domingo, 10 de março de 2024
HAENDEL, BACH, SCARLATTI - ANNE QUEFFÉLEC AO PIANO (Folles Journées de Nantes, 2024)
OPUS. VOL. III 6. OUVI O ANJO DA MORTE
6. OUVI O ANJO DA MORTE
Ouvi o Anjo da Morte;
falou-me ao ouvido
Serena, amistosa, disse-me estas palavras:
" Não temas, homem, esta passagem
Ela parece difícil e terrível
Porque os humanos
A descrevem como algo horrendo
No entanto, a vida (essa sim)
Pode ser horrível e bela
A morte é passagem, somente
Ela não te faz sentir nada
Tu deixas de sentir
Nem sentes, nem guardas consciência
Como poderias sofrer
Chega um momento de passagem
Para o Além
Não te posso dizer nada sobre o Além
Nem o que lá irás encontrar
Só te digo que as imagens
De todas as Religiões
São infantis, são projeções
Serena pois e prepara- te
Para esta jornada;
- Nada do que seja teu
Vai quedar-se tal qual
Teu corpo, teus pertences
Pessoais, teus bens, tua obra
Tudo vai cambiar e a marca
Da tua personalidade
Vai esbater-se, até mesmo
Nos entes queridos;
É assim e não vale a pena lamentarA lei da vida inclui a morte:
Descansa sobre a sabedoria
Destas palavras."
Assim me falou ela.
E como anjo belo
Alevantou-se,
Retomando o caminho
Das nuvens.
quarta-feira, 17 de maio de 2023
CONCERTOS BRANDEBURGUESES, J. S. BACH
Durante a minha infância e adolescência tive a sorte de ser colocado em contacto com múltiplos exemplos de arte dos sons, em edições contendo pequenos discos de 45 rotações, dentro dos quais eram traçados os principais aspetos da música, da vida e da personalidade de diversos compositores.
Recordo que, no caso do álbum da vida e obra de Bach, os concertos brandeburgueses ocupavam um lugar de destaque. Esta foi uma escolha com inteira justiça, pois estas joias do barroco musical têm inesgotáveis belezas; umas patentes, outras mais subtis.
O pequeno auditor pode ficar entusiasmado com a riqueza e diversidade das orquestrações; o jovem, mais maduro, pode compreender a subtileza e adequação do caráter da peça ao conjunto de instrumentos selecionado; o auditor de meia idade pode refletir sobre as formas musicais que apresentam uma grande diversidade, ao ponto de serem como um «reportório» da arte contrapontística de Bach e da sua inesgotável criatividade nas partes solistas.
Se se ouvir frequentemente e com atenção estes concertos, pode-se ficar como que impregnado do saber dos processos que ele usou como compositor de música instrumental profana. Este Bach, aliás, não está de modo nenhum dissociado do Bach das Cantatas sacras. O que nos parece evidente, hoje em dia, não o foi durante séculos: O compositor de música sacra tinha de obedecer a regras que não se aplicavam, ou que eram muito mais elásticas na aplicação, quando tinha que compor e executar música profana.
Mas, Bach não contrariou a grande tradição musical europeia: Integrou as diversas escolas e correntes de várias nações, tendo composto ao gosto e seguindo os traços característicos de cada uma delas. Isto é o equivalente musical dum autor literário, não somente conseguir falar e escrever em várias línguas, como ser capaz de compor - com talento - romances, poemas, etc. noutros idiomas que não o seu, com excelente qualidade.
Admiro muitos outros compositores, antigos ou contemporâneos. Mas, continuo, depois destes anos todos, a ficar estarrecido perante a elegância, a flexibilidade e a erudição do grande Mestre João Sebastião.
Bach moldava a matéria musical como Deus molda o Universo. Por isso, o sopro divino transparece claramente em peças de Bach que não têm relação explícita com o sagrado.
segunda-feira, 20 de março de 2023
J. S. BACH : CAPRICCIO SOPRA LA LONTANANZA DE SU FRATELLO DILLETISSIMO
Uma obra de juventude, provavelmente composta em Arnstadt, por volta do tempo em que seu irmão Johann Jacob entrou ao serviço do Rei Carlos XII da Suécia, em 1704.
terça-feira, 6 de setembro de 2022
Prelúdio e fuga Nº. 6, BWV 875 do 2º LIVRO do «CRAVO BEM TEMPERADO»
As peças dos 2 livros do «Cravo Bem Temperado» de J.S. Bach, são bem conhecidas: Não faltam integrais de ambas as recolhas, de entre as quais se podem escolher interpretes e instrumentos ao gosto de cada um.
Porém, uma das caraterísticas fundamentais destas COLETÂNEAS PEDAGÓGICAS é serem exercícios de estilo, de «bom gosto», mais do que meros exercícios de aperfeiçoamento da execução.
Praticamente todas as peças exigem muita destreza e controlo do executante, num ou noutro aspeto. Porém, não são certamente concebidas para exercitar a velocidade. Ora, alguns interpretes caem no erro de executar certas peças, no máximo da velocidade de que são capazes. Com isso, lamentavelmente, desnaturam a musicalidade dos prelúdios e fugas!
É portanto crítico encontrar o andamento adequado para as referidas peças, de modo que possa sobressair sua beleza própria. É importante também o temperamento , quer enquanto sinónimo de afinação do instrumento, quer no sentido metafórico, ou seja do caráter.
A escolha que fiz de interpretações abaixo podem não ser das mais célebres, mas são as que me pareceram mais apropriadas para exprimir o espírito da peça, quer interpretada ao cravo, quer ao piano.
A partitura da fuga, pode ser visualizada AQUI.
sábado, 3 de setembro de 2022
J.S. BACH: PRELÚDIO & FUGA E EM LÁ MENOR BWV 543
Bach regressou a Muelhausen sem noiva e sem o lugar de organista da Marienkirche. Ele demorou-se, porém, muito mais do que o tempo que lhe tinha sido autorizado. Apesar disso, Bach não foi despedido e manteve-se em Muelhausen como organista, até conseguir o mais prestigioso lugar de Mestre-de-Capela do Duque de Weimar.
Mas, afinal, a visita a Buxtehude permitiu que Bach assimilasse, deste e doutros mestres do Norte, o exuberante e luminoso estilo, que transparece nas Toccatas, Fantasias e Prelúdios.
O Grande Prelúdio e Fuga BWV 543 é uma magnífica peça no referido estilo!
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PRELÚDIO & FUGA E EM LÁ MENOR BWV 543
HELÈNE GRIMAUD (piano)
terça-feira, 30 de agosto de 2022
J.S. BACH: FANTASIA E FUGA BWV 542
Anastasia Seifetdinova, nesta gravação em recital, com seu perfeito domínio técnico e estilístico, permite-nos apreciar a força e delicadeza que emanam da transcrição pianística de F. Liszt da peça para órgão de Bach.
terça-feira, 26 de julho de 2022
J. S. Bach: Allemande da Suite francesa Nº 4 em Mi bemol maior
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022
[Leonid Kogan] CHACONNE PARA VIOLINO SOLO BWV 1004
domingo, 2 de janeiro de 2022
[J.S. Bach] SONATAS EM TRIO PARA ÓRGÃO (SIMON PRESTON)
sexta-feira, 24 de dezembro de 2021
[J. S. BACH] SINFONIA DO ORATÓRIO DE NATAL
Bach: Weihnachtsoratorium, Sinfonia - Sir John Eliot Gardiner
quarta-feira, 18 de agosto de 2021
J. S. BACH: CANTATA «WACHET AUF...» - BWV 140
quarta-feira, 17 de março de 2021
BIOGRAFIA DE BACH + PAIXÃO SEGUNDO S. MATEUS
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021
J.S. BACH E A GLÓRIA DIVINA NA MÚSICA
Pois, este segundo andamento da Sonata em Trio em Mi menor de J.S. Bach corresponde exactamente ao estado de espírito acima descrito: O que é agradável, dispõe bem, dá optimismo, deve ser usado para celebrar o culto para glória de Deus.
segunda-feira, 9 de março de 2020
J. S. BACH: CONCERTO BWV 1052
quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020
ALESSANDRO MARCELLO - CONCERTO EM RÉ MENOR PARA OBOÉ E ORQUESTRA
domingo, 2 de fevereiro de 2020
quarta-feira, 17 de abril de 2019
PRELÚDIO E FUGA BWV 847 POR ANDRÁS SCHIFF (piano)
O que me agrada mais nesta interpretação é que «não tem pressa de chegar ao fim».
No tempo de Bach (e mesmo depois), a humanidade não podia ter uma experiência sensorial de deslocar-se a maior velocidade que a do cavalo a galope. Este, porém, nunca podia dar sua máxima velocidade durante longo tempo, estando limitado pela sua biologia.
Assim, as pessoas podiam desenvolver uma técnica de dedos permitindo-lhes correr no teclado a grande velocidade, mas tal não significa que as composições tivessem de ser interpretadas na velocidade máxima possível. Com efeito, as interpretações ultra-rápidas parecem mecânicas, sem calor humano, vazias.
No presente, tenho verificado que a rapidez de execução é tomada como coisa excelente, quando deveria antes ser a escolha do andamento certo e apropriado para uma dada peça.
segunda-feira, 1 de abril de 2019
J.S. BACH: 'SCHAFE KOENNEN SICHER WEIDEN'
«As ovelhas podem pastar em segurança», uma ária da cantata BWV 208 (composta em 1713).
Esta cantata profana é conhecida como a «Cantata da Caçada» e foi composta para o casamento do Duque de Saxe-Weissenfels.
Solista: mezzo-soprano Magdalena Kozená
domingo, 23 de dezembro de 2018
«NÃO CHORAI POR MIM; POIS VOU PARA ONDE A MÚSICA PRINCIPIA...»*
A interpretação magistral e digna, da grande obra de Bach, o concerto para 2 violinos BWV 1043.
https://www.youtube.com/watch?v=DJh6i-t_I1Q