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terça-feira, 11 de outubro de 2022

Crise energética na UE e oportunidade para os EUA...

 ... de que falava Blinken: Sim, é uma oportunidade para o business americano, sem dúvida. 

O Gás Natural Liquefeito (LNG na sua sigla em inglês) é obtido, nos EUA, a partir de depósitos de gás de xisto. A indústria de produção de petróleo e de gás de xisto apresentou-se primeiro como um grande negócio e muitos investiram nas ações das empresas do xisto. 

Porém, a enorme dívida que se acumulou no setor, tornou-o pouco rentável ou mesmo não rentável. O segmento menos rentável era justamente relacionado com a extração e todo o processamento que leva ao LNG. Com a agudização da crise ucraniana, os poços de gás de xisto e as respetivas empresas tornaram-se de novo rentáveis. 

A garantia de um mercado cativo, o dos súbditos europeus, permite tornar rentável algo que raramente ou dificilmente o podia ser. Com efeito, as operações de compressão e  liquefação do gás natural são onerosas e gastam energia! A armazenagem do LNG, o transporte em navios-cisterna especialmente desenhados para o efeito, a necessidade de instalações portuárias especiais, tanto nos portos de origem como de destino, tornam a margem de lucro destas operações muito pequena.

O processo só pode ser rentabilizado com um preço de monopólio, ou seja, se os compradores estiverem obrigados a abastecer-se de gás natural (LNG) proveniente dos EUA e não da Rússia. 

O atentado terrorista dos gasodutos Nord Stream encontra aí o beneficiário do crime. Os executores podem ter sido, além dos americanos, os britânicos  também, pois estes tinham a motivação, o interesse e a capacidade técnica para isso. Também podem ter colaborado ativamente  os noruegueses e os polacos, que estavam quase a estrear a entrada em funcionamento doutro gasoduto, trazendo gás natural da Noruega para a Polónia. Lembro que são países inteiramente «fieis» à NATO. 

         Reprodução do selo «comemorativo» do atentado contra a ponte da Crimeia.

É bem possível que vários outros países tenham participado, pois as águas onde se deu o atentado são constantemente vigiadas por satélite, por dispositivos de sonar, por câmaras submersas etc., para impedir que qualquer submarino russo possa atravessar essas águas sem ser detetado. Este sistema apertado e sofisticado não podia ser iludido nem pelos russos, nem por ninguém. Logicamente só dando o conhecimento prévio aos países (da NATO) vizinhos (Dinamarca, Alemanha, Suécia e Polónia) esta sabotagem poderia ter sido levada a cabo, não fossem os «sabotadores legítimos» ser confundidos com os mauzões dos russos. 

De qualquer maneira, este atentado não foi isolado. Lembro a frequente utilização da central nuclear de Zaporozjnie (ocupada pelos russos) como alvo dos mísseis ucranianos, arriscando um acidente nuclear com disseminação  de radiatividade no ar e nos rios. Houve também uma central em território russo, que foi alvo de tentativa de sabotagem por parte dum comando ucraniano. 

O atentado contra a ponte que liga a província russa da Crimeia à parte continental da Rússia foi endossado pelo governo e serviços secretos ucranianos. Ele não foi a única causa de retaliação dos russos. Poucas horas depois, houve uma barragem de mais de 70 mísseis russos contra alvos governamentais em Kiev e noutras cidades da Ucrânia. Também foram destruídas centrais elétricas e centros de retransmissão de energia elétrica. 

Os russos deram um claro sinal ao governo do «Banderastan» e às forças políticas que o apoiam, que são teleguiados pelo Pentágono, pela CIA e pelo Departamento de Estado do Tio Sam (juntamente com outros comparsas da NATO). 

 Pelo menos, desde o atentado - por uma agente dos serviços secretos ucranianos - que vitimou  Daria Dugina perto de Moscovo (início de Agosto), os ucranianos intensificaram sabotagens em solo russo e bombardeamentos contra a república do Donestsk, em zonas urbanas sem interesse militar, causando muitos mortos civis. 

Se os americanos, usando os seus fantoches de Kiev, estavam convencidos de que iriam poder continuar com estes atos de terror impunemente, eles iriam redobrar de audácia e criminalidade. 

No geral, muitos países que não estão debaixo da tutela americana percebem as razões que assistem à Rússia, a qual teve (e tem) uma ameaça existencial às suas portas, desde 2014, desde o golpe de estado, cozinhado pela administração americana e vários países da UE.

Pode dizer-se que - na guerra pelos recursos energéticos - a húbris de americanos e outros ocidentais, faz com que estes acabem por perder. Por exemplo, o projeto petrolífero na península de Sakalina, no extremo oriente russo, já não terá a participação de 30% da Exxon-Mobil. Os russos convidaram a Índia a tomar o lugar dos americanos. 

Os países da OPEP irão reduzir a sua produção em 2 milhões de barris diários. Eles argumentam que precisam de sustentar os preços. No entanto, nunca se tinha visto a Arábia Saudita dizer «não» aos americanos, seus protetores e fornecedores de armas. Os americanos estão furiosos e dizem que agora a Arábia Saudita está a «fazer o jogo dos russos». 

O Império não consegue manter sua hegemonia, nem sequer consegue fazer-se respeitar. Mesmo entre os seus vassalos mais submissos, como vários países da NATO, têm uma cidadania que já acordou e compreende que tem sido instrumentalizada por mentiras, contra os seus próprios interesses vitais. 

Os dirigentes destes países só têm duas saídas possíveis: 

- Eliminam ou flexibilizam as sanções, como a Hungria, a Bulgária e agora a Itália, que não deseja com certeza «suicidar-se» para agradar aos americanos... 

- Ou então, vão continuar a política cega contra a Rússia, como fazem o Reino Unido e outros, com o risco do povo perder a paciência e derrubar o governo. 

Aliás, as cidadanias alemã e checa têm demonstrado recentemente que não se identificam com a política dos seus respetivos governos, em relação às sanções contra a Rússia. 

Ângela Merkel, líder de partido conservador e chanceler alemã durante dez anos, teceu fortes críticas à maneira como as relações com Moscovo têm sido levadas a cabo pelas diplomacias do seu país, da UE e dos EUA. 

Espero que os dirigentes europeus, pressionados pelos eleitores, encontrem um caminho para negociar a paz com a Rússia. 

O governo da Ucrânia é totalmente fantoche. Zelensky até sugeriu aos países da NATO que façam uma escalada, usando mísseis nucleares contra a Rússia. É um sociopata perigoso, pois não está preocupado com a aniquilação dos povos, incluindo do seu próprio. Está convencido de que irá sobreviver, num cenário destes. Está tomado pelo «papel de herói»  (de mau ator teatral), querendo que o seu povo e o mundo tomem como verdade a ficção grotesca que ele encarna.

PS1: Um dos números de Zelensky ator!

https://www.armstrongeconomics.com/international-news/ukraine/zelensky-profiting-from-the-war/

PS2: Biden e seu governo devem achar que os europeus são muito estúpidos! Veja: https://www.youtube.com/watch?v=LIg_bluzx_s&feature=youtu.be


PS3: A Alemanha está a jogar cavaleiro solitário, no que toca à crise energética. Ela arrisca causar uma quebra na UE: 

https://www.youtube.com/watch?v=c5SLK_ywJb8


PS4:  Vê este vídeo bem documentado 

https://www.youtube.com/watch?v=zIF2MCGBNOI


quinta-feira, 22 de setembro de 2022

COLAPSO PROGRAMADO

A maior parte das pessoas concebe o governo do seu país e suas instituições públicas como dedicando-se ao bem público, a fazerem os possíveis para manter a economia em funcionamento, protegendo os cidadãos - tanto quanto possível - das tempestades vindas do exterior. Esta visão ingénua é que permite aos governos fazer suas manobras contra os interesses da generalidade das pessoas, em favor de uma pequena minoria. Esta pequena minoria não está sentada à roda de uma mesa, a congeminar criminosas conjuras, para extrair o máximo de vantagens dos seus respetivos países, causando a desgraça dos seus cidadãos. Não, esta pequena minoria de multimilionários tem as mãos «limpas» na aparência, pode até dar-se ao luxo de se apresentar com a cara da filantropia. Na realidade, ela tem os seus mais fieis servidores na classe política, mais precisamente, naqueles indivíduos desta casta, que não têm nenhum limite para satisfazer a sua ambição de «subir» aos postos de poder. São sociopatas, que apenas disfarçam com habilidosas mentiras, o papel que desempenham. Esta simulação é indispensável para justamente poderem levar a cabo esse papel de que estão incumbidos.




Aquilo que os mais poderosos bancos centrais têm estado a fazer, coordenadamente, também é conducente a um colapso. A impressão (eletrónica) non-stop de divisas, para suprir as situações criadas pelos governos, é um exemplo nítido. Estão a fazer em simultâneo, aquilo que seria contraditório, em teoria, com a impressão monetária (fator inflacionário): A subida das taxas de juro, pelos bancos centrais (efeito deflacionário) vai provocar a contração brutal da economia real. Esta, já tinha sido muito afetada pelos «lockdown» e pelas outras restrições aquando da «pandemia do século» e, logo de seguida, pela guerra Russo-Ucraniana. Como sabemos, esta foi instigada e alimentada com um fluxo constante de armamentos para a Ucrânia. Na realidade, para irem parar em 90%, ao mercado negro, sendo o seu destino final mais provável, os grupos terroristas internacionais. Mas a «generosidade» do Ocidente não se limita ao envio de armamento. Tem enviado biliões e biliões de dólares e de euros que - numa grande parte - vão parar às contas no estrangeiro de Zelensky e dos neonazis do seu governo e de  plutocratas como Kolomoyskyi. Este «apoio» à Ucrânia, é como despejar o dinheiro dos nossos países ocidentais «na sargeta», e eles - os «nossos» governantes - sabem-no melhor que ninguém.
Como classificar, senão como assassinato premeditado, o que o governo alemão e outros governos ocidentais têm feito, em relação à energia dos seus próprios países? Eis o facto ocultado aos cidadãos (a verdade é a primeira baixa de uma guerra): Não foi Putin que decidiu cortar o fornecimento de gás aos seus clientes ocidentais. Foram os próprios a inviabilizar a continuidade do envio de gás pelos gasodutos, recusando fazer a manutenção e reparação dos aparelhos de bombeamento, como estava contratualmente fixado. Além disso, é absurdo pensar que os russos desejassem interromper o fornecimento de combustíveis à Europa ocidental, dado que continuaram a fornecer gás, até há bem pouco tempo: Se fosse essa a intenção do governo russo, teria logo cortado o gás, em Fevereiro ou Março deste ano, como retorsão às sanções selvagens feitas pelos países da NATO contra a Rússia. Só uma propaganda desenfreada da media pode ter afirmado o oposto. Com efeito, não foi a Europa Ocidental que decretou um embargo a toda a importação de energia da Rússia??
E, quanto a fertilizantes químicos, a situação é trágica e grotesca: Grande parte dos fertilizantes químicos usados no Ocidente, é importada da Rússia. Quanto ao fertilizante fabricado localmente, é feito a partir do gás natural russo. O corte drástico (pelas sanções da UE) da importação de fertilizante, conduz à baixa drástica da fertilidade dos solos. Vai cair-se numa situação análoga à do Sri Lanka*, em países ditos «mais desenvolvidos». Estes mesmos, acabaram por ficar com mais de 90% dos cereais, provenientes da Ucrânia e destinados, em princípio, a evitar situações de carência alimentar em África e noutras partes do Terceiro Mundo. Lembremos que, para desobstruir a exportação de cereais ucranianos, houve uma negociação, em que o Secretário-Geral da ONU, Guterres, desempenhou um papel de relevo.
Os multimilionários têm os seus homens e mulheres de mão, quer nos governos, quer em órgãos de «governança» internacional (Comissão Europeia, ONU, FMI, etc). Eles tiveram a surpresa de um cenário imprevisto, de resiliência da economia russa. Hoje, é claro que as sanções brutais contra ela, tiveram o efeito oposto.
Outros aspetos importantes da estratégia ocidental também foram um fiasco: a ausência do pretendido isolamento internacional da Rússia, a não caída da China na armadilha da ida de N. Pelosi a Taiwan, o acelerar da construção dos BRICS, da Organização de Segurança de Xangai, o fortalecimento dos laços russo-chinês, etc. Por fim, não se pode exagerar a importância da construção da nova moeda de reserva mundial, fazendo com que o mundo não esteja mais sujeito à hegemonia do dólar.
Perante este panorama, o Império tinha de reagir. Houve uma clara subida de tom e conteúdo agressivo nos discursos de Joe Biden, ameaçando a Rússia e a China. 
Também se conhece a conversa telefónica entre Scholz e Putin, em que o primeiro aconselhou o presidente russo a procurar a paz, devolvendo todos os territórios conquistados, não apenas os territórios do Donbass, as repúblicas autoproclamadas, como até mesmo a Crimeia, integrada na Federação Russa desde 2014 por referendo. «Aconselhar» isto a alguém que não tem nenhuma intenção de ceder neste ponto e que está - de facto - em condição de defender eficazmente esses territórios de população russófona, pode ser interpretado como «fútil», ou como provocação. Poderá mesmo ter acelerado a decisão de efetuar referendos (para integração na Federação Russa) nas referidas regiões.
A situação tem piorado tanto, que estamos agora numa prática ausência de diálogo entre grandes potências. Esta situação é inédita, pois no tempo da URSS, houve sempre muita prudência, de parte a parte, para não quebrar o contacto, mesmo em situações de agravamento das tensões (por ex. : crise dos mísseis em Cuba).
Parece inegável que a maioria dos que votaram nos presidentes e governos dos países da NATO não deseja a guerra. Aliás, é provável que o mesmo se passe com muitos cidadãos russos. Então, porque motivo tudo conduz à continuação da guerra? Porque razão há clara ameaça dela se intensificar, se alargar e se tornar nuclear?
- Não acredito que o «Estado Profundo» nos EUA, os grupos de neocons incrustados nos vários departamentos do governo e em agências como a CIA, sejam poderosos ao ponto de ditar a orientação da Administração Biden. Quanto muito, eles poderão exacerbar algo que é instilado da «retaguarda» pelos interesses corporativos (por ex.: indústrias de defesa e outras).
Provavelmente «think tanks» como a RAND (e outros) têm influenciado a Casa Branca a adotar uma estratégia para enfraquecer a UE. Do ponto de vista da hegemonia americana, a Europa representa uma «concorrente amiga»; caso continuasse a receber o gás e o petróleo russos baratos, poderia ultrapassar economicamente os EUA. Ela também é vista como concorrente devido ao seu elevado nível tecnológico.
Ora, segundo a doutrina seguida nos últimos 30 anos (ver PNAC, Wolfovitz e Brzezinski ), os EUA não devem permitir que um poder fique ao nível de concorrer diretamente com o poderio americano, não só em termos militares, como de economia. Faz todo o sentido que a NATO, dominada pelos americanos, tenha forçado a rutura com os russos. Em finais de 2021 a diplomacia russa tentava negociar um arranjo que satisfizesse todas as partes. Este esforço diplomático foi completamente sabotado pelos EUA e por outros países da NATO.
Assim, os europeus foram fazer mais uma guerra «por procuração» em benefício do Império americano, sendo os ucranianos a carne para canhão (no sentido literal). As populações da Europa ocidental foram sujeitas a uma campanha terrorista de condicionamento psicológico, o que permitiu às «elites» desencadear as medidas agressivas contra a Rússia e seus aliados, assim como o apoio sem restrições ao regime ultra-direitista de Zelensky. Isto permite-lhe, a esta «elite» governamental, impor uma austeridade inédita aos seus povos, não motivada pela necessidade, mas porque as sanções contra a Rússia, segundo eles, «irão, no longo prazo, ter efeito»!


A lógica profunda disto tudo, é que se está a acelerar a imposição da Nova Ordem Mundial, mas não a dos sonhos ingénuos da «globalização feliz». Será - como eu previ, desde Fevereiro passado - uma nova Guerra Fria: Os dois blocos irão repartir o Mundo (e a Europa será partida a meio) entre o eixo Euroasiático, aos quais se associarão certos países do Terceiro Mundo, enquanto o Eixo Atlântico (também envolvendo potências como Japão, Coreia do Sul, Austrália, Nova Zelândia), terá uma NATO alargada para lá da Europa e América do Norte.

PS1: Confirma-se plenamente o que eu escrevi no início de Agosto: «Os supostos erros destes últimos anos, acima referidos, não são erros, são estratégias para conduzir as populações a aceitarem passivamente a imposição da Nova Ordem Mundial. Este é um projeto de fundo das classes dominantes dos países «Ocidentais». »

PS2: Os empresários europeus estão já a pensar transferir as indústrias sediadas na UE para os EUA, devido à subida exponencial dos custos energéticos. Assim, a desindustrialização da Europa acentua-se e os EUA são de novo industrializados... Leia:


PS3: Desenganem-se os que pensam que o dólar está «forte» porque sobe relativamente a outras divisas (libra, euro, yen) ocidentais. Não será isso uma «vitória pírrica»? A descapitalização súbita nestes aliados dos EUA, vai provocar um agravamento da crise económica.  Neste mundo interconectado, a fragilidade num ponto, transmite-se instantaneamente aos outros. O próprio dólar, no médio/longo prazo,  tem-se desvalorizado muito em relação ao ouro: desvalorizou-se de 92%  desde que em 1971 Nixon retirou o dólar da relação fixa ao ouro, resultante dos acordos em BrettonWoods. 

PS4: Na Alemanha, os preços da lenha subiram, numa base anual, de 87%, enquanto o aumento geral dos preços foi de 7,9%:

PS5: Piepenburg defende que a FED irá destruir a economia mundial com a sua insistência nos aumentos da taxa de juros. Leia o porquê, neste artigo : https://goldswitzerland.com/the-feds-strong-usd-policy-a-recipe-for-systemic-implosion/

 
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* O Sri Lanka passou de país autossuficiente em géneros alimentares, a um estado de grave deficiência, porque o seu governo (corrupto) decidiu a conselho de «peritos» ocidentais passar sem transição para uma agricultura «biológica» (sem fertilizantes químicos). Resultado: Queda brutal da produtividade e fome, que resultou em revolta.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

O VESPEIRO UCRANIANO E A UNIÃO EUROPEIA


vespeiro ucraniano já dura há demasiado tempo. Uma junta tomou o poder por um golpe de Estado, infundiu o terror na população russófona dessa ex-república soviética, desencadeou de facto a separação tanto da Crimeia (com um processo pacífico de referendo, primeiro no sentido de sair da Ucrânia, seguido de outra consulta para entrar na Federação Russa), como nas províncias separatistas do Don (Donetsk e Lugansk) onde a resistência generalizada da população, aliada com forças militares separatistas, permitiu aguentar este tempo todo uma situação de confrontos e provocações por parte do poder de Kiev e seus batalhões de milícias neo-fascistas. 

O incidente envolvendo barcos de guerra da marinha ucraniana no estreito de Kerch (águas territoriais russas) em Novembro de 2018, foi claramente uma manobra ordenada por Poroshenko, o presidente ucraniano do regime suportado pelos EUA e seus súbditos da NATO. 
Poroshenko tem estado a atiçar a guerra, porque, segundo os acordos de Minsk, a Ucrânia é obrigada a organizar eleições nos primeiros meses do próximo ano e as sondagens (de institutos pró-ocidentais)  dão a Poroshenko um nível de popularidade da ordem de 8%. Por isso, a sua salvação seria a declaração de uma guerra, quer com a Rússia, quer com as Repúblicas separatistas. Só assim teria possibilidade de adiar as eleições «sine die», de escapar ao veredicto das urnas. 

A desinformação, no Ocidente, sobre o que se passa na Ucrânia, torna extremamente difícil um debate sereno nos países da NATO. Isto, admitindo mesmo que se trate de pessoas minimamente respeitadoras dum pluralismo político, devido ao black-out informativo e à distorção das informações pela media. 
Acontece que quase ninguém admite estar mal informado sobre um assunto, ora as informações que quase todos recebem são apenas formas encapotadas de propaganda de um dos lados... 
Nós todos, no Ocidente somos matraqueados pela propaganda disfarçada de «informação», que pinta sempre a Rússia como o «Reino do Mal», a força agressora, ameaçadora da estabilidade e dos processos democráticos, etc. 
Além de ser típico dos imperialistas e seus vassalos de declarar os opositores como fautores daqueles crimes que, na verdade, são apanágio deles próprios, esta barragem de mentiras (como dizia Goebels, ministro de Hitler, «uma mentira contada mil vezes, soa a verdade») tem a função de ostracizar todos os que querem introduzir dados objectivos no debate. São neutralizados , nos «democráticos» países ocidentais, como sendo «partidários» de Putin. 

A guerra é um negócio para grandes empresas do armamento e também é um meio para os poderosos se manterem no poder, pelo reflexo de medo nas populações, face ao inimigo (real ou imaginário). 
Na época da Primeira Guerra Fria (1947-1989), a situação de medo permanente fazia com que não fosse possível - nos EUA e muitos países do Ocidente - fazer-se um debate público com elementos críticos da política atlantista. 
Tais elementos eram logo acusados de «fazerem o jogo dos soviéticos» e isto, mesmo quando não se podia, por suas posições passadas e presentes, ter suspeitas de que tivessem simpatia pelo comunismo! 
Agora, o «reflexo condicionado» foi reactivado (o inimigo soviético passou para russo), sendo que a concentração dos media em muito poucas mãos, torna praticamente impossível que o debate sobre a guerra e a paz tenha condições de acontecer (o que tem havido, são «debates» entre aqueles que estão todos basicamente do mesmo lado!). 
A sociedade e a cidadania do «ocidente» são portanto mantidas no limbo, numa menoridade mental propositada, são interditas na prática de debater as grandes questões. Somente lhes é permitido debater «assuntos de sociedade» e estes, de maneira falsa, artificialmente  empolada, como a sexualidade, por exemplo.

A maior parte das pessoas não possui um grau de informação suficiente, para perceber que o mundo de hoje está verdadeiramente interligado. Senão, teriam compreendido (entre muitas outras coisas), que a crise dos refugiados, vindos do Norte de África e do Médio Oriente, foi desencadeada em resultado da guerra levada a cabo pelas forças armadas dos países da NATO (caso da Líbia), ou pelas forças djihadistas (na Síria) que recebiam todo o tipo de apoio do Ocidente e regimes árabes «amigos» (os mais reaccionários, por sinal).

Hoje em dia, a austeridade que é erigida em política oficial da União Europeia aplica-se apenas aos pobres, aos trabalhadores, aos que estão dependentes do «Estado social». 
Esta austeridade cessa, milagrosamente, logo que se trata de reforço de armamento e de tropas, de construir forças armadas capazes de enfrentar inimigos poderosos (leia-se a Rússia, claro) e constituir o pilar europeu da NATO, com maior «autonomia» e maior participação  financeira dos países europeus.

Entretanto, em Portugal, por exemplo, os salários da função pública estão praticamente congelados desde antes da grande depressão de 2008. O efeito deste congelamento sobre a população é dramático, pois o seu poder de compra desceu para cerca de metade. Nestes 10 anos, a inflação foi sistematicamente sub-avaliada pelo governo e pelos organismos oficiais. 
O nível económico dos reformados passou de mau, a muito mau, numa vasta maioria: não houve actualização das pensões de reforma, mas antes um subtrair do poder de compra das mesmas, por vários mecanismos, incluindo impostos e taxas.

A minha sugestão é que as pessoas pensem, quando lhes vierem com discursos ocos sobre a «Paz e a Fraternidade», típicos desta quadra natalícia, que os gastos de Portugal em armamento e material militar e com reforços de pessoal, tudo somado, se fossem aplicados nos ordenados e pensões, iriam devolver o poder de compra aos trabalhadores e reformados portugueses. 
Perante um povo dócil e conformado, o bem estar económico dos 90% não é sentido como prioridade pelos poderosos (altas patentes militares, políticos, empresários). Mas sem um retomar do poder de compra de 90% da população, é impossível o crescimento da economia a longo prazo. A bonança do turismo é temporária; numa crise, que não tarda a chegar, será anulada. 

O que é que isto tem a ver com a Ucrânia? Obviamente, a instabilidade causada pela NATO, nas fronteiras da Rússia, tem como efeito que os povos são chamados a «fazer sacrifícios perante a ameaça». 
Mas não devíamos nós estar antes mobilizados para varrer as maiores ameaças, os industriais do armamento, os generais da NATO, os governos lacaios do grande capital? 
Esta casta toda não hesitará em arriscar a nossa pele... além de pôr as nossas economias a saque, sob pretexto de lutar contra os tais «inimigos» que não são os nossos, mas apenas deles e dos seus chefes?


segunda-feira, 1 de outubro de 2018

SABE-SE QUEM ASSASSINOU ALEXANDER ZAKHARCHENKO, PRESIDENTE DA RÉP. DO DONETSK


                  <figcaption>Alexander Zakharchenko</figcaption>

Ex-membro dos serviços secretos franceses Capitão Barril não tem dúvida sobre a origem do assassinato: os serviços secretos ucranianos, com a assistência da CIA e dos britânicos do MI6. O tipo de atentado à bomba usado revela a origem do mesmo. 

                            

No link aqui poderá ler a transcrição de entrevista dada pelo referido capitão ao jornal digital Off-Guardian, mas o vídeo foi retirado  passado uma hora, provavelmente por pressão das autoridades britânicas.

O regime que vigora na Ucrânia tem feito uma guerra suja e sem qualquer preocupação em relação às populações civis das províncias separatistas de Donetsk e Lugansk.
O papel dos EUA e da UE no golpe de Estado de 2014, que derrubou o governo legítimo, pró-russo, está bem estabelecido. No regime instaurado em consequência do golpe participam nazis admiradores dos que fizeram a guerra ao lado das tropas da Alemanha hitleriana, sendo muitas vezes eles que efectuaram os massacres de anti-fascistas, judeus e polacos...raramente a hipocrisia ocidental atingiu tão grandes extremos. 


sábado, 14 de julho de 2018

NÃO EXISTE MEDO MAIOR PARA OS GLOBALISTAS DO QUE A PERSPECTIVA DE PAZ

Basta ter escutado a ladaínha da media ao serviço dos grandes interesses globalistas, a propósito da caminhada de pacificação entre os EUA e a Coreia do Norte para se perceber que, de facto, o que eles mais temem é a paz. 
A paz tem muitos inconvenientes para os aspirantes a gestores da nova ordem mundial, do governo global, supostamente a mais benigna supervisão (para não dizer ditadura) dos assuntos internacionais pela benévola,  indispensável e democrática entidade...
De facto, o Presidente Trump, não sendo um subversivo da ordem mundial, representa um conjunto de interesses contrários - nos EUA - a uma ordem mundial globalista, que foi muito fielmente servida por Obama e Hillary Clinton. 
O que se tem vindo a revelar como um golpe de teatro de que ele é especialista, foi a sua atitude ameaçadora aos parceiros da NATO, dizendo aos outros países ou pagam mais ou então... Por um lado, por outro, desenvolvendo toda uma série de acordos discretos sobre a retirada das tropas estrangeiras na Síria, principalmente o arranjo de que as forças anti-Assad iriam ser abandonadas em troca da garantia dos russos de que conseguiam convencer o seu aliado sírio a dispensar o auxílio do Irão. Este, por seu turno já afirmou publicamente que no momento em que o governo sírio manifestar o desejo de ver partir os «conselheiros» iranianos estes assim o farão sem demora. Se tal vier a concretizar-se, o exército israelita permitiria reocupação pelo exército sírio da zona adjacente do território sírio dos montes Golã, ocupado por Israel desde a guerra de 1967. 
Esta será, sem dúvida, uma das questões cujos pormenores serão debatidos na cimeira de Helsinquia. 
Outro dos assuntos tem a ver com a instável e insustentável situação da Ucrânia. O regime não tem capacidade de se auto-sustentar. Tem violado consistentemente os acordos de Minsk, deitando sempre as culpas para os «russos» e as repúblicas separatistas do leste. O Ocidente todo está farto e saturado desta situação. Do lado alemão já houve um levantar da ponta do véu, adiantando que os países ocidentais poderiam levantar as sanções contra a Rússia, se houvesse um acordo geral sobre a Ucrânia, no qual haveria o reconhecimento da reentrada da Crimeia na Federação Russa (da qual foi arbitrariamente separada, e oferecida à Ucrânia, então uma das repúblicas soviéticas, durante o consulado de Krutchov- um ucraniano - em 1954). Penso que a contrapartida seria a aceitação pela Rússia do estacionamento de tropas da NATO na Ucrânia ocidental, até se chegar a uma solução negociada dos territórios separatistas do Leste (Lugansk e Donetsk). 
A resolução de grandes questões estratégicas e de segurança, envolvem muito mais pontos, havendo interesse de um e outro lado em trazer para casa resultados tangíveis, mais do que belas palavras e fotos conjuntas dos dois presidentes a apertarem as mãos. 
Porventura, os mais significativos passos poderão ser a consequência do restabelecimento dos canais de diálogo permanente entre as duas potências, cuja ausência tem afectado negativamente as relações Russo-Americanas. 
Veja-se, a este propósito, a esclarecedora entrevista dada pelo ministro dos negócios estrangeiros Lavrov, a Larry King, de RT: