES (este também com «bail in»)... Teremos ficado mais perto do socialismo, com isso? 
Os capitalistas financeiros e os governos estão em conluio: os donos e gestores do capital financeiro fazem toda a espécie de fraudes, roubos e cambalachos, mas têm uma «mão invisível» por baixo que os ampara ... uma mão de presidente, governo, deputados, autarcas, etc, etc, dos que afinal controlam, a todos os níveis, o aparelho de Estado....

PS1: Amanhã, 25 Março, o parlamento alemão vai votar o Estado de sítio/de excepção/de emergência por UM ANO INTEIRO, Ou seja, é a morte do que restava de liberdades e direitos civis. Podem ter a certeza que vai ser copiado por praticamente todos os outros parceiros da UE. A razão para isto: eles percebem que a segurança social e toda a economia - em geral - estão falidas e que vai ser difícil conter as pessoas, a bem...

PS2: Se quiser compreender melhor o aspecto económico financeiro de todo este imbróglio, oiça a entrevista que Lynette Zang deu a George Gammon 25 de Março.

PS3: Veja como é construída uma histeria (na media e com o estímulo dos governos) em torno de um vírus, para servir os interesses dos globalistas. 
O artigo de «Off-Guardian» contém depoimentos de 12 médicos e cientistas epidemiologistas (muitos deles com grande prestígio profissional) que põem sérias objecções à maneira como está a ser abordada esta pandemia:
https://off-guardian.org/2020/03/24/12-experts-questioning-the-coronavirus-panic/ 

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

CAMPANHA «VERDE»: RENTÁVEL ESTRATÉGIA DA OLIGARQUIA BILIONÁRIA

[Enquanto, na Suécia, Greta Thunberg é ensinada às crianças em classe de «ensino religioso» , onde se propõe que façam troça de quem seja contra Thunberg, transformada em santa...]

                                           

Aqui, uma síntese de um interessante artigo de Herland Report

Bill Gates levantou a lebre, referindo a existência de uma conferência em New York em que muito ricos investidores, pretendiam controlar financeiramente companhias que emitem CO2 para a atmosfera e reorientá-las para uma «economia verde» (ver em: Bill Gates on #ClimateChange da Newsletter «Herland Report»).

Segundo o referido artigo: 
«...A ironia consiste no facto do mais proeminente gestor de fundos bilionários, há muito tempo conhecido como manipulador dos mercados, George Soros, é um dos impulsionadores por detrás das organizações para a transição climática, para um mundo livre de energia fóssil.
Trata-se, no presente, de uma actividade com financiamento bilionário. A Heritage Foundation revela que, em 2012, a Climate Policy Iniciative publicou no estudo «Investimento global nas alterações climáticas», que 359 milhares de milhões de dólares tinham sido investidos em eco-projectos, apenas nesse ano. O Show de Greta Thunberg é somente uma pequena parte da campanha bilionária «ecológica».
Não pode ser surpresa para o público que o mercado dos media e o sistema financeiro estejam a exercer predação sobre a paz e prosperidade, em benefício das suas próprias elites. Isso tem acontecido desde há muito tempo.
Em 2007, quando a crise financeira chegou, uma grande parte foi devida à voracidade de Wall Street. Os americanos pobres receberam empréstimos, para compra de habitações, que não poderiam jamais pagar. Toda a gente sabia isso.
O mundo não possui qualquer fonte de energia comparável ao carvão, petróleo e gás natural. As energias hídrica, solar e eólica, não estão neste estádio de desenvolvimento a qualquer nível comparável à intensidade adequada para satisfazer as necessidades mundiais em energia.  Portanto, quem está a manipular o mercado de energia através duma reorientação de investimentos da ordem de biliões de dólares?...»
...
Soros e os capitais ligados a Wall Street, desejam apropriar-se do mercado das energias renováveis. Nisso, têm a aprovação e o encorajamento dos neo-cons que dominam largos sectores do «Estado Profundo» nos EUA. Eles pretendem, através de uma guerra de preços da energia, destruir a Rússia e o Irão, cujas economias estão largamente dependentes do preço do petróleo e do gás. 

quarta-feira, 7 de agosto de 2019

PORQUÊ OS EUA SAÍRAM DO TRATADO INF?

Aquilo que não vos dizem






O secretário dos EUA da Defesa, Mark Esper, numa tournée em vários países da região Ásia-Pacífico afirmou que a principal prioridade para o Pentágono é a China:



“Os nossos competidores estratégicos são a China e a Rússia, principalmente e por esta ordem,” Esper recentemente declarou.


Nós somos mantidos no escuro em relação ao tratado INF* e às razões pelas quais os EUA realmente desejaram terminar com ele. Não devemos cair na propaganda da NATO afirmando que os russos violaram o referido tratado, em várias ocasiões. Pelo contrário, os americanos e vários países europeus da NATO o fizeram, como sabemos, está comprovado. Mas, então qual a vantagem estratégica do Pentágono em propulsionar a nova corrida aos armamentos e tornar possível a colocação no terreno de armas nucleares «tácticas»?
- A razão principal é a China. Numa postura prudente de construção de suas capacidades de defesa, a China, não constrangida pelo tratado INF, tem vindo a desenvolver sistemas de mísseis de médio alcance. Estes mísseis podem possuir uma carga convencional, mas também podem servir para transportar uma carga nuclear.
Perante estes mísseis, a marinha poderosa dos EUA com os seus destroyers e porta-aviões (cruzando próximo das costas da China), fica completamente exposta. Com efeito, não poderá retaliar a um ataque com mísseis chineses, sendo estes lançados bem do interior da China em direcção à frota americana do Pacífico. Os chineses e os americanos, assim como todos os peritos militares sabem disso há muito tempo. Recentemente, uma alta patente chinesa teve um «deslize», ao afirmar isso mesmo, coisa que realmente deixou os neocons e os militares do Pentagono com os «cornos a arder». 
Os EUA, na prática, assumem o papel de potência tutelar das nações do Indo-pacífico, sendo isso mesmo que «obriga» a presença permanente de uma frota americana bem perto das costas da China. Tal como a alegação da «ameaça» russa, ao mesmo tempo que estacionam tropas e mais tropas da NATO junto das fronteiras russas, igualmente consideram que a China está a ameaçar a liberdade de navegação (sic!), por defender as suas costas e águas territoriais.
 No quadro mais geral do projecto hegemónico, a escolha da China como prioridade (como inimigo principal), faz todo o sentido. O projecto - em si mesmo - é que não faz, o de manter todo o planeta sob controlo do império dos EUA.
A China está a conquistar o primeiro lugar,em termos económicos, se não é que o seu primeiro lugar já está realizado. Com efeito, em paridade de poder de compra, os chineses subiram imenso em duas décadas, enquanto a população dos EUA está cada vez mais pobre, apesar da propaganda em contrário. O índice de inflação está falsificado, para fazer crer na manutenção dum poder aquisitivo das famílias pobres e da classe média dos EUA. Os índices de desemprego são completamente manipulados, o que se vê pela enorme taxa de pessoas em idade de trabalhar que não está empregada; querem fazer crer que a taxa de desemprego nos EUA é muito baixa, porém os números reais são contraditórios com isso. John Williams do site shadowstats.com tem acompanhado estes índices e outros, no pressuposto de quais seriam seus valores, caso os critérios fossem os mesmos que nos anos 80. Isso é apenas uma parte da realidade. Outra parte, é a miséria da epidemia opióides, que afecta imensas pessoas, desde veteranos das guerras, até a pessoas viciadas em resultado de tratamentos do cancro. Muitos índices relativos ao bem-estar humano, na educação, na saúde, na esperança de vida, etc. estão mais próximos dos países «em desenvolvimento», do que dos países «desenvolvidos». A tragédia da incapacidade de muita população nos EUA ter um tratamento decente, por não possuir cobertura adequada de saúde, continua. Muitos milhões (último censo indicava mais de 30 milhões!) de americanos dependem de «food stamps», ou seja, de senhas para comprar géneros alimentícios no supermercado, para sobreviver.
A guerra comercial com a China está a prejudicar mais a agricultura e o pequeno comércio americanos do que tem efeito inibidor na indústria da China. Neste período de «guerra comercial», o facto é que a China exportou MAIS, sendo evidente que as tarifas, por mais que escondam isso ao povo americano, são encarecedoras para ELES, que compram os produtos importados da China, acelerando portanto artificialmente a inflação e diminuindo ainda mais o seu poder de compra.
Não admira que Wall Street e, portanto, todo o mundo da finança dentro e fora dos EUA, compreenda que a política oficial de Washington encaminhe os EUA e o mundo para uma recessão. A entrada num período de recessão está muito claramente a ser equacionada, a prova disso é a inversão de tendência das bolsas americanas e mundiais, com a subida vertiginosa dos metais preciosos, em especial, o ouro.
A crise do dólar prossegue, visto que o presidente Trump decidiu responder à descida do Yuan, pela contra-medida da descida do dólar: assim, a guerra comercial alarga-se a guerra monetária.
Todos estes factores económicos e financeiros, tanto internos aos EUA como mundiais, levam a que a tentação dos dirigentes - megalomaníacos e muito mal aconselhados - seja a da guerra com tiros.

A tensão provocada com as constantes provocações militares , seja nas fronteiras russas, seja nas águas territoriais do Irão ou ainda da China, cada vez mais se parecem com uma louca corrida para o abismo, visto que todos sabem como uma determinada guerra começa, mas ninguém sabe, ao certo, como essa guerra acaba.

(*tratado INF: acordo alcançado por Reagan e Gorbatchov, no âmbito de uma redução geral das tensões na Europa. Ele proíbe a pesquisa, produção e colocação de mísseis de alcance intermédio. Este tratado implicava verificações de lado a lado, para garantir que não haveria este tipo de armas no continente europeu)

sexta-feira, 12 de julho de 2019

A VERDADE CHOCANTE SOBRE A ECONOMIA - ROBERT KIYOSAKI


Kiyosaki explica por que razão surge um fenómeno como os «coletes amarelos». Mas a maioria das pessoas, em geral, não percebeu ainda o que está a acontecer e aquilo que acontecerá quando a próxima crise se abater e ficarem com as suas vidas despedaçadas: sem pensões de reforma, sem emprego, sem salários, sem rendimentos, sem capacidade de se defenderem. 
A diferença entre «trabalhar para fazer dinheiro» e o dinheiro «trabalhar para si», é a que faz com que a poupança das classes médias vá enriquecer Wall Street. 
Claro que Wall Street e a classe possidente não querem que se perceba como funciona a economia!
Ninguém nos ensina como os ricos não pagam impostos, ou como o dinheiro é desenhado intencionalmente para se ir desvalorizando, perdendo o seu poder aquisitivo, etc, etc.
Kiyosaki é excepcional porque nos explica claramente aquilo que os «doutorados» em economia se especializaram em nos esconder... 

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

2019 - SERÁ «O ANO EM QUE TUDO SE DESMORONOU»?

                         


Não estou a fazer retórica quando escrevo este título. Com efeito, o Outono/ Inverno de 2018 já anunciava a cor e o tom do ano que aí vem e que ainda está muito jovem.
Os sinais críticos de uma crise bolsista já se fizeram sentir em um sem número de ocasiões entre Setembro do ano anterior e o Ano Novo deste ano. A grande queda de Wall Street e em particular dos títulos que constituíam uma espécie de «montra» do mercado bolsista (os famosos «FANG») mostrou ser muito mais do que uma correcção. Mostrou que se tratava de uma inversão de tendência. Com a maior parte dos títulos cotados muitas vezes acima do valor real das empresas respectivas não admira que seja uma queda longa e dolorosa para seus detentores.
Os bancos não ficaram melhor; veja-se o caso do Deutsche Bank um banco sistémico, o maior banco do espaço europeu, cuja saúde é considerada periclitante, dado o enorme peso dos derivados na sua carteira, assim como a série de processos - da sua intervenção no falseamento dos mercados dos metais preciosos e do LIBOR - cujas multas cumuladas atingem um montante total muito alto. 
As pensões de reforma, sobretudo nos países onde estas são privadas, estão sob perigo eminente de entrar em colapso. Estes fundos de pensões apostaram em títulos especulativos, para fazerem face à enorme e prolongada baixa dos juros, consequência da política de ajuda aos bancos, efectuada por governos e bancos centrais ocidentais, ao longo de todo o período pós-2008.
A «normalização» em curso, com a subida das taxas directoras do banco central americano (a FED) e a não renovação da compra de activos (muitos deles «tóxicos») do BCE aos bancos comerciais da zona euro, já tem consequências visíveis na retracção dos mercados, quer bolsista (e que apenas agora começou...), quer obrigacionista (a queda das obrigações de alto rendimento). 
Também se observa o esvaziamento das bolhas no sector imobiliário, a começar pelos valores mais altos, como Vancouver e Toronto (Canadá), Los Angeles e Nova Iorque (EUA) ou ainda Londres e Paris. 
A situação só é risonha no sector dos mercados de metais preciosos, com espectaculares recuperações dos preços do ouro e da prata, assim como da platina, sobretudo em divisas como a Libra esterlina, o Dólar australiano, embora também em Euros e Dólares. Isto não nos surpreende, pois o ouro é um valor-refúgio, quando todos os activos baseados em dívida (incluindo o «cash») já não inspiram confiança.
Quanto ao cidadão comum, está claro que o «tiro de partida» foi dado pelos «coletes amarelos» em França, mas com o agravamento da crise, haverá muitas mais e talvez piores explosões de descontentamento dos governados face às suas elites. 
Os que sofrem, por vezes, não compreendem como foram espoliados, mas compreendem bem por quem o foram: pela aristocracia que se pavoneia no maior luxo, usando os recursos fornecidos pelo dinheiro público, pelos contribuintes, por todos nós. 

                          The EU bubble is doomed to burst in 2019, financial analyst warns

A situação da economia hoje é reflexo duma década em que o valor do dinheiro foi sistematicamente sabotado, deixando os pobres, os que dependem de pensões para sobreviver, os que têm salários de miséria, numa situação dramática. Com efeito, para esconder a situação e para poderem pagar cada vez menos, aparentando desembolsarem o mesmo, os governos foram maquilhando os números da inflação, ao mesmo tempo que abraçavam o «Quantitative Easing» ou seja, da impressão de quantidades abismais de dinheiro electrónico, no intuito de salvar os bancos. Para os que governam no «Ocidente», a primeira prioridade são eles, os bancos... 
Agora fala-se cada vez mais de «reset», ou seja, de uma reestruturação ao mais alto nível, o que pode muito bem acontecer na próxima década, pois aquilo que se perfila no futuro mais próximo é uma crise mundial caracterizada por hiperinflação, após um breve mas violento episódio deflacionário, de falências em cadeia. Quando ficar claro que o valor do dinheiro em papel foi completamente destruído (por eles, a finança e os governos), irão tentar construir um novo sistema monetário e financeiro. Não me parece que tenham grandes hipóteses de ter muito sucesso. 

A infeliz Venezuela está aí para nos indicar o que acontece a um país que entra pelo caminho da hiperinflação. Não existem receitas milagre para sair da espiral hiperinflacionária, mesmo para um país com as maiores reservas de petróleo conhecidas...
O que será de um país de economia frágil, completamente dependente de tecnologias estrangeiras, importador líquido de bens alimentares (embora pudesse ser um exportador) e que se tem deixado seduzir por uma economia especulativa (imobiliário...) e por um turismo de moda efémera?  Todos sabemos, com certeza, o nome e as coordenadas geográficas do mesmo....





terça-feira, 11 de dezembro de 2018

ENQUANTO A VERDADE É NEGADA, O ESTADO PROFUNDO AVANÇA


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Enquanto a verdade é negada ao público americano e internacional em geral, o «Estado Profundo» da nação que se auto-classifica como «indispensável» continua a manobrar com total impunidade.

Em múltiplas ocasiões verifica-se que Trump foi ultrapassado pelo «Estado profundo», nomeadamente em relação à sua política de apaziguamento com a Rússia, sabotada múltiplas vezes, sendo a última o incidente marítimo no estreito de Kerch, com navios de guerra ucranianos entrando em águas territoriais russas, uma manobra destinada a provocar um aumento de tensão ao nível não apenas local, mas a bloquear qualquer movimento de países europeus e  de  Trump no sentido de aliviar a política de sanções
Estas sanções, como sabemos, têm sido talvez piores para os países europeus e aliados dos EUA, do que para a Rússia propriamente. Esta política tem propiciado que Putin leve a cabo a modernização do arsenal estratégico russo, o aumento da operacionalidade das forças armadas, o reforço da aliança com a China em todos os domínios, incluindo o militar, a aceleração da «desdolarização» da economia russa. 

O incidente com a prisão no Canadá, por pedido expresso dos americanos, sobre a cidadã chinesa, Meng Wanzhou, directora executiva da Huawei, filha do principal accionista da mesma, tem contornos demasiado escabrosos. 
O pretexto de que a Huawei tem relações comerciais com o  Irão, seria risível, se não fosse uma negação patente da lei e direito internacionais. Com efeito, a referida directora da Huawei não cometeu nenhum crime, nem face às leis americana ou canadiana nem face à lei internacional, para ser colocada nesta posição. É, portanto, o equivalente ao nível de Estados de uma tomada de refém por bandidos. Reflecte este acto exactamente aquilo em que se tornaram os EUA, desde que os neocons fazem a lei, ou seja, desde as presidências de Bill Clinton, G. W. Bush, Obama e agora de Trump.

Em termos de lei internacional, os EUA deve ser considerado um «Estado pária», um «rogue State», pois as convenções e regras internacionais, quer as que regem relações ao nível dos Estados, quer de empresas tanto entre elas, como com Estados (direito internacional privado), estão a ser postas em causa flagrantemente pelos EUA, os quais só as invocam quando isso lhes convém para a sua retórica. 
Para cúmulo, também as convenções internacionais que protegem os cidadãos do arbítrio dos Estados, são espezinhadas, agora. 
Com esta política, os Estados-vassalos, particularmente na Europa, terão as maiores dificuldades de se alinharem e mesmo serão forçados a entrar em contradição com a política dos EUA. Já o fizeram em relação à retirada unilateral dos EUA do acordo com o Irão.  

Face a tanta falta de senso político e mesmo de senso comum, há que tentar compreender a razão e lógica subjacentes a isto tudo. Parece-me que o Estado profundo tem forçado Trump a aceitar políticas contrárias às suas crenças e à vontade que exprimiu na campanha eleitoral, que foram uma das razões porque foi eleito, sendo a outra, o facto de uma vasta camada de eleitores estar farta de ser humilhada por uma «elite» bem pensante (liberal de esquerda), que apoiava Clinton. 

Podemos criticar severamente as incoerências das posições e dos actos praticados por Trump, sem dúvida. Sem dúvida, ele tem responsabilidades. 
Mas, parece-me que ele está sujeito a chantagem. Parece-me que muito do que se passa por detrás da cena tem a ver com isso. Parece-me que o «Estado profundo» dispõe de meios eficazes de exercer chantagem. Usou essa chantagem com a pretensa cumplicidade russa na sua campanha e eleição de 2016, quando, na verdade, foram Obama e Hillary que deram aos russos a concessão (perigosa, em termos de defesa dos EUA), o acordo dito do urânio, segundo o qual os russos efectuariam a refinação do combustível nuclear, destinado às centrais nucleares americanas. 
Sabemos que o Estado profundo americano tem no seu passado o assassinato de um presidente (JF Kennedy) e de muitos outros destacados cidadãos (Martin Luther King, Malcolm X, etc, etc), para não falar do golpe de Estado, encoberto de ataque terrorista, do 11 de Setembro de 2001
Este Estado profundo não é «reformável» e nem creio que seja possível aplacá-lo. 
Trump tem sido obrigado a ceder em aspectos vitais da política americana. A própria composição do governo tem sofrido alterações no sentido de colocar homens e mulheres de confiança dos neocons, como John Bolton, enquanto garantes de que as políticas de Trump não tomem caminhos demasiado contrários aos desígnios estratégicos deles. 

Sem dúvida, os EUA são efectivamente um país de «partido único» como diz Chomsky, com duas alas, os Democratas e os Republicanos... Eu acrescentaria que por detrás da cena quem tem realmente a chave do poder nos EUA são os neocons, sendo estes voluntariamente, agentes do complexo militar industrial e securitário, agentes dos lobbies do armamento, da agro-indústria, da indústria farmacêutica e, sobretudo, da grande banca, de «Wall Street», os interesses financeiros, que possuem directa ou indirectamente uma enorme fatia dos EUA.

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

COMO É QUE O IMPÉRIO DOS EUA TRATA OS SEUS «ALIADOS»

Escrevo este artigo como comentário do muito bem informado e lúcido artigo de Grete Mautner, abaixo:

Não irei repetir os argumentos desta autora, com os quais estou geralmente de acordo, apenas tentarei acrescentar algumas reflexões originais.

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As pessoas têm tendência a ver com olhos favoráveis o papel dos EUA em relação à política europeia. No entanto, a memória é curta, basta relembrar o caso Gládio, que está na origem dos «anos de chumbo» em Itália, ou o constante e dedicado apoio à aliança de Portugal de Salazar e Caetano, com a África do Sul do Apartheid, que foi o eixo estratégico dos EUA para combater a «ameaça soviética» em África e conduziu ao prolongamento de uma guerra insustentável e perdida à partida para as forças portuguesas. Pois os líderes políticos desta «grande democracia» americana, não têm muitos motivos de se alegrarem com uma independência, mesmo que relativa, do bloco UE, que se poderia autonomizar ainda mais do ponto de vista económico, político e militar-estratégico em relação ao «Big Brother» dos EUA. 
A imagem da diplomacia dos EUA é a do «bully» que ameaça e faz chantagem permanente com adversários e aliados. Vezes sem conta, os EUA fizeram exactamente o necessário para colocar europeus uns contra os outros, como no caso do golpe arquitectado, financiado e monitorizado pelo governo de Obama, que derrubou um governo constitucional na Ucrânia, pondo no poder líderes de movimentos de extrema-direita e a tomada de muitas riquezas estratégicas deste país pelos interesses americanos. A imposição toma o lugar da diplomacia num país sem cultura de verdadeira consensualização, de harmonização de interesses: os EUA, sempre que podem, tentam impor a sua «lei» ao resto do mundo. Veja-se o caso das sanções contra o Irão e o «torcer da mão» de uma UE sem verdadeiro contra-peso para essa chantagem (uma expressão de Obama, usada em relação a adversários, mas que estaria bem também em relação a «amigos»). 
Acumulam-se os sintomas de que a UE vai ser objecto de manobras para a desestabilizar, já que esta se atreveu a pronunciar o tabu máximo: a possibilidade de construção de uma defesa autónoma, sem necessidade de recurso à NATO e portanto, a prazo, o definhamento e finalmente a total secundarização, senão a morte, da aliança estratégica agressiva. 
No plano financeiro, a guerra surda entre o dólar e o euro já existe, com a subida do juro (iniciada há mais de um ano) das taxas da FED, enquanto os das taxas equivalentes do BCE se mantinham próximos de zero; isto foi drenar muitos capitais para os EUA. Mas não é tudo:
- As patentes e escandalosas benesses fiscais de que as grandes firmas americanas beneficiam (como Apple e Microsoft) no espaço da UE não seriam toleradas a empresas da própria UE, 
- O esforço de guerra que os europeus têm efectuado nas aventuras neocoloniais em África, têm drenado para essas operações, sob a bandeira da NATO, muitos biliões, ao longo dos anos. 
- A presença da NATO no Afeganistão, um fracasso militar (americano principalmente) que se prolonga há 17 anos, tem como resultado a mobilização de forças europeias, desde as mais ricas, como a Alemanha, até às mais pobres como Portugal.  

De facto, a geração de políticos medíocres e oportunistas, que tem o poder numa grande parte dos países europeus, tem favorecido o jogo americano. Mas, no geral, um «bully» tem tendência a exagerar e a causar reacções naqueles que escolhe como vítimas: a opinião pública de países centrais na UE cada vez mostra mais claramente o seu repúdio por líderes submissos e que prestam vassalagem aos EUA. Por este motivo, mesmo os mais servis vassalos têm de dar um ar de independência, de vez em quando. 
Muito se fala nos media europeus de uma onda de populismo misturando este com o «trumpismo», mas que são realidades e conceitos distintos. 
O que os chamados «populistas» europeus pretendem é substancialmente diferente do que pretende a liderança do império. 
Aqueles pretendem um reapossar dos comandos do governo em mãos nacionais, contra a oligarquia de Bruxelas que tem desempenhado o papel de poder imperial «subordinado», ou seja enquanto vassalo directo de Washington. 
Ao contrário, Trump pretende que os EUA voltem a um relativo isolacionismo, abandonando a ingerência permanente como «polícia» mundial, assim como uma reindustrialização do país, podendo assim livrar-se da dependência em que se encontra em relação à China, a qual se tornou uma espécie de «fábrica do Mundo».
Em qualquer instância, o comportamento futuro dos EUA em relação aos seus «aliados» será o mesmo que tem sido até agora: 
- Afundem-se as economias da zona Euro, para que o dólar e os mercados dos EUA possam flutuar e até prosperar com o sofrimento alheio. 
- Uma Europa fraca do ponto de vista económico não poderá ser capaz de forjar um exército poderoso que dispense a presença «amiga» das bases da NATO. 
Aliás, o constante acirrar da tensão, usando constantes provocações militares contra a Rússia, tem como objectivo mostrar aos europeus que eles continuam a «precisar» das tropas americanas para sua defesa, como no tempo da Guerra Fria nº1.
Uma Europa dividida por rivalidades e querelas mas temerosa de desagradar aos seus senhores, será sempre terreno propicio para a diplomacia americana, tal como ela costuma fazer com países do «Terceiro Mundo» na África, Médio-Oriente, América Latina, etc. Para os olhos dos imperialistas dos EUA, a Europa é um espaço a manter sob seu domínio.

Os europeus são sistematicamente «deitados por debaixo do autocarro» pelos seus aliados:
- São os que têm de aguentar com o pior das crises económicas, para usufruto de Wall Street, 
- São os que aguentam com o peso económico e também militar estratégico de uma ocupação permanente do território com tropas estrangeiras (as bases da NATO), colocando esses países automaticamente na mira de um ataque nuclear preventivo por parte dos russos (o que se torna mais provável com a constante arrogância e provocação que tem sido a política americana em relação a estes)
- São os que têm de aguentar na sua fronteira com situações explosivas como a guerra civil da Síria com o seu cortejo de destruição e de violência, os refugiados, as crises de chauvinismo e a subida da extrema-direita aproveitando essas circunstâncias ou a secessão das regiões do leste da Ucrânia. Em ambas as situações é clara a interferência pesada de Washington, quer na sua eclosão quer na sua manutenção.
- São os que vão como «subcontratantes» para países de África como o Mali, a Rep. Centro-Africana, e outros, para manter no seu posto governos completamente submissos ao «Ocidente» a pretexto de combater grupos aparentados com a Al Quaida (mas, entretanto os grupos do tipo Al Quaida, na Síria são considerados «rebeldes moderados», visto que são úteis para combater Assad).

Infelizmente, tenho de ser pessimista no curto/médio prazo, pois não vejo nas forças que estão irrompendo no cenário, na maior parte dos casos, mais do que oportunistas explorando um sentimento de profunda frustração das massas, de desencantamento pelo paraíso do consumismo como a UE dos anos 80 e 90 se apresentou, de medo de perda da identidade e que vai de par com uma completa incompreensão do papel dos dirigentes no próprio desencadear das guerras causadoras de ondas de refugiados. Um cenário de nacionalismo «genuíno» é tão impossível como um voltar para trás no tempo, para o passado, para o século XIX. Com efeito, a afirmação duma nação com a sua expressão de comunidade política,  está historicamente correlacionada com a aliança precária entre classes - como a pequena, a média e a grande burguesia - para explorarem melhor e sem concorrência, os recursos dentro de cada país (a sua própria classe operária, inclusive). Mas o capital hoje em dia está verdadeiramente internacionalizado, nem sequer poderá haver um capitalismo auto-suficiente no mais rico e poderoso país do mundo, os EUA, quanto mais em pequenos ou médios países. Aliás nem isso seria bom, quer em termos de desenvolvimento humano, quer em termos de conservação da paz entre os povos.
Mas, este cenário de avanço dos nacionalismos tem como vantagem -para os EUA- fraccionar politicamente o espaço da UE. Para os EUA, isso vai tornar mais fácil subjugar o seu continente «aliado» e rival, a Europa. 
É possível que este seja o cenário em que se desmorone a UE ou em que esta seja relegada a mera união aduaneira.


quarta-feira, 26 de setembro de 2018

QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS DA SAÍDA NÃO NEGOCIADA DO REINO UNIDO DA UE?

                         

A cimeira de Salzburgo, na semana passada, para tentar aplanar problemas na negociação entre o governo britânico e a Comissão europeia, saldaram-se por um fracasso. Pior ainda, Theresa May saiu do encontro com a sensação de que a Comissão europeia não está a tomar a sério a posição do seu governo. 
Por outro lado, observadores com diversas inclinações políticas, apontam incoerências ao governo britânico. 
Embora o governo britânico queira fazer passar a mensagem de que a Comissão europeia não deseja verdadeiramente negociar, isso não é verdade
Esta Comissão propôs que a Grã-Bretanha integrasse o grupo da Área Económica Europeia, grupo que inclui a Noruega e a Islândia. 
A reacção da chefe do governo britânico foi de que isso seria trair o voto do Brexit. 
Seis meses depois, o governo britânico rejeitou outra proposta da Comissão, para um acordo de comércio. De novo, o governo da Grã-Bretanha, recusou pois queria apenas uma livre circulação de mercadorias, não dos serviços e muito menos de pessoas. 

No caso de não haver acordo, a saída acontecerá em Março de 2019, sem que se saiba ao certo como é que os muitos europeus continentais continuarão a trabalhar no Reino Unido. Provavelmente precisarão duma autorização de trabalho. 
-Os bens alimentares, importados em grande parte da União Europeia, sofrerão aumentos bruscos, pois serão aplicadas tarifas da ordem dos 22%, o que originará graves perturbações.
- Outros domínios susceptíveis de perturbação, vão do tráfego aéreo, passando pela comercialização de medicamentos, até às normas do manuseamento e transporte de materiais radioactivos.
- Uma fronteira «rígida» (hard border) poderia ser instalada entre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte.  
É difícil prever todas as perturbações no sector financeiro, «a City» e como iriam dar continuidade a toda uma série de serviços. 
A ruptura não ordenada iria fazer com que vários negócios, com importante clientela do continente europeu, se retirassem do Reino Unido antes de sofrer (de um e doutro lado) toda uma série de restrições, de impostos e tarifas... 

«Querendo guardar o bolo e comê-lo simultaneamente», ou por outras palavras, querendo que o Reino Unido usufrua de privilégios e não sofra contrapartidas, o governo britânico tem estado a negociar da pior maneira possível, arrastando o seu país para uma crise.

No curto prazo, quem ganhará com isso será o dólar e Wall Street. A libra esterlina e o euro sofrerão inevitavelmente. Em termos de captação de negócios tanto a City, como Frankfurt e outras praças financeiras do continente, ficarão a perder. 

Se o governo britânico der o dito por não dito, desautoriza-se perante a ala mais dura dos Tories e do eleitorado conservador. Se teimar com as mesmas posturas até ao final das negociações, arrisca uma saída sem acordo e todas as consequências acima apontadas. 

 É provável que, perante tão grande inabilidade ou casmurrice, financeiros e grandes industriais do Reino Unido queiram afastar May da chefia do governo.

Se houver eleições antecipadas em Novembro, isso não quer dizer que prevaleceu a vontade de Theresa May, antes o contrário: de que foi pressionada no interior do seu partido e pelo sector dos negócios (sobretudo o sector financeiro) e não lhe deram outra escolha. Assim, isso será a maneira de provocar a saída do desastroso governo Tory.