quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

O FÉTICHE DO «HOMEM CIVILIZADO»

O fétiche do homem civilizado é o dinheiro. Mas esse deus é muito ciumento do culto que os homens lhe prestam. Não deixa que outros deuses, que já foram grandes, voltem a invadir o domínio cognitivo-mental do homem, desviando-o do seu culto, da sua sacralização.
  
Nos finais do século XIX, a Arte surgiu - por breves instantes-  como deusa adorável: «A Arte pela Arte»... Porém, num contexto em que a deusa Fortuna tinha entreaberto - só um mínimo, é certo - aos artistas, a sua cornucópia. 

                                        Gustave MOREAU : Oedipe et le Sphinx 186

Depois, substituiu-se a Arte pela deusa Fortuna, revestida porém das aparências daquela antiga deusa, que destronara.

O mesmo processo geral, embora por caminhos diversos, pode ser retraçado observando  outros ícones/deuses: 
A Beleza feminina deixa de ser o reflexo/imagem da Natureza ou de Deus no mundo; deixa de ser a excelência da Criação

                         

Passa a ser sinónimo do deus dinheiro, pois - nos dias de hoje - com «estéticas», maquilhagem, roupa de estilista e umas aulas de modelo, qualquer mulher jovem pode desfilar nas «passerelles», ou seja, vender sua imagem como chamariz para uma marca de luxo... Sempre a adoração ao deus dinheiro.

Poderia continuar, num sem-número de exemplos, falando da religião, da família, da moral, da ética, da política, etc.
Deixo ao leitor o cuidado de preencher as minhas lacunas. Realmente, meu intuito aqui é outro; pretendo reflectir e deixar um aviso sobre o deus dinheiro. 
A extensão do seu poder é bem maior do que se julga, como se pode verificar pelo seguinte:  os mais assíduos cultores do deus dinheiro são ... quem menos se espera. Refiro-me aos que dizem detestá-lo, mas lhe prestam um culto secreto. Rancorosos, são difusores de uma «moral» da inveja e da vingança. 
São homens desses que, caso tomem o poder, com a maior das boas consciências, irão expropriar ricos e pobres dos seus bens, de suas propriedades e até da sua vida.  

Julgará o leitor que eu penso que não existe nenhuma pessoa sincera, que realmente não preste culto ao dinheiro? Sem dúvida que sim, que existem tais pessoas! Mas essas tais pessoas não podem (ninguém pode, aliás) ser «servas de dois Senhores». 


                                     

Leonardo da Vinci, pintou (?) o «Salvador do Mundo» ou seja, representou «O Homem, Filho de Deus, senhor todo poderoso do Universo». 

Não sei se este quadro é falso ou não (até pode ser atribuído a Da Vinci e ser de um discípulo seu); não sei quem foi o ricaço que  o adquiriu no leilão da Christie's, pela soma de 450 milhões de dólares. Sim, leu bem, não é erro da minha parte! 

Isto é - antes de mais - muito simbólico: o deus dinheiro tomando posse dos deuses da arte, da beleza, da sabedoria e do génio. 
É simbólico de muitas maneiras, porque o dinheiro é um símbolo, a arte é altamente simbólica,  também devido ao estarrecedor montante da compra e de ser num leilão, supra-sumo do culto ao dinheiro...

Mas, pouco tempo depois da transacção - suprema ironia - o referido deus dinheiro começa a perder o seu valor, vai encolhendo, retraindo-se, até não valer virtualmente nada! 
- Nessa altura, ficarão arruinados muitos magnates que compram obras de arte na Christie's. Perante uma crise sistémica, ficará destruída quase toda a riqueza, pequena ou grande, pública ou privada: Muita gente irá sofrer, a maioria das pessoas, sejam elas das classes média ou pobre! 
Nessa altura os adoradores do deus dinheiro (ricos e pobres) ficarão enraivecidos e haverá muito sangue e destruição.

- Será o prenúncio duma crise cataclísmica
- Alguns pensam que sim. É certo que se acumulam sinais de que o sistema monetário mundial se dirige para uma transformação profunda. 
Pensa-se que não ocorrerá apenas mais uma crise cíclica habitual daquelas típicas do capitalismo. 

Mas não sou profeta, não sei o que o amanhã irá trazer.


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