domingo, 12 de agosto de 2018

[OBRAS DE MANUEL BANET] VERSOS LUNÁTICOS


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Atiro invectivas à Lua, escravo da minha loucura

Seria mais fácil tornar-me Chopin, do que reviver

Os momentos felizes da ilusão passada.


                                        


Gostaria de sonhar para fora com palavras a borbotar

Nos lábios tremendo salmo sussurrado

Antes que a Morte diga: Vem a meus braços e fica tranquilo


                                   

«Fiz o que pude e não me arrependo; não quero pena ou compaixão. 

Apenas vivi e sofri como os demais.

Uma mudança de estado, só isso. Sim, estou tranquilo perante ti.» 

Assim lhe responderei 


                                                         


Só a Lua reflectirá no silêncio do lago o que agora estou murmurando.

Sem ela, não haveria música nas águas nem cantos nocturnos nos bosques.

Como, como saberia todas as coisas que me ensinou, o caminho dos sonhos?


                                                       


Vieste, mais uma vez na límpida noite, gentil fantasma, melodia sem descanso.

Repousa no velho e cansado peito na lembrança das coisas terrestres.

Saberei guardar silêncio, fantasma também o sou, contigo me casei...


                                                       


Agora que decidi tudo falar, que verdade tenho para dizer?

Como estátua pousada num ermo ou estrela distante...que importa?!

O som que escorre dos meus versos só ele conta; só o som, a música!


                                                           


Perdi alegre o sentido do verso, que naquela melodia encontro

Mais verdade e puros sentidos. Mais real que o sonho não há;

E da realidade, apenas desejo a brisa acariciando os cabelos 


                                                             


Na Lua há sempre alguém ouvindo os loucos e eles nem precisam falar 

- Basta-lhes mentalmente dedicar um verso.

Da Lua, alguém responde: Nem deusa, nem astronauta, mas a própria alma 


                                                           


Ondas sonoras concêntricas sobre o lago onde me afundo 

A canção serena e silenciosa. Lua, secreta amante, responde

Assim poderei nascer de novo à tempestuosa paixão... 





(Murtal, 12 de Agosto, 2018)




















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