terça-feira, 3 de julho de 2018

ENTRÁMOS NA SILLY SEASON...

                                                                        


O mesmo é dizer «estação pateta», naquela estação onde nada acontece, nada de relevante, pelo menos, podendo portanto encher-se os noticiários com ainda maior quantidade de futilidades, pois «não há nada verdadeiramente a contar».
Mas, será mesmo assim? Não estaremos em vias de sofrer as consequências de um colapso, que fará o que ocorreu em 2008, parecer como «um passeio no parque»?
Pela minha parte, fujo como o «diabo da cruz» de cair nas profecias dos profetas da desgraça. Mas nada do que vejo neste cenário inspira confiança na economia em geral, na europeia em particular.
  
Segundo as teorias dos ciclos económicos, a viragem para uma depressão, para uma mercado em declínio já deveria se ter dado, pois estamos a cerca de 10 anos da grande depressão de 2008, mas o facto é que as estatísticas não contam a verdade, nem em relação ao emprego, nem em relação à inflação... No concreto, verifica-se um desemprego altíssimo, com particular incidência na juventude dos países mais fracos dentro do euro, que são os do Sul. 

Quanto ao plano financeiro e à grande banca, verifica-se que o ECB já anunciou a redução de compra de activos (o que não significa que liberte das suas folhas de balanço da enorme carga de activos tóxicos que detém) e, embora mantenha a taxa de referência próxima de zero, os juros vão subir como, aliás, já começaram a fazê-lo. 

Os efeitos da guerra comercial instaurada por Trump vão começar a fazer-se sentir, numa dialéctica onde ninguém ganha e todos perdem.

O montante de derivados dos grandes bancos como o Deutsche Bank (só o DB possui em derivados um múltiplo, 7 a 9 vezes, do PIB alemão!), leva a que a sua insolvência seja um facto. Só a percepção da mesma, pelo grande público, está dependente de um cisne preto que virá, mais cedo ou mais tarde. 

A queda dos mercados accionistas tem sido contrariada, mas já começou e nada a poderá impedir, daqui para a frente. 

A outra grande bolha, a do imobiliário, também está a explodir em países anglo-saxónicos, como Austrália, Canadá e também EUA e Reino Unido, o que contagiará, quase de imediato, o continente europeu. 

Os países emergentes estão já a sofrer pesadamente com a revalorização do dólar, havendo sinais inquietantes como a queda brutal das cotações das divisas do Brasil e Argentina, mas também noutros mercados emergentes. 

A inflação come a capacidade produtiva, pois esta depende do consumo, na imensa maioria dos países, tanto nos desenvolvidos, como nos «em desenvolvimento». Se o disparar da inflação é uma benesse, então por que razão a Venezuela ou o Zimbabué não estão numa óptima situação económica? - É esta ideia idiota que os banqueiros centrais de vários países, os governos, assim como a media lacaia, nos andam a tentar vender há uma data de anos. Os resultados são o contrário do que nos foi prometido. 
Mas, isso não admira, pois o motor das economias é o consumo e as pessoas simplesmente não dispõem da capacidade de consumir para além do essencial, com uma economia de inflação crescente e uma ausência de crescimento ou declínio do poder de compra dos salários. 

Não é a fina camada dos muito ricos e dos especuladores, que irá fazer a despesa extra capaz de retirar o comércio do marasmo. 
Apenas uma distribuição real de riqueza pelas famílias, poderia inverter a tendência. 

Não sei se a realidade é exactamente como a descreve  Lynnette Zang. Porém, parece-me que muito do que ela diz, na entrevista acima, será apenas uma questão de bom-senso. 

A maiora das pessoas não tem prestado atenção a estes sinais, por ela evidenciados. Mas, nesta silly season, estão a fermentar os ingredientes de uma vindoura crise outonal, como nós ainda não vimos, na nossa vida. 

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