Mostrar mensagens com a etiqueta FED. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta FED. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

EGON VON GREYERZ AVISA: ESTAMOS EM VÉSPERA DE UM ENORME COLAPSO

 

Figura 1: Dívida pública dos EUA (retirado do artigo de Egon von Greyerz https://vongreyerz.gold/war-inflation-gold )


Não pensem que Egon Von Greyerz é um dos «especialistas» que enxameiam a Internet com os seus prognósticos catastróficos. Como gerente de uma das maiores empresas de armazenamento de metais preciosos do mundo, tem de ter uma atitude responsável. 

Ninguém pode assumir que ele seja anticapitalista, nem remotamente. O que me estarrece é que, tanto anticapitalistas como pró-capitalistas, estão a ignorar os avisos deste homem, há uma data de anos, assim como os de um Alasdair Mcleod , entre outros. 

A maior parte das pessoas não percebe o que lhes vai cair em cima, porque não consegue fazer a diferença entre a verborreia alarmista destinada a  arrebanhar «clicks», e a avaliação realista e fundamentada dos riscos, em particular, dos riscos geopolíticos, assim como os económicos/financeiros, os quais vão de par, evidentemente. 

As pessoas estão habituadas a raciocinar, a ver as coisas no curto prazo. Este comportamento pode ter pouca importância nos indivíduos, numa economia que esteja mais ou menos «normal», ou seja, com expansão moderada do PIB, com oportunidades de realizar lucro em várias áreas, de obter dividendos, etc., por cima da taxa de inflação, geralmente baixa, ou, até, muito baixa. 

É este cenário no qual os investidores do Ocidente estão habituados a moverem-se, pelo menos, desde o resgate dos grandes bancos e negócios, no rescaldo da última grande crise do capital, em 2008. 

As pessoas e organizações, que tenham uma visão mais alargada, serão as que ficarão de pé, depois do «tufão» da próxima grande crise, que se desenha.

 No imediato, todos serão severamente afetados. Mas, sobreviverão os que diversificaram seus investimentos para bens sem contrapartidas*, ou seja, bens que não sejam «colateral» duma instituição (banco, fundo de investimento...), que ninguém os tenha na sua custódia**. 

Os outros, ou seja, os detentores de ativos financeiros (ações, obrigações, derivados e «cash», todos estes possuem contrapartidas) serão varridos pela onda de falências em série e pela inflação não controlada, que irá desembocar num paroxismo de hiperinflação

Aliás, este fenómeno de sobre-endividamento das economias não é raro: Há exemplos numerosos, sendo eles causa e consequência de guerras, de ruturas do tecido social, de mudanças tectónicas na distribuição mundial do poder. Quem não percebe isto, é ignorante da História. Há ignorâncias que são fatais. 

O pior, é quando pessoas incompetentes, seja qual for a sua tendência política e ideológica, estão ao leme de grandes instituições, de países, ou de organismos supranacionais. 

Face ao panorama atual, considero que os BRICS alargados já ganharam, não porque sejam perfeitos, mas porque os dirigentes do «Ocidente coletivo» são de uma incompetência inimaginável, juntamente com sua arrogância, apanágio de imbecis e ignorantes. 

Como as sociedades são governadas de cima para baixo, o que se espera de países tão mal governados é apenas o agravamento constante das condições de vida, numa espiral descendente, até se chegar a uma nova «Idade das Trevas» ... 

----------

*Contrapartidas: um ativo dado em garantia, uma hipoteca, um contrato em que uma das partes  pode tomar o ativo dado em garantia, caso haja incumprimento.

** A este propósito, veja o documentário de David Webb: https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2023/12/the-great-taking-grande-tomada.html

sábado, 11 de novembro de 2023

ESTADOS UNIDOS EM FALÊNCIA TENTAM OCULTAR A REALIDADE

 

                              Foto: águia na fachada do edifício da Federal Reserve em Washington

O futuro dos EUA e do seu governo, está fortemente ligado à capacidade do dólar em manter-se como divisa de reserva principal ao nível mundial. Mas, esta situação, se não oferecia dúvidas até aos anos 60, quando a balança de pagamentos era positiva e quando os EUA eram a maior potência, não apenas militar, mas também industrial, mudou já há muito tempo e a situação só pode ir de mal para pior.

Não existe saída para a situação de sobre-endividamento, tal como se apresenta, em termos de dívida pública (obrigações do Tesouro), assim como do défice crónico na receita de impostos, resultantes da debilidade das atividades económicas e da necessidade de importar cada vez mais.  A economia dos EUA seria considerada como de um país do «Terceiro Mundo», se os parâmetros económicos fossem analisados objetivamente. Mas, como se trata (ainda) da maior potência económica e militar, muitas pessoas têm dificuldade em ver assim os EUA. 

Com a economia tão desequilibrada, não há possibilidade de se manter - durante muito tempo - a hegemonia do dólar. Quando (e não «se») os ativos em dólares forem rejeitados mundialmente  e regressarem ao seu país emissor, o Banco Central (a FED) não terá outra hipótese - na prática - senão comprar os referidos ativos em dólares, com mais dólares. A partir de certo ponto, o orçamento Federal, demasiado sobrecarregado, não poderá suportar o pagamento dos juros da dívida pública. 

Figura 1: observa-se a progressão da despesa com juros em função do PIB. Constata-se a projeção para a presente década, de 3.0 a 4.0 % do PIB. Isto significa que o Estado Federal não poderá fazer despesas essenciais (escolas, estruturas de saúde, infraestruturas, serviços...), nem assegurar as suas obrigações (ordenados de funcionários, pensões, etc) porque tem de pagar os juros da dívida através do orçamento Federal. 



Figura 2: Não existe moderação no endividamento, ele sobe exponencialmente e também os juros da dívida acompanham esta subida. Os investidores e peritos do Mundo veem a deriva e o descontrolo das contas públicas nos EUA. Nenhum ator, privado ou institucional, quererá fazer investimentos em dólares, comprar ações cotadas nos EUA, ou títulos de dívida do governo, porque a incerteza na obtenção de lucros é muita e - o mais certo - é a perda de valor do dólar. 




Figura 3: A dívida pública total é, neste momento, de quase 34 triliões de dólares. Este nível é incomportável para as finanças públicas. Estas entraram - há muito tempo - no ciclo vicioso de emitir mais dólares, para pagar a dívida. Como, de cada vez, os novos empréstimos fazem-se com juros maiores, caminha-se a grande velocidade para a bancarrota. 
Os EUA não têm real possibilidade de fazer descer os juros. Se o fizessem, haveria a saída em massa de capitais estrangeiros, investidos nos EUA, para outras paragens. Os juros, mais altos nos EUA em relação a outros países ocidentais, é que têm mantido os mercados «a flutuar». Se houver diminuição de juros, os mercados  sofrerão uma derrocada. 
 As políticas económicas e financeiras dos EUA, assim como sua pesada máquina de guerra, estão na origem do dilema seguinte: 
- Se mantêm ou aumentam os juros, continuarão a atrair capitais externos mas, o peso excessivo dos juros no Orçamento Federal, provocará a quebra do Estado. Esta política também se traduz numa elevada inflação e no empobrecimento da maioria. Além disso, a competitividade que alguns setores pudessem ter, perde-se. 
Se travam ou se diminuem os juros, haverá saída em massa de capitais estrangeiros («hedge funds» investidos na ordem de 65%, nos mercados bolsistas). Haverá um «crack» bolsista, desencadeando ruturas no sistema bancário, nas pensões e nos seguros.


Como refere o artigo «Endgame: Interest On US Debt Skyrockets Above $1 Trillion For The First Time Ever» , trata-se de um «final de jogo». Os dados deste artigo e os gráficos vêm reforçar a minha convicção prévia sobre a debilidade estrutural do «reino do dólar», conforme já tenho analisado em vários momentos, e mais recentemente, no meu artigo: O DÓLAR PODERÁ SOBREVIVER; MAS O SISTEMA QUE O SUSTENTA ESTÁ CONDENADO.
O poder nos EUA tem exibido uma estratégia cada vez mais agressiva. Isso explica-se -  meu ver - pelo desespero de verem que o sistema de dominação mundial através do dólar lhes está a escapar.
 

terça-feira, 25 de abril de 2023

A economia global entre Caríbidis e Cila

 



Os bancos centrais andaram durante muito tempo a jogar com a quantidade de dinheiro (aqui, entenda-se divisas fiat). Inicialmente, puderam iludir as pessoas, incluindo economistas sofisticados, de que se tratava de suprimir as oscilações periódicas da economia, dando aos mercados a quantidade de dinheiro que eles precisavam para não entrarem em deflação.
 Segundo a ortodoxia dos banqueiros centrais e dos governos ocidentais, a existência de um «pouco» de inflação era benéfica e saudável. Mas, esta inflação acontecia num contexto de atividade industrial muito deprimida, após a grande crise financeira de 2008.
 Depois, baixa ou alta, a inflação é trituradora dos rendimentos das pessoas, principalmente dos assalariados e pensionistas. O aumento do custo das coisas básicas e elementares era muito maior do que de coisas que se podem considerar «não essenciais». 
É o rochedo chamado «Cila», que representa a inflação. Os turbilhões na proximidade do rochedo, iam tornando a economia cada vez mais deprimida, sobretudo no que toca aos investimentos produtivos, por oposição aos especulativos. 
O resultado de se lançar «dinheiro fiat» (sob forma eletrónica, principalmente) para os mercados, acentuava os redemoinhos, perto de Cila. Não resolvia a questão de fundo: estimular a produção de bens e serviços e não as atividades especulativas (o casino das Bolsas).
Na tentativa de manter o «status quo» e de não prejudicar os ricos detentores de grandes empórios financeiros (Banca comercial, fundos de investimento...), vieram com a falaciosa teoria de que aqueles «criavam riqueza». Na verdade, ao apostarem na financeirização, desencaminham a riqueza. Os capitais investidos em especulação financeira não participam realmente em atividades produtivas da economia. 
Mas, depois de 2008, os banqueiros centrais e os governos, fingiam que acreditavam nesta teoria, para verter somas abismais aos banqueiros que tinham sofrido perdas. Estas perdas eram expectáveis, pois eles tinham jogado no «alavancar» dos fundos que geriam. 
O que aconteceu foi aquilo que qualquer pessoa com bom-senso poderia prever: Em vez de investirem, eles próprios, ou de emprestarem o dinheiro recebido para crédito à produção, foram aparcá-lo em contas na FED ou noutros bancos centrais, que forneciam à banca comercial juros muito pequenos, mas sem risco. Outra parte do dinheiro recebido pelos bancos, foi para jogar na bolsa (incluindo a auto-compra das ações).
Como era inevitável, a inflação monetária e o estímulo de atividades especulativas, fizeram aumentar a massa monetária, atingindo extremos tais, que os capitais disponíveis globalmente eram, pelo menos, 20 vezes o PIB mundial. Ao certo, não sabemos, porque uma parte importante desses capitais está investida em derivados,  instrumentos que não são registados nos balanços de instituições de crédito, mas que pesam na solvabilidade destas.
A subida dos juros de referência pela FED (seguido pelos outros bancos centrais ocidentais), implicava o aumento do custo do crédito e a diminuição correlativa do valor das reservas. Os bancos comerciais têm em reserva, principalmente, obrigações do tesouro do seu próprio país ou de outros (uma obrigação vale tanto mais quanto o seu juro for mais baixo). 
Os 4 bancos que faliram recentemente nos EUA, assim como o Crédit Suisse (um banco «sistémico»), não conseguiram corrigir a tempo o desequilíbrio causado pela perda do valor dos seus ativos em reserva. Caríbidis será o nome simbólico da enorme parede de pedra; o «rochedo» das taxas de juro crescentes e as consequências nefastas para as instituições bancárias, obrigadas - por lei - a ter parte das reservas em obrigações (bonds) do Tesouro. 

A expressão proverbial, recorrendo à mitologia grega, diz que alguém (ou instituição) «vai de Caríbidis para Cila», para exprimir que ambas as alternativas vão desembocar no naufrágio, ou no desastre total. É, portanto, fútil e perigoso nos mantermos dentro dos parâmetros dos que querem ir de Caríbidis para Cila, ou vice-versa.

A «solução» dos banqueiros e dos oligarcas é a de causarem o máximo de perturbação na economia, na economia produtiva, para as pessoas - desesperadas -se renderem à «hidra de sete cabeças» ou outros monstros, que são as «moedas digitais emitidas por bancos centrais» (CBDC)
A solução para a gente comum, os não beneficiários do casino da finança globalista, é completamente diferente: Passa por uma reforma do sistema monetário mundial, onde não exista uma moeda de reserva enquanto tal, mas onde as moedas nacionais sejam usadas nas trocas. Os diferenciais, serão saldados em ouro ou noutro metal precioso (Prata, Paládio, Platina). 
Assim sendo, não haverá nação, por mais poderosa que seja, que possa impor-se às outras, como têm feito os EUA. O seu domínio em todas as transações em dólares, deu-lhes a possibilidade de confiscarem importantes somas e imporem sanções TOTALMENTE ILEGAIS. São atos de pirataria financeira, que têm afetado negativamente as relações comerciais entre países. Aliás, esta é uma das principais causas de haver muitos países, aliados dos EUA, a quererem entrar para os «BRICS».

domingo, 19 de março de 2023

TEMPESTADE DE CRASHES - EXPLICAÇÃO DO QUE SE ESTÁ A PASSAR

Conhecem com certeza a história de Pedro e o Lobo. O Pedro divertia-se a dar falsos alarmes, mas um dia o lobo veio mesmo à aldeia, só que nessa ocasião, ninguém queria acreditar nisso! Aqui, também se passa o mesmo, mas os «Pedros» são os que deram o alerta da situação disfuncional dos mercados e nas instituições financeiras, em particular, desde 2009.

O sistema financeiro e monetário mundial é controlado a partir da FED (Banco Central, uma instituição privada, embora o presidente seja escolhido pelo presidente dos EUA) e também do BIS (Bank of International Settlements) em Basileia (que é tão especial que a polícia suíça não pode lá entrar, mesmo com um mandato de captura).

O projeto de CBDC (Central Bank Digital Currencies) é oriundo e apadrinhado por aquelas duas instituições «mamutes» e por um terceiro «mamute», o FMI.

O processo de introduzir estas CBDC só tem interesse para os banqueiros centrais (em particular, os dos países ocidentais) se implicar a digitalização do dinheiro a 100%. O dinheiro-papel (ou em moedas) deixaria de ter validade.

Este processo talvez seja viável em países muito familiarizados com os cartões de crédito e débito. Nos países ricos (EUA, Suécia, Reino Unido,...) uma maioria das pessoas usa estes meios eletrónicos no quotidiano. A generalização dos pagamentos correntes através de cartão ou de app no smartphone, não seria muito problemática, à primeira vista.

Mas, vejamos o que aconteceu com a introdução do CBDC na Nigéria, país africano considerado rico pelo facto de ser um grande produtor de petróleo: Ver AQUI.

Neste país, houve uma situação caótica, em que as notas de banco eram «racionadas», onde mães, que tinham de alimentar as crianças, saltavam elas próprias as refeições, porque não havia acesso ao dinheiro no banco, não tinham suficiente para se abastecer de alimentos no mercado !

Se nos países desenvolvidos há problemas em instaurar os CBDC, é antes porque a cidadania já percebeu que o controlo do Estado central vai se tornar muito mais problemático do que a mera prevenção da fraude, da criminalidade e da fuga ao fisco.

Nestes países, apesar da propaganda, compreende-se que este processo não é a favor da liberdade, da autonomia e da privacidade dos cidadãos. A aceitação de tal medida tem de ser na sequência dum enorme caos, de uma crise profundíssima, só assim os governos e banqueiros centrais pensam conseguir a «adesão» ao «100% digital».

Note-se que as falências têm ocorrido numa série de bancos de depósito. Estes, são considerados «pequenos», em comparação com as 5 maiores instituições financeiras dos EUA: JP Morgan, Morgan Stanley, Freddie Mac, Bank of America, CITI Bank

Segundo Robert Kiyosaki, há a hipótese de tal cadeia de falências ter sido prevista e desejada. Houve um aumento brusco dos juros das obrigações e outros títulos de dívida, da parte da FED. Esta subida tem sido efetuada com o pretexto de domar a inflação. Mas, não é crível que a FED e o Tesouro dos EUA não tenham previsto que os bancos (justamente, os de depósito) que tinham como reserva principal «Treasuries» (obrigações soberanas dos EUA), não fossem muito impactados, alguns ficando mesmo insolventes. [Note-se que a subida dos juros nas obrigações, significa a diminuição do seu valor.]

Uma grande parte do dinheiro depositado nestes bancos, já voou para os 5 grandes bancos de negócios (ditos «Too Big to Fail») - sobretudo o dinheiro de clientes empresas/negócios, que tinham lá somas acima do limite de cobertura do FDIC. Esta instituição garante os depósitos até 250.000 dólares, mas não dispõe senão do necessário para cobrir 0 .05% do cash presente nos bancos dos EUA, que está dentro dos limite acima indicado.

Conclusão: Estão a fazer com que o mundo ocidental sofra uma enorme crise, porque temem que se forem introduzir o dinheiro digital (CBDC) «devagar, suavemente», aconteça uma rejeição semelhante à da Nigéria.

Agora, esta onda de choque provocada (Shock and Awe), vai ter implicações muito graves no continente europeu (e eles sabem-no). Note-se que a dimensão dos bancos deste lado do Atlântico é muito menor, só alguns bancos europeus fazem parte da tabela dos 100 maiores bancos.

Portanto, se a derrocada de bancos continuar com os pequenos ou médios bancos de depósitos na Europa, não será caso para surpresa. Além de estarem todos interconectados, é um facto que o ECB tem feito uma política muito parecida à da FED

Para os globalistas, não será um problema, pois faz parte dos seus planos: Eles querem que a Europa fique de rastos para aceitar qualquer boia de salvação lançada pelo FMI, Banco Mundial, BIS, etc.

Neste processo, compreende-se que a concorrência entre capitalistas, não é apenas de «Ocidentais» contra «Orientais». Desde há bastante tempo, os governos europeus e a Comissão Europeia, têm aceite o papel de vassalos, face aos interesses do «hegemon». Esta postura de subserviência constata-se em todas as organizações regionais e internacionais: Sem dúvida a OTAN , mas igualmente instituições globalistas como BIS, OMS, OCDE, etc.

Este jogo revela-se agora como duma «demolição controlada» do edifício monetário e financeiro «global». Destina-se a obter ainda maiores fatias de poder. Isso vai implicar obter a resignação e a anuência das populações, por medo.


ROBERT KYIOSAKI  COM ANDY SCHECTMAN : VEJA AQUI

VEJA ABAIXO Video SOBRE O CBDC:

ATUALIZAÇÃO 1: Durante o fim-de-semana foi negociada a compra, por 3 mil milhares de dólares, do Crédit Suisse pelo banco (Suiço) UBS, com apoio da BNS (Banco Central da Suiça) que fez um empréstimo de garantia de 100 mil milhares de dólares. Ver em: 

quinta-feira, 16 de março de 2023

A SITUAÇÃO REAL DA BANCA


 As pessoas, em geral, não compreendem como as instituições bancárias estão «alavancadas» ou seja, como emprestam 1000, quando só têm 100 em fundos próprios.

 Todo o sistema está feito para favorecer a utilização do dinheiro dos depositantes, para os mais diversos fins, sem lhes pedir licença, nem lhes dar juros (ou quase nada) por isso. 

Quando um banco empresta, a juros, cria instantaneamente (criação escriturária) o dinheiro em causa. Imagine as somas astronómicas criadas! O dinheiro-crédito é criado no momento em que é concedido o empréstimo! Os bancos são os principais criadores da massa monetária em circulação.

Mas, realmente, aquilo que as próprias leis e regulamentos permitem que as entidades bancárias façam, seria o suficiente para pôr na prisão o cidadão vulgar.

Se eu emprestar (a juros, ainda por cima) dinheiro que não existe, vou direitinho para a prisão. Mas isso é o vulgar da atividade de TODOS os bancos. 

Os contratos de derivados são autênticas apostas, com a agravante de que estas apostas - no fundo - são possíveis porque tu e eu e quase nós todos, pomos nossos parcos tostões nas instituições «caritativas» chamadas «bancos» ou «instituições financeiras». 

Mas, quando ficam «a descoberto», devido às suas tropelias e suas «apostas» arriscadas, não têm de repor as contas em ordem, com dinheiro deles. Não, porque o dinheiro privado dos administradores e gestores do banco não está nunca em causa. 

Dá-se então o caso curioso, em especial tendo em conta que isso nunca acontece com inúmeras pequenas e médias empresas em apuros: É o Estado (isto é, nós os contribuintes!), que vai resgatar esses bancos, somos nós (pelos nossos impostos) que cobrimos as perdas dessa banca, porque senão levantava-se uma grande indignação popular, que poderia acabar em insurreição, em revolução.

O dinheiro também é fabricado a rodos (eletronicamente) nos bancos centrais, o que significa que se está a diluir o valor das somas que já estavam na posse dos cidadãos e das instituições. Note-se que este mecanismo é o principal causador da inflação, como tenho explicado.

No caso da falência dos três bancos de depósito nos EUA, o Estado através do seu presidente Biden garantiu que as pessoas irão recuperar o dinheiro dos seus depósitos. Mas como? 

- Simples: o Estado, através do Tesouro, diz à FED (Reserva Federal) para imprimir mais uns biliões e lhos «emprestar». Depois, irá entregar aos depositantes dos bancos falidos as somas que eles possuíam nestas instituições. 

Não admira que as despesas sociais encolham, assim como as pensões, os salários e o investimento em infraestruturas públicas.

Enfim, como dizia Henry Ford (fundador da marca «Ford» de automóveis), «ainda bem que nem um cidadão em mil, percebe como funciona o sistema financeiro, porque senão, haveria uma insurreição amanhã» !!


ATUALIZAÇÃO:

O CRÉDIT SUISSE PRECISA DE 54 BILIÕES PARA EVITAR O COLAPSO


«SAM ZELL: ISTO É A REPÚBLICA DE WEIMAR»


O CRÉDIT SUISSE É APENAS O PRIMEIRO, NO SISTEMA BANCÁRIO GLOBAL, A ENTRAR EM COLAPSO

PS 1: Ao contrário das ações nas bolsas mundiais, o ouro subiu para um novo patamar, desde dia 15  e tem-se mantido até hoje (17/03/2023) nas alturas.

PS 2: Os grandes bancos formam uma associação inédita, com grandes somas depositadas, para evitar o colapso do «First Republic Bank»

PS 3: A desregulação do setor bancário e financeiro em 1999 é responsável, em última análise, dos colapsos de 2008 e de 2023.

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

SOBRE O CRASH DE FTX E AS DIVISAS DIGITAIS DOS BANCOS CENTRAIS

 Toda a construção parece, agora, que se sabe muito mais coisas sobre FTX e seu dono, algo muito frágil e ligado ao meio corrupto da política americana. Mas, embora as perdas para o dono e para os investidores em criptos sejam avaliadas em mais de 20 biliões de dólares, pode considerar-se que o mundo não ficou mais pobre. Porquê? Porque a imensa maioria das pessoas, AGORA, não vai colocar as suas poupanças em veículos tão especulativos, em que se arriscam a perder tudo se a plataforma onde colocaram os seus bitcoins e outras cripto, entrar em falência

Agora, também se perfila no horizonte próximo a possibilidade de entrada em vigor de divisas cripto, emitidas pelos bancos centrais ocidentais. É verdade que o país mais avançado nesta digitalização a 100%  do dinheiro é a China, que colocou experimentalmente, em várias províncias, cripto-Yuan em circulação. Porém, aquilo que transparece dos estudos dos BRICS e de uma série de países a eles associados, é que a própria ideia de  nova divisa de reserva mundial, que de facto seja aceite como tal, não pode ser a divisa nacional, seja de que país for.



O reino do dólar como moeda de reserva, «obrigava» a que os EUA tivessem défices comerciais e da balança de pagamentos permanentes, em ordem a fornecerem o mercado mundial em dólares, sempre «consumidos» pelos diversos países - amigos ou inimigos dos EUA - no comércio e nas operações de financiamento internacionais. Além disso, os EUA não resistiram à tentação de se aproveitarem, de todas as maneiras, do seu monopólio de emissão da moeda de reserva mundial. Com efeito, o défice crónico da balança de pagamentos e comercial dos EUA era suportado pela emissão de dólares, os quais deixaram de estar indexados ao ouro desde 1971. Isto significa que os EUA recebiam matérias-primas e produtos manufaturados, que eles «pagavam» com pedaços de papel. Estes, apenas eram aceites porque os outros países os aceitavam também como forma de pagamento. Este sistema era gerador de inflação, visto que os EUA têm emitido muito mais dólares, do que os mercados financeiros e comerciais mundiais conseguem absorver. A crise mundial de inflação, agora em curso, não é mais do que a consequência de 8 anos de «quantitative easing» pela FED.  Agora, nem a Arábia Saudita está muito interessada em que lhe paguem o petróleo em dólares. Logicamente, estando o reinado do dólar a chegar ao fim, pode-se imaginar que os que desenham a nova moeda de reserva mundial, queiram evitar para esta os defeitos de que sofria o dólar, enquanto desempenhava esta função.  

- É verdade que os cidadãos de um determinado Estado, se lhes impuserem que a sua moeda seja digital, não terão muitas hipóteses de evitar usá-la no quotidiano. Por isso, as moedas digitais emitidas por bancos centrais, têm garantidos os mercados internos dos respectivos países. Mas, para terem aceitação inequívoca, ao nível internacional, têm de ser mais do que «digitais», têm de estar indexadas a algo de tangível, como matérias-primas estratégicas e/ou metais preciosos. É nesse sentido que caminham os que estão a construir uma nova moeda de reserva mundial. Provavelmente existirá um cabaz de moedas nacionais e que inclua também certas matérias-primas e metais preciosos. Isto significa que será uma moeda digital mundial muito estável, com um câmbio estável, não só para as divisas presentes no cabaz, como para as outras. Outra vantagem para os países detentores da nova unidade de valor monetário será terem acesso às matérias primas e ao ouro.

- O corte entre os blocos «euro asiático» e o «ocidental/anglo-americano» vai dar-se não somente em termos de alianças militares, mas também de blocos comerciais e espaços de circulação de divisas internacionais: Se as hostilidades se agudizarem e prolongarem, pode mesmo acontecer que não haja convertibilidade direta entre as moedas de reserva que vierem a ser adotadas num e noutro campo. 

PS1: Parece que o dono de FTX, « Sam Bankman-Fried-on-Amphetamines » era, não só um drogado, mas também tinha o cérebro bastante afetado. Então, o autor do artigo seguinte coloca a questão de Sam ser apenas um simples joguete ("patsy"), tendo por detrás a manipulá-lo alguém poderoso: 

https://www.unz.com/kbarrett/sam-bankman-fried-on-amphetamines/

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

EFEITOS PERVERSOS DA SUBIDA DO DÓLAR




Infelizmente para a economia americana e para as economias dos países ocidentais, um dólar «forte» não resulta de uma renovada capacidade produtiva, de um renascer da atividade industrial, como se poderia ingenuamente crer, se apenas nos restringíssemos a medir a força relativa do dólar, em relação a outras divisas dos restantes países ocidentais.

De facto, os EUA estão no meio de uma crise, que se traduz por cada vez menor influência geopolítica, com a deserção da Arábia Saudita e da OPEP do arranjo, que data de 1973 e que deu origem ao «petrodollar». Este está na base do dólar ter sido - nestes anos todos- considerado, por amigos ou inimigos, como moeda de reserva internacional, que todos deviam possuir, pois só com dólares se podia adquirir petróleo.

Porém, a enorme produção de dólares durante todo o período de 2008 até agora, só se tem vindo a acelerar. A recente inversão de tendência da FED é apenas aparente, pois o «Quantitative Tightening», (ou seja, limitação, não redução, do aumento da massa monetária), apenas tem um efeito psicológico. De facto, a FED continua a fazer, através de «swaps» com os grandes bancos sistémicos, operações que se traduzem num aumento do crédito disponível.

Mas, por que razão a FED se sente obrigada a continuar com o «Quantitive Easing» (ou seja, impressão monetária) pela porta do cavalo?

A FED e Jerome Powell temem a possibilidade de congelamento do crédito, a grande ameaça da crise de 2008, que quase se transformou  em  rutura do sistema. Este congelamento ocorreu de novo em Setembro de 2019, com a subida dos juros para valores inéditos de 10%, do mercado «repo», ou seja, o crédito de curto prazo interbancário, antes - portanto - da epidemia do COVID. A partir de Setembro de 2019, a FED começou a fazer o papel de fornecedor de liquidez ao referido mercado «repo», sendo a crise do COVID aproveitada como pretexto para a FED despejar - de forma já não disfarçada - somas abismais nos bancos.

Quanto à subida das taxas de juro das obrigações, esta começou antes da FED e os outros bancos centrais do Ocidente decidirem uma subida das taxas de referência. Estas subidas oficiais foram avalizar aquilo que os mercados secundários já estavam a fazer. Portanto, não é por os presidentes dos Bancos Centrais declararem que vão subir as taxas de juros, que elas sobem. Passa-se o contrário, elas sobem primeiro nos mercados; os bancos centrais são obrigados a seguir a onda.

Com a subida das taxas de juros das obrigações, a situação tornou-se muito perigosa para os mercados financeiros, em particular, tendo em conta os montantes astronómicos de derivados, aos quais estão expostos os grandes bancos sistémicos, os fundos de pensões, as companhias de seguros e o negócio das hipotecas. O Banco de Pagamentos Internacionais (o banco central dos bancos centrais, com sede em Basileia) calcula que existiam, em Junho de 2021, o equivalente de 8.8 triliões de dólares investidos em derivados pelas entidades acima citadas. Destes instrumentos derivados, os mais comuns e que mobilizam maiores somas mundialmente, estão adossados a índices de taxas de juros. A subida rápida destas taxas de juros pode despoletar a venda em cascata e/ou situações de incumprimento. Como as instituições financeiras, bancos e outros, estão muito alavancados, é fatal que vários entrem em falência. Warren Buffet, há muitos anos, dizia que os derivados são «armas financeiras de destruição massiva».


O dólar forte é causador da aceleração da insolvabilidade duma economia ocidental largamente dolarizada. Basta pensar-se na imensa quantidade de dólares emitidos pelos bancos internacionais (não-EUA) e que circulam no sistema financeiro mundial. São impropriamente chamados «euro-dólares» pois, na realidade, são dólares emprestados, ou emitidos por entidades algures no mundo (não apenas na Europa!), fora dos EUA. No momento presente, em todo o mundo, as trocas comerciais e as transações financeiras são em mais de 60%, feitas usando dólares. Isto significa que muitos governos têm de comprar dólares no mercado internacional para poderem pagar prestações e juros das dívidas contraídas em dólares. Isto é particularmente verdadeiro para países frágeis do Terceiro Mundo. Nos mercados, a subida do dólar tem um efeito depressor das exportações dos EUA, enfraquecendo o débil tecido industrial dos EUA. O facto de muitas mercadorias serem importadas pelos EUA, com preços mais baixos, poderá ter um efeito no curto prazo, mascarando perante os eleitores o falhanço da política económica do governo Biden. Porém, creio que, mesmo esse efeito, vai ser anulado pelas ruturas de stocks, pelo aumento da inflação e pelo crescimento do desemprego. De qualquer maneira, a visão politiqueira a curto prazo, tanto em políticas económicas como em geoestratégia, têm sido uma característica da presente administração.

A política de manter um dólar alto tem efeito dramático em países como o Japão, acelerando a sua monetização da dívida e sobretudo obrigando-o a colocar à venda as «Treasuries» americanas, mas para poder fazer face a um custo acrescido (em dólares) das importações. Quando vemos isso em relação a uma economia ainda muito forte, embora também altamente endividada, faz-nos lembrar as economias da Europa, em particular de Portugal, que estão muito endividadas também e que têm uma estrutura produtiva bem mais frágil.

A política económica americana tem sido impiedosa para com os seus aliados, quer estes sejam da Europa Continental, quer do Reino Unido, quer do Japão. Como os poderes dos EUA dispõem do instrumento dólar, usam-no como arma de guerra. São eles que estão a cavar a fossa do seu próprio poderio. Isso não deveria surpreender um estudante da História. Os impérios, em geral, falham pelas medidas que tomam, relativamente a seus súbditos ou vassalos. Não são submersos por uma vaga de invasões de outros poderes, senão quando já estão internamente muito fracos, incapazes de manter o funcionamento do sistema. É exatamente o que estamos a viver agora.




ALGUMAS CITAÇÕES RELATIVAS AO TEMA:

Rising interest rates are also a sea-change for derivatives, and particularly for the banks exposed to them. Interest rates swaps, of which the Bank for International Settlements reckoned there were $8.8 trillion equivalent in June 2021, have been deployed by pension funds, insurance companies, hedge funds and banks lending fixed-rate mortgages. They are turning out to be a financial instrument of mass destruction.

https://www.goldmoney.com/research/banking-crisis-the-great-unwind




As the USD rises in strength on the back of Powell’s impossible Volcker-revival and tangled derivatives, other Dollar-desperate nations from Argentina to Japan find themselves with not enough Greenbacks to pay their debts or settle trades, wires and oil purchases, which thus forces them to print (i.e., debase) more of their local currencies to make USD-denominated payments.

But Japan takes the cake for debasing its own currency all on its own, as no nation has ever loved a money printer and currency-debaser more.

This might explain why Japan is leading the charge in dumping its USTs into the FOREX markets, which only adds more pressure to rising yields and hence rising rates.

Thanks Kuroda—just one more central banker with a mouse-clicker gone mad… Perhaps he’ll be next in line for a Nobel Prize?

But Japan is not alone, as other nations dump the once sacred UST just to keep their currencies afloat…

https://goldswitzerland.com/how-an-illiquid-dollar-ruins-the-world/





"... Rates rising have absolutely frozen the real estate market. If you own a property, who is going to buy it? Rates have gone from 3.25% to more than 7%. I am on the record that once we saw a 3% yield on the 10-Year Treasury, you would start to see a tightness in credit. Now, we are over 4%. What few people are talking about is what has this already done to the derivatives market?

...Think about how big the derivatives market is. Total credit worldwide is $350 trillion, but you have derivatives pushing $2 quadrillion. I have said this all along, derivatives will blow up. Warren Buffett has called them financial weapons of mass destruction. They are far bigger than central banks can fix.”

Holter goes on to say, “The real economy runs on credit. Everything you look at, everything you touch and everything you do every day has many uses of credit to get to the final product or situation..."


" So, once credit freezes up, it’s completely game over. In a past interview, I said they are pulling the plug. They have to pull the plug because, mathematically, the debt cannot be paid. The derivatives cannot perform. So, they have to pull the plug. They also have to do one other thing, and that is they have to kick the table over. What will the false flag event be? I have no idea...

They have to kick the table over so they can say our policies were working, but whatever this event will be stopped them.”



[...]
Equally important are the global ripple effects of the US Fed’s increasingly desperate and distorted actions. The strong USD policies intentionally and currently used by the Powell Fed have had a crippling and destabilizing impact on global currencies, from developed to developing, as the rest of the world has been forced to import US inflation and debase their own currencies to settle trillions in imposed USD transactions. In short, as the USD rises, the rest of the world’s currencies (and hence economies), friend and foe alike, are forced to suffer. As Matthew quips: “With financial and political allies like the U.S., who needs enemies?”



quinta-feira, 13 de outubro de 2022

QUE TAL UMA CRISE BANCÁRIA, A SOMAR À CRISE ENERGÉTICA?

                                             

 Os bancos dos países ocidentais, sobretudo da UE, do Japão e Reino Unido, têm estado super alavancados, isto quer dizer que a soma de tudo aquilo que têm emprestado ultrapassa, nalguns casos de perto de  30 vezes, as somas em cash e outros ativos que possuem e que eles têm como garantia. O principal elemento desta alavancagem monstruosa é o mercado dos derivados. É um mercado muito pouco regulado, que não entra nas contabilidades dos bancos, pelo que as quantidades em jogo e o risco associado são apenas estimativas. No entanto, estas apontam para uma potencial quebra em «castelo de cartas», visto que a subida dos juros das obrigações e a contração do crédito, tanto ao público, como interbancário, vai desencadear uma série de ativações (automáticas) das cláusulas de segurança nos referidos contratos de derivados. Tipicamente, um determinado contrato está baseado sobre índices ou valores de ativos. Estes estão fora do controlo das entidades que emitem e compram esses mesmos derivados. Assim, quando são feitos os contratos, há cláusulas de salvaguarda, para o caso em que haja um desvio demasiado grande de certos parâmetros, em relação aos mesmos aquando da assinatura dos contratos. É o caso recente dos aumentos de juros grandes e bruscos, tanto nas obrigações soberanas (emitidas pelos Estados), como as obrigações de empresa. Ninguém sabe qual o comportamento no curto prazo dessa «nebulosa» dos derivados, que mobiliza muitos triliões. Porém, a instabilidade e o receio imperam. Isto explica, em parte, a dificuldade presente do Crédit Suisse em se recapitalizar. Mais uma vez, entra o mesmo cenário que na Grande Recessão de 2008. Lembremos que foi a ausência de empréstimos interbancários, que poderiam resolver défices de liquidez temporários, que despoletou a crise. Os «pacotes de créditos hipotecários» foram os catalisadores, mas a consequência imediata disso foi que nenhum banco confiava na solvabilidade do seu vizinho; todos se retraíam de emprestar dinheiro, mesmo nos prazos mais curtos. O cenário repetiu-se em Setembro de 2019, seguido pela avalancha de QE (impressão monetária) da FED, até ao tsunami em Março 2020, supostamente por causa do COVID. 

Na realidade, a enormidade das dívidas acumuladas e a alavancagem de muitos bancos - incluindo bancos ditos sistémicos - faz com que já não haja «potência de fogo» de nenhum banco central, ou mesmo do FMI, para diferir (não digo eliminar) a derrocada. 

Situação das contas de diversos bancos. Para análise detalhada, ler Artigo* de Alasdair Macleod 

Creio que os bancos centrais - mais uma vez-  enganaram-se a si próprios. Seguiram estúpidas teorias monetaristas, entre elas o neokeynesianismo e  -mais recentemente - a famosa MMT. Essencialmente, ambas teorias advogam que os Estados podem manter-se em défice permanente, que o aumento da moeda em circulação é percebido pelos mercados como crescimento, como confiança no investimento, etc. A ideia é que esta «crença» dos mercados acaba por despoletar o crescimento, tem um efeito «estimulador» da economia. Tenho imensa dificuldade em compreender como tantas pessoas adultas, muitas delas com doutoramentos, conseguem autoiludir-se a este ponto: 

- De facto, se há um aumento da massa monetária em circulação, ele vai traduzir-se num enfraquecimento dessa moeda e isso vai despoletar a inflação. Esta pode ser diferida, assim como a água numa represa de uma barragem hidroelétrica pode ser retida durante algum tempo, até um certo nível. Mas, a partir de certo volume, têm de se abrir as comportas, que permitem que a água escoe, que a inflação deixe de estar confinada aos ativos financeiros e se alargue ao consumo geral (é aquilo que estamos a ver agora). No caso da barragem, se isso não for feito, a pressão constante da água sobre as paredes e o transbordar de água por cima do parapeito causarão inundação a jusante, ou pior ainda, uma rutura na própria barragem, seguida de inundação brusca. 

A analogia com o sistema monetário mundial é muito forte. Existe, como sabemos, ligação forte entre todos os bancos centrais, que também estão conectados ao sistema bancário e financeiro de cada país e internacional. No caso presente, uma crise séria, causando a falência dum «banco sistémico», como o Crédit Suisse ou o Deutsche Bank (ou outro grande banco internacional equivalente), irá despoletar uma série de fenómenos de vendas de pânico, de falências e «default» (= falhas de pagamento) em cascata. Mas, agora, não haverá já dinheiro do jogo «Monopoly» que possa salvar (temporariamente) a situação como em 2008. Ou então,  bem podem eles produzir divisas-fiat, nas quantidades que quiserem. Mas, o público e as empresas não quererão mais esse dinheiro «Monopoly». 

Também não servirá de grande coisa «afundar o vizinho» para se manterem à tona, como os americanos têm feito - desde há muitos anos - aos europeus. Agora, agiram de forma espetacular, com o atentado terrorista dos gasodutos NordStream. A cidadania mais esclarecida, mais consciente, já está a mobilizar-se. Em França, Alemanha, Rép. Checa, Itália, etc, há grandes manifestações. 

A U. E. está enredada nas suas contradições, entre servir os respetivos povos e suas economias nacionais, ou sujeitar-se ao «diktat» americano. Estes, através da OTAN (sobretudo), estão sempre a «torcer o braço» aos europeus para estes fazerem as «guerras dos americanos» contra os seus competidores. 

Não sei se, na U.E., chegarão a um ponto de rutura ou não, mas sei que não será o fim do mundo. As crises vão e veem. Causam muito desemprego, miséria, agitação social, além de que muitos valiosos ativos mudam de mãos. Mesmo que seja o fim do capitalismo, também não é o fim do mundo. Só temos que ter muito cuidado com a histeria de certos atores políticos que - conscientemente ou não - têm estado a aproximar a humanidade do holocausto nuclear. Isso sim, seria o fim de tudo.

-------------------------

*)  https://www.goldmoney.com/research/banking-crisis-the-great-unwind

domingo, 3 de julho de 2022

terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

[F. William Engdahl] BLACKROCK? MUITO MAIS DO QUE VOCÊ IMAGINA

            https://www.globalresearch.ca/more-blackrock-than-you-might-imagine/5748159

Publicado pela primeira vez pela Global Research em 20 de junho de 2021

Uma empresa de investimento praticamente não regulamentada hoje exerce mais influência política e financeira do que a Federal Reserve (a Reserva Federal, o Banco Central dos EUA) e a maioria dos governos deste planeta.

A empresa, BlackRock Inc., a maior gestora de ativos do mundo, investe impressionantes 9 triliões US$ em fundos de clientes em todo o mundo, uma soma mais que o dobro do PIB anual da República Federal da Alemanha.

Esse colosso fica no topo da pirâmide da propriedade corporativa mundial, inclusive na China, mais recentemente. Desde 1988, a empresa se posicionou para controlar de fato a Reserva Federal, a maioria dos megabancos de Wall Street, incluindo o Goldman Sachs, o Fórum Económico de Davos e o seu «Great Reset», a Administração Biden e, se não for travado, o futuro económico de nosso mundo. A BlackRock é o epítome do que Mussolini chamou de Corporativismo, onde uma elite corporativa não eleita governa, de cima para baixo, a população.

Como o maior “banco sombra” do mundo exerce esse enorme poder sobre o mundo deve nos preocupar. A BlackRock, desde que Larry Fink a fundou em 1988, conseguiu montar softwares financeiros e ativos exclusivos, que nenhuma outra entidade possui. O sistema de gestão de risco Aladdin da BlackRock, uma ferramenta de software que pode rastrear e analisar negociações, monitora mais de 18 triliões US$, em ativos de 200 empresas financeiras, incluindo a Reserva Federal e bancos centrais europeus. Aquele que “monitora”, também sabe, podemos imaginar. A BlackRock foi chamada o “canivete suíço do exército – investidor institucional, gestor de dinheiro, empresa gestora de participações privadas e parceiro do governo global, em um só ”. No entanto, a grande média trata a empresa como mais uma empresa financeira de Wall Street, apenas.

Existe uma interface perfeita que une a Agenda 2030 da ONU, com o «Great Reset» do Fórum Económico Mundial de Davos e com as políticas económicas do governo Biden. Essa interface é BlackRock.

Equipe Biden e BlackRock

Nesta altura deve estar claro para qualquer um que se dê ao trabalho de olhar, que a pessoa que afirma ser presidente dos EUA, Joe Biden, de 78 anos, não toma pessoalmente nenhuma decisão. Ele manifesta dificuldades em ler de um teleponto, ou em responder às perguntas preparadas pela média amigável sem confundir Síria e Líbia, ou mesmo, se ele é o presidente. Ele está sendo micromanipulado por um grupo para manter a “imagem padronizada" de um presidente, enquanto a política é feita nos bastidores por outros. Ele lembra assustadoramente o personagem do filme de Peter Sellers de 1979, Chauncey Gardiner, em Being There .

O que é menos público são as pessoas-chave que administram a política económica da Biden Inc. Eles são, simplesmente, os da BlackRock. Assim como o banco de investimento Goldman Sachs dirigiu a política económica sob Obama e também sob Trump, hoje a BlackRock está desempenhando esse papel fundamental. O acordo aparentemente foi selado em Janeiro de 2019, quando Joe Biden, então candidato e com probabilidades de derrotar Trump, foi se encontrar com Larry Fink em Nova York, que teria dito ao “Joe classe trabalhadora” que: “ Eu estou aqui para ajudar .”

Agora, como presidente, numa de suas primeiras decisões, Biden nomeou Brian Deese para diretor do Conselho Económico Nacional, o principal conselheiro do presidente para a política económica. Uma das primeiras Ordens Executivas Presidenciais abordava a economia e a política climática. Isso não é surpreendente, já que Deese veio da BlackRock de Fink, onde era Diretor Global de Investimentos Sustentáveis. Antes de ingressar na BlackRock, Deese ocupou altos cargos económicos sob Obama, incluindo a substituição de John Podesta como conselheiro sénior do presidente, onde trabalhou ao lado de Valerie Jarrett. Sob Obama, Deese desempenhou um papel fundamental na negociação  dos Acordos de Paris sobre o Aquecimento Global.

No cargo-chave de política como vice-secretário do Tesouro da secretária Janet Yellen, encontramos Adewale “Wally” Adeyemo, nascido na Nigéria. Adeyemo também vem da BlackRock, onde de 2017 a 2019 foi consultor sénior e chefe de gabinete do CEO da BlackRock, Larry Fink, depois de deixar o governo Obama. Seus laços pessoais com Obama são fortes, pois Obama o nomeou o primeiro presidente da Fundação Obama em 2019.

E uma terceira pessoa sénior da BlackRock administrando a política económica no governo agora também é incomum em vários aspetos. Michael Pyle é o consultor económico sénior da vice-presidente Kamala Harris. Ele veio para Washington do cargo de estratega-chefe de investimentos globais da BlackRock, onde supervisionou a estratégia de investimento de  cerca de US$ 9 triliões em fundos. Antes de atingir na BlackRock o mais alto nível, ele também esteve no governo Obama como consultor sénior do Subsecretário do Tesouro para Assuntos Internacionais e, em 2015, tornou-se consultor da candidatura presidencial de Hillary Clinton.

É digno de nota o fato de três dos mais influentes representantes económicos do governo Biden serem da BlackRock e, antes disso, todos do governo Obama. Há um padrão definido e sugere que o papel da BlackRock em Washington é muito maior do que nos dizem.

O que é BlackRock?

Nunca antes uma empresa financeira com tanta influência nos mercados mundiais esteve tão escondida do escrutínio público. Isso não é acidente. Como tecnicamente não é um banco que faz empréstimos bancários ou recebe depósitos, ele foge à supervisão regulatória da Reserva Federal, embora faça o que a maioria dos mega bancos como HSBC ou JP MorganChase fazem – comprar e vender títulos para obter lucro. Quando houve uma tentativa do Congresso para incluir gestores de ativos como BlackRock e Vanguard Funds debaixo da alçada da lei Dodd-Frank pós-2008, como “instituições financeiras sistemicamente importantes” ou SIFIs, um grande esforço de lobby da BlackRock acabou com a ameaça. A BlackRock é essencialmente quem faz a lei a si mesma. E, de fato, é “sistemicamente importante” como nenhuma outra, com possível exceção da Vanguard, que também é a maior acionista da BlackRock.

O fundador e CEO da BlackRock, Larry Fink, está claramente interessado em comprar influência globalmente. Ele nomeou o ex-deputado alemão da CDU Friederich Merz como chefe da BlackRock Alemanha, quando parecia que poderia suceder à chanceler Merkel e o ex-chanceler britânico do Tesouro George Osborne, como “consultor político”. Fink nomeou a ex-chefe de gabinete de Hillary Clinton Cheryl Mills, para o conselho da BlackRock quando parecia certo que Hillary logo ganharia a Casa Branca.

Ele nomeou ex-banqueiros centrais para seu conselho e passou a garantir contratos lucrativos com suas antigas instituições. Stanley Fisher, ex-chefe do Banco de Israel e também mais tarde vice-presidente da Reserva Federal, é agora consultor sénior da BlackRock. Philipp Hildebrand, ex-presidente do Banco Central Suíço, é vice-presidente da BlackRock, onde supervisiona o BlackRock Investment Institute. Jean Boivin, ex-vice-governador do Banco do Canadá, é o chefe global de pesquisa do instituto de investimentos da BlackRock.

BlackRock e a Fed

Foi esta equipa de ex- membros de bancos centrais da BlackRock que desenvolveu o plano de resgate de “emergência” para o presidente da Fed, J. Powell, em março de 2019, quando os mercados financeiros pareciam à beira doutro colapso, semelhante ao da “crise do Lehman” de 2008. Como "obrigado", o presidente da Fed, Jerome Powell nomeou - sem concurso - a BlackRock para gerir todos os programas de compra de títulos corporativos da Fed, incluindo títulos em que a própria BlackRock investe. Conflito de interesses? Um grupo de cerca de 30 ONGs escreveu ao presidente da Fed, Powell: “Dando à BlackRock o controle total desse programa de compra de dívidas, a Fed... torna a BlackRock ainda mais importante sistemicamente para o sistema financeiro. No entanto, a BlackRock não está sujeita ao escrutínio regulatório das outras instituições financeiras sistemicamente importantes, ainda que menores .”

Em um relatório detalhado de 2019, um grupo de pesquisa sem fins lucrativos de Washington, Campaign for Accountability, observou que “a BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo, implementou uma estratégia de lobby, contribuições de campanha e contratações de porta giratória para combater a regulamentação governamental e estabelecer-se como uma das empresas financeiras mais poderosas do mundo.”

A FED de Nova York contratou a BlackRock em março de 2019 para gerir seu programa de títulos baseados em hipotecas comerciais e suas compras primárias e secundárias de  750 biliões US$ em títulos corporativos e ETFs em contratos sem licitação. Os jornalistas financeiros dos EUA Pam e Russ Martens, ao criticarem o sombrio resgate de Wall Street, pela FED em 2019, observaram: “pela primeira vez na história, a FED contratou a BlackRock para “comprar diretamente” 750 biliões US$ em títulos corporativos primários e secundários e ETFs (Exchange Traded Funds), um produto do qual a BlackRock é um dos maiores fornecedores do mundo.” Eles continuaram: “Acrescentando ainda mais indignação, o programa administrado pela BlackRock receberá  75 biliões US$ dos  454 US$ biliões do dinheiro dos contribuintes para compensar as perdas em suas compras de títulos corporativos, que incluirão seus próprios ETFs, que a Fed está permitindo comprar…"

O chefe da FED, Jerome Powell e Larry Fink conhecem-se bem, aparentemente. Mesmo depois de Powell ter dado à BlackRock o negócio, extremamente lucrativo e sem concurso, de compra direta, Powell continuou a ter a mesma BlackRock como gestora de cerca de 25 milhões US$ de investimentos, em títulos privados de Powell. Registros públicos mostram que, nessa época, Powell mantinha ligações telefónicas confidenciais diretas com o CEO da BlackRock, Fink. De acordo com a divulgação financeira exigida, a BlackRock conseguiu duplicar o valor dos investimentos de Powell em relação ao ano anterior! Nenhum conflito de interesse, não é?

Um  México muito BlackRock

A história obscura da BlackRock no México mostra que os conflitos de interesse e a construção de influência com as principais agências governamentais não se restringem apenas aos EUA. O candidato presidencial do PRI Peña Nieto foi a Wall Street durante sua campanha em novembro de 2011. Lá, ele conheceu Larry Fink. O que se seguiu à vitória de Nieto em 2012 foi uma relação estreita entre Fink e Nieto que estava repleta de conflito de interesses , clientelismo e corrupção.

Provavelmente para ter certeza de que a BlackRock estava do lado vencedor no novo regime corrupto de Nieto, Fink nomeou Marcos Antonio Slim Domit, de 52 anos, filho bilionário do homem mais rico e provavelmente mais corrupto do México, Carlos Slim, para o conselho da BlackRock. Marcos Antonio, juntamente com seu irmão Carlos Slim Domit, comandam hoje o enorme império empresarial do pai. Carlos Slim Domit, o filho mais velho, foi co-presidente do Fórum Económico Mundial da América Latina em 2015 e atualmente atua como presidente do conselho da América Móvil, onde a BlackRock é um dos principais investidores. Pequeno mundo acolhedor.

O pai, Carlos Slim, na época nomeado pela Forbes como a pessoa mais rica do mundo, construiu um império baseado em sua aquisição da Telemex (mais tarde America Movil). O então presidente, Carlos Salinas de Gortari, na verdade deu o império das telecomunicações a Slim em 1989. Salinas mais tarde fugiu do México sob a acusação de roubar mais de 10 biliões US$  dos cofres do Estado.

Como é comum no México desde a década de 1980, o dinheiro das drogas aparentemente desempenhou um grande papel com o ancião Carlos Slim, pai do diretor da BlackRock, Marcos Slim. Em 2015, o WikiLeaks divulgou e-mails internos da empresa de inteligência privada, Stratfor. A Stratfor escreve  num e-mail de abril de 2011, quando a BlackRock está estabelecendo seus planos para o México, que um agente especial da DEA dos EUA, William F. Dionne, confirmou os laços de Carlos Slim com os cartéis de droga mexicanos. Stratfor pergunta a Dionne: “Billy, o bilionário MX (mexicano) Carlos Slim está ligado aos narcotraficantes?” Dionne responde: “Em relação à sua pergunta, o bilionário das telecomunicações MX é.” Num país onde 44% da população vive na pobreza, você não se torna o homem mais rico do mundo -em apenas duas décadas - vendendo biscoitos caseiros.

Fink e PPP mexicano

Com Marcos Slim como diretor da BlackRock e o novo presidente Enrique Peña Nieto, o sócio mexicano de Larry Fink na aliança PublicPrivatePartnership (PPP) de Nieto Peña, de 590 biliões US$, BlackRock estava pronto para colher os frutos. Para ajustar suas novas operações mexicanas, Fink nomeou o ex-subsecretário de Finanças mexicano Gerardo Rodriguez Regordosa para dirigir a Estratégia de Mercados Emergentes da BlackRock em 2013. Então, em 2016, Peña Nieto nomeou Isaac Volin, então chefe da BlackRock México, para ser o número 2 na PEMEX, onde ele presidiu à corrupção, a escândalos e à maior perda na história da PEMEX, 38 biliões US$.

Peña Nieto abriu o enorme monopólio estatal do petróleo, PEMEX, aos investidores privados, pela primeira vez desde a nacionalização na década de 1930. O primeiro a beneficiar foi a BlackRock de Fink. Em sete meses, a BlackRock garantiu 1 bilião US$ em projetos de energia da PEMEX, muitos deles, como o único licitante. Durante o mandato de Peña Nieto, um dos presidentes mais polémicos e menos populares, a BlackRock prosperou graças aos laços íntimos. Logo se envolveu  em projetos de infraestrutura altamente lucrativos (e corruptos) sob Peña Nieto, incluindo não apenas oleodutos, gasodutos e poços, mas também estradas com portagem, hospitais, gasodutos e até prisões.

Notavelmente, o “amigo” mexicano da BlackRock, Peña Nieto, também era “amigo” não apenas de Carlos Slim, mas também do chefe do notório Cartel de Sinaloa, “El Chapo” Guzman. Em depoimento no tribunal em 2019 em Nova York, Alex Cifuentes, um traficante colombiano que se descreveu como o “braço direito” de El Chapo, testemunhou que, logo após sua eleição em 2012, Peña Nieto havia solicitado 250 milhões US$ ao Cartel de Sinaloa, antes de se satisfazer com  100 milhões US$Só podemos adivinhar para quê.

Larry Fink e o «Great Reset» do WEF 

Em 2019, Larry Fink ingressou no Conselho do Fórum Económico Mundial de Davos, a organização com sede na Suíça que há cerca de 40 anos promove a globalização económica. Fink, que está perto do chefe tecnocrata do WEF, Klaus Schwab, defensor do «Great Reset», agora está posicionado para usar o enorme peso da BlackRock para criar o que é potencialmente, se não entrar em colapso antes, a maior Pirâmide de Ponzi do mundo, usando critérios «ESG» (Environmental and Social Governance) para o investimento corporativo. Fink - com 9 triliões US$ para alavancar - está levando a cabo a maior transferência de capital da história para um golpe conhecido como ESG Investing. A agenda da “economia sustentável” da ONU está sendo realizada silenciosamente pelos mesmos bancos globais que criaram a crise financeira em 2008. Desta vez, eles estão preparando, com ajuda de Klaus Schwab do WEF, o Great Reset direcionando centenas de biliões e logo triliões, em investimentos para suas mãos - empresas “acordadas” (woke) escolhidas, e para longe dos “não acordados” (non-woke), como empresas de petróleo e gás, ou carvão. A BlackRock, desde 2018, está na vanguarda para criar uma nova infraestrutura de investimento que escolhe os “vencedores” e os “perdedores” para investimento, de acordo com a seriedade da empresa em relação a «ESG – Meio Ambiente, Valores Sociais e Governança».

Por exemplo, uma empresa obtém avaliações positivas pela seriedade de sua contratação de funcionários e gerentes com diversidade de género, ou toma medidas para eliminar sua “pegada” de carbono, tornando suas fontes de energia verdes ou sustentáveis, ​​para usar o termo da ONU. Como é que corporações contribuem para uma governança global sustentável, é o mais vago da estratégia de ESG e pode incluir qualquer coisa, desde doações corporativas ao "Black Lives Matter" até ao apoio a agências da ONU, como a OMS. Empresas do petróleo, como a ExxonMobil ou empresas de carvão, não importa a situação em que estejam, estão condenadas, já que Fink e seus amigos, agora, promovem o «Great Reset» financeiro ou «Green New Deal». É por isso que ele fez um acordo com a presidência de Biden em 2019.

Siga o dinheiro. E podemos esperar que o New York Times torça pela BlackRock, enquanto ela destrói as estruturas financeiras mundiais. Desde 2017, a BlackRock é a maior acionista do jornal. Carlos Slim foi o segundo maior. Até Carl Icahn terá dito uma vez sobre a BlackRock: “uma empresa extremamente perigosa… Eu costumava dizer, você sabe, a máfia tem um código de ética melhor do que eles”. 


F. William Engdahl é consultor de risco estratégico e palestrante, é formado em política pela Princeton University e autor best-seller sobre petróleo e geopolítica, exclusivamente para a revista online  “New Eastern Outlook”  onde este artigo foi originalmente publicado. Ele é um pesquisador associado do Centro de Pesquisa sobre Globalização.

-------------------------


                                            BLACKROCK E VANGUARD : Veja