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domingo, 11 de agosto de 2019

UM IMPÉRIO EM COLAPSO

 Imaginemos um império em colapso: quais os principais sintomas desse colapso? 




Abaixo, uma lista sucinta, mas que ainda assim, possa ser reveladora (fornecer um diagnóstico): 

- O desmoronar dos valores morais que estavam na base da legitimação do poder. 
Pode continuar a produzir uma retórica oca, porém já é patente que a retórica não cola com a realidade dos actos. A corrupção torna-se o motor principal dos actores no teatro do poder.

- Um acentuar da componente militar, quer ao nível doméstico, quer multiplicando as bases e postos avançados aos quatro cantos do mundo. 
A utilização de forças militares, está associada à despesa colossal com equipamento e tropas.


- A incapacidade de subjugar militarmente inimigos e súbditos rebeldes.
Os fracassos sucedem-se; a ocupação de vastos territórios traduz-se em gastos humanos e materiais, sem que o império alcance os objectivos políticos dessas acções militares.

                               

           
- Incapacidade de impor universalmente a sua própria moeda como divisa padrão nas trocas internacionais.
Surgem novos tipos de moedas, como formas de troca e conservação de valor. São montados sistemas de intercâmbio nas transacções financeiras e  comerciais internacionais, que não passam pelo uso da moeda dominante.



- A dependência a outros países, para seu abastecimento.
Desde matérias-primas, a produtos manufacturados; da alimentação, aos componentes tecnológicos (micro-processadores, por exemplo).

- A utilização da força e da ameaça da força, sem recurso a uma verdadeira diplomacia.
O estabelecer relações de respeito e interesse mútuo é visto pelo poder como «cedência» do seu lugar hegemónico.



- As contradições constantes, no discurso e na prática.
A vontade da potência dominante tem de ser «lei», pode portanto mudar de acordo com suas conveniências. Não podem existir lei internacional, direito internacional e os tratados e acordos só comprometem os outros, não o poder imperial.

- Propaganda constante e massiva, dirigida tanto a amigos como inimigos, tanto interna como externa.
As  narrativas dum poder democrático, de respeito pela lei, de igualdade de direitos, etc. estão em contradição patente com os factos. Daí, o designar de inimigos externos como responsáveis por todos os males domésticos. 

Pode-se citar muitos outros aspectos semelhantes ou que são englobáveis nos exemplos acima, sendo estes vistos, não de uma forma pontual, mas em todas as suas ramificações.

A inspiração para esta listagem veio-me da leitura e audição das seguintes 3 excelentes fontes:

  - Um editorial da Strategic Culture Foundation -


 - Um editorial do blog The Saker -


- Um vídeo de entrevista a Diego Fusaro (em italiano) -

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

A (NOVA) GUERRA DA COREIA NÃO TERÁ LUGAR...

... Pelo menos, é isso que - parece - os coreanos do Sul pensam. 
Ou será antes que tal frase é expressão da indiferença da comunidade internacional? 
- Sim, porque a indiferença em relação a procurar compreender o que se está a passar é abismal! Os media, o principal instrumento de propaganda dos globalistas, estão interessados em fabricar notícias sensacionalistas, não em explicar os «como» e «porquê» das crises.

O regime da Coreia do Norte poderá estar a ser empurrado, pelos americanos, com o seu arsenal de sanções, a ripostar com aperfeiçoamento do seu arsenal de misseis e de bombas nucleares. Pois isto é - pensam eles - a única forma de evitar que os EUA desencadeiem um ataque surpresa, supostamente preventivo, para eliminar as armas nucleares norte-coreanas. 
Felizmente, o recém eleito presidente Moon da Coreia do Sul, já se pronunciou claramente no sentido de não permitir que seja desencadeada (iniciada) uma guerra contra o Norte. 
O Norte tem baterias de canhões apontadas a Seul: são cerca de 25 milhões de cidadãos da Coreia do Sul, ao alcance dessa artilharia, caso haja um ataque de surpresa. 
Não haverá hipótese de aniquilar de uma penada este dispositivo, que inclui unidades móveis, outras em esconderijos e bunkers, o que torna praticamente impossível que um ataque-surpresa fique impune, não sofra uma riposta, uma retaliação. 
Os americanos mantêm grande parte dos seus quartéis bem próximo (ou dentro) de Seul, para se assegurarem que - se eles forem atacados - a população civil sul-coreana também o será!

De qualquer maneira, vemos que esta crise está a fortalecer ao regime da Coreia do Norte, mostra que não receia o papão: a maior potência nuclear mundial. Mostra que não receia o império global militarista, cujo orçamento da defesa é muito maior do que os orçamentos conjugados das restantes grandes potências (China, Rússia, etc...). 
Esta crise mostra também  que o sistema das Nações Unidas está caduco e foi desenhado ou, pelo menos, manipulado para servir como instrumento de pressão e de chantagem ao serviço dos americanos. Não será por acaso que a sede está em Nova Iorque. 

Mas a incapacidade das potências em controlarem o problema da proliferação das armas nucleares está inteiramente dependente do grau de empenhamento, dos esforços concretos que estas mesmas potências tenham em relação à paz. Será o seu papel e dever, como membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, em resolverem os conflitos por via pacífica, em realizarem passos concretos na via do desarmamento, em relação às armas nucleares, em primeiro lugar; depois, às outras armas de destruição maciça (biológicas e químicas) e a reduzirem os arsenais das armas ditas convencionais, por fim.

Assim, a crise com a Coreia do Norte deve ser vista como uma crise do sistema da hegemonia mundial unipolar. Os EUA só sabem usar a força; a diplomacia não desempenha papel no seu «arsenal», senão como propaganda interna e internacional.
O seu modo de proceder é fácil de compreender: tudo o que questione a sua hegemonia é  visto como ameaça à «ordem globalista». A sua reação típica nestes casos, tem sido - neste terceiro milénio que se iniciou com uma hegemonia de Washington  - de desencadear guerras ditas «preventivas» (absolutamente proibidas e condenadas pelos próprios princípios da Carta da ONU!). 
Estas guerras não têm hipótese de ser "ganhas" (vejam-se os casos do Afeganistão, do Iraque, da Líbia, da Ucrânia, da Síria), mas devem ser geradoras do caos, através do qual Washington continuará a manipular e beneficiar das riquezas dessas regiões.

Veja-se também como as guerras, instigadas pelos EUA, se têm concentrado junto das fronteiras, ou nas zonas de influência, da grande potência rival, a Rússia. Esta política de atear fogos nas fronteiras dos que ameaçam a sua hegemonia estende-se também à China. 

O facto é que, nem a China, nem a Rússia, podem consentir que a população norte-coreana seja vítima dupla: dos que a governam (Kim Jon-un parece-me ser apenas porta-voz da junta político-militar) e dos que pretendem manter, por todos os meios, incluindo a guerra, a sua hegemonia mundial.

Não podem consentir por várias ordens de razões:
- Razões humanitárias: estariam a cometer o crime de genocídio, de punição coletiva da população civil indefesa, ela própria vítima. 
- Razões políticas: o completo isolamento do regime Norte coreano dificultará quaisquer iniciativas de apaziguamento, de resolução pacifica do conflito.
- Razões da sua própria segurança: A Coreia do Norte faz fronteira com ambas, Rússia e China. O precipitar duma guerra «a quente» irá desestabilizar as zonas fronteiriças, com milhares de refugiados, o que irá obrigar, numa ou noutra fase, à intervenção militar direta dum dos vizinhos, ou de ambos. Não esqueçamos que existem acordos de assistência mútua em vigor entre a Coreia do Norte, a China e a Rússia.
- Razões de estratégia mundial: Pois se os EUA querem tanto desencadear uma guerra com a Coreia do Norte, é precisamente para continuarem a sua política de instabilidade permanente, com focos de tensão nas fronteiras das potências rivais: o objectivo é sempre o mesmo, enfraquecer a China e a Rússia. 
Estas, estão claramente empenhadas em fazer emergir uma nova ordem mundial multipolar e isso é anátema para a potência hegemónica decadente.

Veja-se também o vídeo abaixo, mostrando as capacidades próprias da Coreia do Sul:




Eu posso conhecer factos, veiculados por fontes várias, sem adotar suas conclusões. Tem sido esta a minha postura e tenciono continuar nela, o mais possível.
Tenho-me inspirado bastante, ultimamente, na obra de F. William Engdahl, no site Strategic-Culture.org e noutras fontes: são um meio de nos mantermos informados e de lermos análises que saem da rotina da media prostituta ocidental.