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quinta-feira, 19 de agosto de 2021

INFLAÇÃO - quando a maioria acordar, já será tarde demais

« OH BABY, BABY, IT'S A WILD WORLD...»

(Cat Stevens)



A inflação é vista como algo que «cai dos céus», uma espécie de fatalidade ou um fenómeno que tem a ver com a ganância dos comerciantes ou as reivindicações excessivas dos trabalhadores. Estas pseudo- explicações são - muitas vezes - propagadas e reforçadas por demagogos, estejam eles nos governos, ou nas redações de órgãos de informação corporativos. 

Mas, na verdade, a inflação é sempre um fenómeno monetário, em última instância. E quem decide sobre a massa monetária total e em circulação, são os bancos centrais. Estes, por sua vez, são serventuários dos muito ricos multimilionários ou bilionários que controlam a economia, as instituições e que se têm enriquecido, como nunca, nesta crise dita «do COVID». 

Mas, no lado oposto da escala, vendo o que se passa com os biliões de pessoas que vivem do seu trabalho e que têm apenas conseguido subsistir, a inflação é uma rápida e inexorável descida para a pobreza. Com efeito, os salários e outros rendimentos (pensões de reforma, por exemplo) são mantidos tal e qual no seu valor nominal, quanto muito, são ajustados tardiamente e nunca de forma a compensar o poder aquisitivo perdido.   

Muitas pessoas - hoje em dia - recorrem ao crédito: Para comprar casa, para comprar carro, para ir de férias, para estudar na universidade, etc. Os juros dos diversos créditos têm-se mantido abaixo da média histórica, mercê da política de supressão dos bancos centrais.

Mas este processo depende da capacidade dos bancos centrais convencerem os mercados a comprar as obrigações soberanas, cujos juros são praticamente nulos, ou mesmo negativos, se tivermos em conta a taxa de inflação. Chega um ponto em que a confiança dos atores desaparece. Em vez de  comprarem obrigações do tesouro, querem desfazer-se delas rapidamente. Os juros sobem, para encontrar compradores para essas obrigações. Foi assim que os juros da dívida portuguesa, em 2010, ultrapassaram os 10%. Ou seja, para que houvesse compradores, o Estado português tinha que oferecer um juro muito alto. O mesmo se passou com outros Estados. Para o Euro não rebentar, o Mário Draghi, então presidindo o Banco Central Europeu (BCE), disse a célebre frase... de que «faremos tudo aquilo que seja necessário, para preservar o Euro...» 

Mas, hoje em dia, a inflação de ativos financeiros, em todo o mundo (sobretudo nos EUA, mas também nos restantes países «Ocidentais»), atingiu um extremo completamente inédito. Se a valorização das ações em bolsa tivesse um significado real, isso significaria que as empresas cotadas, teriam ficado, de repente, com uma rentabilidade 20, ou 30 vezes maior. Isto, obviamente, não acontece, mesmo com empresas muito lucrativas. 

O efeito desta inflação dos ativos financeiros, obtida com o auxílio do banco central dos EUA, a FED, imitado por outros grandes bancos centrais (ECB, Bank of Japan, Bank of England, ...), ainda não se manifestou plenamente na economia quotidiana, na produção e no consumo de bens e serviços. Quando isso acontecer, será uma horrível catástrofe para as pessoas comuns.

Imagine-se uma espiral inflacionista, fora de controlo: Os preços sobem com uma progressão geométrica, como já se verificou, aliás, em «n» situações na História. A sobrevivência das pessoas é posta em causa, brutalmente. 

As empresas deixam de funcionar, vão à falência. O número de desempregados aumenta rapidamente para duplos dígitos em percentagem. Os sistemas de segurança social, mesmo dos países ricos, são impotentes para suprir o essencial, a toda essa massa de desempregados.

Dá-se, não só a rutura dos sistemas de segurança social, como também de muitos outros serviços essenciais do Estado, desde a prestação de serviços à comunidade (centros de saúde, hospitais, escolas, etc.), até ao próprio «coração» do Estado: As forças policiais, elas mesmo, deixam de ser capazes de manter um mínimo de ordem. Os roubos, assassinatos, violências de toda a espécie, multiplicam-se. 

Os governos vão apelar aos militares para «restabelecer a ordem», quando não forem os próprios militares a  instaurar a ditadura. Como sempre, esta será declarada situação «excecional» e «transitória», mas terá toda a probabilidade de se perpetuar durante decénios.

É este o cenário em perspetiva, que ninguém, ou quase, lhe diz: O que tem estado a acontecer diante dos nossos olhos, é o reforço das estruturas repressivas, a erosão do Estado de Direito, sob o pretexto do COVID. Esta manobra será, mais cedo ou mais tarde, desmascarada pela própria evolução dos acontecimentos. Nessa altura, uma grande maioria das pessoas compreenderá que foi sujeita a alucinação coletivaMas, será demasiado tarde: Com o pretexto de nos preservar «do vírus mortífero», a ditadura dita «sanitária» JÁ ESTARÁ PLENAMENTE INSTALADA. 

Quando a oligarquia globalista vir que o seu poder está suficientemente consolidado, irá deitar abaixo a «economia Potemkine» ou a arquitetura financeira «castelo de cartas». Para a oligarquia, os pouquíssimos bilionários, não há prejuízo: Eles já compraram imenso capital que não é fictício, mas que é sólido, que dá sempre um rendimento, como as grandes quantidades de imobiliário (vejam-se as aquisições da «Blackrock*», por exemplo) ou de terras agrícolas (Bill Gates tornou-se no maior proprietário de terrenos agrícolas nos EUA, num instante...). Além disso, têm ilhas privativas com bunkers, muito bem equipados, capazes de albergar confortavelmente seus donos durante meses. Para o resto da população, é melhor nem falar...

O governo mundial ou «Nova Ordem Mundial», no seguimento do «Great Reset» estará instalado (veja a agenda 2030 da ONU, por exemplo), será muito mais sólido do que os regimes capitalistas «clássicos». 

Estes precisavam dum mercado dito «livre», portanto, com alguma liberdade. Pelo menos, numa sociedade de «livre mercado», tem de haver alguma liberdade de palavra e de opinião, porque o funcionamento da economia implica concorrência, implica conflito, implica classes, que têm interesses contraditórios. As sociedades de «democracia liberal» são basicamente assim....ou melhor, eram... Pois, se os oligarcas levarem a melhor, as pessoas «não possuirão nada». 

Quanto a «... serem felizes», como afirmam Klaus Schwab e outros: São frases ocas, como as promessas que nos faz a publicidade. No fundo, trata-se duma ironia cínica e cruel: «considera-te feliz, por sobreviveres e nos servires». 

Os leitores podem consultar diversos artigos neste blog desde 2016, onde tentei, com a máxima precisão e fornecendo informação significativa, fazer um apanhado da evolução da economia «de casino», das manigâncias dos poderosos e dos perigos que as pessoas comuns enfrentam.

Se eu acertei, antes das coisas se tornarem evidentes para todos, não é por ter uma capacidade excecional, ou por possuir uma rede formidável de informadores!! Não!! 

O que escrevo, é algo que a oligarquia bem sabe; é ela, a autora da estratégia. Também o sabem os seus lacaios e vassalos, que se agitam na política e na média. Eles sabem, mas calam a verdade: Especializaram-se em desinformar as suas vítimas, as atuais e as futuras. 

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(*)Para informação sobre o universo Blackrock, veja AQUI






quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

[Manlio Dinucci] A Finança Global Controla a Itália: Governo Draghi, Por Quem Os Sinos Dobram

 https://www.globalresearch.ca/financial-establishment-controls-italy-draghis-government-for-whom-the-bell-tolls/5737630


Em Roma, a transferência entre o ex-primeiro-ministro Giuseppe Conte e Mario Draghi ocorreu no Palazzo Chigi com a tradicional cerimónia do sino. Enquanto se aguarda a verificação de qual será o programa político do novo governo multipartidário, apoiado por quase todo o arco parlamentar, as suas orientações podem ser previstas nos currículos de alguns ministros e do Primeiro-Ministro. Roberto Guerini (Partido Democrático) e Luigi Di Maio (Movimento 5 Estrelas) foram reconfirmados nas pastas da Defesa e das Relações Exteriores, um fato que indica que o governo de Draghi fortalecerá ainda mais o “Atlantismo”, que é a adesão da Itália à NATO sob o comando dos EUA. Os últimos actos dos dois Ministros do Governo anterior são emblemáticos.

O ministro da Defesa Guerini embarcou no porta-aviões Cavour, da Marinha italiana, que partiu de Taranto para os Estados Unidos, onde adquirirá a certificação para operar os caças F-35B de 5ª geração da Lockheed Martin. Depois de reiterar que “a relação transatlântica com os Estados Unidos - uma grande nação com a qual nosso país tem uma ligação profunda - desempenha um papel essencial para a Itália”, o ministro sublinhou que “a Itália se tornará um dos poucos países do mundo, junto com os Estados Unidos, Grã-Bretanha e Japão, dispondo da capacidade de possuir porta-aviões com aeronaves de combate de 5ª geração. ” Acima de tudo, graças ao grupo Leonardo, o maior produtor de guerra italiano, que participou da construção dos F-35s.

Na esteira da estratégia EUA / NATO, o Ministro das Relações Exteriores Di Maio foi a Riad, onde assinou um memorando de entendimento de “diálogo estratégico” com a Arábia Saudita, a Monarquia absoluta que o grupo Leonardo está ajudando no uso dos Euro- caças Typhoon e que estão bombardeando o Yemen, também abastecendo a Arábia Saudita com os mais avançados de navios de guerra, que está construindo nos Estados Unidos.

O mesmo grupo Leonardo reaparece no currículo do físico Roberto Cingolani, nomeado para o novo “Super-Ministério” (solicitado pelo líder ideológico do Mov. 5 Estrelas, Beppe Grillo) para a Transição Ecológica: Cingolani é especialista em nanotecnologia e em robótica, e foi responsável pelo departamento de tecnologia e inovação do grupo Leonardo desde 2019, “um actor global em Aeroespacial, Defesa e Segurança”, cada vez mais integrado ao gigantesco complexo militar-industrial dos EUA. 30% do capital do grupo é detido pelo Ministério da Economia, chefiado por Giancarlo Giorgetti, número dois do Partido «Lega» e braço direito do líder da «Lega», Matteo Salvini. Definido como um "auditor", vai cuidar dos 30 mil milhões de euros, já atribuídos pelo seu Ministério para fins militares, e os outros 25 milhares milhões provenientes do Fundo de Recuperação para elevar os gastos militares italianos de 26 para 36 milhares de milhões por ano, conforme solicitado pelos EUA e pela NATO. Esta tarefa será também confiada ao novo Ministro da Economia e Finanças, Daniele Franco, ex-Director-Geral do Banco da Itália, oficialmente uma instituição de direito público, onde participam 160 bancos e fundos de pensões.

No novo governo, os “técnicos” têm mais poder do que os “políticos”. O currículo de Mario Draghi vem demonstrá-lo: de director executivo do Banco Mundial em Washington passou para director do Ministério do Tesouro em Roma, onde desenvolveu a privatização das principais empresas públicas italianas; de vice-presidente do banco americano Goldman Sachs (um dos maiores bancos de negócios do mundo) passou a Governador do Banco da Itália e a Presidente do Banco Central Europeu. Draghi é, ao mesmo tempo, um membro do «Grupo dos Trinta», a poderosa organização financeira internacional com sede em Washington, que a Fundação Rockefeller criou em 1978.

Assim, o poder do Complexo Militar-Industrial e das altas finanças fortaleceram-se com o governo de Draghi, constituindo mais uma perda para os princípios de soberania e do repúdio à guerra, consagrados na Constituição italiana. Não fosse assim, o Ministério da Transição Ecológica iniciaria a sua actividade eliminando a maior ameaça que pesa sobre o ambiente: as armas nucleares americanas instaladas em Itália.


Este artigo foi publicado originalmente em italiano no Il Manifesto.

Manlio Dinucci  é Pesquisador Associado do Center for Research on Globalization.

segunda-feira, 18 de junho de 2018

ECB E OUTROS BANCOS CENTRAIS REUNIDOS EM SINTRA

                       
A reunião em Sintra deverá apresentar poucas novidades e não terá outro fim senão propaganda.
 Espera-se que Draghi avance com alguns detalhes sobre a política do ECB para o próximo ano, em particular dê pistas sobre o modo como as compras de activos pelo ECB vão reduzir-se ao longo do tempo. O crescimento anunciado das taxas de juro, esse vai ter que esperar mais tempo. Assim, o ECB mantém as taxas perto de zero, durante pelo menos mais um ano. 
As medidas drásticas pós crise de 2008, a política de zero por cento de juros, a compra de activos -muitos deles tóxicos - aumentando a carteira dos bancos centrais até níveis nunca vistos antes, supostamente terão levado a uma recuperação da crise. Porém, tal não é nada líquido. Primeiro porque esta «recuperação» é a mais incipiente e prolongada no tempo, com uma série de indicações da economia real que os podem legitimamente fazer duvidar do efeito benéfico das medidas. Estas tiveram como resultado mais palpável a subida das bolsas de acções nos vários países ocidentais, mas em grande parte esta subida não corresponde a um efeito de maior desempenho das empresas ou de maior disponibilidade de meios das famílias ou mesmo de investidores institucionais, como os fundos de pensões. Estes aumentos das bolsas explicam-se sobretudo por um lado, pelas auto-compras realizadas pelas grandes empresas, pois obtinham crédito praticamente gratuito, tendo usado largamente esse crédito para aumentar artificialmente a sua cotação bolsista (satisfazendo assim os accionistas  e enchendo com bónus as algibeiras dos gestores) e, por outro pelas avultadas e sistemáticas compras pelos bancos centrais, nomeadamente temos conhecimento do facto no caso do banco do Japão e do banco nacional suíço, mas penso que haverá outros. Além disso, a compra sistemática das obrigações soberanas - pelo ECB - criou uma distorção muito grande no mercado do crédito. A anulação deste «quantitative easing» pelo ECB irá com certeza originar muitas perturbações nos mercados, sobretudo nos do imobiliário e no crédito às empresas, ambos com efeitos «bola de neve» potencialmente catastróficos.
Mas os banqueiros centrais e os políticos dos governos respectivos todos eles dançam a mesma dança: uma vez é o BCE, outra vez a FED, outra vez o Banco Central do Japão. Os bancos centrais da China e da Rússia, às vezes, também participam na valsa, embora não o façam ao compasso dos ocidentais... tentam desligar-se da hegemonia do dólar: o banco central russo desfez-se de metade das obrigações do tesouro dos EUA em Abril. O banco central da China também vem reduzindo a sua exposição ao dólar. 
Num contexto de guerra económica, os prejuízos das altas tarifas no comércio (impostas por Trump) terão como resposta, vendas maciças das obrigações do tesouro dos EUA, originando descidas no valor de mercado das mesmas. Apenas a FED e o Tesouro dos EUA irão adquirir esses activos, mas estão limitados, pois a dívida gerada acumula-se sem controlo. 

Em geral, existe uma orientação globalista dos bancos centrais ocidentais, que permite que a oligarquia se tenha mantido e enriquecido, enquanto a imensa maioria tem vindo a perder capacidade económica. Os dirigentes que andam há quase dez anos a espevitar a inflação, com o objectivo de espevitar a economia,  podem ser responsabilizados pela ruína das «classes médias» na Europa ou na América. Com efeito, aqueles cujos salários ou pensões - no melhor dos casos - estagnaram em termos nominais, desde há uma década, tiveram um decréscimo de nível económico da ordem de 50% ou mais. Mas os economistas com vendas nos olhos ou comprados pela grande finança, continuam a pregar a teoria «neokeynesiana», que cada vez se torna mais grotesca por, sistematicamente, o remédio preconizado levar ao contrário do que tinham desejado. Isto chama-se (para retomar a célebre definição de Einstein)  insanidade, ou seja, repetir vezes sem conta o mesmo acto, apesar de resultados contrários  ao objectivo pretendido: O «quantitive easing» conduz à destruição de capital, pois massa monetária não é igual a riqueza, o que toda a gente sabe!