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sexta-feira, 18 de maio de 2018

HÁ QUALQUER COISA DE IRREAL NA ATMOSFERA...


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Os que cresceram à sombra da «Guerra Fria» têm ainda na memória - com certeza - os momentos de grande aflição em toda a Europa (tanto do Leste, como do Ocidente), no início dos anos 80, quando soviéticos e americanos, num braço de ferro, ameaçavam-se reciprocamente de instalar misseis com ogivas nucleares, de um lado e do outro da «cortina de ferro», essa estreita e artificial divisória do Continente Europeu. Nessa altura, um grande movimento com epicentro na Alemanha Ocidental, desenvolveu-se. 

Os grandes contestatários da época, no início dos anos oitenta, eram os Verdes alemães, muitos dos quais tinham participado nas jornadas da «revolução» (abortada) de 1968... Hoje, estão mais que instalados, fazem parte da elite que nos desgoverna! Infelizmente, pode-se dizer o mesmo, com quase nenhuma variação, relativamente aos movimentos pacifistas e anti-militaristas de quaisquer outras «democracias» ocidentais. 
Nessa ocasião (no início dos anos 80), os movimentos de massas, obrigaram os poderes imperialistas a terem cuidado com o que faziam, pois o grande medo da revolução - por parte das elites de um lado e do outro - era real. 

Além disso, os americanos ainda estavam a lamber as feridas do Vietname e da «perda» das Colónias Portuguesas. 
Do outro lado, os Soviéticos davam os primeiros passos da guerra no Afeganistão, seu «Vietname». Diga-se, causado - em larga medida - pela criação pela CIA, daquilo que viria a ser designado, mais tarde, por Al Quaeda, destinada a desferir um golpe no centro do império soviético.
Em resumo, nem um nem outro super-poder achou conveniente - nessa ocasião - colocar mísseis nucleares em território europeu. 

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Agora não existe essa hesitação: os americanos e os restantes países da NATO colocam divisões de elite e armamento estratégico, incluindo mísseis com possibilidade de transportar cargas nucleares,  às portas da Rússia bem dentro de áreas que antes pertenciam ao Pacto de Varsóvia (países bálticos, Polónia, Roménia). 
Cozinharam um golpe de Estado na Ucrânia, durante o mandato do «pacífico» Prémio Nobel, Obama... usando esse golpe como pretexto para acusar a Rússia, supostamente culpada de «anexação», porque a população da península da Crimeia tinha referendado a sua saída da Ucrânia e a sua adesão à Federação Russa. Os golpistas de Kiev queriam exterminar a população russófona, não esqueçamos; e eles disseram-no publicamente!
As sanções  impostas à Rússia viraram-se contra a economia europeia, embora não tivessem um efeito económico acentuado nos EUA. As elites alemãs não se mostraram entusiastas destas sanções, preferindo fazer ouvidos moucos e continuar o projecto russo-alemão «Nord Stream», vital para o abastecimento de gás natural russo à Alemanha, por via do Báltico.
O imperialismo anglo-americano tentou contrariar este projecto, lançando mão de uma montagem de espionagem, completamente débil mental, mas que serviu para obrigar os governos «livres» da NATO a reforçarem as suas medidas anti-russas.

As pessoas parecem estar anestesiadas, como na véspera da II Guerra Mundial, embora esta não tenha que ver com a situação presente. Parece-me - porém - legítimo encontrar semelhanças, não apenas pela atmosfera irreal da política internacional, como pelas catadupas de mentiras que inundam o espaço público e se tornam como «verdades»...(lembremos a célebre frase de Goebbels*...

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        [*Mais a mentira é descarada, mais credível se torna. Quanto mais é repetida, mais o povo nela acredita]

De nada serve pessoas respeitáveis de vários quadrantes políticos, ideológicos e religiosos alertarem para a extrema perigosidade do momento, sobretudo agora, com a denúncia unilateral, por parte dos EUA, do acordo multi-partido com o Irão (rubricado também pela Rússia, China, Grã-Bretanha e França). 
- Alguém duvida que os EUA vão prosseguir sua política imperialista de «torcer o braço» aos adversários e mesmo aos «aliados» (vassalos), para obterem o que querem? 
- O que vai acontecer aos actores que são os governos dos países da NATO
- Vão eles continuar a calar e a fingir que acreditam na retórica bélica de pessoas como Nikki Haley, a histérica representante dos EUA na ONU?

Se os políticos corruptos e cobardes soubessem alguma coisa de História, lembrar-se-iam do modo como os imperadores romanos tratavam os traidores que tinham vendido suas respectivas pátrias ou tribos, a Roma: a «recompensa» era lançá-los às feras no Coliseu, ou algo deste estilo! 
Outra lição que poderiam aprender da História, é que, não apenas os impérios são de facto mortais, como também que um império moribundo é o mais perigoso.