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quinta-feira, 14 de março de 2019

APRESENTAÇÃO DO «OBSERVATÓRIO DA GUERRA E MILITARISMO» E MUITO MAIS...

Dia 23 de Março, 18:30, NA FÁBRICA DE ALTERNATIVAS (ALGÉS):

APRESENTAÇÃO DO OBSERVATÓRIO DA GUERRA E MILITARISMO 

+ PROJECÇÃO DE FILME E DEBATE SOBRE O DESENCADEAR DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL 

+ APRESENTAÇÃO DOS CADERNOS SELVAGENS 

                     Apresentação do Observatório da Guerra e do Militarismo
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Em Janeiro deste ano, numa reunião aberta na Fábrica de Alternativas nascia o Observatório da Guerra e do Militarismo.
Um grupo de activistas da paz chegou à conclusão de que era possível fazer, desde já, um trabalho útil, mesmo sem recurso a grandes meios materiais, ao criar uma base de dados, em permanente actualização, sobre todos os assuntos militares, mas também de um âmbito mais vasto, tais como a geo-estratégia, as várias formas de guerra económica, as sanções, os boicotes, ou ainda, os tráfegos e vendas – legais ou ilegais – de armamento.

O começo de https://ogmfp.wordpress.com/, o sítio Internet do Observatório das Guerras e Militarismo, foi nos finais de Janeiro deste ano. 
Durante o mês seguinte, em Fevereiro, foram colocadas no sítio cerca de 120 notícias sobre muitos assuntos, relacionados com a Guerra e a Paz. Continuamos a publicar regularmente notícias e análises, na ordem de 4 publicações diárias, em média.
Estamos desejosos de alargar a nossa actividade, através do contacto presencial e da participação activa de activistas cujos objectivos gerais sejam idênticos ou semelhantes aos nossos.
Como membros da Fábrica de Alternativas, animámos um debate realizado na nossa sede a 26 de Janeiro, sobre a questão da Venezuela.
No dia 23 de Março pelas 18H30 realiza-se uma pequena apresentação do Observatório, do nosso sítio Internet, das actividades planeadas e com a projecção dum filme deveras interessante de James Corbett, sobre o desencadear da Iª Guerra Mundial, seguido de debate.

As actividades do Observatório da Guerra e militarismo são abertas à vossa participação. Estão todos convidadas/os a participar activamente. Todas as energias são poucas em prol da Paz: não hesites em contactar-nos através do sítio Internet ou do email observatoriogm@gmail.com

Após a sessão haverá jantar na Fábrica (reservas para o email: fabrica.de.alternativas@gmail.com ). Após o jantar haverá uma sessão da apresentação do número de Março dos Cadernos Selvagens, uma publicação da Fábrica de Alternativas, e de momentos de poesia livre, onde cada um pode dizer a poesia que lhe vai na alma.
Estão convidados/as para um serão diferente e variado no espaço da nossa Fábrica de Alternativas.

Site da Fábrica de Alternativas:

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

APRESENTAÇÃO DOS CADERNOS SELVAGENS DE DEZEMBRO

No Sábado, 24 de Novembro, a partir das 18H30, na Fábrica de Alternativas (*), será feita a apresentação pública da edição de Dezembro dos Cadernos Selvagens

                    CS DEZ2017 banner.jpg

Os Cadernos Selvagens é uma publicação da Fábrica de Alternativas com textos de análise, de crítica, reportagens, entrevistas, reflexões e poemas, escritos pelos nossos associados. Os temas são variados e sempre interessantes. 

Às 20 horas teremos, como sempre, um jantar vegetariano seguido de convívio. 
Reservas para o jantar para o email: 

Contamos contigo, contamos com todos

(*) ASSOCIAÇÃO FÁBRICA DE ALTERNATIVAS

      Morada: Rua Margarida Palla 19A – Algés

      Email: fabrica.de.alternativas@gmail.com

quarta-feira, 11 de julho de 2018

JÁ SAIU O NÚMERO DE VERÃO 2018, DOS «CADERNOS SELVAGENS»

Mais um número dos «Cadernos Selvagens», o órgão da Fábrica de Alternativas. 
Haverá uma sessão de apresentação na próxima Sexta-f. 13 de Julho (o que prova que não somos supersticiosos!).
Venham ouvir e partilhar com vários autores deste número dos «Cadernos», em Algés, na sede da Fábrica de Alternativas às 19h, na próxima Sexta-f. (R. Margarida Palla 19A, 1495-143 Algés).
Depois do jantar, irá falar-se sobre a situação da Flotilha pela liberdade de Gaza, que temos apoiado.

                       banner CS JUN2018.png

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

XAMÃ João Mendes: «uma carta a Jesus»

Uma carta a Jesus.
Santíssimo Sr. e Mestre Jesus de Nazaré. Com todo meu respeito invoco aqui o seu nome fazendo-me presente a vossa majestade.
Mestre, eu me chamo João Mendes e tenho 64 anos prestes a completar os 65, estou escrevendo esta carta para contar ao Senhor o que aconteceu no mundo depois da sua ressurreição e a ascensão aos céus.
Bem como já estava agendado o seu irmão Tiago e o apostolo Pedro iniciaram a sua Igreja qual estava funcionando muito bem em Jerusalém, muitos aderiam as ideias pacíficas do Mestre em comparação ao que era pregado no judaísmo actual e sua Igreja crescia em todas as direcções.
Com a derrota da Grande Revolta Judaica contra o domínio romano, no ano70, Jerusalém foi tomada pelas forças do comandante romano, Tito. Outra vez, as muralhas e o templo de Jahwe (que o rei Herodes, o Grande, ampliara e embelezara, tornando-o portentoso) foram destruídos, e o resto da cidade voltou a ficar em ruínas, sem contar com os milhares de mortos e a miséria que se espalhou nesta cidade por muitos anos.
Em 135, o imperador Adriano mandou arrasar a cidade, ao cabo da revolta judaica liderada por Simão bar Kokhba. Sobre os restos de Jerusalém, edificou-se uma cidade helênica (Élia Capitolina) e sobre o monte onde se erguera o santuário de Jahwe, erigiu-se um templo dedicado a Júpite.
Lembro-me de palavras suas dizendo.
Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste! Eis que a vossa casa vos ficará deserta. Porque eu vos digo que, desde agora, me não vereis mais, até que digais: Bendito o que vem em nome do Senhor! Mat.23:37
O termo Igreja Primitiva é utilizado para se referir à um período histórico do cristianismo e da Igreja Católica entre 30- 325 d.C. O termo Igreja Primitiva refere-se a instituição do cristianismo primitivo e suas doutrinas. Neste período a Igreja estava engajada em diversas discussões acerca dos conceitos cristãos. Inicialmente cinco cidades surgiram como importantes centros da igreja: Roma, Jerusalém, Antioquia, Alexandria e Constantinopla.
Em 330 funda Constantino uma nova cidade na Grécia e a chama de nova Roma
Tratava-se, no entanto, de uma cidade puramente cristã, dominada pela Igreja dos Santos Apóstolos que era uma nova versão da Igreja católica ou a própria.
Durante este período os cristãos por vezes eram perseguidos e por vezes perseguiam e matavam os não cristãos, Quais eles denominavam de pagãos ou hereges.
Mestre este tipo de igreja e de cristianismo não me representam em seu nome, também não reconheço nem um concílio criado por esta igreja ou por este cristianismo desde então.
Mestre nos séculos de XIII-XVI aconteceram muitas coisas que me deixaram estarrecidos. Primeiro veio o santo ofício ou Inquisição criada e dirigida pela Igreja Católica Romana. Ela era composta por tribunais que julgavam todos aqueles considerados uma ameaça às doutrinas do cristianismo (conjunto de leis) desta instituição. Todos os suspeitos eram perseguidos e julgados, e aqueles que eram condenados, cumpriam penas perpétuas ou eram torturados até a morte ou queimados vivos na fogueira em plena praça pública.
Senhor meu Jesus me sinto envergonhado e triste por este tipo e prática de cristianismo completamente inspirado pelo poder do mau:
Muitas guerras e perseguições são feita pelos cristãos na tentativa de converter as pessoas ao cristianismo até mesmo os próprios judeus sofreram perseguições.
No século XIV inicia-se as grandes descobertas com a sua cruz como símbolo na proa de cada caravela e com ela a morte e a desgraça de milhões de nativos nos novos continentes e tudo isto em seu santo nome.
Em 1517 veio finalmente a reforma da igreja com Martinho Luthero
  um monge agostiniano que pregou uma proposta de reforma nas portas da igreja de Wittenberg, debatendo a doutrina e prática de indulgências. Esta proposta é popularmente conhecida como as 95 teses, que foram pregadas na porta da Igreja do Castelo (Schlosskirche). Em 1520 a igreja se separa dando inicio a igreja Luterana da qual nasce dezenas de denominações.
O papa
Calisto III, em 1456 seguido de Sixto VI, em 1481, e Leão X, em 1514). Declaram que negros e indios não tem alma por isso tambem não sentem dores como os não negros. E desta forma segue o cristianismo maltratando as gerações com escravidão e morte.
No seculo 17 e 18 nasce grandes criticos dos systemas religiosos na Europa forçando a população da época a pençar em outros termos mais humanistas criando assim novas sociédades cristãs.
Meu querido Jesus as igrejas de hoje em dia me pertubam a mente e o coração, vejo tanta ipocrisia nelas que só a metade já me era suficiente. Vejo o templo de salomão ser outra vêz erguido e a Arca da aliança refeita, desta vêz sendo carregada por falços levitas, Vejo igrejas vendendo tijolinhos de Deus, vassouras ungidas. Fronhas bentas, cuécas e caucinhas sagradas para quem quer ter filhos e uma série de outros fetiches e amuletos que pertencem mais as práticas dos povos primitivos.
Vejo igejas incoroporando rituais de Ubanda e Candonblé em seus cultos, que êles o chaman de Reteté ou Macumba evangélica,  pessoas recebendo espiritos e incorporando transes, danças em cima de tijols e telhas quebrada além dos ritos a deusa do mar Yemajá.
Mestre, tenho que lhe confeçar do fundo do meu coração,  não reconheço estas formas de cristianismo de adoração e louvor,  portanto os renego e me envergonho de tomar a palavra cristão sobre mim.
Em frente toda essa vasta corrupção na tua igreja venho a refletir o seu encontro com a mulher samaritana junto ao poço de Jacó.
Logo depois que éla percebe que o senhor é um profeta judeu ela  lhe dirige uma profunda pergunta ; Senhor, nossos pais adoraram sobre este monte, e vos outros dizeis que em jerusalem é o lugar onde se deve adorar a Deus, e o Senhor responde, mulher, cre em mim, é chegada a hora em que vos não adorareis o pai nem neste monte nem em Jerusalem. A hora vem, e agora é, quando os verdadeiros adoradores hão de adorar o pai em espirito e verdade.
Eu entendo muito bem que isto significa que temos que adorar o pai no intimo do nosso coração com respeito, reverencia e amor. E não nos templos euforicos ou nos montes desertos.
Querido Jesus, sou menbro de uma igreja bem pequena e vejo que meus irmãos em cristo procuram ter uma vida focada em ti, mais acredito que precizamos da tua ajuda para melhorarmos ainda mais nossa conduta, tratar melhor do nosso corpo que é a morada do espirito santo de Deus, não permiteis que este mesmo corpo seja inspirado pelo poder do mal, ajuda-nos a ser simples, humilde amando o nosso Deus em primeiro lugar e ao nosso proximo atendendo suas necessidades assim como nos encinaste na pratica do amor.
A partir de agora quero que o Senhor me aceite como um simples seguidor de seus encinamentos assim como foram os seus seguidores quando o senhor aqui esteve, e não quero jamais ser chamado de cristão.
Meus respeitosos cumprimentos a vossa magestade…
João Mendes

[Um texto poético e histórico que o meu amigo Xamã João Mendes me endereçou há ~ 2 anos]

sábado, 16 de dezembro de 2017

CADERNOS SELVAGENS, DEZEMBRO 2017 / SESSÃO DE APRESENTAÇÃO

Na Sexta-feira 22/12/2017, das 18:30 às 20:30, FÁBRICA DE ALTERNATIVAS de Algés, haverá uma sessão de apresentação dos CADERNOS SELVAGENS. Na mesma ocasião também será apresentada a exposição de pintura de Isabel Gomes da Silva. 

Faz agora um ano que decidimos colocar os Cadernos nas «mãos» da Fábrica e que saiu o primeiro número em novos moldes

Por isso, convido - para a sessão acima assinalada, na «FA's» de Algés - todas as pessoas que têm interesse em literatura, em arte, em crítica, em economia, em política, em psicologia, etc, etc... resumindo: pessoas com curiosidade e com vontade de debater amigavelmente, com os outros, os seus pontos de vista!

Manuel Banet


                            

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

APRESENTAÇÃO: CADERNOS SELVAGENS DE SETEMBRO

                               Foto de Fábrica de Alternativas.

Mais uma edição dos «Cadernos Selvagens», boletim trimestral da Fábrica de Alternativas de Algés, que será apresentada e debatida no Sábado 30 de Setembro, pelas 18:30. 
Após a sessão haverá um jantar vegetariano (quem desejar jantar tem de se inscrever em:  fabrica.de.alternativas@gmail.com )
A seguir ao jantar, será apresentado um documentário: "David Lynch: a vida arte"

Compareçam!

(PÁGINA FACEBOOK: https://www.facebook.com/CadernosSelvagens/ )

quarta-feira, 12 de julho de 2017

«CADERNOS SELVAGENS»: 5 PRIMEIROS NÚMEROS + LINHAS-GUIA

      


  


O projeto «Cadernos Selvagens» prossegue - desde finais de 2016, como foi aqui noticiado neste blog - como o órgão* da «Fábrica de Alternativas». 
 O lançamento de cada número tem sido ocasião para pequenas sessões informais, onde se lêem algumas produções, se conversa sobre os conteúdos e sobre outros assuntos que venham a propósito.

Estas sessões têm lugar na sede da Fábrica de Alternativas, como no mês passado, para apresentação da edição de Junho de 2017 .

Em baixo, transcrevemos as ligações para o formato electrónico das edições anteriores. Estas podem ser adquiridas, na sua versão em papel, na sede da Fábrica de Alternativas, ver a localização aqui.


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*LINHAS-GUIA PARA OS «CADERNOS SELVAGENS»
Os Cadernos Selvagens (CS) não são propriedade de ninguém, são uma etiqueta (label) para identificar uma comunicação escrita sob forma digital ou em papel, cuja característica é a não-conformidade com a norma, a recusa de submissão a padrões ideológicos, morais, religiosos ou outros, a liberdade de crítica e de criação e o respeito absoluto pelos direitos e liberdades dos indivíduos.
A partir do número 4, os «CS» serão assumidos como revista da «Fábrica de Alternativas» de Algés.
- A Comunidade na forma da Assembleia da Fábrica de Alternativas escolhe o grupo redatorial desta publicação, composto por três pessoas, que terá de se submeter a estas linhas-guias 
LINHAS-GUIA PARA OS CADERNOS SELVAGENS 
(Será presente este texto, depois de corrigido e aprovado, em cada número da revista) 
- Antecedendo a saída de cada número (pensa-se, por enquanto, em 4 números por ano), será lançado um apelo a participação por vários canais de comunicação.
- Os conteúdos são decididos pelas pessoas que se disponibilizam a colaborar com os «CS», desde que os referidos conteúdos respeitem os seguintes princípios: 
- Não serão tolerados ataques pessoais, 
- Quaisquer apologia de ideias, sistemas ou credos contrários à dignidade do ser humano não serão tolerados, como sejam o racismo, xenofobia, sexismo, homofobia, etc. 
-Não serão permitidos textos anónimos, todos os textos devem ter menção do nome real do/s autor/res. Quanto aos textos colectivos deverá também ser mencionado o nome do colectivo que o redigiu, ou dos seus membros.
- O número de páginas não deverá exceder 40 no total, por edição (devido aos custos associados à edição em papel). Se o material destinado a publicação exceder esta paginação, serão escolhidos os textos a publicar, por ordem de chegada à redacção, sendo possível (com o acordo do receptivo autor) que os textos que não couberam numa dada edição sejam conservados para a edição seguinte.
- Cada número terá um editorial da responsabilidade do colectivo de redacção, ocupando uma página, no máximo. Todos os números terão uma pequena informação sobre a «Fábrica de Alternativas» (o que é; meios de contacto; morada; horários…) 
-Cada número terá uma crónica da «Vida na Fábrica de Alternativas» onde serão relatados os acontecimentos mais relevantes, como debates, iniciativas, concertos, etc. Este texto pode ser redigido, pelo grupo redatorial, mas também pelos protagonistas dessas actividades, como forma de estimular o conhecimento da Fábrica de Alternativas por um lado, como treino de reportagem de qualidade e como encorajamento a participação mais activa e reflexiva dos próprios intervenientes, por outro. Essa crónica deverá ocupar um máximo de 6 páginas (texto e imagens).
- Quaisquer textos serão da exclusiva responsabilidade de quem os assina. Os «CS» declinam quaisquer responsabilidades sobre informações incorrectas, ou outras falhas de conteúdo, com excepção dos textos produzidos pelo próprio comité redatorial dos Cadernos. 
- Cada número em papel será lançado numa pequena sessão de apresentação, onde a comunidade da Fábrica de Alternativa e seus amigos irão debater presencialmente determinados assuntos relacionados com a publicação. 
- A edição online de cada número só ficará acessível algum tempo após o lançamento da edição em papel. 
- Cada participante que veja editado material seu nos «CS» deverá, em princípio, contribuir financeiramente para custear a mesma edição. O seu contributo será proporcional ao número de páginas em que interveio. O produto da venda de cada número, uma vez deduzida uma quantia pré-determinada para a «Fábrica de Alternativas», irá ser repartido na mesma proporção em que contribuiu.
- Quaisquer divergências que surjam, com quem publicou ou pretende publicar textos nos «Cadernos Selvagens», serão resolvidas em diálogo com o grupo redatorial. Em última instância, decide a Assembleia da Fábrica de Alternativas.

terça-feira, 20 de junho de 2017

CADERNOS SELVAGENS - 24 JUNHO 2017 -18:30


Fábrica De Alternativas Comunidade
Rua Margarida Palla 19 A - 1495-143 Algés, 1495-143 Oeiras




Dia 24 de Junho vamos fazer a apresentação do novo número dos Cadernos Selvagens, a publicação trimestral da Fábrica de Alternativas. Esperamos contar com a presença de diversos autores dos textos publicados para falar um pouco sobre eles.

Às 20 horas teremos um jantar vegetariano para o qual pedimos que façam atempadamente a reserva para o mail: fabrica.de.alternativas@gmail.com





quinta-feira, 16 de março de 2017

SESSÃO DE APRESENTAÇÃO DOS CADERNOS SELVAGENS (MARÇO)



Os CADERNOS SELVAGENS são uma publicação trimestral da FÁBRICA DE ALTERNATIVAS (ALGÉS). 

No Sábado 18 de Março, Dia Mundial da Poesia,  será apresentado e posto à venda o número da Primavera, deste veículo LIVRE de informação, expressão artística e reflexão. 

Após a sessão - que decorrerá das 18:30 às 20:00 - haverá um jantar* vegetariano. 

(*inscrição obrigatória em fabrica.de.alternativas@gmail.com, até 24h antes do evento).

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

CAFÉ LITERÁRIO COM FERNANDO PESSOA E OUTROS CONVIDADOS

Na Fábrica de Alternativas (Algés), perante uma pequena assembleia, realizou-se, na noite de quarta-feira passada (dia 18 de Janeiro de 2017), uma estreia.

 Refiro-me à estreia dos «cafés literários», uma actividade com periodicidade mensal, na Fábrica de Alternativas. O conceito e realização deste evento estiveram a cargo do grupo redactorial dos «Cadernos Selvagens».

Foram nossos convidados especiais os amigos poetas Fernando Pessoa, Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo dos Reis e também o tradutor e prefaciador da obra de Alberto Caeiro, Thomas Crosse.

Realmente, de tudo um pouco se falou, embora sobretudo das relações da poesia com a filosofia. 
Também se falou de «materialismo», «deísmo», «paganismo», mas não como meros «clichés», que se costumam substituir a qualidade tão rara de reflexão. 
Alvaro de Campos e Ricardo Reis tiveram ocasião de aprofundar para a assistência as idiossincrasias, nem sempre evidentes, da filosofia, estilo e poética do seu mestre comum, Alberto Caeiro. 
O próprio Mestre Caeiro também nos presenteou com reflexões fortes, quando entrevistado em directo por Pessoa, seu admirador e compilador. 
Um momento alto do serão foi a leitura por Alberto Caeiro, do seu poema a «A Espantosa Realidade das Cousas».

Gostava de deixar aqui o meu sincero obrigado a todas as almas que participaram nesta sessão.

Graças a todas as pessoas presentes, a estreia da série dos Cafés Literários da Fábrica de Alternativas, abriu com verdadeira «Chave d’ouro»!





domingo, 15 de janeiro de 2017

FERNANDO PESSOA, ENTREVISTA. Fáb. Alternativas, dia 18J às 21:00


                 

Temos vindo a preparar no grupo redatorial dos Cadernos Selvagens o lançamento dum «Café literário» a ocorrer uma vez por mês, em princípio, numa 4ªfeira à noite. 

Para começar, achámos apropriado convidar o nosso amigo e mestre Fernando Pessoa, com (alguns dos) seus heterónimos.

Contaremos com a presença de Fernando Pessoa, o próprio, de Álvaro de Campos, de Alberto Caeiro, de Ricardo Reis e também de Thomas Crosse (tradutor da obra de Alberto Caeiro para inglês).
Contamos também com a tua presença, como é óbvio! Não faltes! 




 Abra aqui a página facebook  dos Cadernos Selvagens
  

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

FÁBRICA DE ALTERNATIVAS ASSUME PUBLICAÇÃO DOS «CADERNOS SELVAGENS» A PARTIR DO Nº4

Ver páginas FB da Fabrica de Alternativas para os anúncios relativos aos «Cadernos Selvagens»:

https://www.facebook.com/fabricadealternativas/photos/a.1434033810146203.1073741828.1433108183572099/1807401719476075/?type=3&theater


https://www.facebook.com/notes/f%C3%A1brica-de-alternativas/cadernos-selvagens/1784643548418559



                                


          

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

APRESENTAÇÃO DOS «CADERNOS SELVAGENS» Nº3

SÁBADO 24 DE SETEMBRO PELAS 18.30. 

(HAVERÁ JANTAR VEGETARIANO A SEGUIR - PRECISA SE INSCREVER EM FABRICA.DE.ALTERNATIVAS@GMAIL.COM)



Apresentação dos Cadernos Selvagens nº3

Na sequência da apresentação do 1º Nº dos Cadernos Selvagens – A Grande Ilusão, de Manuel Banet Baptista, e do debate sobre o tema «Escola sem Muros», em que também participou o João Mendes, a Fábrica de Alternativas vai servir de palco para a apresentação do Nº 3 dos Cadernos Selvagens.

Nesta edição, há rubricas tão distintas como contos/crónicas, prosa poética ou reflexões, que, sem pretensiosismo, queremos partilhar convosco.

O Manuel Banet Baptista, a Naná Rebelo e o João Mendes, co-autores desta edição, lançam-vos este desafio de falar “à desgarrada” e podem sair conversas interessantes, em jeito de tertúlia. Pese embora o facto de que as tertúlias estão na moda, e nós por cá não gostamos muito de modas, faz sempre bem a partilha de ideias e dar vida ao ditado que diz «as conversas são como as cerejas».

Venham ouvir contos, venham trocar ideias, venham participar no fabrico de novas ideias.

Às 20 horas haverá jantar vegetariano. Reservas para o mail
fabrica.de.alternativas
até sexta-feira dia 23.







quarta-feira, 8 de junho de 2016

A GRANDE ILUSÃO

 Abaixo, um texto meu de 2013 (publicado nos «Cadernos Selvagens», Nº1)

                          «A Grande Ilusão»*

                                   
A Ilusão da Política

Num terreiro de santo, durante uma cerimónia de Candomblé, as pessoas participantes assumem um comportamento em consonância com a situação. Todos os gestos, danças, palavras, cânticos, estão fortemente ancorados numa tradição, significam algo, são um rito, no sentido mais forte do termo. Os intervenientes, no auge do rito, começam a estrebuchar e atingem um êxtase «histérico», possuídos pela divindade invocada. 
Para adeptos da religião sincrética afro-americana, estes rituais são plenos de sentido, são o sentido verdadeiro, revelado, de suas vidas. Elas recorrem ao pensamento mágico, o qual funciona plenamente, na medida em que a sociedade o compartilha, dá um aval permanente, possui uma «teoria do mundo» completa, auto-satisfatória, auto-referente.
A nossa soberba, apenas, nos faz desprezar estas formas de actuar em comunidade, como destituídas de «racionalidade». O facto profundo, não pode, porém ser negado: as pessoas dentro destas comunidades têm uma integração de sua individualidade, são seres de uma «família espiritual», quer sejam ou não membros de uma mesma família genética ou legal. 
Começo por me referir a estas comunidades e a estes rituais, com o propósito de fazer ressaltar que o bem-pensante, supostamente «superior», «cheio de saber», de «cultura», ficou – porém - muito longe da capacidade dos mais «primitivos» em integrar o indivíduo na comunidade, tendo abafado os meios mais poderosos de identificação e de expressão de identidades colectivas, construídas com base em tradições, usando narrativas de origem, capazes de fornecer uma explicação globalmente satisfatória do cosmos.
Chamar o candomblé para o início do capítulo «A Ilusão da Política», pareceu-me lógico e luminoso: a política é uma actividade integradora do indivíduo numa comunidade, assim como – a um nível diferente, embora – a religião, os rituais e cerimónias do candomblé.
A «verdade» da política de todos os seus actos, de toda a sua retórica, pode parecer racional e transparente a quem nela participe por dentro; porém, não deixa de ser curiosa e estranha para quem a observa do exterior. Este estranhamento do observador externo, tal como perante o ritual de uma qualquer religião, mantém-se e até se reforça, quando ele está sobejamente informado da teoria/teologia que enforma os actos políticos.
Se tivesse de explicar a situação a uma inteligência vinda do espaço exterior, diria que a política é coisa inventada há alguns milhares de anos e actualizada sucessivas vezes, como o meio habilidoso de subjugar pessoas, os súbditos ou cidadãos, que têm de se adaptar a viver sob um soberano.
A artimanha de dizer que o povo é «o soberano» já não engana ninguém, nem sequer o mais ingénuo. Foi, porém, proclamando tal credo ou convicção e em nome do povo «soberano» que se desfraldaram bandeiras revolucionárias, se fizeram e aplicaram leis, mesmo as mais iníquas. Hoje, continua o lamentável espetáculo da política, sem a mínima consideração pela cidadania.
 Como se molda um cidadão para que ele, subjugado não seja capaz de equacionar os seus verdadeiros interesses? Para que não comece a pensar pela sua própria cabeça?
Uma panóplia considerável de meios tem vindo a ser desenvolvida: nas idades mais precoces, a criança é confrontada com uma série de proibições, de interditos, para os quais não existe qualquer «razão», senão a vontade dos adultos. No sistema escolar, obrigam a criança a efectuar múltiplas tarefas, a decorar coisas estúpidas e sem sentido, a papaguear as respostas que lhe ensinaram, abafando qualquer curiosidade legítima em indagar como são realmente as coisas. Dizem-lhe que tem de estudar isto e aquilo, para ser a melhor e mais competente, não obstante nenhum dos educadores saber realmente justificar a bondade e utilidade de tais saberes. Na realidade, é a própria autoridade, a submissão ao poder que estão a inculcar-lhe desde tenra idade.
A justificação de que os «bons» alunos sempre alcançam uma posição social correspondente ao esforço e mérito da sua aprendizagem, é uma falácia de todo o tamanho, mas repetida por todos, desde professores aos próprios pais, quer acreditem ou não nela. Cedo a juventude se apercebe de que a riqueza e a origem social são tão ou mais decisivos na ascensão profissional e social do que o mero êxito académico. Mas, na grande maioria dos casos, permanecem incapazes de contrapor outro modelo, outra forma de ver o mundo. Nem sequer têm outra noção de justiça, pois a visão ideológica dominante – que nunca se afirma como tal, sempre apresentada como «natural» - insinua-se a cada momento da sua vida.
A visão que impregna tanto os discursos dos mais eruditos, como o quotidiano mais banal é a de que apenas a organização hierárquica é racional e natural, de que ela apenas corresponde a uma arrumação «justa» das pessoas, segundo o seu mérito. É assim que se torna «natural» a visão meritocrática que lhe está associada. Este mecanismo, de justificação circular, permite manter a ilusão nas pessoas: - Os que obtiveram satisfação e sucesso na escala hierárquica, julgam-se investidos de mérito, o qual terá sido – segundo eles - decisivo para alcançarem a referida situação.
- Os insatisfeitos, os frustrados, estão convictos de que não se lhes fez justiça, de que não se lhes reconheceu o verdadeiro mérito. Costumam refugiar-se na esperança numa «vingança», individual ou social (uma mudança de regime, uma revolução), segundo a qual, finalmente, lhes será dado o devido mérito, enquanto os atuais privilegiados ficarão relegados para o fundo da pirâmide social. Entre estes dois extremos, a maioria acaba por se conformar, num grau maior ou menor. Os fracassos ou vitórias de sua existência medíocre devem-se exclusivamente àquilo que fizeram ou deixaram de fazer individualmente, com referência a uma escala convencional de mérito social, segundo a qual têm «aquilo que merecem».


Ciência política?

Edward Bernays, autor do livro «Propaganda» (1928), está para a psicologia Public Relations (PR), como seu tio Freud para a psicanálise. Bernays sabia que se podiam controlar as «massas» de forma tão eficaz como os generais comandam as suas tropas. Não apenas sabia isso, como forneceu «receitas» para fazê-lo eficazmente; a partir de seus trabalhos, foram desenvolvidas as técnicas de sofisticado controlo social.
Não será por acaso que esta ciência aplicada - resultante, em grande parte, da sua leitura redutora do freudismo - se revelou e teve um enorme sucesso no momento de persuadir os cidadãos dos EUA que o país devia entrar na Iº Guerra Mundial, embora inicialmente o povo fosse maioritariamente contrário a isso. Tamanho sucesso fez com que a «ciência» da propaganda fosse universalmente copiada, desde então, inclusive aplicada por regimes com as ideologias políticas mais diversas, como o soviético, ou o nazi. Segundo Goebbels, ministro de Hitler: «uma mentira repetida um milhar de vezes, passa a valer como verdade».
O combate ideológico-propagandístico foi de tal modo intenso e decisivo entre as duas guerras, que o termo «propaganda», inicialmente neutro, começou então a adquirir uma conotação pejorativa. Ficou associado ao clima de instabilidade, de guerra civil, que conduziu à IIª Guerra Mundial. Foi a partir desta data que a aplicação de várias disciplinas científicas - da psicologia social à psicanálise, da sociologia à estatística - deixou de se chamar «propaganda», tendo sido rebatizada como «public relations» ou PR. Tornou-se um instrumento indispensável aos governos, na medida em que eles já não podiam contar meramente com a força bruta e o medo, como forma exclusiva ou principal de manutenção da ordem.
Desde então, as guerras são antecedidas e acompanhadas pela artilharia pesada do condicionamento maciço, do terrorismo psicológico: «numa guerra, a primeira baixa é a verdade». Isto ficou bem patente no condicionamento das massas levado a cabo pela casta dirigente dos EUA, nas vésperas da guerra contra o Iraque em 2003. *
Mas a sua utilização não se limita a tais momentos; não é exclusiva de prelúdios de guerras, nem de outros momentos de crise. Tem sido um instrumento fundamental de dominação quotidiana; a aplicação dos princípios de Bernays está totalmente banalizada, tendo entrado nos costumes, não apenas da política, como de todas as atividades económicas, com suas campanhas de «marketing» e de publicidade.
O condicionamento das massas recorre à panóplia de técnicas da psicologia e dispõe de poderosíssimos meios, mediáticos, financeiros e outros. Hoje, estamos a viver numa sociedade como a descrita por Orwell no seu romance «1984», de ficção científica e sociológica.
O uso de técnicas de condicionamento tem vindo a assumir um peso cada vez mais importante. O elemento psicológico tornou-se o instrumento de controlo e domínio preferido. Os poderosos já não podem recorrer ao controlo das pessoas, como no passado, simplesmente instilando medo físico, ameaça física direta e brutal. O medo tem de ser difuso, tanto mais aterrorizador quanto mais vago e nebuloso. Esse sentimento de insegurança é difundido de forma subtil, sem que o cidadão se aperceba, condição sine qua non para que a manipulação surta efeito. Obviamente, esta mudança – condicionamento das massas, em vez da força bruta - não foi obra de mentes generosas, imbuídas de humanismo. Tornou-se inevitável, sendo mesmo exigida pelas mudanças nos próprios processos de produção.
Hoje, vivemos na época da «sociedade – fábrica» global: a sociedade, no seu conjunto, realiza as infinitas tarefas da produção material e de serviços, num mundo globalizado. O produtor desta era «tardo industrial» já não é o operário taylorista do princípio do século XX, automatizado a uma monótona repetição de tarefas e muito menos o operário-artesão, do século XIX, capaz de conceber, moldar e aperfeiçoar um objeto, expressão de sua arte. O típico operário – precarizado do século XXI nascente, é um indivíduo com vastos conhecimentos generalistas (podendo ou não ter um curso universitário) e capaz de se adaptar, de se vergar melhor dizendo, a quaisquer exigências patronais. Sempre disponível, sempre servidor do processo produtivo, caracteriza-se pela total flexibilidade; ele tem de estar ao serviço quando e onde, for necessário.
O processo produtivo, cada vez mais sofisticado, exige uma cidadania instruída. Mas os oprimidos não podem tomar consciência plena de sua opressão. Nasceria neles o desejo - e, portanto, potencialmente seriam capazes - de se libertar do estado de escravidão presente. Por isso, têm de ser constantemente seduzidos, cooptados, sua vaidade tem de ser permanentemente alimentada. Assim, generalizou-se a governação recorrendo à fabricação do consenso, em paralelo com a expansão dum modelo de economia onde o motor é o permanente desejo de consumir, a criação de necessidades artificiais.
 Como seria de esperar, surgem reações à imposição de uma falsa escolha entre um capitalismo de Estado, todo-poderoso e garantindo proteção total ao sujeito, regime designado erroneamente por «comunismo» ou «socialismo» e uma governação de facto submissa aos ditames das grandes corporações multinacionais, seguindo uma teologia de mercado, o neoliberalismo.
Existem muitas correntes, com génese e desenvolvimento diversos, que procuram afastar-se das dicotomias abafantes da guerra fria: a crítica radical da «sociedade do espetáculo» (Guy Debord em França e outros no movimento situacionista, que antecederam e «deram o tom» ao «Maio de 68»), a defesa dos consumidores e do ambiente, com diversificada expressão cívica (movimentos de consumidores e ambientalistas), o novo feminismo - não já centrado na afirmação duma mera igualdade política (direito de voto, etc.) - mas antes numa libertação da sexualidade e na igualdade de género. Talvez o que une esses movimentos sociais tão diversos entre si é a afirmação da dimensão ética, sua desconfiança ou mesmo rejeição, nalguns casos, da dimensão política, pelo menos da política institucionalizada.
O crescimento dos movimentos sociais na multidão tem sido contrariado por campanhas permanentes de calúnia, ocultação, deturpação e recuperação. Veja-se o caso da criminalização da dissidência, nomeadamente dos movimentos anarquistas e altermundistas, no virar do milénio. Mas, quando apesar de tudo, numa fração do público jovem se mantém ou mesmo cresce a simpatia por tais movimentos, as campanhas publicitárias vão revestir-se das aparências de «contestação» e «rebeldia». Tais campanhas vão revestir o contorno exterior, o símbolo, para melhor se apossarem do potencial de «sonho e rebeldia» que esses movimentos transportam, canalizando os desejos de saciar a frustração através do consumo. Não importa que se manipule um símbolo revolucionário, ou antissistema, mas que esse símbolo se «venda bem» e - com ele- a imagem de marcas associadas à simbologia. Isto tem sido patente na publicidade dirigida aos jovens, para consumirem produtos que lhes são destinados. Estas operações mobilizam exércitos de «criativos», «gráficos», «testadores», «vendedores», etc. Mobilizam uma parte substancial dos lucros; a publicidade absorve uma parte variável das despesas. Ela representa, em muitos casos, uma fatia tão ou mais elevada que a produção em si do objeto (ou serviço) a vender. Os «gurus» do marketing dedicam-se a transpor as conclusões de estudos científicos para adequarem a estratégia das marcas, para melhor condicionar os consumidores e/ou os votantes.
Face a esse aparelho e aos meios poderosos, quase sem limites, de que dispõe será difícil, para não dizer impossível, conseguir-se que a maioria das pessoas tome consciência plena da manipulação e, sobretudo, que um número significativo delas se oponha de forma ativa às novas formas de opressão. A solidez aparente do funcionamento político-ideológico que se esconde sob as roupagens do marketing advém desta dificuldade do desmascaramento numa larga escala, face à ubiquidade do condicionamento coletivo.
Nas sociedades atuais, o controlo não implica supressão das pessoas contrárias ao sistema; faz-se antes pela subtil marginalização da dissidência, pela discriminação das obras iconoclastas, pelo relegar as ideias originais para fora dos parâmetros do sistema, pela omnipresença do pensamento único na média. Trata-se de genocídio cultural permanente, de atentado constante à inteligência das pessoas, dum empobrecimento cultural. O preço pago pela sociedade é, além da continuidade e do reforço das práticas de exploração e de alienação, a perda de diversidade. Esta perda, analogamente as sistemas biológicos, tem como efeito a fragilização, o empobrecimento permanente do ecossistema social. As espécies que se extinguem, não são substituíveis em termos eficazes num ecossistema natural empobrecido. Igualmente, os criadores, os inconformistas, os visionários, são espécies sociais minoritárias, mas cuja função é essencial para que as sociedades se transformem, se adaptem e modifiquem, numa palavra, para a evolução social. 


 A gestão pelo medo

Na sociedade que se desenha no calor da mais recente crise, parece irremediável a impossibilidade dum indivíduo isolado ou mesmo imerso em grandes «massas», de fazer algo de concreto e eficaz pela eliminação do mal que o atormenta. Mesmo quando o indivíduo está ciente de que na raiz de todos os males contemporâneos se encontra o sistema capitalista de exploração, mesmo assim, não tem a lucidez mental para procurar o que realmente tem de ser atacado para derrubar o gigante que o atormenta. O indivíduo foi condicionado a pensar de modo não problemático para o sistema. Assim, mesmo os indivíduos «antissistema», têm uma completa incapacidade de alterar o estado de coisas presente. Ao existirem como uma curiosidade, um fenómeno, uma extravagância, eles funcionam como validação da «bondade» do sistema, pois a sua existência não é diretamente posta em causa, nas sociedades ditas «ocidentais». Eles são reprimidos, mas não do modo físico mais cru, mais óbvio. Podem negar-lhes – na prática- os meios de subsistência, mas sem qualquer aparente perseguição, tudo na maior legalidade e boa-consciência. Mesmo no país mais «democrático», eles permanecem largamente ignorados pela média. Nesta, a representação do mundo transformou-se num segundo mundo, o mundo «espetáculo» / «espelho» pelo qual a realidade tem de passar para ser admitida como existente. A média provoca «a morte» de tudo o que vier perturbar o pensamento único, sem ser necessário matar ou prender os potenciais perturbadores. A reação violenta das pessoas comuns torna-se assim a revolta que nunca atinge o grau suficiente para se transmutar em revolução.
Muito sofrimento irá continuar do lado dos milhões, triturados pela recente crise, exatamente como se fossem números, como se não fossem, afinal, humanos. A contradição demasiado aparente é a de que a sociedade existe, funciona, se organiza, produz graças a eles, mas não para eles. Vivemos neste estranho mundo, em que a perda de milhares de postos de trabalho por dia não emociona dirigentes políticos e empresariais, em que a humanidade do trabalho se perdeu completamente, se tornou numa variável de ajustamento, apenas, uma «coisa», uma «mercadoria». A crise contemporânea mostra como é bem real a afirmação de Marx segundo o qual se dá, com o advento do capitalismo, a transformação do trabalho em mera mercadoria.
Porém, as teorias de vanguardas iluminadas para tomar o poder são meros «panos de cena» que escondem dos incautos a enorme sede de poder de alguns, autodesignados como «revolucionários». A negação «radical» de todo o sistema, da sua política, suas instituições, seu funcionamento económico, apenas a um nível discursivo, sem tirar consequências táticas e estratégicas, é uma tentação de adolescente (mesmo quando os que a preconizam sejam velhos). A maturidade revolucionária só pode surgir quando se tornar clara para todos a necessidade de transformar o pensamento em ação e de fazer um retorno constante da ação para o pensamento, ou seja a fertilização da teoria pela prática. Mas esta visão falha nos líderes dos nossos dias. Pelo contrário, os que deveriam ter esse papel, parecem deleitar-se com visões ideológicas ultrapassadas da História e somente para sua autojustificação. Incapazes de visão estratégica, ficam-se pelas generalidades ocas dos slogans e pelos «efeitos de palco», numa tragicomédia grotesca.


Por que razão não se constrói uma teoria revolucionária que seja adequada ao tempo presente? Um caminho da emancipação verdadeira, não dum novo totalitarismo?
A razão desta impossibilidade é simples de se compreender: É apenas possível «agarrar» os problemas que temos ao alcance solucionar. Estes e somente estes. Os outros, ou são ignorados, ou vistos de modo tão parcial, tão incipiente, que não estamos em condição de os colocar em equação. Isto é válido em todos os domínios, desde a ciência física, à sociologia. A realidade do mundo está sempre muito para lá das teorias instituídas para explicação desta mesma realidade. Há um lapso de tempo, geralmente longo, entre o fenómeno histórico e a construção duma teoria satisfatória para a sua interpretação.
Dois efeitos se conjugam para tornar muito difícil a construção de teoria sobre acontecimentos históricos. Tais efeitos são tanto mais intensos, quanto mais próximo o nosso próprio tempo de vida for do tempo dos referidos acontecimentos:  
O «efeito retrospetivo»: as consequências dos acontecimentos que se pretende analisar não eram nenhuma fatalidade para os contemporâneos dos mesmos, que, na maior parte dos casos, nem de longe anteviram essas mesmas consequências. Muitas vezes, pensa-se precisamente o contrário, o que é absurdo, como se os contemporâneos devessem ter conhecimento do que seria a futura «marcha da História». Pior ainda, atribui-se uma fatalidade ao desenrolar dos acontecimentos, interpretando o que se passou num dado momento em função do que ocorreu posteriormente, como se o futuro determinasse o passado.
O «efeito subjetivo»: o ponto de vista pessoal do historiador é projetado – de modo não consciente, muitas vezes - nos factos; seleciona o que acha relevante, rejeita aquilo que vai contra as suas teses, enfatiza o que parece corroborar as suas teorias, omite ou distorce até à caricatura pontos de vista antagónicos aos dele. Transforma assim, de forma descarada ou subtil, a História: deixa de ser uma procura desapaixonada, científica da verdade, passa a ser narrativa ideológica, destinada a fornecer argumentos a favor das suas ideias.
Ninguém consegue manter uma total imunidade, face a estes dois escolhos recorrentes na atividade de investigação em História. Um teórico que tenha enormes cuidados metodológicos poderá – no melhor dos casos - fazer uma «teoria de revoluções passadas». Porém, essa teoria não se deveria projetar para os dias de hoje, nem para o futuro. Pois a realidade é que poderá guiar a teoria e não o inverso. Verdade evidente, mas que merece ser enunciada, porque há muitas pessoas sérias que «se esquecem» dela e pensam/agem como se tal não fosse assim!
Não existe nenhuma fatalidade no devir histórico. O sonho de Laplace de ter o futuro completamente conhecido pela descrição minuciosa de todas as massas e forças do Universo é falso -até mesmo em teoria: o princípio de incerteza de Heisenberg mostra a impossibilidade de tal ocorrer (quanto maior precisão tivermos para medir a energia de um corpo, menor precisão obtemos na medição do seu movimento e vice-versa).
O determinismo social é totalmente falso. O efeito conjugado das inúmeras ações humanas é impossível de modelizar. Com efeito, para cada situação histórica concreta seria necessário ter a capacidade medir e ponderar de forma operacional as inúmeras forças e ações recíprocas que ocorrem e se refletem nos vários níveis do real social.
A tendência para uma narrativa teleológica é antiga, tem raízes muito fundas, inscritas nos livros sagrados das religiões. No século XIX, foi laicizada por Hegel e por Marx. Muitos contemporâneos copiaram inconscientemente o modelo de «materialismo histórico» de Marx ou seja, vêm a História como a realização de um devir necessário da humanidade. Somente, a finalidade última deixou de ser a sociedade comunista; em vez desta, Fukuyama, por exemplo, profetiza o «fim da História» ou seja uma democracia de mercado, emanação última dum capitalismo aperfeiçoado, purificado.
As teorias totalizantes que pretendem dar conta da História passada, presente e futura, são meras construções ideológicas que apenas laicizam as narrativas míticas das diversas religiões. São como as das religiões, mas sem deuses!

A ilusão económica

A natureza caótica da atividade humana está sempre a ser reduzida pela pseudociência chamada «economia». Trata-se de uma crença religiosa, propalada (acriticamente) pela média, pelos políticos de todos os quadrantes e pela generalidade dos cidadãos.
A crítica da economia, ciência fictícia que nos assola e ainda torna mais graves os desequilíbrios causados pelas atividades humanas, tem sido feita por alguns, de forma completa e profunda, não irei aqui retomar os seus argumentos.  
Apenas vou referir o mito do PIB (Produto Interno Bruto), suposto medir o conjunto da atividade económica dum país, num ano. Muitas das decisões políticas, muitas avaliações ao nível dos mercados, têm em conta esse valor. O que significa que lhe é atribuído um papel de primeira importância monitorização da economia de um país.
Nesta contabilidade estão inscritas como «positivas», atividades que muito justamente se considera que não são produtivas, como sejam a recolha de impostos ou os pagamentos de capitais e juros de empréstimos junto de entidades externas, mas cujo aumento provoca um aumento correlativo do PIB.
Também são contabilizados e vão fazer crescer o PIB, o fabrico de armas e munições ou até a sinistralidade rodoviária, cujos efeitos são «benéficos» para esse «crescimento»: desde a reparação automóvel à indústria da sucata, desde os serviços de urgência até aos cuidados de saúde subsequentes e mesmo os serviços das agências funerárias, resultantes da morte dos sinistrados! Claro que nem a guerra (destruição), nem a preparação da mesma (acumulação de instrumentos de destruição) são atividades que produzem real riqueza, em termos humanos. Igualmente, os acidentes rodoviários são causadores de imenso sofrimento humano, além de uma perda económica considerável. Quer a guerra, quer acidentes rodoviários, porém, têm efeitos positivos no PIB.
É bastante trágico que não se adote uma visão mais realista e sensata, tanto neste como em muitos outros casos, tendo em conta que uma medição errada vai conduzir a diagnósticos falsos e a medidas tragicamente inadequadas.
Certamente os monopolizadores do discurso e do poder sabem isto muito bem. Mas, quer o governo, quer os grandes detentores de riqueza, ao falarem «economês», estão essencialmente a produzir um discurso para convencimento do cidadão/consumidor/votante. Este discurso não tem da cientificidade, senão os adornos mais exteriores. Alguns cientistas ou académicos põem o seu brilhantismo intelectual ao serviço dos poderes supra citados para fazer passar como válida a pseudociência da economia, que apenas é discurso de poder disfarçado. Num nível mais abaixo, numa escala muito maior, um exército de «técnicos- formigas», seguindo os cânones da ortodoxia, produz e interpreta constantemente gráficos e tabelas, para que as restantes formigas sigam pelo carreiro, façam sempre aquilo que é suposto fazerem!
A realidade social de hoje é apenas compreensível se tivermos presente o condicionamento maciço e universal. Ele assume uma forma totalitária, não visível, mas dissimulada. Conseguiram inventar «feromonas» perfeitas para o controlo do formigueiro humano.
Não deveríamos nos surpreender pelo facto dos modelos económicos serem tão incapazes de fazer previsões credíveis. Por muitas garantias que os economistas nos deem, de relações do tipo causa e efeito, isso não passa de gabarolice. Estão completamente destituídos de verdadeiros instrumentos de conhecimento, quando traçam as suas curvas, onde os fatores humanos reais ficam de fora. Ninguém de bom senso deveria se deixar guiar por modelos de previsões financeiras. Isto porque quem os inventa, simplesmente, recorre às suas próprias previsões ou intuições primeiro e constrói um modelo em seguida, para fazer coincidir tais previsões com as realidades de hoje. Todos deveriam compreender a diferença entre um modelo e a realidade: ninguém deveria estranhar que umas equações sejam incapazes de modelizar corretamente a evolução do comportamento das pessoas e dos mercados. Muitas pessoas, mesmo com um grau notável de cultura científica, deixam-se seduzir pela aparente cientificidade dos modelos em economia, não questionando a metodologia que os subjaz. Perpetua-se assim o mito do economista como uma espécie de sábio, de perito universal, um oráculo consultado pelos poderosos, tanto no governo como nas empresas.

A Ilusão Globalista

Por volta de 1998 o mundo mediático celebrava a vinda de um novo milénio com otimismo. Todos -ou quase- cantavam laudas ao triunfo, sem mácula, da «generosa e benevolente» democracia ocidental. Havia algumas «arestas» a arredondar, porém, nomeadamente nos Balcãs. Com a nova doutrina da intervenção humanitária, a força da NATO desencadeou a primeira guerra no solo europeu desde 1945! Num crime de guerra perpetrado para «defender» os direitos humanos, face a uns maus que -neste caso- eram as forças sérvias, numa guerra civil contra um «exército de libertação» da Albânia Kosovar. Esses paladinos da liberdade e dos direitos humanos, financiados, protegidos, treinados, enquadrados pelo ocidente, não eram mais afinal que um grupo terrorista, usando métodos odiosos, contra civis etnicamente sérvios, atribuindo depois as valas comuns ao lado contrário. Não foram poucos os combatentes do UÇK que receberam instrução e treino militar, no Afeganistão dos Taliban, com os quais partilhavam a mesma ideologia “jihadista”. Mas nada disso importava, pois se tratava de «salvar os pobres kosovares» indefesos perante os «selvagens nacionalistas sérvios».
Vem isto a propósito da memória curtíssima das pessoas, sujeitas a constantes lavagens ao cérebro. De tal maneira são eficazes, que boa parte do público passou a considerar, não apenas aceitável moralmente como até um «dever de civilização» as aventuras militares (elas sim, bárbaras e genocidas), dos EUA e seus aliados da NATO e outros vassalos locais, numa sucessão macabra: Jugoslávia, Somália, Afeganistão, Iraque, Iémen, Líbia, Síria (e Irão ?).
O globalismo não é responsável diretamente pelos crimes perpetrados pelos «grandes» deste mundo. Mas esta ideologia serve para lhes dar cobertura, para tornar aceitável o inaceitável, junto duma opinião pública cobarde, racista, saudosa da era colonial, nos países que foram grandes potências nos dois séculos anteriores. É necessário que ela fique anestesiada, passiva perante o horror. Ou que trema, diante de horrores falsos ou verdadeiros, apresentados como vindos do inimigo, o tal que ninguém é capaz de identificar: «o terrorismo»*.
Note-se que, durante muitos anos após o fim da segunda guerra mundial, o horror dos campos de concentração e de todo o período nazi foi ocultado das pessoas. Poucas pessoas souberam ou suspeitaram da escala e extensão completa da máquina industrial de morte do nazismo, não apenas no decurso da sua vigência, como mesmo alguns anos depois da derrota do nazismo. Agora parece que há maior interesse em desenterrar esse passado (já não tão) recente horripilante. Será para que as pessoas, por ilógico que pareça, deixem de ver o que se passa agora como essencialmente o mesmo, apesar de estar «diante dos seus olhos»? Há todo um processo de negação ilusória, de denegação, em relação aos horrores presentes, perpetrados pela ordem imperial global.
Há uns cerca de 50 anos, alguns intelectuais corajosos souberam denunciar a barbárie, mostra-la sem disfarce: Simone Weil, Sartre, Camus, Hannah Arendt, e outros… Nos dias de hoje, poucas vozes se levantam: dois nomes de intelectuais norte americanos - Noam Chomsky e Naomi Klein- vêm-me logo à cabeça, mas tenho dificuldade em encontrar nomes célebres, do lado de cá do Atlântico: onde estão os intelectuais europeus de grande valor, destemidos, corajosos, que recusam fazer a reverência ao poder, seja em que circunstância for? Não são fáceis de identificar, embora existam. Isto deve-se, não a serem de «fraca estatura intelectual», mas pela sua eficaz neutralização (blackout mediático). Não é por acaso ou capricho que o complexo mediático contemporâneo se encontra associado ao poder, mas porque partilha o interesse básico em manter o «Status quo». Sabe fazê-lo em conivência total com os poderosos, mas de forma camuflada, para iludir o público incauto.
O espetáculo das grandes cimeiras, das conferências internacionais, é apenas um «Theatrum Mundi», no qual os altermundistas representam um «folclore» de dissidência, pelas manifestações que as acompanham e que «justificam» a mobilização de forças de polícia armadas até aos dentes, numa exibição de poder, de intimidação, que não deixa nenhuma dúvida sobre quem são os «senhores» e os súbditos. 
Uns, os «dirigentes», estão a representar a tragicomédia grotesca do poder, em salões alcatifados, nos jantares com iguarias requintadas, aperaltados em trajes de cerimónia, ou em roupa desportiva, conforme a ocasião. Outros, «os populares», estão a ser reprimidos com bastões elétricos, com a roupa encharcada por canhões de água, no meio de nuvens de gás-pimenta. Obviamente, os primeiros não são os «representantes legítimos» dos segundos. Porém, de que legitimidade se reclamam? Eles são apenas os mandatários das grandes corporações, da grande finança e sabem-no bem. Em nenhuma circunstância se esquecem do seu papel, pois a sua ascensão à elite e manutenção nesta mesma, depende inteiramente da sua fidelidade canina. Dizem-se representantes dos votantes ordeiros das nações que os elegeram. Isso não é problema para «os senhores», pois esses tais votantes ordeiros ficam quietinhos diante dos seus televisores a ver o grande espetáculo da política. Ou seja, os representados não se atreverão nunca ou sonharão jamais pedir contas e esclarecimento cabal do que fizeram os seus representantes! 
Mas este espetáculo político das grandes cimeiras (G7,G8, G20, ONU, NATO, UE, FMI, OMC, etc.) não pode durar muito, para não enfastiar o «eleitor médio»! Então, é preciso alguma diversão: o «desporto», outro monstruoso circo planetário, é servido copiosamente. Torna-se mesmo o causador de ruína dos países que albergam estes eventos: veja-se o que aconteceu à Grécia após as olimpíadas de Atenas de 2004, a Portugal após o Euro 2004 e o que está a acontecer, nestes dias (escrevo em 22/06/2013), no Brasil, que se prepara para o Mundial de futebol
Os poderes dizem sempre, mentindo, que o evento se paga a si próprio com as receitas do turismo, as royalties das transmissões, as somas pagas pelos patrocinadores e grandes empresas, as promoções, etc. Porém, o que acontece fatalmente é que são os contribuintes desses países a ter de pagar a fatura, sem qualquer benefício de longo prazo (Os estádios construídos em Portugal para o Euro 2004, não servem para nada, dão prejuízo, ao ponto de as câmaras já pensarem implodi-los para ao menos dar finalidade útil a estes espaços!)
Se eu pudesse renascer daqui a 500 anos, admitindo que a civilização humana tivesse sobrevivido, não ficava admirado se os humanos dessa época futura olhassem estes últimos 20 anos (1993-2013) como início duma nova «idade das trevas».
A ideologia globalista (com retórica de esquerda ou de direita, tanto faz), tem legitimado esta descida aos infernos, sempre em nome de valores «humanistas», de religiões, etc. com um desprezo absoluto pelos humanos reais, contrariando a essência de toda e qualquer espiritualidade da qual se reclamem, seja ela de tradição cristã, muçulmana, budista, etc…
Tem de se reconhecer que os «reflexos identitários», as derivas xenófobas, são a outra face da deriva «globalista»: a outra face, não a alternativa. Podem ambas coexistir e é fatal que coexistam, pois estamos num jogo circular, onde a imensa maioria é composta por figurantes inconscientes, manipulados, alguns porém com a aparência de serem «ativos», pois estão imbuídos das certezas fanáticas dos «crentes». 

A origem da ideologia globalista deve ser procurada nas Luzes, na filosofia do Iluminismo. Pode ser considerada como uma das suas filhas prediletas. A sua irmã gémea, o «progressismo», muito em voga no século XIX e mesmo numa boa parte do século XX, está aparentemente a sofrer um grande revés. Porém, genericamente, tanto o progressismo, como o humanitarismo, ou ainda o internacionalismo, são nomes sinónimos do globalismo. Note-se que esta ideologia foi muito naturalmente assumida e revindicada quer pelo capitalista, quer pelo anticapitalista. Prova, a meu ver, da sua tendência totalizante, com muito natural deslize para justificar ideologias diversas, incluindo as totalitárias.

O nascimento e crescimento da ONU e das entidades supranacionais ou internacionais (a NATO, o extinto «Pacto de Varsóvia», a CEE, depois EU, a NAFTA, a OUA, a OCDE, ASEAN, etc.) ao longo da segunda metade do século passado, foi acompanhado pela sua tendência para se imiscuírem em assuntos internos dos diversos países. Revestindo-se de uma falaciosa legitimidade, chegam ao ponto de arrogar-se o direito de intervenção armada, bombardeando e destruindo com o propósito explícito de derrubar o poder vigente nesses países. Estas intervenções catastróficas e criminosas são invariavelmente «justificadas» com a defesa dos valores humanitários, da liberdade, da democracia, etc. 
A ideia estúpida e criminosa de que os valores «progressistas» ou «democráticos» têm de ser impostos pela força aos povos que não se sentem nada inclinados a venerá-los, tem sido a responsável pela justificação de crimes hediondos, que não podem senão desencantar qualquer pessoa que assuma realmente os valores do Iluminismo, de Voltaire, Rousseau, Locke, Franklin, etc…



A Ilusão da Comunicação Global


Na incapacidade (criada e nutrida) de intervenção cidadã por parte do «indivíduo comum», desviado por «n» fatores para coisas completamente acessórias e irrelevantes, uma das maiores ilusões é a dele poder influenciar destinos coletivos, dos países e mesmo do Mundo, através das redes eletrónicas de comunicação global. Esta inflação do ego é mantida e acarinhada pelos mentores da casta política, qual clero moderno, cultivando a versão atualizada da ilusão universalista, que tão bem serve a causa da globalização.

Voltaire dizia: «Il faut bien cultiver notre jardin» (É preciso cultivar bem o nosso jardim).
Neste lema encontra-se o fundamento dum posicionamento cada vez mais fértil. Com efeito, muitas vezes, é quando 99,999% das pessoas desprezam uma ideia, um objeto, um saber, etc., que isso tem maior valor real e merece ser acarinhado.
Seguindo este princípio, a comunicação direta e pessoal surge de novo como a verdadeira riqueza da comunicação humana, permitindo autenticidade e requinte, valores que não se baseiam no quantitativo, mas no qualitativo: é rico, aquele que sabe - em si mesmo e no seu entorno - encontrar a beleza e o prazer e deles disfrutar. É pobre aquele que precisa sempre de mais e mais para saciar a sua gula de sensações e de poder, num afã de consumo.
A sociedade atual, como se pode verificar a todo o momento, é feita de pessoas pobres, mas empobrecidas pela sua estupidez.


Reflexão sobre pensamento-ação

A máxima de Voltaire «É preciso cultivar bem o seu jardim» parece-me ser cada vez mais atual. Ela vem contradizer muitos dos escritos, inclusive dele, de pendor universalista, característicos do iluminismo. Sabemos que aí reside boa parte da raiz filosófica do internacionalismo ou globalismo atuais.
Ele reconheceu - e bem, a meu ver- que tinha errado, que o importante era fazer-se bem aquilo que estava ao nosso alcance transformar.

No fundo, isto não é muito diferente do princípio de ação direta: Está nas nossas mãos fazer algo; então, vamos fazê-lo diretamente, sem pedir intervenção dum intermediário, dum representante, dum eleito, para agir em nosso nome. O representante acaba por distorcer ou mesmo anular a nossa vontade, pela lógica inerente à natureza representativa, não por maldade ou perversidade da sua personalidade.
O princípio do localismo (“cultivar o nosso jardim”) parece-me confluir harmoniosamente com o princípio da ação direta. Ambos são complementares e definidores de uma ética da ação.
Quando na esfera pública (ou política), somos colocados perante o dilema seguinte:
A) Não podemos ter uma atitude constante de abstenção, de alheamento, pois há coisas muito importantes em jogo;
B) Ao agirmos, sabemos que irão surgir muitos parâmetros escondidos que apenas a ação faz revelar. A consequência dos nossos atos é sempre algo distante da nossa intenção primeira, por vezes até, exatamente oposta ao que foi desejado por nós.
Sempre tal dilema acontecerá, num grau maior ou menor, ao agirmos na complexidade do social. Porém, na esfera privada ou semi-pública, podemos intervir com maior autocontrolo, autodeterminação: mais vale focalizar o nosso esforço naquilo que realmente se pode influenciar. Agir no seio da família, do círculo de amigos, no emprego, na vizinhança etc., deve ser mais eficaz, por princípio e portanto preferido, em relação a uma intervenção política no sentido convencional. Uma ação é eficaz, na medida em que transforma efetivamente; mas a intervenção política típica ocorre ao nível do discurso, do simbólico, não se traduz em mudança real.
O recentramento não se deve colocar apenas no agir, mas também no pensar. Devemos repensar as relações entre pessoas (e agir sobre o nosso modo de intervir na esfera interpessoal).
O mesmo se aplica em relação a nós próprios. Como nos situamos relativamente a uma série de conceitos, de princípios ou de ideias? Muitos foram-nos inoculados: a moral é sempre um efeito do social sobre o individual.
Este recentramento que proponho tem como consequência desejável - perante pirâmides de conceitos e pré-conceitos que nos atulham a mente- o varrer de tudo o que seja falsa consciência (alienação) para se chegar ao núcleo da nossa reflexão-ação.
A nossa intervenção esclarecida e controlada será tanto mais poderosa quanto for coerente com o mencionado núcleo de reflexão-ação. Isto, obviamente, sem esquecer que a realidade - tanto exterior, como também interna, a psique - nos irá colocar incontáveis obstáculos.

No momento em que a sociedade se esgota com falsas lutas, apenas apoiadas nos egoísmos, mesmo e quando invoca uma vontade coletiva, que se deve fazer?
Pelo que me toca, tenho tentado não intervir, pois me iria apenas confrontar com vaidades diversas. Isso seria esgotante e não traria nenhum resultado positivo.
Não desisti realmente de ter intervenção social; mas procuro determinar onde essa ação social possa eficazmente desenrolar-se.
Embora tenha muitas dúvidas sobre intervenções políticas, existem – felizmente - outras esferas fecundas de ação social. Tenho vindo a cultivar o jardim dos vários saberes e saber-fazer, ao longo da vida: pedagogia, biologia, arte. Isto acaba por ter um reflexo na sociedade, se houver qualidade nos seus «frutos e flores» e pelo efeito de emulação, de exemplo, num círculo mais próximo de amizades.

Não é uma postura de fechamento, de indiferença face aos outros. Pelo contrário, pois trata de fazer o melhor possível, neste mundo, com a plena noção da realidade, com a consciência de como os entornos naturais e sociais são complexos e a nossa ação limitadíssima.
Este «jardim» ganha em ser cultivado em interação com os outros: pensemos na troca de boas sementes, ou de informações sobre as boas práticas de cultivo.
De que serve um belo jardim, se é somente para dele se ficar prisioneiro? Deve ser um local de fruição e partilha com os outros.
Devemos cultivar o nosso jardim e convidar os outros, para aí connosco passear e cultivá-lo.


* Manuel Banet Baptista (2013)