Muitas pessoas aceitam a situação de massacres de populações indefesas em Gaza e noutras paragens, porque foram condicionadas durante muito tempo a verem certos povos como "inimigos". Porém, as pessoas de qualquer povo estão sobretudo preocupadas com os seus afazeres quotidianos e , salvo tenham sido também sujeitas a campanhas de ódio pelos seus governos, não nutrem antagonismo por outro povo. Na verdade, os inimigos são as elites que governam e que são detentoras das maiores riquezas de qualquer país. São elas que instigam sentimentos do ódio através da média que controlam
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segunda-feira, 26 de junho de 2023

CRISE DE SUPERPRODUÇÃO DO VINHO

 https://www.zerohedge.com/commodities/europe-drowns-wine-eu-adopts-crisis-measures-rescue-producers



Em vários países europeus, o vinho estava mais ligado ao mercado externo do que ao consumo interno. O agravamento da crise reflete-se nos diversos países, no chamado consumo de luxo. Mesmo o vinho de média qualidade é considerado como luxo em países não tradicionalmente produtores, por exemplo os da Europa do Norte, da América do Norte e muitos países Africanos e Asiáticos. O mercado está saturado porque este produto tem tido uma expansão contínua desde há décadas, ora, apesar de novos países se abrirem ao consumo do vinho, uma expansão do mercado não pode durar sempre. Tem de vir um momento de contração.

No caso do vinho, essa contração coincide com a provocada pela inflação mundial, assim como as piores previsões económicas, relativas a países afluentes e que eram tradicionalmente consumidores de vinho dos países do Sul da União Europeia, como a Alemanha ou o Reino Unido.

Ao nível nacional, os portugueses têm diminuído o consumo de vinho, o que tem causas múltiplas, entre elas o acentuar da inflação (que toca mais os produtos não-essenciais), a diminuição do poder de compra das classes menos favorecidas e da classe média, a evolução do consumo das camadas mais jovens que se têm desviado para o consumo das cervejas (nomeadamente, as «artesanais») e para os álcoois fortes, ingredientes de cocktails ou «shots», muito em voga. 

 Dá-se a situação de retração simultânea nos mercados interno e internacional, em especial, para os países menos afortunados da UE, mas também em países beneficiando (ainda) de confortável nível de vida. 

As marcas de vinho deveriam ter visto esta crise chegar, mas - pelo menos em Portugal - insistiram em subir constantemente o preço dos vinhos nos supermercados, ao ponto de que, vinhos correntes passaram a ser algo que muitos agora consomem apenas em ocasiões especiais.  O setor vinícola, além de fundamental economicamente em várias zonas agrícolas do país, era também enorme fonte de divisas, não apenas na exportação, como no consumo dos turistas dentro de Portugal. 

As zonas do Sul da Europa já são as principais vítimas económicas do cerco contra a Rússia, mesmo antes do inicio da guerra imposta pelos belicistas da OTAN, assim como pelos globalistas:  

- Estes, não se importam com a sobrevivência económica dos mais fracos, preferindo até que haja muito desemprego, para manter as populações debaixo do jugo da necessidade. 

Estas populações serão «beneficiárias» do «Rendimento Mínimo Universal», em conjugação com a introdução das «Divisas Digitais dos Bancos Centrais». 

Tudo corre às mil maravilhas para os globalistas: Podem fazer «à saúde», erguendo os copos, cheios dos vinhos mais caros do mercado!

terça-feira, 11 de outubro de 2022

Crise energética na UE e oportunidade para os EUA...

 ... de que falava Blinken: Sim, é uma oportunidade para o business americano, sem dúvida. 

O Gás Natural Liquefeito (LNG na sua sigla em inglês) é obtido, nos EUA, a partir de depósitos de gás de xisto. A indústria de produção de petróleo e de gás de xisto apresentou-se primeiro como um grande negócio e muitos investiram nas ações das empresas do xisto. 

Porém, a enorme dívida que se acumulou no setor, tornou-o pouco rentável ou mesmo não rentável. O segmento menos rentável era justamente relacionado com a extração e todo o processamento que leva ao LNG. Com a agudização da crise ucraniana, os poços de gás de xisto e as respetivas empresas tornaram-se de novo rentáveis. 

A garantia de um mercado cativo, o dos súbditos europeus, permite tornar rentável algo que raramente ou dificilmente o podia ser. Com efeito, as operações de compressão e  liquefação do gás natural são onerosas e gastam energia! A armazenagem do LNG, o transporte em navios-cisterna especialmente desenhados para o efeito, a necessidade de instalações portuárias especiais, tanto nos portos de origem como de destino, tornam a margem de lucro destas operações muito pequena.

O processo só pode ser rentabilizado com um preço de monopólio, ou seja, se os compradores estiverem obrigados a abastecer-se de gás natural (LNG) proveniente dos EUA e não da Rússia. 

O atentado terrorista dos gasodutos Nord Stream encontra aí o beneficiário do crime. Os executores podem ter sido, além dos americanos, os britânicos  também, pois estes tinham a motivação, o interesse e a capacidade técnica para isso. Também podem ter colaborado ativamente  os noruegueses e os polacos, que estavam quase a estrear a entrada em funcionamento doutro gasoduto, trazendo gás natural da Noruega para a Polónia. Lembro que são países inteiramente «fieis» à NATO. 

         Reprodução do selo «comemorativo» do atentado contra a ponte da Crimeia.

É bem possível que vários outros países tenham participado, pois as águas onde se deu o atentado são constantemente vigiadas por satélite, por dispositivos de sonar, por câmaras submersas etc., para impedir que qualquer submarino russo possa atravessar essas águas sem ser detetado. Este sistema apertado e sofisticado não podia ser iludido nem pelos russos, nem por ninguém. Logicamente só dando o conhecimento prévio aos países (da NATO) vizinhos (Dinamarca, Alemanha, Suécia e Polónia) esta sabotagem poderia ter sido levada a cabo, não fossem os «sabotadores legítimos» ser confundidos com os mauzões dos russos. 

De qualquer maneira, este atentado não foi isolado. Lembro a frequente utilização da central nuclear de Zaporozjnie (ocupada pelos russos) como alvo dos mísseis ucranianos, arriscando um acidente nuclear com disseminação  de radiatividade no ar e nos rios. Houve também uma central em território russo, que foi alvo de tentativa de sabotagem por parte dum comando ucraniano. 

O atentado contra a ponte que liga a província russa da Crimeia à parte continental da Rússia foi endossado pelo governo e serviços secretos ucranianos. Ele não foi a única causa de retaliação dos russos. Poucas horas depois, houve uma barragem de mais de 70 mísseis russos contra alvos governamentais em Kiev e noutras cidades da Ucrânia. Também foram destruídas centrais elétricas e centros de retransmissão de energia elétrica. 

Os russos deram um claro sinal ao governo do «Banderastan» e às forças políticas que o apoiam, que são teleguiados pelo Pentágono, pela CIA e pelo Departamento de Estado do Tio Sam (juntamente com outros comparsas da NATO). 

 Pelo menos, desde o atentado - por uma agente dos serviços secretos ucranianos - que vitimou  Daria Dugina perto de Moscovo (início de Agosto), os ucranianos intensificaram sabotagens em solo russo e bombardeamentos contra a república do Donestsk, em zonas urbanas sem interesse militar, causando muitos mortos civis. 

Se os americanos, usando os seus fantoches de Kiev, estavam convencidos de que iriam poder continuar com estes atos de terror impunemente, eles iriam redobrar de audácia e criminalidade. 

No geral, muitos países que não estão debaixo da tutela americana percebem as razões que assistem à Rússia, a qual teve (e tem) uma ameaça existencial às suas portas, desde 2014, desde o golpe de estado, cozinhado pela administração americana e vários países da UE.

Pode dizer-se que - na guerra pelos recursos energéticos - a húbris de americanos e outros ocidentais, faz com que estes acabem por perder. Por exemplo, o projeto petrolífero na península de Sakalina, no extremo oriente russo, já não terá a participação de 30% da Exxon-Mobil. Os russos convidaram a Índia a tomar o lugar dos americanos. 

Os países da OPEP irão reduzir a sua produção em 2 milhões de barris diários. Eles argumentam que precisam de sustentar os preços. No entanto, nunca se tinha visto a Arábia Saudita dizer «não» aos americanos, seus protetores e fornecedores de armas. Os americanos estão furiosos e dizem que agora a Arábia Saudita está a «fazer o jogo dos russos». 

O Império não consegue manter sua hegemonia, nem sequer consegue fazer-se respeitar. Mesmo entre os seus vassalos mais submissos, como vários países da NATO, têm uma cidadania que já acordou e compreende que tem sido instrumentalizada por mentiras, contra os seus próprios interesses vitais. 

Os dirigentes destes países só têm duas saídas possíveis: 

- Eliminam ou flexibilizam as sanções, como a Hungria, a Bulgária e agora a Itália, que não deseja com certeza «suicidar-se» para agradar aos americanos... 

- Ou então, vão continuar a política cega contra a Rússia, como fazem o Reino Unido e outros, com o risco do povo perder a paciência e derrubar o governo. 

Aliás, as cidadanias alemã e checa têm demonstrado recentemente que não se identificam com a política dos seus respetivos governos, em relação às sanções contra a Rússia. 

Ângela Merkel, líder de partido conservador e chanceler alemã durante dez anos, teceu fortes críticas à maneira como as relações com Moscovo têm sido levadas a cabo pelas diplomacias do seu país, da UE e dos EUA. 

Espero que os dirigentes europeus, pressionados pelos eleitores, encontrem um caminho para negociar a paz com a Rússia. 

O governo da Ucrânia é totalmente fantoche. Zelensky até sugeriu aos países da NATO que façam uma escalada, usando mísseis nucleares contra a Rússia. É um sociopata perigoso, pois não está preocupado com a aniquilação dos povos, incluindo do seu próprio. Está convencido de que irá sobreviver, num cenário destes. Está tomado pelo «papel de herói»  (de mau ator teatral), querendo que o seu povo e o mundo tomem como verdade a ficção grotesca que ele encarna.

PS1: Um dos números de Zelensky ator!

https://www.armstrongeconomics.com/international-news/ukraine/zelensky-profiting-from-the-war/

PS2: Biden e seu governo devem achar que os europeus são muito estúpidos! Veja: https://www.youtube.com/watch?v=LIg_bluzx_s&feature=youtu.be


PS3: A Alemanha está a jogar cavaleiro solitário, no que toca à crise energética. Ela arrisca causar uma quebra na UE: 

https://www.youtube.com/watch?v=c5SLK_ywJb8


PS4:  Vê este vídeo bem documentado 

https://www.youtube.com/watch?v=zIF2MCGBNOI


terça-feira, 27 de setembro de 2022

ITÁLIA E A ETIQUETA «FASCISTA»

ESTA ETIQUETA É DADA PELA MEDIA CORPORATIVA A TUDO O QUE VAI CONTRA A AGENDA GLOBALISTA.

Giorgia Meloni e os Fratelli di Italia podem ser conservadores e anti-imigração, mas estão longe de serem fascistas. O seu sucesso eleitoral  resulta da saturação do povo italiano pela destruição do seu modo de vida, pela burocracia globalista que lhes quer impor os seus «não-valores». Este partido conseguiu 26 % dos votos. Sendo o maior partido, pode formar governo com outras duas formações de direita (Forza Italia e Liga Norte ). Conjuntamente, terão uma maioria absoluta nas duas câmaras (deputados e senado). 

O principal problema que leva as pessoas a votar nestas formações tem  a ver com a sua sensação de que perderam o controlo sobre o seu próprio país, com as imposições da Comissão Europeia. Com efeito há dezenas de anos que tiveram de arcar, sozinhos, com as consequências das vagas sucessivas de migrantes vindos do Norte de África. De facto, o problema não é especialmente italiano, mas sim global. 

                                            Imigrantes ao largo das costas italianas

É um problema da responsabilidade de países ditos ricos e democráticos. Deveriam trabalhar sem paternalismos, nem ambições de neocolonialismo, com as instituições dos países de origem, para que haja uma solução para os problemas terríveis que assolam esses países. 

Em vez disso, como hipócritas que são, continuam com a sua ingerência permanente e com exploração das riquezas naturais desses países, mas sem os custos de países coloniais (como o foram no passado, muitos deles). 

Hipocritamente, aceitam os imigrantes económicos disfarçados em refugiados políticos, porque isso lhes permite ter mão-de-obra barata e precária nos setores desertados pelos trabalhadores de origem dos seus países. Muitas vezes, leis destinadas a acolher perseguidos políticos, servem de cobertura à aceitação indiscriminada de imigrantes económicos. A constante utilização do direito de asilo, em casos que não o são, obviamente acaba por fragilizar os verdadeiros asilados políticos. 

As economias de onde vêm os imigrantes, foram pilhadas e exploradas nas épocas colonial e neocolonial. Os problemas estruturais desses países são mantidos ou agravados pelas políticas das chamadas «democracias», que têm participado no processo de manutenção desses países sob tutela. Basta ver o que têm feito no Mali, no Burkina-Faso, na Líbia ou na Síria, e em muitos outros casos.

Quanto aos países que se tornaram pontos de acolhimento dessa migração do desespero, ficam com a estabilidade social, económica e política, postas em causa. A velocidade a que tudo ocorre, impede qualquer assimilação da população imigrada. Esta é mantida em guetos. 

As populações de origem, que vivem na proximidade desses guetos, encontram-se confrontadas quotidianamente com pessoas de outras etnias, de outras culturas. Isto faz com que aquelas se sintam acossadas e desenvolvam complexos racistas e xenófobos. 

Mas, os que, nos seus condomínios privados de luxo, nos seus bairros da classe alta, tomam as decisões - em Bruxelas, Berlim, Roma, ou Paris - não têm que partilhar o seu espaço com esses imigrantes. Não lhes custa pessoalmente nada mostrarem-se «virtuosos». Não lhes custa impor aos cidadãos do seu país, o acolhimento forçado de outras etnias e culturas. 

A verdade é que os imigrantes são um «exército de reserva», ou seja,  desempregados, disponíveis para as tarefas mais duras ou menos bem remuneradas, muitas vezes abaixo dos mínimos salariais e em condições de sobre-exploração. O estatuto de «clandestino» ou «ilegal», que aflige muitos, é mais um instrumento de pressão, para a classe patronal e para as autoridades do país em que trabalham.

Tanto na Suécia, como na Itália, estou convencido que os fatores principais da viragem à direita, foram o problema da imigração não-controlada e da agenda globalista, que os respetivos governos anteriores perseguiam. Aliás, os mais prejudicados são os mais pobres da população autóctone, os quais têm de aguentar a concorrência da mão-de-obra do exterior, sobretudo em empregos manuais (construção civil, restauração, etc.). 


                               Principais fluxos migratórios para Itália

A incapacidade de lidar com este problema é uma das razões porque a classe trabalhadora, seja na França, na Itália, na Suécia, etc. se tem desviado massivamente dos partidos de esquerda, os quais se reclamam de «origem operária», mas que se tornaram estranhos ao sentir dos trabalhadores. O mesmo se pode dizer dos sindicatos. O resultado, é que o voto na «extrema direita» é - cada vez mais - o voto das classes populares e o voto na «esquerda» é - cada vez mais - o voto das classes médias-superiores, com diplomas universitários e bons empregos.

Tenho visto pessoas ditas de «esquerda» negar a evidência, mostrando-se realmente incapazes de raciocinar. É tal o seu medo de serem consideradas «racistas» ou «fascistas»,  ou outra etiqueta do género, que são incapazes de pensar objetivamente e de encontrar caminhos para a resolução destes problemas. 

De facto, a oligarquia globalista é a única a beneficiar deste estado de coisas. Tem ao seu dispor uma massa de trabalhadores dóceis, não sindicalizados, que não se misturam com os trabalhadores autóctones, fragilizados e incapazes de fazer valer os seus direitos legais. 

O fenómeno também toca a Portugal: Veja-se a enorme quantidade de imigrantes vindos do Sul da Ásia, que estão a trabalhar na Costa Alentejana, em propriedades agrícolas e em estufas. 

Por outro lado, os oligarcas têm garantido o controlo dos diferentes países, ao nível político, pelas divisões criadas no interior da cidadania: as cidadanias desses países de acolhimento, digladiam-se em lutas fratricidas. Não sabem mais nada, senão chamar nomes de «fascistas» ou de «comunistas»! 

Por fim, a média que está sempre ao serviço do grande capital reforça - constantemente - os estereótipos. Ela é propriedade de grandes capitalistas, ou tem necessidade da publicidade, paga por esses mesmos capitalistas. 

Chamar fascista a Georgia Meloni e ao seu partido é o adjetivo fácil; mas, se a media em Portugal seguisse os mesmos critérios, seriam «fascistas» dirigentes do CDS-PP e PSD, partidos portugueses onde há /houve elementos das direções que foram fascistas, incluindo ex-membros do último governo fascista, derrubado no 25 de Abril de 74. E,  pela mesma lógica, seria fascista o PS, que teve como membro o Prof. Veiga Simão, ex-ministro de Marcelo Caetano*, que aderiu ao PS após o 25 de Abril de 74 e foi membro de governos pós-25 de Abril. O caso do Prof. Veiga Simão não é único - longe disso! - na «democracia portuguesa». 

Esta etiquetagem traduz o incómodo dos lacaios do grande capital, face a alguém que sai fora do «consenso» (fabricado por eles). Chamar nomes, como «populista», «extrema-direita» ou «fascista», esconde o facto deste governo se apresentar contra Bruxelas, contra a Comissão Europeia, pelos interesses fundamentais dos italianos. 

Resta agora ver se  o novo governo italiano está disposto a fazer frente às ingerências (que começaram antes da votação, com declarações de Úrsula von der Leyen), ou se cede perante a pressão conjugada dos globalistas europeus e americanos.

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*Presidente do Conselho de Ministros, que sucedeu a Oliveira Salazar. O seu governo foi derrubado pela revolução de 25 de Abril de 1974 

NORDSTREAM I & II FORAM SABOTADOS [GONZALO LIRA]

Os gasodutos Nord Stream I & II partiam da Rússia e encaminhavam o gás natural russo, via Báltico, para a Alemanha. Eles tinham o potencial de fornecer gás à indústria e às famílias nos países europeus, caso fossem reativados. Foram recentemente ambos sujeitos a sabotagem. Os gasodutos passavam a grande profundidade no Báltico; só por submarino seriam alcançáveis.  
Gonzalo Lira tira as conclusões lógicas. Só os americanos tinham os meios e as motivações para fazer isto. Se ele tem razão, isto confirma que os EUA querem manter apertado o garrote energético na Europa, para esta ser a obediente súbdita do Império. 
Veja o vídeo:


 

PS1: Este mapa foi retirado da notícia seguinte:
Segundo B. do blog «Moon of Alabama», o mais provável terá sido uma sabotagem polaca com o aval dos americanos. Este mapa mostra como os locais de sabotagens estavam perto das águas territoriais polacas.


Neste artigo Pepe Escobar esclarece tudo: Who profits from Pipeline Terror

terça-feira, 2 de agosto de 2022

REFLEXÕES ESTIVAIS



Escrevo, impulsionado pelo louco sentimento - louco, porque sei que não responde a expectativa racional - de que as minhas meditações encontrão algum eco nos leitores, que eu estimo, embora não os conheça pessoalmente, salvo raras exceções.
Pois, o que me apetece escrever no calor deste Verão perto do mar, é que realmente não encontro motivos para serenamente usufruir da calma estival, para aproveitar o remanso à sombra, na sesta depois do almoço, ou para passear ao fim da tarde nas falésias com a minha cadela.
Não, realmente, estou demasiado inquieto, indisposto mesmo, com as notícias que vejo, oiço e leio.

- O braço-de-ferro entre os EUA e a China, a propósito de Taiwan continua. É inacreditável mas verdade, os EUA provocarem a China para algo que pode degenerar em guerra global, portanto com perigo de se tornar nuclear? Não será isto uma prova da loucura e desorientação estratégica dos dirigentes, dos verdadeiros, os que mexem os cordelinhos discretamente, em Washington?
- A guerra na Ucrânia está muito acesa e nenhuma perspetiva concreta de paz se apresenta, de momento. Continuam a morrer soldados e civis dos dois lados, sem qualquer razão, apenas adensando a tragédia.
- Os governos europeus foram lançados na aventura de sanções suicidárias contra a Rússia, a qual não tem de mexer um dedo, apenas deixar as coisas correr o seu curso, para a Europa ficar sem os recursos energéticos necessários à população e à indústria, sem fertilizantes para sua agricultura, sem matérias-primas e bens industriais, que eram fornecidos pela Rússia, muitas vezes a preços vantajosos porque envolviam contratos de longo prazo.
- A «resposta» europeia à situação de catástrofe, no plano militar e humanitário, ainda é mais irresponsável, tendo eles e os americanos incentivado esta situação, espicaçado os russos a encetarem esta campanha militar. Ainda por cima, encorajam o lado ucraniano a não procurar uma saída negociada, a bater-se com armamentos sofisticados por eles oferecidos, mas inadequados ao terreno e sem que as tropas estivessem treinadas para os utilizar.
- Eu não culpo inteiramente os poderes da Ucrânia; eles não têm alternativa, senão obedecer às ordens dos americanos, dos europeus, ou de serem sujeitos a «suicídio», ou «acidente trágico», ou golpe derrubando o poder atual, a favor de outro, mais dócil para os verdadeiros patrões.
No plano dos media, verifico que estão demasiado subservientes, que as pessoas são mantidas numa bolha de desinformação, sendo ocultadas todas as notícias que possam pôr em dúvida a narrativa oficial dos Estados ocidentais, pelo contrário, inundando o espaço informativo com as campanhas mais sujas e falsas que jamais vi, contra o outro lado, que não é apenas Putin, mas todo o governo russo, e também o povo. A adesão do povo russo (com ou sem razão) às decisões dos seus líderes nunca foi tão elevada.
Enquanto Putin é pintado com as cores de ditador cruel e sanguinário, o que verifico é que os «pacifistas» do ocidente agitam histericamente bandeiras ucranianas, não tendo vergonha de apoiar explicita e com pleno conhecimento de causa, um governo dominado por nazis, banderistas, que instauraram uma espécie de culto nacional a Stepan Bandera, figura desprezível de traidor, criminoso de guerra, colaborador das SS nazis, nos massacres de judeus, polacos, ucranianos antifascistas.
- Sabendo-se perfeitamente qual o substrato ideológico do governo resultante do golpe de «Euro-Maidan» de 2014, ele teve apoios, de toda a ordem, dos países da NATO: Durante 8 anos, treinaram as forças armadas ucranianas (incluindo os batalhões de forças «especiais» Azov e outros) para estas atingirem o nível de forças operacionais de um membro da NATO. Sabia-se que a população etnicamente russa do Don estava a ser flagelada por incursões e bombardeamentos constantes, das forças regulares e dos batalhões «especiais», durante os oito anos em que nominalmente existiram os «Acordos de Minsk».
- Os acordos de Minsk, firmados entre os representantes do governo ucraniano e das forças das repúblicas separatistas, apenas incluíam a Rússia, a Alemanha e a França, como garantes do seu cumprimento. Nestes oito anos, os ocidentais nada fizeram para estimular o seu cumprimento. Essa inação dos ocidentais permitiu (convidou) as violações frequentes dos acordos, do lado do governo ucraniano.
- A 20 de Fevereiro, quando a Rússia reconheceu formalmente as duas repúblicas separatistas, estava em preparação uma operação massiva de ataque e invasão das Repúblicas de Lugansk e Donetsk: se os russos não se tivessem interposto entre a força de 75 mil homens (os que tinham melhor treino e equipamento) e as referidas repúblicas, teria sido um banho de sangue.
- É realmente muito sujo o jogo de todos os que, de forma vesga, nada fazem para prevenir uma situação de genocídio, mas depois vêm carpir lágrimas de crocodilo, perante a invasão russa.
- Entendamo-nos: é uma tragédia, eu disse isso logo, e que esta invasão devia parar. Porém, esta decorre de uma situação muito delicada, em que Putin e o Estado russo tinham jurado defender os povos das duas repúblicas, seus irmãos russos. O restante povo russo (da Federação das Repúblicas da Rússia) nunca perdoaria, caso não fosse cumprida a promessa de proteção, perante a situação de genocídio lento (8 anos!) e a iminência duma Blizt Krieg, preparada por Kiev, às fronteiras dos dois territórios.
- Realmente, todos os intervenientes nos governos ocidentais têm as mãos manchadas do sangue ucraniano e russo, pois são cúmplices principais, através das suas políticas e através da NATO, no desencadear desta guerra, que não era uma fatalidade. Bastava, no Outono de 2021, as chancelarias ocidentais (incluindo a dos EUA) tomarem a sério os insistentes pedidos da diplomacia russa para conversações relativas à segurança europeia global.
- Mais ainda que os atos criminosos do governo ucraniano, ou que a revelação de que a Ucrânia se dispunha a rasgar o acordo internacional firmado, que garantia que ela nunca possuiria armas nucleares, foi o seguinte, o ato decisivo:
- O ato de negação de diálogo diplomático fez mudar a perspetiva de Moscovo, sendo certo que estavam demasiados fatores vitais em jogo para que Putin tomasse de modo ligeiro a recusa ocidental. Estou certo que os diplomatas russos explicaram aos ocidentais porque razão era vital, para a estabilidade e a convivência pacífica na Europa, que não houvesse alargamento da NATO à Ucrânia. De facto, o objetivo dos ocidentais era de acirrar o conflito, exercer pressão até o governo russo ser forçado a ceder. Mas ele não cedeu, nem podia fazê-lo, porque o que estava em causa era a Rússia, enquanto país independente, soberano, não transformado num amontoado de repúblicas autónomas, incapazes de resistir à investida neoliberal. Como todos sabemos, foi isto que tentaram fazer da Rússia, nos anos 90, no tempo de Yelstin.
- A cidadania - atualmente - está sujeita à completa dominação pela oligarquia. A oligarquia que nos governa, em Washington ou em quaisquer outras capitais Ocidentais, está totalmente identificada com a cabala de Davos.
- A pretexto de uma (falsa) transição ecológica, querem matar à fome três quartos da humanidade. Pode parecer exagero, mas infelizmente, isto pode ser corroborado por demasiados indícios:
- A autêntica guerra contra os agricultores, na Holanda, na Itália e em todos os sistemas agrícolas com elevado rendimento, que permitiam colmatar as falhas alimentares crónicas no Terceiro Mundo.
- O prolongar da guerra na Ucrânia e das sanções ocidentais contra produtos russos, nomeadamente agrícolas, incluindo a impossibilidade dos navios russos terem a sua carga segurada, devido à proibição dos ocidentais de que as companhias seguradoras dos navios aceitassem fazer tais seguros.
- Muito do que se passa, tem como efeito uma realmente terrível recessão ao nível mundial. Os países vão sofrer de fome, frio e escassez. Vai haver, numa escala ainda maior que no presente (veja-se o caso do Sri Lanka) insurreições, revoltas da fome.
- Os poderosos têm estado a reforçar as polícias de choque e os dispositivos para controlo das multidões. Em breve, o modelo de vigilância eletrónica generalizada, ensaiado com o COVID-19, vai funcionar de forma ainda mais massiva e mais coerciva.
- Vão chamar as «Alterações Climáticas» a torto e a direito, como justificação. Não apenas haverá políticas de austeridade (para os pobres), acompanhadas da perda das liberdades e garantias fundamentais. Irão aproveitar muitos vírus (como «monkeypox» ou varíola símia) que existem no estado endémico e que, esporadicamente, causam um surto local, como pretexto para medidas de ditadura vacinal, com um caráter mais ou menos permanente.
- Vai ser impossível viajar, em circunstâncias normais: Haverá uma polícia que decidirá se tal ou tal viagem, por tal ou tal pessoa, é ou não, «legítima» ou «segura». O turismo, uma das maiores fontes de receita de Portugal e dos países   mediterrânicos, vai colapsar.
- Mas, para o governo dos senhores, é tempo da «ralé» se convencer que tem de viver na maior  «simplicidade»; terá de renunciar ao automóvel e a muitas outras coisas - aquecimento, ar climatizado, alimentos não sintéticos, etc. - para que a «elite» e as forças armadas continuem a usar os seus «jets».

Tudo o que escrevi acima, está em fontes fidedignas, que tenho citado neste blog. A ignorância não é desculpa para as pessoas não se informarem. Só quem o fizer, pode ajuizar até que ponto o que enunciei acima, tem cabimento, ou não. As questões que levanto são de tal modo graves, que o simples facto de serem omitidas pelos media, ou tratadas de uma maneira parcial, facciosa, deveria despertar as pessoas, que ainda não estejam plenamente alertadas. As que estão plenamente conscientes destes perigos, devem fazer um esforço, junto de outras nas quais tenham confiança, para que algo comece a mudar.

- Será que as pessoas só irão acordar, quando já for tarde demais? Um grande paradoxo da nossa época é que não é assim tão difícil saber quais os planos da oligarquia. Podemos ficar amplamente informados, se nos dermos ao trabalho de pesquisar, de consultar fontes e de as confrontar com os dados. Porém, o adormecimento é de tal ordem, que os privilegiados podem atuar com impunidade e arrogância... Até ver; pois revoluções despontam já, nos países do Terceiro Mundo.

domingo, 21 de março de 2021

PARA ESTE MAL NÃO EXISTE IMUNIDADE


 Tenho reflectido muito em relação ao assunto que ocupa as primeiras páginas da comunicação social, do debate político, etc. Apenas me tenho coibido de fazer uma espécie de crónica quotidiana desse fenómeno de massas chamado COVID-19, porque estaria a somar a minha voz à gritaria, à cacofonia geral. 

Mas hoje, depois da conversa na véspera com um amigo médico e de um sono reparador me ter clarificado um pouco o espírito, pus-me a reflectir sobre alguns aspectos abordados na dita conversa. 

Entre muitos argumentos, que apresentei ao meu amigo, que estava muito reticente em considerar a hipótese de uma campanha institucional enganadora do público, para fazer a todo custo passar a ideia de uma necessidade sanitária de vacinação geral da população, apresentei o seguinte:

- O Professor Raoult, num recente vídeo, apresenta uma série de gráficos da pandemia de coronavírus, entre os quais alguns que mostravam - em paralelo - o quase desaparecimento da incidência (quer de casos detectados, quer de mortes) da gripe sazonal, neste período de pandemia de COVID-19. O fenómeno deste quase desaparecimento era notório nos países da Europa Ocidental, onde praticamente todos tinham tomado medidas estritas de confinamento, distanciamento social, uso obrigatório de máscaras... (não me refiro à campanha de vacinação em curso; os gráficos cobriam o período ANTERIOR à mesma).

Um facto muito curioso, se pensarmos que a gripe sazonal tem características muito semelhantes, quanto ao modo de transmissão: o vírus da gripe propaga-se pelo ar, pelas gotículas em suspensão, depois de alguém infeccioso ter espirrado ou tossido. Uma interpretação apressada dos dados, seria que a gripe sazonal foi eficazmente barrada pelas medidas contra o coronavírus... mas isso é absolutamente impossível.

O facto, mesmo em ciência, surge a partir de múltiplas observações no terreno, ou seja, é sempre construído. Não me custa acreditar que as pessoas encarregues de identificar e tratar os doentes com doença respiratória aguda, durante a presente crise do COVID, tenham muitas vezes tomado a decisão de assumir que estavam perante um caso de COVID, tendo apenas verificado depois (e nem sempre), que efectivamente existia um teste positivo do referido vírus. O próprio teste estava a ser usado de modo impróprio, sendo impossível sabermos realmente a partir dos testes positivos, quantos casos eram efectivamente de COVID (uma enorme percentagem de falsos positivos, por outras palavras). Muitos pacientes foram diagnosticados como padecendo de COVID, quando na verdade tinham outra doença pulmonar infecciosa aguda. A gripe sazonal é de todas elas, sem dúvida, a mais banal. 

Lembremos que no início do surto de coronavírus no Norte de Itália, em Fevereiro/Março de 2020, os óbitos foram sujeitos a autópsia, aliás contra a directiva da OMS que achava demasiado perigoso fazer-se uma autópsia a doentes falecidos com COVID: Os médicos que efectuaram essas autópsias, depararam-se com um quadro de co-morbilidades, ou seja, havia presença de outros vírus ou bactérias (três ou quatro agentes patogénicos, nalguns casos), conjuntamente com a presença de coronavírus. Isto acontecia em cerca de 95% dos casos. Tal incidência não deve espantar ninguém, pois o coronavírus ataca de forma severa as pessoas cujo sistema imunitário foi fragilizado, pela doença, pela idade, por várias afecções debilitantes.     

Mas este facto foi sonegado, eludido, pois era preciso que o coronavírus surgisse como «um terrível vírus mortífero, contra o qual não existia remédio»... Embora, graças a supressão de informação sobre resultados terapêuticos positivos, usando a hidroxicloroquina: Tudo se conjugava para que houvesse a tão desejada campanha mundial de vacinação, preconizada pelo GAVI, pela Fundação Bill e Melinda Gates, pelas grandes farmacêuticas e governos dos Estados ocidentais, muito céleres em firmar contratos onde as ditas farmacêuticas tinham garantia de vender muitos milhões de doses, e com uma total impunidade jurídica sobre acidentes devidos às vacinas. 

Agora, com o recuo de um ano inteiro, com as estatísticas das doenças infecciosas respiratórias que vão surgindo (estatísticas oficiais de organismos públicos da União Europeia), o facto de haver um quase desaparecimento da gripe sazonal, que costuma infectar uma percentagem enorme das pessoas e ser causa de morte nos idosos, em particular, precisa duma explicação séria:

- Ou houve um «efeito de barragem» muito eficaz da máscara e das medidas de distanciamento, quanto à gripe e esta não conseguiu propagar-se eficazmente pela população, como costumava. Mas, neste caso, como se explica a ineficácia ou fraca eficácia das mesmas medidas para o coronavírus, quando ambos estes vírus respiratórios têm o mesmo modo de transmissão? Não deveria a epidemia de COVID ter sido derrotada, da mesma forma que a gripe sazonal o foi?

- Ou as estatísticas de morbilidade e mortandade relativas ao coronavírus foram (intencionalmente, ou não!) inflacionadas com outras doenças infecciosas pulmonares, sendo a mais vulgar a gripe sazonal. Daí a colecta de muito poucos casos respeitantes a esta infecção corriqueira, no entanto mortal, para um certo número de cidadãos, exactamente dos mesmos grupos de risco que os relativos ao COVID. 

Não consigo imaginar como que «um efeito protector» do COVID em relação à gripe, que haveria se houvesse uma muito rápida ocupação do terreno pelo COVID, não deixando tempo a que a gripe se instalasse. 

A capacidade de infecção dos dois é semelhante, apesar das avaliações muito exageradas, que nos serviu a media. Em boa verdade, ela foi alimentada por alguns trapaceiros revestidos de «gurus» do coronavírus (como Anthony Fauci nos EUA, Neil Ferguson no Reino Unido, etc...). Porém, quase simultaneamente, os dados eram corrigidos por epidemiologistas famosos, como o Prof. Ioanidis (da Universidade de Stanford, EUA), ou  microbiologistas médicos, como o Prof. Raoult (do Centro de Doenças Contagiosas de Marselha, França). No entanto, quer a média, quer os governos, fizeram ouvidos moucos, sendo certo que os primeiros tinham obrigação deontológica de imparcialidade, não sonegando as interpretações que divergiam das «oficiais»; quanto aos segundos, tinham obrigação estrita de se dotarem de painéis diversificados de cientistas reputados. 

- Haverá algo mais grave, em relação aos governos e seus máximos responsáveis, do que terem-se deixado levar por pseudo-peritagem de pessoas cuja área do saber era a matemática estatística, e não a biologia ou a medicina ?!

Enfim, creio que não se pode persistir neste erro, sem o tornar um crime ainda maior. A persistência torna o crime cada vez mais grave - pelas suas consequências - a cada dia que passa.

O confinamento ad eternum ou os confinamentos intermitentes, a pretexto de «novas variantes», são fugas para a frente, absurdas do ponto de vista epidemiológico, como qualquer epidemiologista poderá explicar. Se os governantes não seguem os bons conselhos de quem sabe, apenas ouvindo aqueles que lhes dizem o que eles querem ouvir, não há dúvida que estão empenhados, que são comparsas, no crime. 

O mal para o qual não existe imunidade - creio que o leitor já compreendeu - é a estupidez... 

 PS1: Uma história grotesca, um pesadelo? Veja: https://www.youtube.com/watch?v=80Vz7tZLuBI

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

[Manlio Dinucci] A Finança Global Controla a Itália: Governo Draghi, Por Quem Os Sinos Dobram

 https://www.globalresearch.ca/financial-establishment-controls-italy-draghis-government-for-whom-the-bell-tolls/5737630


Em Roma, a transferência entre o ex-primeiro-ministro Giuseppe Conte e Mario Draghi ocorreu no Palazzo Chigi com a tradicional cerimónia do sino. Enquanto se aguarda a verificação de qual será o programa político do novo governo multipartidário, apoiado por quase todo o arco parlamentar, as suas orientações podem ser previstas nos currículos de alguns ministros e do Primeiro-Ministro. Roberto Guerini (Partido Democrático) e Luigi Di Maio (Movimento 5 Estrelas) foram reconfirmados nas pastas da Defesa e das Relações Exteriores, um fato que indica que o governo de Draghi fortalecerá ainda mais o “Atlantismo”, que é a adesão da Itália à NATO sob o comando dos EUA. Os últimos actos dos dois Ministros do Governo anterior são emblemáticos.

O ministro da Defesa Guerini embarcou no porta-aviões Cavour, da Marinha italiana, que partiu de Taranto para os Estados Unidos, onde adquirirá a certificação para operar os caças F-35B de 5ª geração da Lockheed Martin. Depois de reiterar que “a relação transatlântica com os Estados Unidos - uma grande nação com a qual nosso país tem uma ligação profunda - desempenha um papel essencial para a Itália”, o ministro sublinhou que “a Itália se tornará um dos poucos países do mundo, junto com os Estados Unidos, Grã-Bretanha e Japão, dispondo da capacidade de possuir porta-aviões com aeronaves de combate de 5ª geração. ” Acima de tudo, graças ao grupo Leonardo, o maior produtor de guerra italiano, que participou da construção dos F-35s.

Na esteira da estratégia EUA / NATO, o Ministro das Relações Exteriores Di Maio foi a Riad, onde assinou um memorando de entendimento de “diálogo estratégico” com a Arábia Saudita, a Monarquia absoluta que o grupo Leonardo está ajudando no uso dos Euro- caças Typhoon e que estão bombardeando o Yemen, também abastecendo a Arábia Saudita com os mais avançados de navios de guerra, que está construindo nos Estados Unidos.

O mesmo grupo Leonardo reaparece no currículo do físico Roberto Cingolani, nomeado para o novo “Super-Ministério” (solicitado pelo líder ideológico do Mov. 5 Estrelas, Beppe Grillo) para a Transição Ecológica: Cingolani é especialista em nanotecnologia e em robótica, e foi responsável pelo departamento de tecnologia e inovação do grupo Leonardo desde 2019, “um actor global em Aeroespacial, Defesa e Segurança”, cada vez mais integrado ao gigantesco complexo militar-industrial dos EUA. 30% do capital do grupo é detido pelo Ministério da Economia, chefiado por Giancarlo Giorgetti, número dois do Partido «Lega» e braço direito do líder da «Lega», Matteo Salvini. Definido como um "auditor", vai cuidar dos 30 mil milhões de euros, já atribuídos pelo seu Ministério para fins militares, e os outros 25 milhares milhões provenientes do Fundo de Recuperação para elevar os gastos militares italianos de 26 para 36 milhares de milhões por ano, conforme solicitado pelos EUA e pela NATO. Esta tarefa será também confiada ao novo Ministro da Economia e Finanças, Daniele Franco, ex-Director-Geral do Banco da Itália, oficialmente uma instituição de direito público, onde participam 160 bancos e fundos de pensões.

No novo governo, os “técnicos” têm mais poder do que os “políticos”. O currículo de Mario Draghi vem demonstrá-lo: de director executivo do Banco Mundial em Washington passou para director do Ministério do Tesouro em Roma, onde desenvolveu a privatização das principais empresas públicas italianas; de vice-presidente do banco americano Goldman Sachs (um dos maiores bancos de negócios do mundo) passou a Governador do Banco da Itália e a Presidente do Banco Central Europeu. Draghi é, ao mesmo tempo, um membro do «Grupo dos Trinta», a poderosa organização financeira internacional com sede em Washington, que a Fundação Rockefeller criou em 1978.

Assim, o poder do Complexo Militar-Industrial e das altas finanças fortaleceram-se com o governo de Draghi, constituindo mais uma perda para os princípios de soberania e do repúdio à guerra, consagrados na Constituição italiana. Não fosse assim, o Ministério da Transição Ecológica iniciaria a sua actividade eliminando a maior ameaça que pesa sobre o ambiente: as armas nucleares americanas instaladas em Itália.


Este artigo foi publicado originalmente em italiano no Il Manifesto.

Manlio Dinucci  é Pesquisador Associado do Center for Research on Globalization.

quarta-feira, 30 de setembro de 2020

[Manlio Dinucci] Gasoduto explosivo no Mediterrâneo


                                 


No Mediterrâneo Oriental, em cujas profundezas foram descobertas grandes jazidas offshore de gás natural, está em curso um contencioso acirrado sobre a definição de zonas económicas exclusivas, dentro das quais (até 200 milhas da costa) cada um dos países costeiros tem o direito de explorar essas reservas.

Os países directamente envolvidos são a Grécia, a Turquia, o Chipre, a Síria, o Líbano, a Palestina, Israel, (cujas jazidas, nas águas de Gaza, estão nas mãos de Israel), o Egipto e a Líbia. O confronto é particularmente tenso entre a Grécia e a Turquia, ambos países membros da NATO. A aposta em jogo não é apenas económica.

A verdadeira discórdia que se joga no Mediterrâneo Oriental é geopolítica e geo-estratégica e envolve as grandes potências mundiais. Neste âmbito insere-se o EastMed, o gasoduto que trará para a União Europeia grande parte do gás desta área. A sua realização foi decidida na cimeira, realizada em Jerusalém em 20 de Março de 2019, entre o Primeiro Ministro israelita Netanyahu, o Primeiro Ministro grego Tsipras e o Presidente cipriota Anastasiades.

Netanyahu salientou que "o gasoduto se estenderá de Israel à Europa através do Chipre e da Grécia" e Israel tornar-se-á assim uma "potência energética" (que controlará o corredor energético para a Europa), Tsipras sublinhou que "a cooperação entre Israel, a Grécia e o Chipre, na sexta cimeira, tornou-se estratégica». 

Esta cooperação é confirmada pelo pacto militar assinado pelo governo de Tsipras com Israel há cinco anos (il manifesto, 28 de Julho de 2015). Na cimeira de Jerusalém (cujas actas, publicadas pela Embaixada dos EUA no Chipre),esteve presente Mike Pompeo, Secretário de Estado americano, sublinhando que o projecto EastMed lançado por Israel, pela Grécia e pelo Chipre, "parceiros fundamentais dos EUA para a segurança", é "incrivelmente oportuno", já que "a Rússia, a China e o Irão estão a tentar colocar os pés no Oriente e no Ocidente".

A estratégia dos EUA é declarada: reduzir e finalmente bloquear as exportações do gás russo para a Europa, substituindo-as por gás fornecido ou, de outra forma, controlado pelos EUA. Em 2014, eles bloquearam o SouthStream, que teria trazido através do Mar Negro gás russo para a Itália a preços competitivos, e estão tentando fazer o mesmo com o TurkStream que, através do Mar Negro, transporta o gás russo para a parte europeia da Turquia para fazê-lo chegar à União Europeia.

Ao mesmo tempo, os USA tentam bloquear a Nova Rota da Seda, a rede de infraestruturas concebida para ligar a China ao Mediterrâneo e à Europa. No Médio Oriente, os USA bloquearam com a guerra o corredor de energia que, segundo um acordo de 2011, teria transportado o gás iraniano através do Iraque e da Síria para o Mediterrâneo e para a Europa. A esta estratégia junta-se a Itália, onde (na Apúlia) chegará a EastMed que também levará o gás para outros países europeus.

O Ministro Patuanelli (M5S) definiu o gasoduto, aprovado pela União Europeia, como um dos "projectos europeus de interesse comum", e a Subsecretária Todde (M5S) levou a Itália a aderir ao East Med Gas Forum, sede de "diálogo e cooperação” sobre o gás no Mediterrâneo Oriental, do qual participam - além de Israel, da Grécia e do Chipre - o Egipto e a Autoridade Palestina. Também participa a Jordânia, que não tem jazidas de gás offshore no Mediterrâneo, mas que o importa de Israel. 

No entanto, estão excluídos do Fórum, o Líbano, a Síria e a Líbia, a quem pertence parte do gás do Mediterrâneo Oriental. Os Estados Unidos, a França e a União Europeia anunciaram, previamente, a sua adesão. A Turquia não participa devido ao diferendo com a Grécia, que a NATO, no entanto, se compromete a resolver: "delegações militares" dos dois países já se reuniram seis vezes na sede da NATO, em Bruxelas. Todavia, no Mediterrâneo Oriental e no vizinho Mar Negro, está em curso um destacamento crescente de forças navais dos EUA na Europa, com sede em Nápoles Capodichino. 

A sua "missão" é "defender os interesses dos Estados Unidos e dos Aliados e desencorajar a agressão ['russa']" e a mesma "missão" para os bombardeiros estratégicos americanos B-52, que sobrevoam o Mediterrâneo Oriental acompanhados por caças gregos e italianos.

Manlio Dinucci

il manifesto, 29 de Setembro de 2020


Manlio DinucciGeógrafo e geopolitólogo. Livros mais recentes: Laboratorio di geografia, Zanichelli 2014 ; Diario di viaggio, Zanichelli 2017 ; L’arte della guerra / Annali della strategia Usa/Nato 1990-2016, Zambon 2016, Guerra Nucleare. Il Giorno Prima 2017; Diario di guerra Asterios Editores 2018; Premio internazionale per l'analisi geostrategica atribuído em 7 de Junho de 2019, pelo Club dei giornalisti del Messico, A.C.


Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos 
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

[Manlio Dinucci] O LADO NEGRO DA 5G: O USO MILITAR



A manifestação de 12 de Setembro, em Roma, “Stop 5G” concentra-se, com razão, nas possíveis consequências das emissões electromagnéticas para a saúde e para o meio ambiente, em particular sobre o decreto que impede os prefeitos de regulamentar a instalação de antenas 5G, na área municipal.
No entanto, continua a ignorar-se um aspecto fundamental desta tecnologia: o seu uso militar. Já fálamos disso no Il Manifesto (10 de Dezembro de 2019), mas com resultados escassos. Os programas sucessivos lançados pelo Pentágono, documentados oficialmente, confirmam o que escrevemos há nove meses.
A “Estratégia 5G”, aprovada em 2 de Maio de 2020, estabelece que “o Departamento de Defesa deve desenvolver e empregar novos conceitos operacionais que utilizem a conectividade ubíqua oferecida pela tecnologia 5G para aumentar a eficácia, resiliência, velocidade e letalidade das nossas forças armadas”.
O Pentágono já está a experimentar aplicações militares desta tecnologia em cinco bases aéreas, navais e terrestres: Hill (Utah), Nellis (Nevada), San Diego (Califórnia), Albany (Geórgia), Lewis-McChord (Washington). Confirmou, em conferência de imprensa, em 3 de Junho, o Dr. Joseph Evans, Director Técnico da 5G, do Departamento de Defesa.
Ele então anunciou que as aplicações militares da 5G em breve serão testadas noutras sete bases: Norfolk (Virginia), Pearl Harbor-Hickam (Hawaii), San Antonio (Texas), Fort Irwin (Califórnia), Fort Hood (Texas), Camp Pendleton (Califórnia), Tinker (Oklahoma).
Os especialistas prevêem que a 5G terá um papel decisivo no desenvolvimento de armas hipersónicas, inclusive as que têm ogivas nucleares: para guiá-las em trajectórias variáveis, a fim de evitar mísseis interceptores, tem de recolher, processar e transmitir muito rapidamente, enormes quantidades de dados. É necessário o mesmo para activar as defesas em caso de ataque com tais armas, confiando nos sistemas automáticos.
A nova tecnologia também terá um papel fundamental na battle network (rede de batalha), sendo capaz de conectar milhões de equipamentos de rádio bidirecionais numa área circunscrita.
O 5G também será extremamente importante para os serviços secretos e para as forças especiais: tornará possível sistemas de espionagem muito mais eficazes e aumentará a letalidade dos drones assassinos.
Essas e outras aplicações militares dessa tecnologia estão, certamente, também a ser estudadas na China e noutros países. O portanto, o que está em curso sobre a 5G não é só uma guerra comercial.
Confirma-o o documento estratégico do Pentágono: “As tecnologias 5G representam capacidades estratégicas determinantes para a segurança nacional dos Estados Unidos e a dos nossos aliados”. É necessário, portanto, "protegê-las dos adversários" e convencer os aliados a fazerem o mesmo para garantir a "interoperabilidade" das aplicações militares da 5G no âmbito da NATO.
Isto explica por que é que a Itália e os outros aliados europeus dos EUA excluíram a Huawei e outras empresas chinesas das licitações para o fornecimento de equipamentos de telecomunicações 5G.
“A tecnologia 5G - explica o Dr. Joseph Evans numa conferência de imprensa, no Pentágono - é vital para manter as vantagens militares e económicas dos Estados Unidos”, não só contra os seus adversários, principalmente a China e a Rússia, mas também contra os próprios aliados.
Por esta razão "o Departamento de Defesa está a trabalhar estreitamente com parceiros industriais, que investem centenas de biliões de dólares em tecnologia 5G, a fim de explorar esses investimentos maciços para aplicações militares de 5G", incluindo "aplicações de dupla utilização" militares e civis.
Por outras palavras, a rede comercial 5G, construída por empresas privadas, é usada pelo Pentágono com uma despesa cujo custo é menor do que seria necessário se a rede fosse construída apenas para fins militares.
Serão os utentes comuns - a quem as multinacionais 5G venderão seus serviços - a pagar pela tecnologia que, como prometem, deve "mudar as nossas vidas", mas que ao mesmo tempo será utilizada para criar armas de nova geração para uma guerra que significará o fim das gerações humanas.

Manlio Dinucci
Il Manifesto, 8 de Setembro de 2020

FRANÇAIS ITALIANO PORTUGUÊS
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APPEAL TO THE LEADERS OF THE NINE NUCLEAR WEAPONS' STATES

(China, France, India, Israel, North Korea, Pakistan, Russia, the United Kingdom and the United States)



Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com

terça-feira, 11 de agosto de 2020

[MANLIO DINUCCI] O QUE FAZ A ITÁLIA A FAVOR DO DESARMAMENTO NUCLEAR?


                                      



No 75º aniversário do bombardeamento atómico de Hiroshima e Nagasaki, o Presidente da República Sergio Mattarella reiterou que “a Itália apoia fortemente o objectivo de um mundo livre de armas nucleares". Foi ecoado pelo Presidente da Comissão de Defesa da Câmara, Gianluca Rizzo (M5S): “Faço minhas as palavras do Presidente da República, a favor de uma política que aponta para um mundo livre de armas nucleares”. Compromisso institucional máximo, portanto, mas em que direcção?

Façamos falar os factos:

Ø A Itália ratificou o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), em 1975, que afirma: "Cada um dos estados militarmente não nucleares, que faça parte do Tratado, compromete-se a não receber armas nucleares de ninguém, nem o controlo sobre tais armas, directa ou indirectamente ".

Ø Ao violar o TNP, a Itália concedeu as suas próprias bases para a instalação de armas nucleares dos EUA: actualmente bombas B61, cujo número é estimado em algumas dezenas, mas não é verificável. Estão instaladas nas bases de Aviano, juntamente com os caças F-16C/D dos EUA, e em Ghedi-Torre, onde os Tornado PA-200 da Força Aérea Italiana estâo prontos para um ataque nuclear sob comando USA.

Ø A Itália - confirma a NATO – faz parte dos países que “fornecem à Aliança aviões equipados para transportar bombas nucleares, sobre os quais os Estados Unidos mantêm controlo absoluto, e pessoal treinado para o efeito”.

A B61 será substituída, em breve, pela B61-12: uma nova bomba nuclear, com potência seleccionável no momento do lançamento, que se dirige com precisão para o alvo e tem a capacidade de penetrar no subsolo para destruir os ‘bunkers’ dos centros de comando.

O programa do Pentágono prevê a construção de 500 bombas nucleares B61-12, com uma despesa de 10 biliões de dólares. O programa está em fase final: nos polígonos do Nevada estão em curso os testes de lançamento da nova bomba (sem ogiva nuclear). Entre os aviões certificados para o seu uso estão o Tornado PA-200 e o novo F-35A, fornecidos à Força Aérea Italiana.

Não se sabe quantas B61-12 serão instaladas na Itália e noutros países europeus. Poderão ser mais do que as bombas B-61 anteriores e também ser instaladas noutras bases. A de Ghedi, reestruturada, pode acolher até 30 caças F-35A com 60 bombas B61-12.

Às novas bombas juntam-se as armas nucleares da Sexta Frota estacionada em Itália, cujo tipo e número são secretos. Além de que, com o rompimento do Tratado INF, os Estados Unidos estão a desenvolver mísseis nucleares de alcance intermédio com base em terra, que, como os Euromísseis dos anos 80, também poderão ser instalados em bases italianas.

A Itália, oficialmente um Estado não nuclear, desempenha assim a função cada vez mais perigosa, de base avançada da estratégia nuclear dos USA/NATO contra a Rússia e contra outros países.

Como membro do Conselho do Atlântico Norte, a Itália rejeitou em 2017, o Tratado ONU sobre a abolição das armasnucleares. No mesmo ano, mais de 240 parlamentares italianos - principalmente do Partido Democrata e do M5S, os actuais partidos do governo – comprometeram-se, ao assinar o Apelo ICAN, a promover a adesão da Itália ao Tratado ONU.

Na primeira fila, o actual Presidente da Comissão de Defesa, Gianluca Rizzo, e o actual Ministro dos Negócios Estrangeiros, Luigi Di Maio. Três anos depois, como os factos comprovam, o seu compromisso solene revela-se um expediente demagógico para recolher votos.

Para concretizar, em Itália, "uma política que aponta para um mundo livre de armas nucleares", como declara Gianluca Rizzo, não há senão um modo: libertar a Itália das armas nucleares, conforme prescreve o TNP, e aderir ao Tratado ONU, executando o que eles estabelecem: “Cada Estado Parte que possua armas nucleares no seu território, pertencentes ou controladas por outro Estado, deve assegurar a rápida remoção de tais armas”. Portanto, os signatários do Compromisso ICAN, exigem que os Estados Unidos removam todas as armas nucleares da Itália.

Se no Parlamento há alguém que queira um mundo livre de armas nucleares,
demonstre-o não por palavras, mas mas com factos.

Manlio Dinucci

il manifesto, 11 de Agosto de 2020

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Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos

Email: luisavasconcellos2012@gmail.com

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